O
sangue começou a verter de um corte na sobrancelha e a gotejar pelo rosto de
Joseph.
Fechei os olhos e me virei, na
esperança de que Joseph pusesse logo um fim àquela luta. Minha leve mudança de
posição fez com que eu ficasse presa na corrente de espectadores e, antes que
eu pudesse me ajeitar já estava a mais de um metro de um preocupado Nicholas.
Meus esforços para lutar contra a multidão foram em vão, e não demorou muito
para que eu fosse prensada contra a parede.
A saída mais próxima ficava do
outro lado do salão, à mesma distância da porta por onde tínhamos entrado. Bati
com tudo de costas na parede de concreto e, com o baque, fiquei sem ar.
— Nick! — gritei, acenando com
a mão para cima para chamar a atenção dele. A luta estava no auge. Ninguém
podia me ouvir.
Um homem perdeu o equilíbrio e
usou minha blusa para se endireitar, deixando cair cerveja na minha roupa.
Fiquei ensopada do pescoço até a cintura, fedendo a cerveja barata, o cara
ainda segurava um punhado da minha blusa enquanto tentava se levantar do chão,
e fui abrindo dois dedos dele de cada vez até que ele me soltou. Ele nem olhou
para mim e foi empurrando as pessoas, abrindo caminho pela multidão.
—Ei! Eu conheço você! — outro
cara gritou no meu ouvido.
Recuei, reconhecendo-o de
imediato. Era Ethan, o cara que Joseph ameaçara no bar — e que, de alguma
forma, tinha escapado de acusações de abuso sexual.
— É — falei, procurando por um
buraco na multidão enquanto endireitava a blusa.
— Essa pulseira é legal — ele
disse, agarrando meu pulso.
— Ei— falei em tom de aviso,
puxando a mão.
Ele esfregou meu braço,
inclinando-se, e sorrindo.
— Nós fomos bruscamente
interrompidos da última vez que tentei conversar com você.
Fiquei na ponta dos pés, vendo
Joseph acertar dois golpes na cara de Brady. Ele analisava a multidão entre
cada soco — estava procurando por mim em vez de se concentrar na luta. Eu tinha
que voltar para o meu lugar antes que ele ficasse distraído demais.
Eu mal tinha conseguido
avançar em meio à multidão quando Ethan afundou os dedos na parte de trás da
minha calça jeans e me puxou. Minhas costas bateram com tudo na parede mais uma
vez.
— Eu ainda estou conversando
com você — ele disse, olhando para minha blusa molhada com segundas intenções.
Arranquei sua mão da minha
calça, afundando as unhas nele.
— Me solta! — gritei, quando
ele apresentou resistência.
Ele riu e me puxou para junto
de si.
— Eu não quero te soltar.
Procurei entre a multidão por
um rosto familiar, ao mesmo tempo em que tentei empurrá-lo para longe. Os
braços dele eram pesados, e sua pegada, firme. Em pânico, eu não conseguia
distinguir os alunos da Estadual dos da Eastern. Ninguém parecia notar minha
briga com Ethan, e o barulho estava tão alto que ninguém conseguia me ouvir
protestar também. Ele se inclinou para frente e agarrou meu bumbum.
—Eu sempre achei que você era
uma gostosa — disse, exalando um bafo nojento de cerveja no meu rosto.
— Cai fora! — gritei,
empurrando-o.
Procurei por Nicholas e vi que
Joseph tinha finalmente me avistado em meio à multidão. Ele foi imediatamente
empurrando os corpos amontoados que o cercavam.
— Joseph! — chamei, mas meu
grito foi abafado pela torcida.
Empurrei Ethan com uma das
mãos e estiquei a outra em direção a Joseph, que fez pouco progresso antes de
ser empurrado de volta para dentro do Círculo. Brady se aproveitou da distração
e o golpeou na lateral da cabeça com o cotovelo. A galera se aquietou um pouco
quando Joseph socou alguém no meio da plateia, tentando mais uma vez chegar até
mim.
— Larga a garota, porra! — ele
gritou.
Em uma fileira entre o lugar
onde eu estava e a tentativa desesperada de Joseph de chegar até mim, todos se
voltaram na minha direção. Ethan ignorava o que acontecia à nossa volta,
tentando me manter parada por tempo suficiente para me beijar. Ele passou o
nariz pelo meu rosto e desceu até o pescoço.
