Selena não tinha voltado ao
Morgan desde que reatara o namoro com Nicholas. Quase nunca ia almoçar comigo, e seus telefonemas
eram raros e espaçados. Não me ressenti com o casal por isso. Para falar a verdade,
eu estava feliz que Selena estivesse ocupada demais para me ligar do
apartamento dos meninos. Era estranho ouvir a voz de Joseph ao fundo, e eu
ficava com um pouco de ciúme por ela estar passando um tempo com ele e eu não.
Finch e eu nos víamos cada vez
mais, e, de forma egoísta, eu me sentia grata por ele estar tão sozinho quanto
eu. Íamos para a aula juntos, comíamos juntos, estudávamos juntos, e até Kara
acabou se acostumando a tê-lo por perto.
Meus dedos estavam começando a
ficar amortecidos com o ar gélido enquanto ficávamos do lado de fora do Morgan
para que ele fumasse.
— Você consideraria parar de
fumar antes que eu tenha uma hipotermia por ficar aqui, parada, para te dar
apoio moral? — perguntei.
Finch deu risada.
— Eu te amo, Demi. Amo mesmo,
mas não. Nada de parar de fumar. Demi?
Eu me virei e vi Parker vindo
pela calçada com as mãos enfiadas nos bolsos. Seus lábios estavam secos sob o
nariz vermelho, e dei risada quando ele colocou um cigarro imaginário na boca e
soprou uma baforada de ar enevoado por causa do frio.
— Você poderia economizar
muito dinheiro desse jeito, Finch — ele.
— Por que todo mundo resolveu
me encher o saco por causa do cigarro hoje? — ele perguntou, irritado.
— E aí, Parker? — perguntei.
Ele tirou dois ingressos do
bolso.
— Aquele filme novo sobre a
guerra mundial já estreou. Você disse que queria ver outro dia, então arrumei
uns ingressos pra hoje à noite.
— Sem pressão — disse Finch.
— Posso ir com o Brad, se você
tiver outro compromisso — disse ele dando de ombros.
— Então não é um encontro? —
eu quis saber.
— Não, só um lance entre
amigos.
— E já vimos como isso
funciona com você — Finch me provocou.
— Cala a boca! — dei uma
risadinha. — Legal, Parker, obrigada.
Os olhos dele brilharam.
— Você quer comer uma pizza ou
alguma outra coisa antes? Não sou muito fã da comida do cinema.
— Pizza está ótimo pra mim —
assenti.
— O filme é as nove, então eu
venho te buscar as seis e meia mais o menos?
Assenti de novo e Parker
acenou com a mão em despedida.
— Meu Deus — exclamou Finch. —
Você é uma gulosa, Demi. Você sabe que o Joseph não vai gostar nada disso
quando ficar sabendo.
— Você ouviu o que ele disse.
Não é um encontro. E não posso fazer planos com base no que está bom para o
Joseph. Ele não me perguntou se estava bom pra mim antes de levar a Megan para
o apartamento dele
— Você nunca vai deixar isso
pra lá, hein?
— Provavelmente não mesmo.
***
Nós nos sentamos a uma mesinha
de canto, e esfreguei as luvas uma na outra para me aquecer. Não pude evitar e
notei que estávamos na mesma mesa em que me sentara com Joseph na primeira vez
em que saímos, quando nos conhecemos. Sorri com a lembrança daquele dia.
— Qual é a graça? — Parker
quis saber.
— Eu só gosto desse lugar.
Bons tempos.
— Notei a pulseira — disse
ele.
Abaixei o olhar para os
diamantes reluzentes no meu pulso.
— Eu te disse que tinha gostado.
A garçonete nos entregou os
cardápios e anotou nosso pedido de bebidas. Parker me contou as novidades sobre
seu horário de primavera na faculdade e falou sobre seu progresso nos estudos
para o teste de admissão na faculdade de medicina. Na hora em que a garçonete
serviu nossa cerveja, ele mal tinha parado para respirar. Ele parecia nervoso,
e eu me perguntava se ele não achava que aquilo era um encontro, apesar do que
tinha dito.
