quinta-feira, 30 de maio de 2013

Capítulo 5 – Parker Hayes (Parte 2/2)

Quando abri os olhos, vi no relógio que eram três da tarde. Peguei uma toalha e o roupão de banho e me arrastei até o banheiro. Assim que fechei a cortina do boxe, a porta se abriu e se fechou. Esperei que alguém falasse alguma coisa, mas o único som que ouvi foi o da tampa da privada batendo na porcelana.
— Joseph?
— Não, sou eu — falou Selena.
— Você tem que vir até aqui para fazer xixi? Você tem o seu próprio banheiro.
—Faz meia hora que o Nick está lá com diarreia. Não vou lá não.
— Que legal.
— Ouvi dizer que você tem um encontro hoje à noite. O Joseph está irritadíssimo — disse ela animada.
— Às seis! Ele é tão fofo, Selena. Ele simplesmente... — parei de falar, soltando um suspiro.
Eu estava toda empolgada falando do Parker, mas não era a minha cara fazer esse tipo de coisa. Continuei pensando em como ele tinha sido perfeito desde o momento em que nos conhecemos. Ele era exatamente aquilo de que eu precisava: o oposto do Joseph.
— Deixou você sem palavras? — ela me perguntou, dando uma risadinha.
Enfiei a cabeça para fora da cortina.
— Eu não queria voltar pra casa! Poderia ter ficado conversando com ele para sempre!
— Isso me soa promissor. Mas não é meio estranho o fato de você estar aqui?
Mergulhei a cabeça debaixo da água, enxaguando os cabelos.
— Expliquei a situação para ele.
Ouvi o barulho da descarga e a torneira se abrindo, o que fez com que a água ficasse fria por um instante. Soltei um grito e a porta foi escancarada.
— Flor? — falou Joseph.
Selena deu risada.
— Eu só dei descarga, Joe, calma!
— Ah. Está tudo bem com você, Beija-Flor?
— Estou ótima. Sai daqui!
A porta se fechou novamente e suspirei.
— É pedir demais que se tenha tranca nas portas?
Selena não respondeu.
— Sel?
— É realmente uma pena que vocês dois não tenham conseguido se entender. Você é a única garota que poderia ter... — ela soltou um suspiro.
— Não importa. Isso não vem ao caso agora.
Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha.
— Você é tão má quanto ele. É uma doença... Ninguém aqui consegue pensar direito. Você está brava com ele, lembra?
— Eu sei — ela assentiu.
Liguei meu secador novo e comecei a me arrumar para o encontro com Parker. Enrolei os cabelos, pintei as unhas e passei batom da mesma cor do esmalte: um tom forte de vermelho. Era um pouquinho demais para um primeiro encontro. Franzi a testa para meu reflexo no espelho. Não era o Parker que eu estava tentando impressionar. Eu não tinha o direito de me sentir insultada quando o Joseph me acusou de estar de joguinho com ele no fim das contas.
Dando uma última olhada no espelho, fui invadida pela culpa. Joseph estava se esforçando tanto, e eu estava agindo como uma criança teimosa. Saí do banheiro e fui para a sala de estar. Joseph sorriu — e não era essa, de jeito nenhum, a reação que eu esperava.
— Você... está linda.
— Obrigada — falei, perturbada com a ausência de irritação ou ciúme na voz dele.
Nicholas assobiou.
— Bela escolha, Demi. Os homens adoram vermelho!
— E os cachos estão lindos — completou Selena. A campainha tocou e Selena sorriu, acenando para mim com animação exagerada.
— Divirta-se!
Abri a porta. Parker segurava um pequeno buquê de flores, de calça social e gravata. Ele me analisou rapidamente de cima a baixo, depois voltou a olhar para o meu rosto.
— Você é a criatura mais linda que já vi na vida — disse, enamorado.
Olhei para trás para acenar para Selena, cujo sorriso era tão largo que eu conseguia ver cada um de seus dentes. Nicholas tinha uma expressão de pai orgulhoso, e Joseph continuava com os olhos pregados na televisão.
Parker estendeu a mão e me levou até seu Porsche reluzente. Assim que entramos, ele soltou o ar que vinha prendendo.
— Que foi? — perguntei.
