O filho da rainha
PAM!
Pulei da cama com o coração
disparado. Estava no meio de meu sonho recorrente quando ouvi o barulho. Por um
instante, pensei que estivesse em meu velho quarto em Belo Horizonte e a
faxineira, com toda a sua delicadeza, estivesse dando uma geral no apartamento.
Mas não era nada disso. Foi só
abrir os olhos para dar de cara com uma realidade muito mais assustadora. De
pé, diante de mim, Joseph exibia toda a sua gostosura.
Puxei o lençol até o pescoço,
desejando cobrir também o rosto. Afinal, experiências anteriores comprovavam
que eu não era nada atraente ao acordar.
Quis perguntar o que ele estava
fazendo ali, mas Joe foi mais rápido.
— Eu disse que te pegaria às
oito. Você não honra seus compromissos?
Encarei-o com os olhos pesados de
sono, estupefata. Gente, estava para nascer um sujeito mais autoconfiante e sem
noção. Como ele tinha coragem de invadir meu quarto e praticamente me agredir
verbalmente? E se eu dormisse pelada ou estivesse toda aconchegada num ursinho
de pelúcia? Não que eu tenha um. Quero dizer, tenho, mas não durmo com ele. Não
mais.
Puxei meu celular da mesinha de
cabeceira e constatei que passava das nove da manhã. Ainda bastante cedo para
quem estava de férias.
Joseph saiu andando pelo
quarto, puxando as cortinas e abrindo as janelas, como se fosse o dono do
pedaço. Quanto a mim, não tinha conseguido recuperar minha voz ainda e só
ficava olhando para ele, esperando acordar do que parecia ser um pesadelo.
— Vamos lá! Saia dessa cama!
Mexa-se! Vou estar aqui na sacada. Tem cinco minutos.
O pior foi que eu obedeci.
Sentindo-me como um soldado acatando as ordens de um general autoritário, corri
até o banheiro só para quase desmaiar assim que vi minha imagem no espelho.
SOCORRO! Ajeitei--me como pude e,
no closet, coloquei a primeira roupa que vi. Acho que cumpri o tempo que Joe me
dera, pois, quando o encontrei na sacada, ele abriu um sorriso desconhecido até
então. Parecia verdadeiro.
— Agora, você pode me dizer por
que entrou no meu quarto daquele jeito? — questionei, voltando a falar de
repente. — No meu país, isso se chama invasão de privacidade.
Ainda sorrindo, porém com um novo
tom — mais crítico —, ele retrucou:
— Aqui, chama-se cobrar uma
promessa.
— Eu não prometi nada a você —
disse, cruzando os braços no peito.
— Não conhece o ditado “quem cala
consente”?
Nossos olhares se cruzaram e
deixamos que ficassem assim por um momento, como se tivéssemos disputando um
jogo: quem desvia primeiro? Claro que perdi.
Apoiei-me na mureta da sacada e
deixei a beleza da paisagem acalmar meus nervos. Eu tinha, de meu quarto, a
vista mais esplêndida do mundo: o oceano azul, a areia branca e fina, as ondas
em seu vaivém ritmado, montanhas ao fundo e pássaros marinhos sobrevoando tudo.
Quando eles se cansavam da luta pela conquista de um peixe, pousavam nas rochas
que contornavam o lado esquerdo da praia. Magnífico.
Acho que Joseph percebeu meu encantamento,
pois também se recostou na mureta, bem a meu lado, mas ficou em silêncio.
— O que é aquilo? — perguntei,
apontando para uma pequena ilha a quilômetros da costa.
—
É a Ilha de
Catarina — respondeu ele, acompanhando a direção de meu dedo indicador.
— Tão pequena...
— Sim. E é justamente por ser
pequena, distante, mas ao alcance da vista, que se tornou a Ilha de Catarina.
— Como assim? — Virei-me para
Joseph, esperando uma história. Entre tantas qualidades, também sou curiosa.
