quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Capítulo 5 – Simplesmente Demi

O filho da rainha

PAM!
Pulei da cama com o coração disparado. Estava no meio de meu sonho recorrente quando ouvi o barulho. Por um instante, pensei que estivesse em meu velho quarto em Belo Horizonte e a faxineira, com toda a sua delicadeza, estivesse dando uma geral no apartamento.
Mas não era nada disso. Foi só abrir os olhos para dar de cara com uma realidade muito mais assustadora. De pé, diante de mim, Joseph exibia toda a sua gostosura.
Puxei o lençol até o pescoço, desejando cobrir também o rosto. Afinal, experiências anteriores comprovavam que eu não era nada atraente ao acordar.
Quis perguntar o que ele estava fazendo ali, mas Joe foi mais rápido.
— Eu disse que te pegaria às oito. Você não honra seus compromissos?
Encarei-o com os olhos pesados de sono, estupefata. Gente, estava para nascer um sujeito mais autoconfiante e sem noção. Como ele tinha coragem de invadir meu quarto e praticamente me agredir verbalmente? E se eu dormisse pelada ou estivesse toda aconchegada num ursinho de pelúcia? Não que eu tenha um. Quero dizer, tenho, mas não durmo com ele. Não mais.
Puxei meu celular da mesinha de cabeceira e constatei que passava das nove da manhã. Ainda bastante cedo para quem estava de férias.
Joseph saiu andando pelo quarto, puxando as cortinas e abrindo as janelas, como se fosse o dono do pedaço. Quanto a mim, não tinha conseguido recuperar minha voz ainda e só ficava olhando para ele, esperando acordar do que parecia ser um pesadelo.
— Vamos lá! Saia dessa cama! Mexa-se! Vou estar aqui na sacada. Tem cinco minutos.
O pior foi que eu obedeci. Sentindo-me como um soldado acatando as ordens de um general autoritário, corri até o banheiro só para quase desmaiar assim que vi minha imagem no espelho.
SOCORRO! Ajeitei--me como pude e, no closet, coloquei a primeira roupa que vi. Acho que cumpri o tempo que Joe me dera, pois, quando o encontrei na sacada, ele abriu um sorriso desconhecido até então. Parecia verdadeiro.
— Agora, você pode me dizer por que entrou no meu quarto daquele jeito? — questionei, voltando a falar de repente. — No meu país, isso se chama invasão de privacidade.
Ainda sorrindo, porém com um novo tom — mais crítico —, ele retrucou:
— Aqui, chama-se cobrar uma promessa.
— Eu não prometi nada a você — disse, cruzando os braços no peito.
— Não conhece o ditado “quem cala consente”?
Nossos olhares se cruzaram e deixamos que ficassem assim por um momento, como se tivéssemos disputando um jogo: quem desvia primeiro? Claro que perdi.
Apoiei-me na mureta da sacada e deixei a beleza da paisagem acalmar meus nervos. Eu tinha, de meu quarto, a vista mais esplêndida do mundo: o oceano azul, a areia branca e fina, as ondas em seu vaivém ritmado, montanhas ao fundo e pássaros marinhos sobrevoando tudo. Quando eles se cansavam da luta pela conquista de um peixe, pousavam nas rochas que contornavam o lado esquerdo da praia. Magnífico.
Acho que Joseph percebeu meu encantamento, pois também se recostou na mureta, bem a meu lado, mas ficou em silêncio.
— O que é aquilo? — perguntei, apontando para uma pequena ilha a quilômetros da costa.
É a Ilha de Catarina — respondeu ele, acompanhando a direção de meu dedo indicador.
— Tão pequena...
— Sim. E é justamente por ser pequena, distante, mas ao alcance da vista, que se tornou a Ilha de Catarina.
— Como assim? — Virei-me para Joseph, esperando uma história. Entre tantas qualidades, também sou curiosa. Hehe.
Joe suspirou, concentrando-se. Então, começou:
— Em 1925, o avô do seu pai, Miroslav Markov, casou-se com a filha de um nobre russo, chamada Catarina Sorvinski. Ele já tinha sido proclamado rei da Krósvia e o parlamento estava fazendo a maior pressão para que ele se casasse. Você sabe, naquela época um rei sem rainha não tinha muita credibilidade, e Miroslav não possuía uma imagem muito positiva perante o povo. Ele era muito mulherengo.
Revirei os olhos, como se aquilo fosse uma grande novidade. Junte as palavras HOMEM + PODER e o resultado será LUXÚRIA. Fiquei com vontade de dizer isso em voz alta, mas me contive para não estragar a história.
— Catarina era jovem, rica e linda — Joe continuou. — O que mais Miroslav poderia querer? O pai dela ficou exultante quando seu tataravô pediu a mão de Catarina. Afinal, ele era um imperador. Mas Catarina pouco conhecia Miroslav e não queria se casar, pois não simpatizava com ele.
— Por que não? — indaguei. — O que ela sabia sobre ele?
Joseph respondeu sem tirar os olhos da ilha:
— Sabia tudo. Sabia sobre as amantes e sobre as viagens secretas para a Itália, onde era frequentador de um dos prostíbulos mais famosos da época. E o pai de Catarina também sabia, mas achava esse comportamento normal. Coisa de homem. E, como não cabia às mulheres escolher o marido, Miroslav e Catarina se casaram. Ela tinha acabado de completar 19 anos.
— Coitadinha... — murmurei, de repente sentindo uma empatia enorme com minha antepassada.
— Pois é. E ela sabia que não seria fácil, mas foi pior. Ele não a tratava com carinho e ainda trazia as amantes para o castelo.
Cobri a boca aberta com a mão. Quanta humilhação e submissão!
— E entre quatro paredes, bom... — Joseph parecia tímido agora. — Dizem que Miroslav não era dos mais gentis.
— Meu Deus! Como Catarina aguentou viver assim?
— Bom, ela acabou conhecendo uma pessoa, um homem que a fazia esquecer os sofrimentos.
— Um amante?! — perplexa, olhei outra vez para a ilha.
— Sim. Era um dos empregados do castelo, mas não sei bem o que ele fazia. Os dois se encontravam escondidos e logo começaram a levantar suspeitas. Até que um dia seu bisavô descobriu tudo e acabou com a festa deles, se é que você me entende.
— Como assim?
— Fácil adivinhar, não?
— Ele os matou?! — a frase soou mais como uma afirmação do que como uma pergunta.
Joseph balançou a cabeça.
— Mandou matar, mas só o homem.
— Oh... — Meus olhos se encheram de lágrimas e foi inútil tentar segurá-las. Gotas grossas começaram a descer silenciosas por minhas bochechas.
— Para Catarina, o castigo maior era continuar a viver sem o amado. Com toda a sua maldade, Miroslav mandou construir um chalé na ilha e a levou para lá. Nunca mais Catarina colocou os pés deste lado do mar. Morreu sozinha e infeliz poucos anos depois.
— Anos? Ela ficou presa lá por anos? Meu Deus do céu! Quanta crueldade!
Limpei as lágrimas com as costas das mãos e fiquei de frente para Joe, deixando as palavras daquela história trágica assentarem em meu cérebro. Ele também me olhou e não estava nem um pouco indiferente a tudo. Recontar a história pareceu mexer com seus sentimentos.
— Meu bisavô era um monstro — murmurei. — Como Catarina sobreviveu na ilha?
— Todos os dias, uma empregada ia até lá de barco. Levava comida, livros, contava histórias, falava do filho que ficou para trás e voltava chorando de pena de Catarina. Seu avô, o príncipe Viktor, era pequeno e não entendia o que havia acontecido com a mãe. Quando soube a verdade, já era tarde.
— Nossa! — foi tudo o que consegui pronunciar.
— É isso. E está tudo nos livros de história que as crianças leem na escola. Todo mundo por aqui conhece a tragédia dos Markovs, que foi, de certa forma, compensada mais tarde pela bondade do rei Viktor e do filho dele, seu pai.
Assenti, sem saber ao certo com que concordava. Não conseguia despregar os olhos da ilha. Definitivamente, as pessoas não foram ficando mais maldosas ao longo dos anos. Elas sempre foram.