Ele pigarreou e disse:
— Desculpa. Acho que acabei
monopolizando a conversa. — Depois inclinou a garrafa, balançando a cabeça. — É
que a gente não conversava fazia tanto tempo que acho que eu tinha muito
assunto pra pôr em dia.
— Está tudo bem. Fazia mesmo
um bom tempo.
Nesse exato momento, o sino da
porta soou. Eu me virei e vi Joseph e Nicholas entrando. Demorou menos de um
segundo para que o olhar fixo de Joseph encontrasse o meu, mas ele não pareceu
surpreso.
— Ai, meu Deus - murmurei
baixinho.
— Que foi? — Parker perguntou,
se virando para ver os dois se sentarem a uma mesa do outro lado do salão.
— Tem uma lanchonete descendo
a rua. Podemos ir lá— ele sussurrou.
Se antes ele parecia nervoso,
agora estava ainda mais.
— Acho que ficaria chato sair
agora — resmunguei
O rosto dele se entristeceu,
derrotado.
— É, acho que você está certa.
Tentamos continuar a conversa,
mas ela tinha ficado forçada e desconfortável. A garçonete passou um longo
tempo na mesa dos meninos, passando os dedos pelos cabelos e alternando o peso
do corpo de um pé para o outro. Por fim, ela se lembrou de pegar nosso pedido quando
Joseph atendeu o celular.
— Vou querer o tortellini —
disse Parker, olhando para mim.
— E eu vou... - minha voz
falhou. Fiquei distraída quando Joseph e Nicholas se levantaram.
Joseph seguiu o primo até a
porta, mas hesitou, parou e se virou. Quando viu que eu o observava, cruzou o
salão direto na minha direção. A garçonete tinha um sorriso de expectativa no
rosto, como se achasse que ele tinha voltado para se despedir, e ficou
desapontada quando ele parou ao meu lado, sem nem piscar na direção dela.
— Tenho uma luta daqui a
quarenta e cinco minutos, Flor. Eu quero que você vá.
— Joe...
A expressão no rosto dele era
impassível, mas eu podia ver a tensão em volta de seus olhos. Eu não sabia ao
certo se ele não queria deixar meu jantar com Parker nas mãos do destino ou se
ele realmente que a minha presença na luta. Mas a verdade é que eu já tinha
tomado à decisão, no segundo em que ele fez o pedido.
— Eu preciso de você lá. É uma
revanche com o Brady Hoffman. O cara da Estadual. Vai ter muita gente, muito
dinheiro girando... e o Adam me disse que o Brady andou treinando.
— Você já lutou com ele,
Joseph. Você sabe que é fácil ganhar dele.
— Demi — disse Parker
baixinho.
— Eu preciso de você lá —
Joseph repetiu, com a confiança se esvaindo.
Olhei para Parker com um
sorriso sem graça.
— Desculpa.
— Você está falando sério? —
ele disse, erguendo as sobrancelhas. — Você vai simplesmente sair no meio do
jantar?
— Você ainda pode ligar para o
Brad, certo? — perguntei, me levantando.
Os cantos da boca de Joseph se
ergueram infinitesimalmente quando ele jogou uma nota de vinte na mesa.
— Isso deve cobrir a parte
dela.
— Eu não me importo com o
dinheiro... Demi...
Dei de ombros.
— Ele é meu melhor amigo,
Parker. Se ele precisa de mim lá, eu tenho que ir.
Senti a mão de Joseph envolver
a minha enquanto ele me levava para fora. Parker ficou olhando a cena
estupefato. Nicholas já estava falando ao telefone em seu Charger, espalhando as
notícias sobre a luta. Joseph se sentou atrás comigo, mantendo minha mão firme
na dele.
— Acabei de falar como Adam,
Joe. Ele disse que os caras da Estadual apareceram bêbados e cheios da grana.
Eles já estão irritadíssimos, então é melhor você deixar a Demi longe deles.
Joseph assentiu.
— Você pode ficar de olho
nela.
— Cadê a Selena? — eu quis
saber.
— Estudando para a prova de
física.
— Aquele laboratório é legal —
disse Joseph.