Hehe.
Joe suspirou, concentrando-se.
Então, começou:
— Em 1925, o avô do seu pai,
Miroslav Markov, casou-se com a filha de um nobre russo, chamada Catarina
Sorvinski. Ele já tinha sido proclamado rei da Krósvia e o parlamento estava fazendo
a maior pressão para que ele se casasse. Você sabe, naquela época um rei sem
rainha não tinha muita credibilidade, e Miroslav não possuía uma imagem muito
positiva perante o povo. Ele era muito mulherengo.
Revirei os olhos, como se aquilo
fosse uma grande novidade. Junte as palavras HOMEM + PODER e o resultado será
LUXÚRIA. Fiquei com vontade de dizer isso em voz alta, mas me contive para não
estragar a história.
— Catarina era jovem, rica e
linda — Joe continuou. — O que mais Miroslav poderia querer? O pai dela ficou
exultante quando seu tataravô pediu a mão de Catarina. Afinal, ele era um
imperador. Mas Catarina pouco conhecia Miroslav e não queria se casar, pois não
simpatizava com ele.
— Por que não? — indaguei. — O
que ela sabia sobre ele?
Joseph respondeu sem tirar os
olhos da ilha:
— Sabia tudo. Sabia sobre as amantes
e sobre as viagens secretas para a Itália, onde era frequentador de um dos
prostíbulos mais famosos da época. E o pai de Catarina também sabia, mas achava
esse comportamento normal. Coisa de homem. E, como não cabia às mulheres
escolher o marido, Miroslav e Catarina se casaram. Ela tinha acabado de
completar 19 anos.
— Coitadinha... — murmurei, de
repente sentindo uma empatia enorme com minha antepassada.
— Pois é. E ela sabia que não
seria fácil, mas foi pior. Ele não a tratava com carinho e ainda trazia as
amantes para o castelo.
Cobri a boca aberta com a mão.
Quanta humilhação e submissão!
— E entre quatro paredes, bom...
— Joseph parecia tímido agora. — Dizem que Miroslav não era dos mais gentis.
— Meu Deus! Como Catarina
aguentou viver assim?
— Bom, ela acabou conhecendo uma
pessoa, um homem que a fazia esquecer os sofrimentos.
— Um amante?! — perplexa, olhei
outra vez para a ilha.
— Sim. Era um dos empregados do
castelo, mas não sei bem o que ele fazia. Os dois se encontravam escondidos e
logo começaram a levantar suspeitas. Até que um dia seu bisavô descobriu tudo e
acabou com a festa deles, se é que você me entende.
— Como assim?
— Fácil adivinhar, não?
— Ele os matou?! — a frase soou
mais como uma afirmação do que como uma pergunta.
Joseph balançou a cabeça.
— Mandou matar, mas só o homem.
— Oh... — Meus olhos se encheram
de lágrimas e foi inútil tentar segurá-las. Gotas grossas começaram a descer
silenciosas por minhas bochechas.
— Para Catarina, o castigo maior
era continuar a viver sem o amado. Com toda a sua maldade, Miroslav mandou
construir um chalé na ilha e a levou para lá. Nunca mais Catarina colocou os
pés deste lado do mar. Morreu sozinha e infeliz poucos anos depois.
— Anos? Ela ficou presa lá por
anos? Meu Deus do céu! Quanta crueldade!
Limpei as lágrimas com as costas
das mãos e fiquei de frente para Joe, deixando as palavras daquela história
trágica assentarem em meu cérebro. Ele também me olhou e não estava nem um
pouco indiferente a tudo. Recontar a história pareceu mexer com seus
sentimentos.
— Meu bisavô era um monstro —
murmurei. — Como Catarina sobreviveu na ilha?