— Tenho que confessar que estava um pouco nervoso de vir buscar a mulher por quem Joseph Jonas está apaixonado... e no apartamento dele. Você não sabe quanta gente me acusou de insanidade hoje.
— O Joseph não está apaixonado por mim. Às vezes ele mal aguenta ficar do meu lado.
— Então é uma relação de amor e ódio? Porque, quando falei para o pessoal da fraternidade que levaria você para sair hoje à noite, todos eles me disseram a mesma coisa. Ele vem se comportando de um jeito tão instável... mais que de costume... que todos chegaram à mesma conclusão.
— Eles estão errados — insisti.
Parker balançou a cabeça, como se eu fosse completamente ingênua, e colocou a mão sobre a minha.
— É melhor a gente ir. Temos uma mesa à nossa espera.
— Onde?
— No Biasetti. Eu me arrisquei... Espero que você goste de comida italiana.
Ergui uma sobrancelha.
— Não estava muito em cima da hora para conseguir uma mesa? Aquele lugar vive lotado.
— Bom... o restaurante é da minha família. Metade dele, pelo menos.
— Adoro comida italiana.
Parker foi dirigindo até o restaurante na velocidade limite, dando seta quando ia virar e desacelerando a cada sinal amarelo. Quando ele falava, mal tirava os olhos do caminho. Quando chegamos ao restaurante, dei uma risadinha.
— Que foi? — ele perguntou.
— É só que... você é um motorista muito cuidadoso. Isso é bom.
— Diferente de sentar na garupa da moto do Joseph? — ele perguntou com um sorriso.
Eu deveria ter dado risada, mas a diferença não parecia algo bom.
— Não vamos falar sobre o Joseph hoje à noite, tudo bem?
— Bastante justo — disse ele, saindo do carro para abrir a porta para mim.
Fomos conduzidos imediatamente a uma mesa, perto da janela da sacada. Embora eu estivesse de vestido, meu visual parecia pobre em comparação ao das outras mulheres, cheias de joias e com vestidos de festa. Eu nunca tinha comido num lugar tão chique.
Fizemos o pedido e Parker fechou o cardápio, sorrindo para o garçom.
— E, por favor, nos traga uma garrafa de Allegrini Amarone.
— Sim, senhor — disse o garçom, recolhendo os cardápios.
— Este lugar é incrível — sussurrei, apoiando-me na mesa.
Seus olhos verdes se suavizaram.
— Obrigado. Vou falar para o meu pai.
Uma mulher se aproximou da nossa mesa. Os cabelos loiros estavam puxados em um apertado coque francês, e uma mecha de cabelos grisalhos interrompia a onda suave da franja. Tentei não ficar encarando as joias cintilantes ao redor do pescoço ou as que balançavam nas orelhas, mas elas eram feitas para ser notadas. O alvo de seus olhos azuis, apertados para enxergar melhor, era eu.
Ela desviou rapidamente o olhar para voltá-lo ao meu acompanhante.
— Quem é sua amiga, Parker?
— Mãe, essa é Demi Lovato. Demi, essa é minha mãe, Vivienne Hayes. Estendi a mão e ela me cumprimentou rapidamente. Em um movimento bem pensado, o interesse iluminou suas feições distintas, e ela olhou para Parker.
— Lovato?
Engoli em seco, preocupada com a possibilidade de ela ter reconhecido o sobrenome.
Parker assumiu uma expressão impaciente.
— Ela é de Wichita, mãe. Você não conhece a família dela. A Demi estuda na Eastern.
— Ah — Vivienne olhou para mim de novo. — O Parker vai embora no ano que vem. Para Harvard.
— Ele me contou. Acho ótimo. A senhora deve estar muito orgulhosa.
A tensão ao redor de seus olhos se suavizou um pouco, e os cantos de sua boca se viraram para cima, num sorriso afetado.
— Estamos sim. Obrigada.
Fiquei impressionada pelas palavras dela serem tão educadas e, ainda assim, transbordarem desprezo. Não foi um talento que ela desenvolveu da noite para o dia. A Sra. Hayes devia ter passado anos enfatizando aos outros sua superioridade.
— Foi bom ver você, mãe. Boa noite.