Ri uma vez e depois olhei para
ele, que tinha um leve sorriso no rosto.
— Quando você viu o
laboratório? Você não teve aula de física — Nicholas comentou.
Joseph riu baixinho e dei uma
cotovelada nele. Ele pressionou os lábios até que a vontade de rir diminuiu,
depois deu uma piscadinha para mim, apertando minha mão. Seus dedos se
entrelaçaram aos meus, e ouvi um fraco suspiro escapar de seus lábios. Eu sabia
o que ele estava pensando, porque eu sentia a mesma coisa. Naquele curto espaço
de tempo, era como se nada houvesse mudado.
Paramos o carro em uma parte
escura do estacionamento, e Joseph se recusou a soltar minha mão até entrarmos
pela janela do porão do Prédio de Ciências Hellerton, que tinha sido construído
apenas um ano antes, por isso não tinha ar estagnado e poeira como os outros
porões que já havíamos entrado.
Assim que passamos pelo
corredor, ouvimos o rugido da multidão. Enfiei a cabeça para fora e vi um
oceano de rostos, muitos dos quais não eram familiares. Todo mundo tinha uma
garrafa de cerveja na mão, mas era fácil distinguir os alunos da Estadual ali
no meio — eram aqueles que cambaleavam com olhos pesados.
— Fica perto do Nicholas,
Beija-Flor. Isso aqui vai ficar uma loucura — Joseph disse atrás de mim.
Ele analisou a multidão,
balançando a cabeça ao notar quantas pessoas estavam ali.
O porão do Hellerton era o
mais espaçoso do campus, então Adam gostava de marcar lutas ali quando esperava
muita gente. Mesmo assim, as pessoas se espremiam nas paredes e se empurravam
para conseguir um lugar melhor.
Adam apareceu e nem tentou
disfarçar sua insatisfação com minha presença.
— Achei que eu tinha te falado
pra não trazer mais sua mina nas lutas, Joseph.
Ele deu de ombros.
— Ela não é mais minha mina.
Mantive a expressão tranquila,
mas ele disse essas palavras de um modo tão objetivo que me fez sentir uma
punhalada no peito.
Adam olhou para baixo, para
nossos dedos entrelaçados, e ergueu o olhar para Joseph.
— Eu nunca vou entender vocês
dois.
Ele balançou a cabeça e olhou
de relance para a multidão. As pessoas continuavam entrando pelas escadarias, e
aquelas que estavam na parte de baixo já formavam um aglomerado.
— Tem uma grana preta em
apostas hoje, Joseph. Então nada de ferrar com a luta, ok?
— Vou garantir que seja
divertido pra todo mundo, Adam.
— Não é com isso que estou
preocupado. O Brady vem treinando.
— Eu também.
— Papo furado — disse Nicholas,
rindo.
Joseph deu de ombros.
— Entrei numa briga com o
Trent no fim de semana passado. Aquele merdinha é rápido.
Ri baixinho e Adam olhou feio
para mim.
— É melhor você levar isso a
sério, Joseph — ele disse, encarando-o. — Eu tenho muito dinheiro correndo
nessa luta.
— E eu não? — Joseph
respondeu, irritado com o sermão.
Adam se virou com o megafone
na boca enquanto subia em uma cadeira, para ficar mais alto que aquele monte de
espectadores bêbados. Joseph me puxou para ficar ao seu lado enquanto o mestre
de cerimônias saudava a multidão e repassava as regras.
— Boa sorte — falei, pondo a
mão no peito dele.
Eu só me sentira nervosa ao
ver Joseph lutar quando ele enfrentara Brock McMann em Las Vegas, mas não
conseguia afastar a horrível sensação que tive assim que colocamos os pés no
Hellerton. Alguma coisa estava errada, e Joseph sentia a mesma coisa.
Ele me agarrou pelos ombros e
me deu um beijo nos lábios. Afastou-se rápido de mim, assentindo uma vez.
— Essa é toda a sorte que
preciso.
Eu ainda estava abalada pelo
calor de seus lábios quando Nicholas me puxou para a parede ao lado de Adam.