— Todos os dias, uma empregada ia
até lá de barco. Levava comida, livros, contava histórias, falava do filho que
ficou para trás e voltava chorando de pena de Catarina. Seu avô, o príncipe Viktor,
era pequeno e não entendia o que havia acontecido com a mãe. Quando soube a
verdade, já era tarde.
— Nossa! — foi tudo o que
consegui pronunciar.
— É isso. E está tudo nos livros
de história que as crianças leem na escola. Todo mundo por aqui conhece a
tragédia dos Markovs, que foi, de certa forma, compensada mais tarde pela
bondade do rei Viktor e do filho dele, seu pai.
Assenti, sem saber ao certo com
que concordava. Não conseguia despregar os olhos da ilha. Definitivamente, as
pessoas não foram ficando mais maldosas ao longo dos anos. Elas sempre foram.
*
Depois da sessão recordações
dolorosas na varanda
de meu quarto, tratei de tirar Joseph de lá, pois o clima ficou meio esquisito,
como se tivéssemos transposto uma barreira, mas não soubéssemos como lidar com
o novo território compartilhado.
Eu praticamente o escorracei
porta afora e ele ficou resmungando umas frases ininteligíveis, acho que em
krosvi. Acredito que no meio daquele jorro de palavras deva ter saído muito palavrão.
Mas, enfim, fiz o que Joe e meu
pai queriam. Segui o filho da rainha, obediente e resignada.
Minha primeira reação ao ver a
moto estacionada no pátio foi de desconfiança. Já contei que sou meio medrosa?
Pois é. Ficar sentada a dez palmos do chão numa máquina em movimento acelerado
não é a imagem da diversão para mim.
Joseph riu e disse que eu não
precisava me preocupar, pois a BMW S1000RR não deixava ninguém na mão. Palavras
dele. Só que o pior não é deixar alguém na mão, mas sim estatelado no chão.
Com aquele seu jeito delicado
como um trator, ele me mandou sentar logo na garupa e nem se deu ao trabalho de
me contar aonde íamos. Mas, assim que me encaixei atrás dele e senti a rigidez de
seus músculos abdominais, deixei para lá todo o receio de cair. Eu já estava
meio abobada pelas insinuações promovidas pela camiseta apertada. Imagine como
foi sentir aquele corpo com minhas próprias mãos.
Se Joseph percebeu a situação,
preferiu não comentar. Então, voamos do castelo direto para uma estrada de
terra que cortava uma campina muito verde, salpicada de flores selvagens.
Embora o capacete me sufocasse um
pouco, consegui sentir o perfume da natureza e fiquei absorvendo os aromas,
quase em transe. Até que me dei conta de que boa parte dos odores era do próprio Joe. Ele exalava um perfume masculino, cru, com um toque amadeirado.
Dizer que meu coração perdeu umas
duas batidas seria mentir descaradamente. Ele deixou de bater por uns cinco
segundos mesmo. E depois, quando voltou, espalhou uma onda de eletricidade por
todo o meu corpo.
Eu
devo estar muito carente,
pensei, bem a perigo mesmo, para ter uma reação dessas. Afinal, eu nem gostava de Joe.
Não tinha a menor simpatia por ele.
Ainda bem que minha atenção foi
desviada para algo muito mais seguro: a praia paradisíaca. A paisagem surgiu de
repente, fazendo-me ofegar de surpresa. Aquele lugar não poderia ser real.
Joseph parou a moto e eu pulei na
areia, completamente arrebatada pela beleza do lugar. Arranquei o capacete e
inspirei o ar marinho, tão raro para mim. Livrei-me também de minhas Havaianas,
chutando-as de qualquer jeito, e afundei os pés na fofura daquela areia branca.
Que sensação maravilhosa!
— Este lugar é lindo! — suspirei.
Joseph pegou minha mão e me puxou
consigo, enquanto dizia:
— Você ainda não viu nada.