Ela o beijou no rosto, tirou com o polegar a marca de batom que havia deixado ali e voltou para sua mesa.
— Sinto muito por isso, não sabia que ela estaria aqui.
— Tudo bem. Ela parece... legal.
Parker riu.
— Sim, para uma predadora.
Contive uma risadinha, e ele abriu um sorriso como que se desculpando.
— Ela vai ficar mais amigável. É só uma questão de tempo.
— Sendo otimista, quando você for para Harvard.
Conversamos sem parar sobre comida, a Eastern, cálculo e até mesmo sobre o Círculo. Parker era charmoso, divertido e dizia todas as coisas certas. Várias pessoas se aproximaram para cumprimentá-lo, e ele sempre me apresentava com um sorriso orgulhoso. Ele era visto como uma celebridade lá no restaurante, e, quando fomos embora, senti os olhares avaliadores de todos no salão.
— E agora, o que vamos fazer? — perguntei.
— Tenho prova de anatomia comparativa de vertebrados logo na segunda de manhã. Tenho que estudar um pouco — disse ele, cobrindo mina mão com a dele.
—Antes você do que eu — falei, tentando não parecer tão decepcionada. Ele me levou até o apartamento, conduzindo-me na escada pela mão.
— Obrigada, Parker. — Eu estava ciente do sorriso ridículo em meu rosto. — Foi ótimo.
— É cedo demais para convidar você para sair de novo?
— De jeito nenhum — falei, irradiando alegria.
— Ligo pra você amanhã?
— Perfeito.
E então chegou o momento do silêncio constrangedor. O elemento que eu mais temia nos encontros. Beijar ou não beijar, eu odiava essa questão.
Antes que eu tivesse a chance de imaginar se ele ia me beijar ou não, Parker segurou meu rosto e me puxou para perto, pressionando os lábios nos meus. Lábios macios, quentes e maravilhosos. Ele se afastou um pouco, depois me beijou de novo.
— A gente se fala amanhã, Dems.
Acenei em despedida, observando enquanto ele descia os degraus direção ao carro.
— Tchau.
Mais uma vez, quando girei a maçaneta, a porta se abriu com tudo e caí para frente. Joseph me segurou, e consegui voltar a ficar em pé.
— Quer parar com isso? — falei, fechando a porta depois de entrar.
— Dems? Que tipo de apelido é esse? — disse ele com desdém.
— E Beija-Flor? — respondi com o mesmo desdém. — Um pássaro que fica voando e fazendo um barulho esquisito?
— Você gosta de Beija-Flor — disse ele, na defensiva. — É um pássaro lindo, que nem você. Você é meu beija-flor.
Eu me segurei no braço dele para tirar os sapatos de salto e depois entrei no quarto. Enquanto trocava de roupa e colocava o pijama, fiz o melhor que pude para continuar brava com ele. Joseph se sentou na cama e cruzou os braços.
— Foi bom?
— Sim — suspirei —, foi fantástico. Perfeito. Ele é... — não consegui pensar em uma palavra adequada para descrever Parker, então só balancei a cabeça.
— Ele beijou você?
Pressionei os lábios um no outro e fiz que sim com a cabeça.
— Ele tem lábios muito macios.
Joseph ficou horrorizado.
— Não me interessa que tipo de lábios ele tem.
— Vai por mim, é importante. Fico tão nervosa com o primeiro beijo, mas esse até que não foi ruim.
— Você fica nervosa com um beijo? — ele me perguntou, com ar divertido.
— Só com o primeiro. Odeio primeiro beijo.
— Eu também odiaria, se tivesse que beijar o Parker Hayes.
Dei uma risadinha e fui até o banheiro tirar a maquiagem. Joseph foi atrás de mim e se apoiou no batente da porta.
— Então vocês vão sair de novo?
— Vamos. Ele vai me ligar amanhã.
Sequei o rosto e cruzei o corredor, pulando na cama para me deitar.
Joseph tirou a roupa e ficou só de cueca, sentando-se na cama de costas para mim. Um pouco curvado, parecia exausto. Olhou de relance para trás por um instante, para me ver, e os músculos perfeitos de suas costas se retesaram.