*

Depois da sessão recordações dolorosas na varanda de meu quarto, tratei de tirar Joseph de lá, pois o clima ficou meio esquisito, como se tivéssemos transposto uma barreira, mas não soubéssemos como lidar com o novo território compartilhado.
Eu praticamente o escorracei porta afora e ele ficou resmungando umas frases ininteligíveis, acho que em krosvi. Acredito que no meio daquele jorro de palavras deva ter saído muito palavrão.
Mas, enfim, fiz o que Joe e meu pai queriam. Segui o filho da rainha, obediente e resignada.
Minha primeira reação ao ver a moto estacionada no pátio foi de desconfiança. Já contei que sou meio medrosa? Pois é. Ficar sentada a dez palmos do chão numa máquina em movimento acelerado não é a imagem da diversão para mim.
Joseph riu e disse que eu não precisava me preocupar, pois a BMW S1000RR não deixava ninguém na mão. Palavras dele. Só que o pior não é deixar alguém na mão, mas sim estatelado no chão.
Com aquele seu jeito delicado como um trator, ele me mandou sentar logo na garupa e nem se deu ao trabalho de me contar aonde íamos. Mas, assim que me encaixei atrás dele e senti a rigidez de seus músculos abdominais, deixei para lá todo o receio de cair. Eu já estava meio abobada pelas insinuações promovidas pela camiseta apertada. Imagine como foi sentir aquele corpo com minhas próprias mãos.
Se Joseph percebeu a situação, preferiu não comentar. Então, voamos do castelo direto para uma estrada de terra que cortava uma campina muito verde, salpicada de flores selvagens.
Embora o capacete me sufocasse um pouco, consegui sentir o perfume da natureza e fiquei absorvendo os aromas, quase em transe. Até que me dei conta de que boa parte dos odores era do próprio Joe. Ele exalava um perfume masculino, cru, com um toque amadeirado.
Dizer que meu coração perdeu umas duas batidas seria mentir descaradamente. Ele deixou de bater por uns cinco segundos mesmo. E depois, quando voltou, espalhou uma onda de eletricidade por todo o meu corpo.
Eu devo estar muito carente, pensei, bem a perigo mesmo, para ter uma reação dessas. Afinal, eu nem gostava de Joe. Não tinha a menor simpatia por ele.
Ainda bem que minha atenção foi desviada para algo muito mais seguro: a praia paradisíaca. A paisagem surgiu de repente, fazendo-me ofegar de surpresa. Aquele lugar não poderia ser real.
Joseph parou a moto e eu pulei na areia, completamente arrebatada pela beleza do lugar. Arranquei o capacete e inspirei o ar marinho, tão raro para mim. Livrei-me também de minhas Havaianas, chutando-as de qualquer jeito, e afundei os pés na fofura daquela areia branca. Que sensação maravilhosa!
— Este lugar é lindo! — suspirei.
Joseph pegou minha mão e me puxou consigo, enquanto dizia:
— Você ainda não viu nada.
Procurei não dar atenção ao encontro de nossas mãos, unidas pelo único propósito de me guiar até onde Joseph pretendia me levar. Mas que aquele contato inesperado mexeu com meus nervos, ah, mexeu. Afinal, sou mulher, sou humana e tenho hormônios. Ninguém em meu lugar ficaria indiferente a alguém como o Joseph. Ele podia ser o cara mais irritante do mundo, mas ainda assim sabia ser gostoso.
Enquanto me puxava, reparei no movimento de suas pernas e até um pouquinho mais acima, bem no... Bom, melhor não dizer nada. Porque chega a ser falta de educação aquilo tudo numa pessoa só.
Sem falar na tatuagem, que estava me deixando louca. Apesar de não ter coragem de fazer uma em mim, sempre achei homens tatuados um charme, quero dizer, contanto que não fosse nada exagerado, tipo o braço todo ou as costas inteiras.
O próprio Nick tinha uma bem na panturrilha esquerda, mas eu não sabia bem qual era o desenho, pois não costumava vê-lo muito de bermuda — o que era uma pena, já que ele também tinha um corpo bonito. Pensando bem, comparado com o de Joe, o corpo de Nick não era tão maravilhoso assim. Como será que Joe conseguia manter a forma? Devia viver na academia, só podia.
— Chegamos!
A voz de Joseph me tirou daquele transe perigoso e só então eu constatei que tínhamos caminhado por um bom pedaço da praia e estávamos sobre rochas, bem acima do mar.
— Quero que você conheça a Caverna do Pirata — exclamou ele, com um sorriso genuíno nos lábios.
— Caverna do Pirata?
— É. Vai me dizer que nunca ouviu falar da lenda do Capitão Barba Longa?
Neguei com a cabeça, prevendo outra história daquelas. Joseph fez cara de mistério e, conforme caminhávamos até uma gruta escondida entre as rochas, contou:
— Há muito tempo, mais ou menos uns 500 anos atrás, o Capitão Barba Longa era o rei dos sete mares. Tinha um navio enorme, cheio de alçapões, onde costumava esconder os tesouros que roubava de imperadores e nobres. Também era conhecido como o pirata mais destemido de todos os tempos, pois saqueava os navios dos rivais e sempre levava a melhor. Ninguém tinha coragem de enfrentá-lo, pois bastava uma provocação e ele apontava seus canhões para seus inimigos. Barba Longa já possuía muitas riquezas, mas não havia quem o fizesse largar aquela vida. Ele queria sempre mais e mais. Até que um dia apareceu um pirata à sua altura: o Capitão Caolho.
Nesse ponto da história, comecei a rir. Joe havia alterado o timbre da voz, que soou muito engraçado.
— Qual é a graça? — questionou, de testa franzida.
— Nenhuma. Continue.
— Então. O Capitão Caolho era mais jovem do que Barba Longa e queria muito roubar seus tesouros. Sendo assim, travaram uma batalha sem fim. Ora um vencia, ora o outro. E Barba Longa foi vendo muitas de suas relíquias serem levadas pelo rival.
— O Capitão Caolho invadia o navio de Barba Longa para saquear? — perguntei.
Joseph me encarou, mas os olhos enxergaram além de mim.