Procurei não dar atenção ao
encontro de nossas mãos, unidas pelo único propósito de me guiar até onde Joseph
pretendia me levar. Mas que aquele contato inesperado mexeu com meus nervos,
ah, mexeu. Afinal, sou mulher, sou humana e tenho hormônios. Ninguém em meu
lugar ficaria indiferente a alguém como o Joseph. Ele podia ser o cara mais
irritante do mundo, mas ainda assim sabia ser gostoso.
Enquanto me puxava, reparei no
movimento de suas pernas e até um pouquinho mais acima, bem no... Bom, melhor
não dizer nada. Porque chega a ser falta de educação aquilo tudo numa pessoa
só.
Sem falar na tatuagem, que estava
me deixando louca. Apesar de não ter coragem de fazer uma em mim, sempre achei
homens tatuados um charme, quero dizer, contanto que não fosse nada exagerado,
tipo o braço todo ou as costas inteiras.
O próprio Nick tinha uma bem na
panturrilha esquerda, mas eu não sabia bem qual era o desenho, pois não
costumava vê-lo muito de bermuda — o que era uma pena, já que ele também tinha
um corpo bonito. Pensando bem, comparado com o de Joe, o corpo de Nick não era
tão maravilhoso assim. Como será que Joe conseguia manter a forma? Devia viver
na academia, só podia.
— Chegamos!
A voz de Joseph me tirou daquele
transe perigoso e só então eu constatei que tínhamos caminhado por um bom
pedaço da praia e estávamos sobre rochas, bem acima do mar.
— Quero que você conheça a
Caverna do Pirata — exclamou ele, com um sorriso genuíno nos lábios.
— Caverna do Pirata?
— É. Vai me dizer que nunca ouviu
falar da lenda do Capitão Barba Longa?
Neguei com a cabeça, prevendo
outra história daquelas. Joseph fez cara de mistério e, conforme caminhávamos
até uma gruta escondida entre as rochas, contou:
— Há muito tempo, mais ou menos
uns 500 anos atrás, o Capitão Barba Longa era o rei dos sete mares. Tinha um
navio enorme, cheio de alçapões, onde costumava esconder os tesouros que
roubava de imperadores e nobres. Também era conhecido como o pirata mais
destemido de todos os tempos, pois saqueava os navios dos rivais e sempre levava
a melhor. Ninguém tinha coragem de enfrentá-lo, pois bastava uma provocação e
ele apontava seus canhões para seus inimigos. Barba Longa já possuía muitas
riquezas, mas não havia quem o fizesse largar aquela vida. Ele queria sempre
mais e mais. Até que um dia apareceu um pirata à sua altura: o Capitão Caolho.
Nesse ponto da história, comecei
a rir. Joe havia alterado o timbre da voz, que soou muito engraçado.
— Qual é a graça? — questionou,
de testa franzida.
— Nenhuma. Continue.
— Então. O Capitão Caolho era
mais jovem do que Barba Longa e queria muito roubar seus tesouros. Sendo assim,
travaram uma batalha sem fim. Ora um vencia, ora o outro. E Barba Longa foi vendo
muitas de suas relíquias serem levadas pelo rival.
— O Capitão Caolho invadia o
navio de Barba Longa para saquear? — perguntei.
Joseph me encarou, mas os
olhos enxergaram além de mim.
— Sim. Mas nunca conseguiu levar
tudo, pois havia muitos tesouros. Então, Barba Longa montou uma estratégia. Em
vez de levar os tesouros roubados para seu navio, começou a escondê-los em
praias desertas. Por onde ia, deixava algo para trás. Depois, voltava ao local
e levava o tesouro consigo, quando fosse seguro. O Capitão Caolho chegou a
pensar que Barba Longa já tinha perdido tudo e parou de persegui-lo. Mas, como
em toda história de pirata, havia um traidor entre os tripulantes do navio de
Barba Longa. Esse cara, que se chamava Bad Shark, contou ao Capitão Caolho todo
o plano bolado por seu capitão.
