Dois anos depois...
— Ah, minha filha, você está
linda!
Minha mãe avançou a passos largos
até mim e enxugou os olhos com um lenço de linho que alguém do castelo
providenciara para ela. Desde que chegara à Krósvia, vivia emocionada, chorando
pelos cantos.
— Mãe, por favor, não vai chorar
de novo. Desse jeito seu nariz vai ficar vermelho em todas as fotos.
Mas não teve jeito. Só o fato de
eu estar vestida daquela forma era um novo motivo para ela se debulhar em
lágrimas. E minutos depois vovó Sue fez o mesmo, seguida por Selena, Irina e até
Karenina. Eu não estava conseguindo acreditar naquilo. Quanto exagero! Afinal,
eu só estava a ponto de oficializar uma situação que já estava consolidada
havia muito tempo.
Muita coisa havia acontecido
desde o dia em que Joe fora me procurar em Belo Horizonte e nós finalmente
ficáramos juntos. Bom, tivemos muitos contratempos, como o fato de morarmos em países
diferentes. Eu continuei vivendo no Brasil, cursando direito na PUC,
trabalhando como voluntária numa instituição assistencial para crianças
abandonadas e estagiando na embaixada da Krósvia. Meu pai mexeu uns pauzinhos e
voilà!
Claro que viajei bastante para
Perla, mas não tanto quanto Joe foi ao Brasil. Passei todas as férias no país
de meu pai, mas Joseph reestruturou sua vida de modo que aparecesse em Belo
Horizonte pelo menos uma vez a cada dois meses. E sempre ficava de uma semana a
15 dias comigo.
Mesmo assim, não foi fácil. Os
tempos sem ele eram cinzentos, sem graça, sem cor. Eu sentia a falta dele nas
mínimas coisas, desde assistindo a um filme na TV até escutando Bon Jovi
cantar, pela enésima vez consecutiva, a música-tema de nossa história: “In
These Arms”.
Mas fiz de tudo para me manter
firme, pois sabia que essa fase passaria. Então, aproveitei para curtir minha
família e meus amigos e me dediquei ao máximo a eles. Não deixei de ir aos churrascos
de minha turma de faculdade nem às reuniões no sítio de meu tio em Itabirito.
Porque eu estava decidida a partir de vez para a Krósvia logo que recebesse meu
diploma de bacharel em Direito das mãos do reitor da universidade. Ou melhor,
assim que fizesse a prova da OAB.
Afinal, e daí não morar mais no
Brasil?
Ainda assim, minha família estaria
lá e eu poderia fugir para eles sempre que quisesse. O que não dava era para
continuar vivendo com um oceano, um continente e um mar entre mim e Joe. O restante
eu suportaria.
Ao saber de minha decisão, cada
pessoa teve uma reação diferente:
• minha mãe caiu em prantos;
• meu pai organizou uma festa
para comemorar;
• Joe ficou todo convencido;
• Selena me concedeu dois dias de
gelo, mesmo dando a maior força para meu romance de novela;
• o pessoal do Palácio Sorvinski
se desdobrou para ajeitar minha mudança.
E, quando eu dei por mim,
sobrevoava definitivamente parte do mapa-múndi rumo à terra de meus ancestrais
paternos. Ah! E com um item inédito em minha bagagem: o domínio total da língua
krosviana. Mas vamos combinar que minha pronúncia era um fracasso.
Agora, ali estava eu, cercada por
um bando de choronas e tendo que lidar com um penteado nada confortável,
elaborado minutos antes pelo queridíssimo Patrick, com o qual eu havia conseguido
dialogar pela primeira vez em krosvi.
— Gente, não estou acreditando
nisso — declarei, de braços cruzados sobre a parte de cima de meu lindo vestido
de cetim. — Ainda não consegui processar o motivo de tanta choradeira.
Por acaso tem alguém morrendo?
Uma sinfonia de fungadas foi a
resposta mais imediata à minha pergunta, seguida pela explicação de minha avó:
— É que você está tão linda e
hoje é um dia tão especial que fica difícil controlar as lágrimas.