— Seu cheiro é muito bom —
disse, com sua fala arrastada de bêbado.
Empurrei o rosto dele para
longe, mas ele me agarrou pelo pulso inabalável. Com olhos arregalados,
procurei por Joseph de novo, que, aflito, olhava para Nicholas e apontava na
minha direção.
— Vai até ela, Nick! Pega a
Demi! — ele gritou, tentando empurrar pessoas para abrir caminho. Brady o puxou
de volta para dentro do Círculo e o socou novamente.
— Você é uma puta de uma
gostosa, sabia? — disse Ethan.
Fechei os olhos com nojo
quando senti a boca dele em meu pescoço raiva se acumulou dentro de mim e o
empurrei mais uma vez.
— Eu disse para cair fora! —
gritei, golpeando a virilha dele com o joelho.
Ele se curvou para frente,
levando uma das mãos até a fonte da dor e com a outra ainda segurando minha
blusa, recusando-se a me soltar.
— Sua vagabunda! — ele gritou.
No momento seguinte, eu estava
livre, o olhar de Nicholas era agressivo encarando Ethan enquanto o agarrava
pelo colarinho. Nick o prensou contra a parede enquanto o esmurrava repetidas
vezes na cara, parando apenas quando o sangue começou a jorrar do nariz e da
boca de Ethan.
Nicholas me puxou até a
escada, empurrando todos que estavam no caminho. Ele me ajudou a passar por uma
janela aberta e depois a descer por uma saída de incêndio, me segurando quando
pulei a curta distância que havia até o chão.
— Está tudo bem, Demi? Ele te
machucou? — ele me perguntou.
Uma das mangas do meu suéter
branco pendia apenas por alguns fios, mas tirando isso eu tinha escapado ilesa.
Balancei a cabeça, ainda chocada.
Ele pegou gentilmente meu
rosto nas mãos e me olhou nos olhos.
— Demi, me responde. Está tudo
bem?
Assenti. À medida que o
nervoso foi passando, as lágrimas começaram a cair.
— Sim, estou bem.
Ele me abraçou, pressionando o
rosto na minha testa, e depois ficou rígido.
— Aqui, Joe!
Joseph veio correndo até nós,
diminuindo apenas quando me pegou nos braços. Ele estava coberto de sangue, seu
olho gotejava e sua boca estava toda vermelha.
— Meu Deus do céu... ela está
machucada? — ele quis saber.
A mão de Nicholas ainda estava
nas minhas costas.
— Ela disse que está bem.
Joseph me segurou pelos ombros
para olhar para mim e franziu a testa.
— Você está machucada, Flor?
No momento em que balancei a
cabeça em negativa, vi os primeiros espectadores saindo do porão e descendo pela
saída de incêndio. Joseph me manteve apertada em seus braços, analisando os
rostos em silêncio. Um homem baixo pulou da escada e ficou imóvel quando nos
viu ali parados na calçada.
— Você — Joseph rosnou.
Então me soltou, correndo pelo
gramado e lançando o homem ao chão.
Olhei para Nicholas, confusa e
horrorizada.
— Foi aquele cara que ficou
empurrando o Joseph de volta para o Círculo — ele disse.
Uma pequena multidão se reuniu
em torno deles enquanto brigavam no chão. Joseph socou o rosto do homem várias
vezes. Nicholas me puxou para junto de seu peito, que ainda arfava. O homem
parou de contra-atacar, e Joseph o deixou no chão em uma poça de sangue. Os que
estavam ali reunidos se espalharam, mantendo uma boa distância de Joseph ao ver
a ira em seus olhos.
— Joseph! — Nicholas gritou,
apontando para o outro lado do prédio. Ethan se arrastava nas sombras, usando a
parede de tijolos do Hellerton para se manter em pé. Quando ouviu o grito de
Nicholas para Joseph, ele se virou apenas a tempo de ver seu atacante em ação.
Ethan foi mancando pelo gramado, jogando no chão a garrafa de cerveja que tinha
nas mãos e se movendo o mais rápido possível. Assim que chegou a seu carro,
Joseph o agarrou e o arremessou com tudo de encontro ao capô.
Ethan implorou quando Joseph
agarrou sua camiseta e golpeou sua cabeça na porta do carro. A súplica foi
interrompida pelo barulho alto do baque do crânio contra o para-brisa. Depois,
Joseph o puxou para frente do carro e estilhaçou o farol com a cara de Ethan.