— Se vocês estavam curtindo tanto, por que você voltou tão cedo pra casa?
— Ele tem uma prova importante na segunda-feira.
Joseph torceu o nariz.
— Quem se importa com isso?
— Ele está tentando entrar em Harvard. Precisa estudar.
Ele bufou e deitou de bruços. Vi quando enfiou as mãos debaixo do travesseiro, parecendo irritado.
— É, é isso que ele fica dizendo pra todo mundo.
— Não seja idiota. Ele tem prioridades... Acho responsável da parte dele.
— A mina dele não deveria estar no topo das prioridades?
— Não sou a mina dele. Saímos uma vez, Joe — falei em tom de bronca.
— E o que vocês fizeram? — Olhei para ele com um ar meio hostil e ele riu. — Que foi? Estou curioso!
Vendo que ele estava sendo sincero, descrevi tudo, desde o restaurante, passando pela comida e depois pelas coisas doces e divertidas que o Parker dissera. Eu sabia que minha boca estava congelada em um ridículo sorriso, mas não conseguia evitá-lo enquanto descrevia minha noite perfeita.
Joseph me observava com um sorriso entretido enquanto eu tagarelava, e até me fez perguntas. Embora parecesse frustrado com a situação, eu tinha a distinta sensação de que ele gostava de me ver tão feliz.
Ele se ajeitou na cama e bocejei. Ficamos nos encarando por um instante antes de ele soltar um suspiro.
— Fico contente que você tenha se divertido, Flor. Você merece.
— Obrigada — abri um sorriso.
Meu celular tocou na mesa de cabeceira, e me levantei, um pouco torta, para olhar o número de quem ligava.
—Alô?
— Já é amanhã — disse Parker.
Olhei para o relógio e ri. Era meia-noite e um.
— E.
— Então, que tal na segunda-feira à noite? — ele me perguntou.
Cobri a boca por um instante e inspirei fundo.
— Ah, tudo bem. Segunda à noite está ótimo.
— Que bom! A gente se vê na segunda — disse ele.
Dava para ouvir o sorriso em sua voz. Desliguei o celular e olhei de relance para Joseph, que observava a cena com uma leve irritação. Desviei do olhar dele e me encolhi como uma bolinha, tensa de animação.
— Você é uma menininha mesmo — disse Joseph, dando as costas para mim.
Revirei os olhos. Ele se virou e me puxou, para que ficássemos cara a cara.
— Você gosta mesmo do Parker?
— Não estrague as coisas para mim, Joseph!
Ele ficou me encarando por um instante, balançou a cabeça e desviou o olhar de novo.
Parker Hayes — disse.

~*~

Ninguém sabe nenhum filme de terror pra me indicar?? ): Que triste
Ok, então se quiserem me indicar livros legais, sem ser de romance, eu aceito u_u

Comentem, amores!

Answer:

Demetria Devone Lovato: Sim, mais raiva!!!!!! hahah tanto dela, quanto dele. Como assim não vê filme de terror??? É o melhor kkkkkk Postei, bjos.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Capítulo 5 – Parker Hayes (Parte 1/2)

— Pode entrar — falei, ao ouvir alguém batendo à porta.
Joseph ficou paralisado na entrada.
— Uau!
Sorri e olhei para o meu vestido, um tomara que caia curtinho que, admito, era a roupa mais ousada que eu já tinha usado. O tecido do vestido era fino, preto e transparente, com um forro cor da pele. Parker estaria na festa, e eu queria chamar atenção.
— Você está incrível — disse ele, quando coloquei os sapatos de salto alto.
Fiz um aceno com a cabeça, aprovando o visual dele também — camisa social branca e calça jeans.
— Você também está legal.
As mangas da camisa dele estavam dobradas até os cotovelos, deixando à mostra as tatuagens intricadas dos antebraços. Quando ele colocou as mãos nos bolsos, notei que usava seu bracelete de couro preto predileto.
Selena e Nicholas esperavam por nós na sala de estar.
— O Parker vai ter um treco quando vir você — disse Selena, dando risadinhas enquanto Nicholas seguia na frente até o carro.
Joseph abriu a porta e entrei no banco detrás do Charger do Nicholas. Embora já tivéssemos nos sentado lá inúmeras vezes antes, de repente pareceu esquisito ficar ao lado dele.