— Sim. Mas nunca conseguiu levar tudo, pois havia muitos tesouros. Então, Barba Longa montou uma estratégia. Em vez de levar os tesouros roubados para seu navio, começou a escondê-los em praias desertas. Por onde ia, deixava algo para trás. Depois, voltava ao local e levava o tesouro consigo, quando fosse seguro. O Capitão Caolho chegou a pensar que Barba Longa já tinha perdido tudo e parou de persegui-lo. Mas, como em toda história de pirata, havia um traidor entre os tripulantes do navio de Barba Longa. Esse cara, que se chamava Bad Shark, contou ao Capitão Caolho todo o plano bolado por seu capitão.
— Mas como Bad Shark fez isso? — interrompi. — Onde ele se encontrou com o Capitão Caolho? E qual foi a intenção dele ao fazer isso?
Eu estava adorando a história e, de repente, senti-me totalmente envolvida. Joseph riu.
— Sei lá! Só sei que o Capitão Caolho ficou puto da vida. Queria porque queria conquistar mais riquezas. Para isso, precisava ser mais esperto e chegar ao lugar onde os tesouros estavam escondidos antes que Barba Longa voltasse para pegá-los. Com a ajuda do traidor Bad Shark, conseguiu ter sucesso muitas vezes. No entanto, Barba Longa, que não era bobo, desconfiou que havia algo errado e, ameaçando jogar todos os seus homens ao mar, conseguiu descobrir que Bad Shark estava servindo a Deus e ao diabo ao mesmo tempo.
— Você quer dizer a dois diabos, né? — emendei.
— É verdade — Joe concordou e mais uma vez segurou minha mão para me ajudar a subir um pouco mais. — Então, antes de fazer Bad Shark andar na prancha e cair na boca dos tubarões, Barba Longa o obrigou a indicar locais falsos para o Capitão Caolho. Ao perceber que havia sido enganado, Caolho passou a dedicar cada dia de sua vida a tentativas de matar Barba Longa. Até que, um dia, ele conseguiu.
— O quê? Ele matou Barba Longa? Assim, sem mais nem menos? — fiquei indignada. — Logo agora que eu estava torcendo pelo corsário veterano...
— É — Joe sorriu, parando de caminhar. — Por isso, muitos tesouros ficaram perdidos para sempre, escondidos em praias desertas de todo o mundo. E uma delas fica bem aqui, em Perla, mais precisamente ali, na Caverna do Pirata.
Segui o olhar de Joseph até me deparar com a entrada da gruta. Fiquei imaginando se tudo não passava de uma lenda boba ou se a história era realmente verdadeira.
— Essa foi boa! — disse, exalando o ar de uma só vez. — Você quase me pegou.
— Ah, é? E o que me diz... disso?
Joseph tirou de dentro da mochila uma moeda de ouro, muito antiga mesmo. Estendeu-a para mim.
— Achei-a durante um mergulho no lago da gruta, há alguns anos.
Fiquei muda, perplexa.
— Se não acredita, pergunte a outros mergulhadores. Melhor ainda: pergunte a qualquer morador daqui. Todo mundo vai confirmar a história.
— Está certo — disse, por fim. — Você está me saindo um exímio contador de histórias.
— E você é muito impressionável.
Sem dizer mais nada, entramos finalmente na gruta, ou melhor, na Caverna do Pirata. E minha perplexidade só aumentou. Como o interior de uma rocha poderia ser ainda mais belo do que a praia de onde viéramos? Havia um lago transparente e as frestas entre as pedras faziam a luz do sol penetrar e ser refletida pela água cristalina.
E depois de toda aquela história de pirata, verdadeira ou não, a aura ali dentro parecia mágica. Cheguei a ouvir as vozes do Capitão Barba Longa e de sua tripulação. Meu corpo se arrepiou todo.
— Lindo... — murmurei.
— Não é? — disse Joe, quebrando meu encantamento. — Esta gruta é um dos meus refúgios secretos. É para cá que corro quando as coisas não estão muito boas. É tão calma, solitária...
Gente, esse cara era o mesmo que tinha me arrastado outro dia da biblioteca e dito um monte de idiotices na minha cara no dia anterior? Porque não parecia. Não quando ele dizia aquelas coisas, não falando exatamente comigo, mas mais consigo mesmo.
— Entendo.
— Jura? — De repente, seu tom voltou a ser ácido. — Pois parece que você mergulha suas frustrações numa boa ida ao shopping.
Aquilo soou como um tapa na cara. Depois de ser praticamente sequestrada e arrancada da cama, sem falar da viagem na garupa de uma moto a jato, ouvir uma história em tom de brincadeira e ser apresentada a uma paisagem de tirar o fôlego, eu esperava que as defesas de Joe contra mim tivessem desaparecido. Concluí que ele deveria ser bipolar. Só podia!
Afastei-me um pouco, procurando me concentrar nos detalhes da gruta, por exemplo, no arco-íris que se formava sobre o lago e no brilho das pequenas pedras em torno dele.
— Desculpe — Joe disse momentos depois, e eu o vi passar uma mão freneticamente nos cabelos castanho-claros. Quando interrompeu o gesto, uma mecha caiu sobre um dos olhos e ele retirou-a instintivamente. — Me expressei mal. Não quero implicar com você, pelo menos não agora, não aqui.
Pisquei.
— Mas quer fazer isso depois. Posso saber por quê?
— Hummm... Digamos que tenho meus motivos.
— Baseados em conceitos pré-concebidos, imagino.
Nossos olhares ficaram duelando e, pela primeira vez, notei um brilho diferente em seus olhos verdes.
— A gente precisa voltar — disse ele. — Se quiser, depois posso trazer você para mergulhar.
Bipolar. Com certeza.
— Vamos ver — respondi, passando por ele e saindo da Caverna do Pirata, sem olhar para trás nem uma vez.
Voltamos para o castelo no meio da tarde. Eu estava exausta, suada e até meio molhada. Joseph me deixou na entrada e foi embora, montado em sua moto de rebelde sem causa. Nisso ele me surpreendeu. Imaginava que tivesse um daqueles carros esportes, conversíveis e potentes. Não que a moto não fosse veloz — e garanto que era —, mas pensei que um mauricinho como ele ficaria bem longe de uma máquina daquelas, para não estragar o penteado. Bom, mas me enganei. O cara adorava emoções fortes e era bem chegado em esportes radicais.