— Mas como Bad Shark fez isso? — interrompi.
— Onde ele se encontrou com o Capitão Caolho? E qual foi a intenção dele ao fazer
isso?
Eu estava adorando a história e,
de repente, senti-me totalmente envolvida. Joseph riu.
— Sei lá! Só sei que o Capitão
Caolho ficou puto da vida. Queria porque queria conquistar mais riquezas. Para
isso, precisava ser mais esperto e chegar ao lugar onde os tesouros estavam escondidos
antes que Barba Longa voltasse para pegá-los. Com a ajuda do traidor Bad Shark,
conseguiu ter sucesso muitas vezes. No entanto, Barba Longa, que não era bobo,
desconfiou que havia algo errado e, ameaçando jogar todos os seus homens ao
mar, conseguiu descobrir que Bad Shark estava servindo a Deus e ao diabo ao mesmo
tempo.
— Você quer dizer a dois diabos,
né? — emendei.
— É verdade — Joe concordou e
mais uma vez segurou minha mão para me ajudar a subir um pouco mais. — Então,
antes de fazer Bad Shark andar na prancha e cair na boca dos tubarões, Barba
Longa o obrigou a indicar locais falsos para o Capitão Caolho. Ao perceber que
havia sido enganado, Caolho passou a dedicar cada dia de sua vida a tentativas
de matar Barba Longa. Até que, um dia, ele conseguiu.
— O quê? Ele matou Barba Longa?
Assim, sem mais nem menos? — fiquei indignada. — Logo agora que eu estava
torcendo pelo corsário veterano...
— É — Joe sorriu, parando de
caminhar. — Por isso, muitos tesouros ficaram perdidos para sempre, escondidos
em praias desertas de todo o mundo. E uma delas fica bem aqui, em Perla, mais precisamente
ali, na Caverna do Pirata.
Segui o olhar de Joseph até me
deparar com a entrada da gruta. Fiquei imaginando se tudo não passava de uma
lenda boba ou se a história era realmente verdadeira.
— Essa foi boa! — disse, exalando
o ar de uma só vez. — Você quase me pegou.
— Ah, é? E o que me diz... disso?
Joseph tirou de dentro da mochila
uma moeda de ouro, muito antiga mesmo. Estendeu-a para mim.
— Achei-a durante um mergulho no
lago da gruta, há alguns anos.
Fiquei muda, perplexa.
— Se não acredita, pergunte a
outros mergulhadores. Melhor ainda: pergunte a qualquer morador daqui. Todo
mundo vai confirmar a história.
— Está certo — disse, por fim. —
Você está me saindo um exímio contador de histórias.
— E você é muito impressionável.
Sem dizer mais nada, entramos
finalmente na gruta, ou melhor, na Caverna do Pirata. E minha perplexidade só
aumentou. Como o interior de uma rocha poderia ser ainda mais belo do que a
praia de onde viéramos? Havia um lago transparente e as frestas entre as pedras
faziam a luz do sol penetrar e ser refletida pela água cristalina.
E depois de toda aquela história
de pirata, verdadeira ou não, a aura ali dentro parecia mágica. Cheguei a ouvir
as vozes do Capitão Barba Longa e de sua tripulação. Meu corpo se arrepiou
todo.
— Lindo... — murmurei.
— Não é? — disse Joe, quebrando
meu encantamento. — Esta gruta é um dos meus refúgios secretos. É para cá que
corro quando as coisas não estão muito boas. É tão calma, solitária...
Gente, esse cara era o mesmo que
tinha me arrastado outro dia da biblioteca e dito um monte de idiotices na
minha cara no dia anterior? Porque não parecia. Não quando ele dizia aquelas
coisas, não falando exatamente comigo, mas mais consigo mesmo.
— Entendo.
— Jura? — De repente, seu tom
voltou a ser ácido. — Pois parece que você mergulha suas frustrações numa boa
ida ao shopping.