Havia várias filas de carros na rua; alguns estavam estacionados até no gramado da frente. A Casa estava a ponto de explodir com tantas pessoas, e ainda havia mais gente descendo a rua, vindo dos dormitórios. Nicholas estacionou nos fundos da Casa, e Selena e eu seguimos os meninos.
Joseph me trouxe um copo de plástico vermelho cheio de cerveja, e então se inclinou para sussurrar algo ao meu ouvido.
— Não aceite cerveja de ninguém além de mim e do Nick. Não quero que ninguém coloque nada na sua bebida.
Revirei os olhos.
— Ninguém vai colocar nada na minha bebida, Joseph.
— Só não beba nada que não venha de mim, tá? Você não está mais no Kansas, Flor.
— Já ouvi essa antes — falei em tom de sarcasmo, bebendo um gole da cerveja.
Uma hora havia se passado e nada de o Parker aparecer. Selena e Nicholas dançavam ao som de uma música lenta na sala de estar quando Joseph me cutucou a mão.
— Quer dançar?
— Não, obrigada — respondi.
Ele fez cara de decepção. Pus a mão no ombro dele e disse:
— Só estou cansada, Joe.
Ele colocou sua mão na minha e começou a falar, mas, quando olhei para frente, vi o Parker. Joseph notou a mudança na minha expressão e se virou.
— Oi, Demi! Você veio! — Parker abriu um sorriso.
— É, já estamos aqui faz mais ou menos uma hora — falei, puxando a mão que estava debaixo da do Joseph.
— Você está incrível! — ele gritou, mais alto que a música.
— Obrigada!
Abri um largo sorriso, olhando de relance para Joseph, que estava com os lábios tensos. Uma linha tinha se formado entre as sobrancelhas. Parker fez um aceno com a cabeça, indicando a sala de estar, e sorriu:
— Quer dançar?
Torci o nariz e balancei a cabeça.
— Não, estou meio cansada.
Então ele olhou para Nicholas.
— Achei que você não viria.
— Mudei de ideia — disse Joseph, irritado por ter que se explicar.
— Estou vendo — disse Parker, olhando para mim. — Quer tomar um pouco de ar?
Fiz que sim com a cabeça e subi as escadas atrás dele, que fez uma pausa nos degraus, esticando a mão para pegar a minha enquanto subíamos até o segundo andar. Quando chegamos ao topo da escada, abrimos a porta dupla que dava para a varanda.
— Está com frio? — ele me perguntou.
— Um pouquinho — falei, sorrindo quando ele tirou a jaqueta para cobrir meus ombros. — Obrigada.
— Você veio com o Joseph?
— Viemos no mesmo carro.
Parker abriu um largo sorriso e olhou para o gramado. Um grupo de garotas se aninhava, de braços dados para se proteger do frio. A grama estava cheia de papel crepom e latas de cerveja, além de garrafas vazias de bebidas destiladas. Em meio àquela bagunça, os integrantes da Sig Tau rodeavam sua obra-prima: uma pirâmide de barris de cerveja decorada com luzinhas brancas.
Parker balançou a cabeça.
— Esse lugar vai estar detonado de manhã. A equipe de limpeza vai ter muito que fazer.
— Vocês têm uma equipe de limpeza?
— É — ele sorriu —, que chamamos de calouros.
— Coitado do Nick.
— Ele não faz parte da equipe. Ele tem passe livre por ser primo do Joseph, além de não morar na Casa.
— Você mora na Casa?
Ele assentiu.
—Eu não ia falar nada, mas vocês dois parecem ser o assunto do momento.
—Que ótimo. — murmurei.
— É que é algo fora do comum para o Joseph. Ele não faz amizade com mulheres. Ao contrário, tende a transformá-las em inimigas.
— Ah, não sei não. Já vi várias sofrerem de perda de memória ou serem tolerantes demais em se tratando dele.
Parker riu. Os dentes brancos brilhavam em contraste com a pele bronzeada.
— As pessoas só não entendem o relacionamento de vocês. Você tem que admitir que a coisa é um pouco ambígua.
— Você está me perguntando se transo com ele?