Sentindo um nojo tremendo de minhas roupas e de meu corpo melado de sal e areia, corri para debaixo do chuveiro e deixei que a água lavasse os vestígios de nossa aventura — a primeira da minha vida, até onde me recordo. Tinha a intenção de falar com minha mãe e talvez com Selena, mas deixaria isso para mais tarde, assim que me sentisse mais revigorada.

~*~

Não queria ter demorado tanto para postar, porém, os últimos dias foram bem estressantes para mim. :/ E pra completar, eu não sei como vai ficar o blog esse ano. Minhas aulas começam agora dia 12, e talvez eu faça curso de Design de interiores além da faculdade de Arquitetura. E ainda tenho que arranjar tempo pra ler, porque, bom, livros são a minha vida, sabe? Talvez, eu me esforce e poste aqui todo final de semana. Mas vou ver tudo isso quando chegar a hora. Por enquanto, vou postar 2 capítulos hoje e mais 2 amanhã, ok? 
Obrigada pelo comentários, a propósito <333 
Espero que continuem gostando da historia e não abandonem o blog, caso eu não poste com "frequência". Mais uma vez, obrigada por comentarem!

Beijos na testa, 
Yumi.

Ps: Vi só agora que estou com 101 seguidores lindos <33 *-* Quando comecei o blog, nunca pensei que eu chegaria nem aos 50 seguidores, quem dirá aos 100. Agora fiquei animada hahaha Obrigada por me seguirem, seus lindos ;D Vocês vão todos para o céu. <3

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