sábado, 2 de março de 2013

Chapter 9


Demetria.

Acabo de xingar Joe de idiota e a Sra. Peterson chama a atenção da classe:
— Cada dupla vai sortear um projeto, entre os vários que tenho aqui, neste chapéu — ela anuncia. — Todos os projetos são um verdadeiro desafio; vocês terão de se encontrar fora da classe, para trabalhar e...
— E quanto ao futebol? — Colin interrompe. — Não posso perder um treino sequer.
— E eu não posso perder os ensaios da torcida — diz Darlene, antes que eu possa reclamar também.
— Os trabalhos do colégio devem vir em primeiro lugar. Você e seu parceiro podem combinar um horário que seja bom para ambos — responde a Sra. Peterson, parando em frente à nossa mesa e estendendo o chapéu.
— Sra. Peterson, um desses projetos seria a cura para a esclerose múltipla? — Joe pergunta, com aquele ar provocante, que leva meus nervos ao limite. — Acho que um ano não seria suficiente para fazer um projeto desses...
Posso imaginar um grande “D” no meu boletim... O conselho da universidade de Northwestern não vai querer saber se meu parceiro de Química andou fazendo piadas sobre nosso projeto... Também, o cara não se preocupa com a própria vida; por que se importaria com um trabalho de Química?
A perspectiva de que minha nota, nessa matéria, dependerá de Joe, me tira do sério. Para meus pais, o boletim é um reflexo direto do valor de um aluno. Nem preciso dizer que um “C” ou um “D” significariam que não valho nada...
Estendo a mão e sorteio um pedaço de papel. Abro-o devagar, enquanto mordo o lábio inferior, com um mau pressentimento. Leio o que está escrito, em negrito: AQUECEDORES DE MÃOS.
— Aquecedores de mão? — eu pergunto.
Inclinando-se, Joe lê, com uma expressão confusa:
— Que porra são aquecedores de mão?
A Sra. Peterson lança a Joe um olhar de advertência:
— Se você quiser esperar, depois da aula, tenho outro folheto de suspensão, no seu nome, já pronto em minha mesa. Agora, faça o favor de repetir a pergunta, sem usar essa linguagem chula... Ou então fique para conversarmos.
— Pode ser até ser divertido discutir com a senhora, mas prefiro ocupar o tempo estudando com minha parceira de Química — Joe responde, e ainda tem a coragem de piscar para Colin. — Bem, vou reformular a pergunta: o que, exatamente, são aquecedores de mãos?
— Química Térmica, Sr. Fuentes. Nós a utilizamos para aquecer as mãos.
Joe volta-se para mim, com seu largo e provocante sorriso.
— Tenho certeza de que podemos encontrar outros modos de nos aquecer.
— Odeio você — digo, alto o suficiente para que Colin e o resto da classe escutem. Se eu deixar suas investidas sem resposta, minha reputação irá para o lixo. E se eu deixar que ele me faça de boba, minha mãe me bombardeará a cabeça com teorias sobre o supremo valor da reputação e tudo o mais.
Sei que a classe inteira está nos assistindo, até mesmo Miley, que acha que Joe não é tão ruim, como todos pensam. Será que ela não consegue enxergá-lo, ou está cega por seu belo rosto e sua popularidade entre os amigos?
Joe murmura:
— Há uma fina linha divisória entre o amor e o ódio. Talvez você esteja confundindo essas duas emoções.
Fico o mais longe possível dele, enquanto respondo:
— Eu não apostaria nisso.
— Ah, eu apostaria. — Os olhos de Joe se voltam para a porta da classe. Um amigo dele acena, da janela. Provavelmente, os dois combinaram de matar aula juntos.
Joe pega seus livros e se levanta.
— Sente-se, Joe — diz a Sra. Peterson.
— Mijei nas calças.
A professora franze as sobrancelhas e põe a mão na cintura:
— Controle sua linguagem. Pelo que me consta, você não precisa de livros para ir ao banheiro. Coloque-os de volta na mesa.
Joe contrai os lábios, mas obedece.
— Eu avisei que não permitiria nenhum acessório relacionado a gangues, em minha aula — diz a Sra. Peterson, olhando para o lenço que Joe está segurando, à sua frente.
— Joe, me dê isso aqui — ela ordena, estendendo a outra mão.
Ele olha para a porta e então encara a Sra. Peterson:
— E se eu me recusar?
— Joe, não me provoque. Lembre-se da tolerância zero... Você quer uma suspensão? — Ela estala os dedos, sinalizando que se ele não entregar o lenço imediatamente, terá de arcar com as consequências.
Com uma carranca e um gesto lento, ele obedece.
A Sra. Peterson prende a respiração, ao arrancar o lenço dos dedos de Joe.
— Oh, meu Deus! — eu grito, ao ver a grande mancha em sua virilha.
Um a um, os alunos começam a rir.
Colin é o que ri mais alto:
— Não se preocupe, Fuentes. Minha bisavó tem o mesmo problema... Nada que uma fralda não resolva.
Isso me atinge em cheio porque, ao ouvir Colin falar em fraldas para adultos, penso imediatamente em minha irmã. Zombar dos adultos que não podem cuidar de si mesmos não é nada engraçado... Afinal, Shelley é uma dessas pessoas.
Joe ostenta seu largo e provocante sorriso, enquanto diz a Colin:
— Sua namorada não conseguia ficar com as mãos longe das minhas calças, companheiro... Ela estava me mostrando algumas novas definições para “aquecedores de mão”, sabe?
Agora ele foi longe demais. Eu me levanto, arrastando minha banqueta no chão.
— Você pediu — eu digo.
Joe está prestes a me responder, quando a Sra. Peterson grita:
— Joe! — E limpa a garganta. — Vá ao banheiro e... recomponha-se!
Joe pega seu material e sai da classe. Volto a me sentar na banqueta. Enquanto a Sra. Peterson tenta acalmar o resto da classe, penso que meu sucesso, ao evitar Ashley Greene foi apenas passageiro.
Se ela apenas suspeitava que sou uma ameaça ao seu relacionamento com Joe, os boatos sobre o que acaba de acontecer, e que certamente vão se espalhar, serão a prova que faltava para lhe dar uma certeza.

~*~

Answer:

Fã Forever: Hahahaha pois é kkkkk postei ^^ e obrigada por comentar *-*

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