Ele sorriu.
— Se transasse você não estaria aqui com ele. Conheço o Joseph desde os catorze anos e sei muito bem como é que ele funciona, curioso em relação à amizade de vocês.
— Ela é o que é — dei de ombros. — Saímos juntos, comemos, vemos televisão, estudamos e discutimos. É basicamente isso.
Parker riu alto, balançando a cabeça com a minha honestidade sobre o assunto.
— Ouvi dizer que você é a única pessoa que tem permissão de pôr o Joseph no lugar dele. É um título honrável.
— Seja lá o que isso signifique, ele não é tão mau quanto todo mundo pensa.
O céu ficou púrpura e então cor-de-rosa quando o sol irrompeu no horizonte. Parker olhou para o relógio e depois de relance por cima do parapeito da varanda, para a multidão que se dispersava no gramado.
— Parece que a festa acabou.
— É melhor eu ir ver onde estão o Nick e a Sel.
— Algum problema se eu levar você até em casa? — ele me perguntou.
Tentei controlar a animação.
— Problema nenhum. Vou avisar a Selena. — Cruzei a porta e depois me encolhi, receosa, antes de me virar — Você sabe onde o Joseph mora?
Parker juntou as espessas e castanhas sobrancelhas.
— Sei sim, por quê?
— Porque estou ficando lá por um tempo — falei, esperando para ver qual seria a reação dele.
— Você está ficando no apartamento do Joseph?
— Eu meio que perdi uma aposta, então vou passar um mês lá.
— Um mês?
— É uma longa história — dei de ombros, envergonhada.
— Mas vocês são só amigos?
— Sim.
— Então eu levo você até o apartamento do Joseph — ele disse e sorriu.
Desci as escadas rapidinho para encontrar Selena e passei por Joseph, que estava mal-humorado, aparentemente irritado com a garota bêbada que conversava com ele. Joseph me seguiu até o corredor quando dei um puxão no vestido de Selena.
— Vocês podem ir na frente. O Parker me ofereceu carona até em casa.
— O quê? — Selena disse com o olhar animado.
— O quê? — Joseph bufou.
— Algum problema? — Selena perguntou para ele.
Ele olhou furioso para ela e depois me puxou para o canto, sem parar de mexer o maxilar.
— Você nem conhece o cara.
Soltei o braço da pegada dele.
— Isso não é da sua conta, Joseph.
— É lógico que é! Não vou deixar você pegar carona com um completo estranho. E se ele tentar fazer alguma coisa com você?
— Vai ser ótimo! Ele é uma graça.
A expressão contorcida no rosto de Joseph passou de surpresa para raiva, e me preparei para o que ele poderia dizer em seguida.
— Parker Hayes, Flor? Mesmo? Parker Hayes — ele repetiu com desdém. — Que nome é esse?
Cruzei os braços.
— Para com isso, Joe. Você está sendo um imbecil.
Ele se inclinou na minha direção, parecendo perturbado.
— Mato o cara se ele encostar um dedo em você.
— Eu gosto dele — falei, enfatizando cada palavra.
Joseph parecia perplexo com a minha confissão, e então suas feições ganharam um ar sério.
— Tudo bem. Se ele acabar agarrando você no banco traseiro do carro e te forçar a fazer alguma coisa, não venha chorar para mim depois.
Fiquei boquiaberta, ofendida e furiosa.
— Não se preocupe, não farei isso — falei, empurrando-o com o ombro. Joseph agarrou meu braço e suspirou, olhando para mim por cima do ombro.
— Eu não quis dizer isso, Flor. Se ele te machucar, se ele fizer com que você se sinta só um pouquinho constrangida, você me fala.
Minha raiva diminuiu, e meus ombros ficaram mais relaxados.
— Eu sei que você não quis dizer nada disso, mas você precisa dar um tempo nesse lance super-protetor e parar de bancar meu irmão mais velho.
Joseph deu risada.
— Não estou bancando o irmão mais velho, Flor. Nem de longe.
Parker apareceu e colocou as mãos nos bolsos, oferecendo-me o braço.
— Pronta?
Joseph cerrou o maxilar, e fui ficar do outro lado de Parker para distraí-lo da expressão no rosto de Joseph.