Aquilo soou como um tapa na cara.
Depois de ser praticamente sequestrada e arrancada da cama, sem falar da viagem
na garupa de uma moto a jato, ouvir uma história em tom de brincadeira e ser apresentada
a uma paisagem de tirar o fôlego, eu esperava que as defesas de Joe contra mim tivessem
desaparecido. Concluí que ele deveria ser bipolar. Só podia!
Afastei-me um pouco, procurando
me concentrar nos detalhes da gruta, por exemplo, no arco-íris que se formava
sobre o lago e no brilho das pequenas pedras em torno dele.
— Desculpe — Joe disse momentos
depois, e eu o vi passar uma mão freneticamente nos cabelos castanho-claros.
Quando interrompeu o gesto, uma mecha caiu sobre um dos olhos e ele retirou-a
instintivamente. — Me expressei mal. Não quero implicar com você, pelo menos
não agora, não aqui.
Pisquei.
— Mas quer fazer isso depois.
Posso saber por quê?
— Hummm... Digamos que tenho meus
motivos.
— Baseados em conceitos
pré-concebidos, imagino.
Nossos olhares ficaram duelando
e, pela primeira vez, notei um brilho diferente em seus olhos verdes.
— A gente precisa voltar — disse
ele. — Se quiser, depois posso trazer você para mergulhar.
Bipolar.
Com certeza.
— Vamos ver — respondi, passando
por ele e saindo da Caverna do Pirata, sem olhar para trás nem uma vez.
Voltamos para o castelo no meio
da tarde. Eu estava exausta, suada e até meio molhada. Joseph me deixou na
entrada e foi embora, montado em sua moto de rebelde sem causa. Nisso ele me
surpreendeu. Imaginava que tivesse um daqueles carros esportes, conversíveis e
potentes. Não que a moto não fosse veloz — e garanto que era —, mas pensei que
um mauricinho como ele ficaria bem longe de uma máquina daquelas, para não
estragar o penteado. Bom, mas me enganei. O cara adorava emoções fortes e era
bem chegado em esportes radicais.
Sentindo um nojo tremendo de
minhas roupas e de meu corpo melado de sal e areia, corri para debaixo do
chuveiro e deixei que a água lavasse os vestígios de nossa aventura — a
primeira da minha vida, até onde me recordo. Tinha a intenção de falar com
minha mãe e talvez com Selena, mas deixaria isso para mais tarde, assim que me sentisse
mais revigorada.
~*~
Não queria ter demorado tanto para postar, porém, os últimos dias foram bem estressantes para mim. :/ E pra completar, eu não sei como vai ficar o blog esse ano. Minhas aulas começam agora dia 12, e talvez eu faça curso de Design de interiores além da faculdade de Arquitetura. E ainda tenho que arranjar tempo pra ler, porque, bom, livros são a minha vida, sabe? Talvez, eu me esforce e poste aqui todo final de semana. Mas vou ver tudo isso quando chegar a hora. Por enquanto, vou postar 2 capítulos hoje e mais 2 amanhã, ok?
Obrigada pelo comentários, a propósito <333
Espero que continuem gostando da historia e não abandonem o blog, caso eu não poste com "frequência". Mais uma vez, obrigada por comentarem!
Beijos na testa,
Yumi.
Ps: Vi só agora que estou com 101 seguidores lindos <33 *-* Quando comecei o blog, nunca pensei que eu chegaria nem aos 50 seguidores, quem dirá aos 100. Agora fiquei animada hahaha Obrigada por me seguirem, seus lindos ;D Vocês vão todos para o céu. <3
Ps: Vi só agora que estou com 101 seguidores lindos <33 *-* Quando comecei o blog, nunca pensei que eu chegaria nem aos 50 seguidores, quem dirá aos 100. Agora fiquei animada hahaha Obrigada por me seguirem, seus lindos ;D Vocês vão todos para o céu. <3
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