Então o lançou sobre o capô, pressionando o rosto dele na lataria enquanto
gritava obscenidades.
— Merda! — disse Nicholas.
Eu me virei e vi o Hellerton
reluzir com o azul e o vermelho de uma viatura policial que se aproximava com
rapidez. Hordas de pessoas começaram a pular do patamar da escada, formando uma
cascata humana pela saída de incêndio, e um alvoroço de alunos correndo
irrompeu e todas as direções.
— Joseph! — gritei.
Ele deixou o corpo desfalecido
de Ethan no capô e veio correndo a nós. Nicholas me puxou até o estacionamento,
abrindo rapidamente a porta do carro. Pulei no banco traseiro, esperando,
ansiosa, que os dois entrassem. Os carros arrancavam a toda velocidade, com os
pneus cantando, quando uma segunda viatura bloqueou uma das saídas.
Joseph e Nicholas entraram no
Charger, e Nicholas xingou quando viu o engarrafamento que se formava na única
saída. Ele ligou o carro e acelerou, subindo pela calçada e cortando caminho
por cima do gramado. Fomos voando entre dois prédios, até chegarmos à rua de
trás da faculdade.
Os pneus
cantaram e o motor rosnou quando Nicholas pisou fundo no acelerador. Deslizei
pelo banco e fui de encontro à lateral do carro quando dobramos uma esquina,
batendo o cotovelo já machucado. As luzes da rua formavam faixas pela janela
enquanto seguíamos até o apartamento em alta velocidade, mas parecia que havia
se passado uma hora quando chegamos ao estacionamento do prédio.
Nicholas estacionou o Charger
e desligou o motor. Os meninos abriram a porta em silêncio, e Joseph esticou as
mãos para mim, me carregando no colo.
— O que houve? Cacete, Joe, o
que aconteceu com seu rosto? — perguntou Selena, descendo as escadas correndo.
— Te conto lá dentro — disse
Nicholas, guiando-a até a porta. Joseph me carregou escada acima, cruzou em
silêncio a sala e o corredor e me colocou em sua cama. Totó batia com as
patinhas nas minhas pernas, pulando para lamber o meu rosto.
—Agora não, camarada — disse
Joseph com uma voz sussurrada, levando o filhotinho até o corredor e fechando a
porta do quarto.
Ele se ajoelhou na minha
frente, encostando-se à manga esfarrapada do meu suéter. Seu olho estava
vermelho e inchado, e a pele acima, cortada e úmida de sangue. Seus lábios
estavam tingidos de vermelho, pele tinha sido arrancada dos nós de alguns
dedos. Sua camiseta, antes branca, agora era uma combinação de sangue, grama e
terra.
Pus a mão no olho dele, e ele
se afastou com a dor.
—Desculpa, Beija-Flor. Eu
tentei chegar até você. Eu tentei... — Ele pigarreou para espantar a raiva e a
preocupação que o sufocavam. — Eu não consegui chegar até você.
—Pede pra Selena me levar de
volta para o Morgan? — falei.
—Você não pode voltar pra lá
hoje. O lugar está cheio de policiais. Fica aqui. Eu durmo no sofá.
Inspirei com dificuldade,
tentando segurar as lágrimas. Ele já se sentia mal o bastante.
Joseph se levantou e abriu a
porta.
— Aonde você vai? — perguntei.
— Preciso tomar um banho. Eu
já volto.
Selena passou por ele e veio
se sentar ao meu lado na cama, me puxando para junto do peito.
—Me desculpa por não estar lá!
— ela disse, chorando.
— Estou bem — falei, limpando
o rosto manchado pelas lágrimas.
Nicholas bateu na porta quando
entrou, me trazendo um copo de uísque pela metade.
— Toma — disse ele,
entregando-o à Selena.
Ela colocou minhas mãos em
concha em volta do copo e me deu um leve cutucão.
Inclinei a cabeça para trás,
deixando que o líquido fluísse pela garanta. Meu rosto se comprimiu quando o
uísque foi queimando até o estômago.
— Obrigada — falei, entregando
o copo de volta a Nicholas.
— Eu devia ter chegado até ela
antes, mas nem percebi que ela tinha sumido. Desculpa, Demi. Eu devia...