— Sim, vamos.
Entrelacei meu braço no dele e caminhei um pouco a seu lado antes de me virar para me despedir de Joseph, que olhava com raiva para a nuca de Parker. Ele voltou rapidamente o olhar para mim e então ficou com uma expressão mais suave.
— Para com isso — falei entre dentes, seguindo Parker até o carro dele, em meio ao que restava dos convidados na festa.
— O meu é o prateado.
Os faróis dianteiros piscaram duas vezes quando ele destravou o carro sem usar chave.
Ele abriu a porta do lado do passageiro, e eu dei risada.
—Você tem um Porsche?
— Não é só um Porsche. É um Porsche 911 GT3. Tem uma diferença.
— Deixe-me adivinhar... Ele é o amor da sua vida? — falei, citando a declaração de Joseph sobre a moto dele.
— Não, isso aqui é um carro. O amor da minha vida será uma mulher com meu sobrenome.
Eu me permiti abrir um leve sorriso, tentando não ficar tocada além da conta com o que ele tinha acabado de dizer. Ele segurou minha mão para me ajudar a entrar no carro e, quando se sentou atrás do volante, inclinou a cabeça na minha direção e sorriu.
— O que você vai fazer hoje à noite?
— Hoje à noite? — perguntei.
— Ainda é de manhã. Quero convidar você para jantar antes que alguém passe na minha frente.
Um sorriso surgiu em meu rosto.
— Não tenho planos para hoje à noite.
— Pego você às seis, então?
— Tudo bem — falei, olhando enquanto ele entrelaçava seus dedos nos meus.
Parker me levou direto até o apartamento de Joseph, no limite da velocidade, com a minha mão na dele. Estacionou atrás da Harley, e como tinha feito antes, abriu a porta para mim. Assim que chegamos ao patamar da escada, ele se inclinou para me dar um beijo no rosto.
— Descanse um pouco. A gente se vê hoje à noite — ele sussurrou ao no meu ouvido.
— Tchau — falei, girando a maçaneta.
Quando empurrei, a porta se abriu e fui com tudo para frente. Joseph me segurou pelo braço antes que eu caísse.
— Vai com calma aí, menina.
Eu me virei e vi Parker nos encarando com uma expressão de desconforto. Ele se inclinou e olhou para dentro do apartamento.
— Alguma garota humilhada e largada por aí precisando de carona?
Joseph olhou com ódio para ele.
— Não começa.
Parker sorriu e deu uma piscadinha.
— Estou sempre provocando o Joseph. Não consigo fazer isso mais com tanta frequência desde que ele percebeu que fica mais fácil se elas vierem de carro.
— Acho que isso simplifica as coisas — falei, brincando com o Joseph.
— Não tem graça, Flor.
— Flor? — Parker perguntou.
— É, hum... abreviação de Beija-Flor. É só um apelido, não sei nem de onde surgiu — falei.
Foi a primeira vez que me senti estranha em relação ao apelido que Joseph havia me dado na noite em que nos conhecemos.
— Você vai ter que me contar quando descobrir. Parece uma boa história — Parker sorriu. — Boa noite, Demi.
— Você não quer dizer “bom dia”? — falei, olhando enquanto ele descia rápido as escadas.
— Isso também — ele falou, com um doce sorriso.
Joseph bateu a porta com força. Tive que tirar rápido a cabeça do caminho, antes que a porta a prendesse.
— Que foi? — perguntei, irritada.
Joseph balançou a cabeça e foi andando até o quarto. Fui atrás dele, dando pulinhos com um pé só para tirar o sapato de salto.
— Ele é legal, Joe.
Ele soltou um suspiro e veio andando até mim.
— Você vai se magoar— disse, enganchando o braço na minha cintura com uma das mãos e tirando meus sapatos com a outra. Ele jogou os sapatos no armário, depois tirou a camiseta e foi para a cama.
Abri o zíper do vestido e fui deslizando-o até o quadril, depois o chutei no canto. Enfiei uma camiseta e abri o fecho do sutiã, tirando-o pela manga da blusa. Quando estava prendendo o cabelo em um coque no alto da cabeça, notei que ele me encarava.