Levei algumas cotoveladas, me lembrando da primeira noite em que vira Joseph
lutar, mas a multidão estava menos focada, e alguns dos alunos da Estadual
começavam a ficar hostis. Os alunos da Eastern vibraram e assobiaram para
Joseph quando ele entrou no Círculo, e a multidão da Estadual se alternava
entre vaiá-lo e torcer por Brady.
Eu estava em uma posição
privilegiada e podia ver Brady se elevando sobre Joseph, contorcendo-se
impaciente enquanto aguardava o início da luta. Como de costume, Joseph tinha
um leve sorriso no rosto, sem se deixar afetar pela loucura à sua volta. Quando
Adam deu início à luta, Joseph deixou que Brady acertasse o primeiro soco.
Fiquei surpresa quando o rosto dele foi lançado violentamente para o lado com o
golpe. Brady tinha mesmo treinado.
Joseph sorriu e seus dentes
tinham um brilho vermelho. Ele se concentrava em revidar cada soco do
adversário.
— Por que ele está deixando o
Brady bater tanto nele? — perguntei ao Nicholas.
— Não acho que ele está
deixando — ele respondeu, balançando a cabeça. — Não se preocupe, Demi. Ele
está se preparando para aumentar a idade da luta.
Depois de dez minutos, Brady
estava sem fôlego, mas ainda acertava golpes firmes nas laterais e no maxilar
de Joseph. Quando o adversário tentou chutá-lo, Joseph agarrou seu sapato e
segurou sua perna alto com uma das mãos, socando-o no nariz com uma força
incrível e depois erguendo a perna de Brady ainda mais alto, fazendo com que
ele perdesse o equilíbrio. A multidão explodiu quando Brady caiu, mas ele não
permaneceu no chão por muito tempo. Logo se levantou, com duas linhas de um
vermelho escuro escorrendo do nariz. No momento seguinte, ele acertou mais dois
socos na cara de Joseph. O sangue começou a verter de um corte na sobrancelha e
a gotejar pelo rosto de Joseph.
~*~
Esse frio que está fazendo esse dias me deixou doente, olha que merda :/
Eu amo o frio, mas odeio não ter a imunidade muito boa.
Enfim, comentem amores <3
Answers:
Demetria Devone Lovato: hahahaha o lance da camisinha foi tempo kkkkkkk Postei. Beijos <3
Pâm Lovato: hahahaha se você reparar, quando começa a melhor a situação deles, de repente piora... pois é haha Postei ^^
Anônimo: *-* que bom que gostou! Postei!
Silvia: Obrigada!! :) Mas eu não sei se eu quero participar... Talvez futuramente hahaha Mas obrigada, mesmo assim. Postei. Beijos :*
Nanda Carol: Sim, os dois são um belo desastre, não? hahaha Que bom que está amando *-* Postei. Beijos.
PERFEITO
ResponderExcluirJoseph? vai deixar ele ganhar???
POSTA LOGO
Beijos
AAAAAAAAAHHHHHHH!!
ResponderExcluirQuero mais..
Ri de mais qndo a Demi abandonou o Parker...
BEM FEITO.
kkkkkkkkkkk
postaaa...
Poisé...
ResponderExcluirQuando tudo parece bom pra ele VEM UMA AVALANCHE E DESTROI TUDO QUE ELES TINHAM...
Arffz...
O titulo combinando bem com a história, a cada dia mais perfeito, fico agitada e ansiosa quando você não posta aheuhauea
ResponderExcluirAne
Posta logoo!!
ResponderExcluirAmo a sua historia, entro todo dia pra ver se vc postou, e vc escreve muito bem.
O Joe nao pode perder, tomara que ele nao de uma de Anderson Silva(que perdeu), e de um soco que o cara caia na hora e desmaie. Quero eles (Jemi) junto novamente, eles sao muito perfeitos.
Bjs
Adorei o capitulo.
ResponderExcluirOk, não tem problema.O blog não é só de criticas também faz betagem de capítulos se dá ideias para a continuação de uma fanfics. Se quiser se inscrever mais tarde apareça no blog.
O Joe não pode perder! Ou vai perder?
Posta logo.
Beijos.