— Fiz suco de maracujá para todas
nós, Demi — Karenina anunciou na maior inocência, com o nariz tão vermelho
quanto o das outras.
— Vocês são inacreditáveis —
falei, revirando os olhos. — E a tia Marieva? Já apareceu? Como vou entrar se
as crianças não tiverem chegado?
Meus primos me acompanhariam ao
longo do trajeto que me levaria ao altar. Além deles, um cortejo de meninas do
Lar Irmã Celeste abriria a cerimônia, preparada com bastante antecedência pela
equipe de relações públicas da família real.
Minha vida estava perfeita, mas
um fato jamais fora solucionado. Nunca soubera por que Marcus, marido de tia
Marieva, agia de forma tão estranha perto de mim. Joe dizia que ele era um invejoso
e aceitei essa justificativa por não encontrar outra melhor — ou pior,
dependendo do ponto de vista.
— Estão a caminho — Irina
respondeu, dividida entre a eficiência e a emoção. Nos últimos dois anos,
tínhamos aprofundado nossos laços e nos tornáramos grandes amigas. Mas entre ela
e meu pai as coisas continuavam só na vontade.
Dela. Irina preferia cultivar seu
amor platônico a arriscar perder seu cargo de confiança ao lado de Andrej. Vai
entender.
Depois de minha partida, mamãe
não aguentara a solidão por muito tempo. Resistente como uma dama recatada do
século XVIII, custara a aceitar as investidas de um médico bonitão e certinho,
que caíra de quatro por ela assim que a conhecera num evento que seu buffet organizara
para o hospital onde ele trabalhava. Mas, enfim, acabou aceitando.
Mas a maior novidade do século
aconteceu poucos meses após eu ter deixado o Brasil. Contrariando todas as
expectativas, Selena decidiu dar uma chance a Nick e disse sim. Entretanto, isso
só foi possível porque ele a convenceu de que sempre estivera apaixonado por
ela, mesmo na época em que ficava comigo. Só não sabia disso ainda. Por mim,
tudo bem. Nada contra o amor dos dois. Esse tipo de situação é comum por aí
afora, quero dizer, um cara achar que gosta de uma garota e depois descobrir
que prefere a melhor amiga dela.
— Chegaram! — avisou Irina, num
ir e vir irritante. — Está pronta, Demi?
— Mais do que nunca.
Então, meus pequenos primos se
juntaram a mim e as primeiras notas de um conjunto de cornetas soaram do salão
de solenidades do palácio.
Meu coração palpitou de
expectativa, mas eu me mantive firme, até serena. Caminhei atrás de Giovana,
Luce e Luka e parei no topo da escada.
Todos os olhares se voltaram para
mim. Tive medo de desmaiar e cair rolando degraus abaixo. Tanta gente
desconhecida! Vi de chefes de Estado a primeiros-ministros e localizei, de pé
num dos locais mais privilegiados do salão, a presidente do Brasil.
No entanto, no meio de toda
aquela gente, um rosto especial se destacava. Foi só avistar Joseph olhando
embevecido e orgulhoso para mim que me senti fortalecida. Dois anos haviam se passado
e nada mudara entre nós. Isto é, estávamos mais maduros, mas ainda sentíamos um
frio na barriga quando nos beijávamos, ainda tínhamos prazer em estar juntos, e
acho que essas coisas nunca mudariam. Pode soar piegas, mas fomos feitos um
para o outro.
Ele ainda me surpreendia com
gestos especiais, como no dia em que aparecera em Belo Horizonte com uma sacola
de lingeries da Victoria’s Secret — as que eu tinha deixado no castelo. Quase
morri de vergonha, principalmente porque Joe me fez usar cada uma delas e
depois elegeu os três primeiros lugares.
Por essas e outras é que jamais
me cansaria dele. Portanto, vê-lo de fraque, todo lindo e irresistível,
incentivando-me apenas com o olhar, fez meu coração se derreter. De novo. E me mantive
firme até me encontrar com meu pai sobre o altar dos tronos do Palácio
Sorvinski, usando um traje formal antigo, parecido com os dos príncipes de
filmes da Disney.