— Não é sua culpa, Nick. Não é
culpa de ninguém.
— É culpa do Ethan — disse
ele, borbulhando de ódio. — Aquele canalha nojento estava praticamente comendo
a Demi contra a parede
— Baby! — Selena exclamou,
chocada.
— Preciso de outro drinque —
falei, apontando para o copo vazio na mão de Nicholas.
— Eu também — ele disse,
voltando para a cozinha. Joseph entrou no quarto com uma toalha em volta da
cintura e uma lata gelada de cerveja encostada no olho. Selena saiu sem dizer
nada enquanto ele vestia a cueca, depois ele agarrou o travesseiro. Nicholas
trouxe quatro copos dessa vez, todos cheios até a borda. Viramos o uísque sem
hesitar.
— Te vejo pela manhã — disse
Selena, beijando meu rosto. Joseph pegou meu copo e o colocou no criado-mudo.
Ele ficou me observando por um instante e depois foi até o armário, pegou uma
camiseta e jogou-a na cama.
— Desculpa por estar assim tão
detonado — ele disse, segurando a cerveja junto do olho.
— Você está com uma aparência
péssima. Vai estar quebrado amanhã.
Ele balançou a cabeça,
indignado.
— Demi, você foi atacada hoje.
Não se preocupa comigo.
— É difícil não me preocupar
quando seu olho está fechando de tão inchado — eu disse, colocando a camiseta
no colo.
O maxilar dele ficou tenso.
— Isso não teria acontecido se
eu tivesse deixado você ficar com o Parker. Mas eu sabia que, se te pedisse,
você viria. Eu queria mostrar pra ele que você ainda era minha, e aí você se
machucou.
As palavras me pegaram de
surpresa, como se eu não as tivesse ouvido direito.
— Foi por isso que você me
pediu para ir lá hoje? Para provar algo pro Parker?
— Em parte sim — disse ele,
envergonhado.
O sangue sumiu do meu rosto.
Pela primeira vez desde que nos conhecíamos, Joseph tinha me enganado. Eu tinha
ido ao Hellerton achando que ele precisava de mim, pensando que, apesar de
tudo, estávamos de volta ao ponto em que havíamos parado. Mas eu não passava de
um hidrante — ele tinha me marcado como seu território e eu havia permitido que
ele fizesse isso.
Meus olhos se encheram de
lágrimas.
— Sai daqui.
— Beija-Flor — ele disse,
dando um passo na minha direção.
— Sai! — gritei, agarrando o
copo do criado-mudo e jogando nele. Joseph se esquivou, e o copo se estilhaçou
na parede em centenas de cacos reluzentes. — Eu te odeio!
O peito dele subia e descia,
como se ele tivesse sido nocauteado a ponto de ficar sem ar, e, com uma
expressão cheia de dor, ele me deixou sozinha.
Arranquei a roupa e vesti a
camiseta. O barulho que irrompeu da minha garganta me pegou de surpresa. Fazia
um bom tempo que eu não chorava descontroladamente. Em poucos instantes, Selena
entrou no quarto correndo.
Ela se enfiou na cama comigo e
me envolveu nos braços. Não me fez perguntas nem tentou me consolar, apenas me
abraçou enquanto eu deixava que as lágrimas ensopassem a fronha do travesseiro.
~*~
Minha internet está horrível! Estou ficando mais do que estressada com ela --'
Muito, muito, muito obrigada pelos comentários, amores.
Amo vocês <3333
Não vou responder por falta de tempo, mas li tudo, ok?! Beijos.
O que acharam da segunda parte do capítulo? haha
Comentem ;)
PERFEITO
ResponderExcluirJoseph essas verdades a gente não pode falar!!!
POSTA LOGO
Beijos
Selo no me blog
Excluirhttp://jemis2forever.blogspot.com/2013/07/selinho.html
Beijos
O Joe só faz merda,se ele tivesse ficado quieto, aposto que os dois iam acabar se entendendo.
ResponderExcluirMesmo com a briga dos dois o capítulo foi perfeito.
Posta logo!
bjsss
AMEI! Eu li toda história em apenas algumas horas. Estou viciada! Nunca ouvi falar sobre este livro antes. Eu tentaria baixar pela net, mas com sua adaptação para as personagens que adoramos me cativou irei esperar o próximo cp. POSTA LOGOO!
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