— Tenho certeza que não há nada aqui que você já não tenha visto — falei, revirando os olhos. Entrei debaixo das cobertas e me ajeitei no travesseiro, encolhendo-me como uma bola.
Ele abriu a fivela do cinto e se livrou da calça jeans. Esperei um tempo enquanto ele ficava lá parado, sem falar nada. Eu estava de costas para ele e me perguntava o que ele estaria fazendo, em pé ao lado da cama, em silêncio. A cama balançou quando ele enfim se deitou ao meu lado. Senti meu corpo ficar tenso quando ele colocou a mão no meu quadril.
— Perdi uma luta essa noite — ele me disse. — O Adam ligou e eu não fui.
— Por quê? — perguntei, me virando de frente para ele.
— Quis me certificar de que você chegaria bem em casa.
Torci o nariz.
— Você não tem que bancar minha babá.
Ele fez um traço imaginário com o dedo na extensão do meu braço, o que me deu arrepios na espinha.
— Eu sei. Acho que ainda me sinto mal pela outra noite.
— Eu já falei que não me importava.
Ele apoiou a cabeça no cotovelo, com uma expressão dúbia e a testa franzida.
— Foi por isso que você dormiu na sala? Porque não se importava?
— Eu não conseguia dormir depois que suas... amigas foram embora.
— Você dormiu muito bem na sala. Por que não conseguiu dormir comigo?
— Você quer dizer... do lado de um cara que fedia como as duas bêbadas que ele tinha acabado de mandar embora? Não sei! Que egoísta da minha parte!
Joseph se encolheu.
— Eu disse que sentia muito.
— E eu disse que não ligava. Boa noite — falei, virando-me para o outro lado.
Um bom tempo se passou em silêncio. Ele deslizou a mão por cima do meu travesseiro e a colocou sobre a minha. Acariciou a pele delicada entre os meus dedos, depois senti a pressão de seus lábios nos meus cabelos.
— Eu estava preocupado que você não fosse nunca mais falar comigo... Mas pior ainda é ver que você não liga.
Fechei os olhos.
— O que você quer de mim, Joseph? Você não quer que eu fique chateada com o que você fez, mas quer que eu me importe. Você disse à Selena que não quer me namorar, mas fica irritado quando digo a mesma coisa... tão irritado que sai feito um raio e fica ridiculamente bêbado. Não dá pra te entender.
— Foi por isso que você disse aquelas coisas para a Selena? Porque falei que não ia ficar com você?
Cerrei os dentes. Ele tinha acabado de insinuar que eu estava fazendo joguinhos com ele. Formulei a resposta mais direta em que pude pensar.
— Não, eu realmente quis dizer cada palavra que disse. Só não tive a intenção de te ofender
— Eu só disse aquilo porque... — ele coçou os cabelos curtos, nervoso. — Não quero estragar nada. Eu nem saberia ser a pessoa que você merece. Só estava tentando trabalhar isso na minha cabeça.
— Seja lá o que você quer dizer com isso... eu tenho que dormir um pouco. Tenho um encontro hoje à noite.
— Com o Parker? — ele quis saber, a voz transbordando de raiva.
— Sim. Por favor, posso dormir agora?
— Claro — ele disse, levantando com tudo da cama e batendo a porta ao sair do quarto.
A cadeira reclinável rangeu com o peso dele, depois ouvi vozes abafadas vindo da televisão. Forcei os olhos a se fecharem e tentei me acalmar para conseguir pegar no sono, nem que fosse por poucas horas.

~*~

Alguém quer me recomendar um filme de terror de seja BOM, tipo, bom de verdade.
Mas sem ser de possessão ou demônios, porque não sei se vocês sabem, mas nesses filmes contém rituais de verdade, tipo, eles contratam satânicos pra isso, e não é bom assistir esse tipo de filme... 
Enfim, alguém quer me indicar um? *-* Sim?
Se me indicarem um filme que eu nunca vi, eu posto 2 capítulos quinta-feira u_u
*pinky swear*

Comentem, amores <33

Answer:

Demetria Devone Lovato: Tá vendo?? Tem muita coisa ainda que vai te dar MUITA raiva. kkkkkkkkk Postei ^^ Bjos