Ei! Esperem aí. Não acredito que
você estava pensando que toda aquela circunstância fazia parte de meu casamento.
É claro que não. Só tenho 22 anos e muita coisa para fazer antes de me casar.
Espero que, quando chegar o momento certo, seja mesmo com Joseph. Mas aquela
ali era minha coroação como princesa da Krósvia. Andrej fazia questão de enfiar
uma coroa em minha cabeça. Quem sou eu para negar um pedido de meu pai?
O legal foi que pude usar o vestido
de minha bisavó Catarina, aquele amarelo-ouro, tomara que caia, enfim, o que
aparecia em meu sonho. É.
Aparecia. Pois, desde que eu
decifrara seu significado, ele me abandonara de vez. Graças a Deus!
Finalmente coroada e adornada com
o manto real — feito de seda pura e bordado com fios de ouro —, depois de
jantar formalmente com a comitiva de políticos convidados especialmente para
minha coroação, pude enfim sair à francesa com Joe e me livrar dos sapatos
apertados.
— Como está se sentindo? — ele quis
saber, enquanto eu puxava o vestido até o meio das coxas e me sentava na traseira
de sua BMW.
— Muito bem. E você?
Joseph ainda estava de pé, mas completamente
grudado na lateral de meu corpo. Massageou uma das minhas pernas e disse:
— Melhor impossível. Sabe por
quê?
Fiz que não com a cabeça, ansiosa
para ouvir a resposta.
— Porque, no final da história,
eu ganhei a princesa.
Então, ele me beijou provocantemente
e depois partimos em alta velocidade através da noite de Perla.
Como em todo conto de fadas,
vivemos felizes para sempre.
Fim.
~*~
Eu jurava que tinha mais capítulos ^^ kkkkkk oops.
Não gostei tanto assim dessa história. Vou ver o que vou fazer em relação ao que irei postar aqui, agora que Simplesmente Demi acabou. E minhas aulas na faculdade começaram. To chorando já. Sdds férias. Enfim, espero que tenham gostado dessa fic, embora eu sei que não foi a melhor que já leram. Nem perto disso. Mas aprecio que vocês tenham comentado e acompanhado e terem ficado feliz com as Maratonas. Amo vocês por isso. Agora, tenho que pensar na próxima fic hahaha
Até breve,
Yumi H.
Que Lindo!!
ResponderExcluirGostei sim da história, claro é diferente das que estamos acostumadas, mas foi legal, fofa e com um final feliz de filme de princesa hahahahaah
Agora estou a espera da proxima!! Minhas aulas na faculdade também voltaram, pegando pesado agora, pois não gostei das notas do primeiro semestre. hahahahah
Beijos
Essa história foi diferente e linda e maravilhosa! Me apaixonei por ela *-*
ResponderExcluirEla acabou comigo com esses últimos capítulos! Ficaram tão perfeito, e tipo estou sem palavras...
Amei o final ficou simplesmente perfeito <3
Já quero nova história...
Fabiola Barboza :*
Essa historia foi linda*-*
ResponderExcluirEu amei, Vou sentir saudades de Simplesmente ana
Voce vai fazer a Segunda temporada??
ResponderExcluirOii! Tem dois selinhos pra você no meu blog: http://inspiration-tatis.blogspot.com.br/2014/09/selos-liebster-award-e-o-seu-blog-e-um.html
ResponderExcluirBeijos :*
Você poderia postar The Rocker Thats Holds Her
ResponderExcluirSelo para vc: http://fanmadehistorias.blogspot.com.br/2014/09/selos.html
ResponderExcluirSimplesmente amei essa história!!!!! Esperando ansiosa pela sua volta.... vc sumiu...... posta outra por fvrr!!!!
ResponderExcluirCarla
Quando você vai voltar a postar?
ResponderExcluirei kd vc ? vc sumiu de sinal de vida
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