Pouco antes de o sol surgir no
horizonte, Selena e eu deixamos em silêncio o apartamento. Não conversamos a caminho de Morgan, e fiquei
feliz por isso. Eu não queria conversar, não queria pensar, só queria bloquear
as últimas doze horas. Eu sentia meu corpo pesado e dolorido, como se tivesse
sofrido um acidente de carro. Quando entramos no meu quarto, vi que a cama de
Kara estava feita.
— Posso ficar aqui um pouco?
Preciso que você me empreste sua chapinha — disse Selena.
— Sel, eu estou bem. Vai pra
aula.
— Não, você não está bem. Não
quero te deixar aqui sozinha.
— Mas isso é tudo que eu quero
nesse momento.
Ela abriu a boca para
discutir, mas soltou um suspiro. Ela sabia que não me faria mudar de ideia.
— Volto pra te ver depois da
aula, então. Descanse um pouco.
Assenti, trancando a porta
depois que ela saiu. A cama rangeu quando me deitei, soltando uma baforada. O
tempo todo eu acreditei que era importante para Joseph, que ele precisava de
mim, mas, naquele momento, eu me sentia como o novo e reluzente brinquedo que
Parker havia dito que eu era. Ele queria provar ao Parker que eu ainda era
dele. Dele.
— Eu não sou de ninguém —
falei para o quarto vazio.
Conforme assimilei essas
palavras, fui dominada pela dor que sentira na noite anterior. Eu não pertencia
a ninguém.
Eu nunca tinha me sentido tão
sozinha em toda a minha vida.
Finch colocou uma garrafa
marrom na minha frente. Nenhum de nós se sentia no clima de comemorar nada, mas
eu pelo menos estava confortada pelo fato de que, segundo Selena, Joseph
evitaria a festa de casais a todo custo.
Latas de cerveja vazias
pendiam do teto, cobertas de papel de presente vermelho e rosa, e vestidos
vermelhos de todos os estilos passavam por nós. As mesas estavam repletas de
minúsculos corações de papel-alumínio, e Finch revirou os olhos com a ridícula
decoração.
— Dia dos Namorados em uma
casa de fraternidade. Que romântico. —disse ele, observando os casais.
Nicholas e Selena tinham
ficado lá embaixo dançando desde que chegáramos, e eu e Finch protestávamos por
ter de estar ali fazendo cara feia e reclamando na cozinha. Bebi o conteúdo da
garrafa bem rápido, determinada a turvar as lembranças da última festa de
casais.
Finch abriu outra garrafa e me
entregou, ciente do meu desespero para esquecer tudo.
— Vou pegar mais — disse ele,
voltando à geladeira.
— O barril é para os
convidados, as garrafas são para o pessoal da Sig Tau — rosnou uma garota ao
meu lado.
Olhei para o copo vermelho que
ela segurava.
— Ou talvez o seu namorado
tenha te falado isso porque estava contando com um encontro barato.
Ela estreitou os olhos e se
afastou da cozinha, levando seu copo para outro lugar.
— Quem era? — Finch quis
saber, dispondo mais quatro garrafas no balcão.
— Uma vaca de fraternidade
qualquer — falei, observando enquanto ela saia.
Na hora em que Nicholas e Selena
se juntaram de novo a nós, havia seis garrafas vazias na mesa ao meu lado. Meus
dentes estavam amortecidos, e eu me sentia um pouco mais à vontade e com mais
disposição para sorrir. Estava mais confortável, apoiando as costas no balcão. Joseph
tinha provado que não apareceria mesmo, e eu conseguiria sobreviver pelo
restante da festa em paz.
— Vocês vão dançar ou o quê? —
perguntou Selena.
Olhei para Finch.
— Dança comigo, Finch?
— Você vai conseguir dançar? —
ele me perguntou, erguendo uma sobrancelha.
— Só tem uma forma de
descobrir — falei, puxando-o para a pista. Ficamos pulando e nos balançando até
que uma leve camada de suor se formou sob o meu vestido. Quando achei que meus
pulmões fossem estourar, começou a tocar uma música lenta. Finch olhou ao
redor, desconfortável, observando enquanto as pessoas formavam pares e se
aproximavam umas das outras.
— Você vai me fazer dançar
isso, não vai? — ele quis saber.
— É Dia dos Namorados, Finch.
Finja que sou um garoto.
Ele riu, me puxando para os
seus braços.
— É difícil fazer isso quando
você está usando um vestido curto e cor-de-rosa.
— Ah, tá. Como se você nunca tivesse
visto um garoto de vestido.
Ele deu de ombros.
— Verdade.
Dei uma risadinha, repousando
a cabeça no ombro dele. O álcool fazia meu corpo parecer pesado e lento,
enquanto eu tentava me movimentar no ritmo pausado da música.
— Se importa se eu interromper,
Finch?
Joseph estava parado ao nosso
lado, com um ar meio divertido, preparado para a minha reação. Meu rosto entrou
em chamas.
Finch olhou para mim e depois
para Joseph.
— Claro que não.
— Finch — sibilei enquanto ele
se afastava.
Joseph me puxou de encontro a
ele e tentei manter o máximo de distância entre nós.
— Achei que você não viesse —
eu disse.
— Eu não vinha, mas fiquei
sabendo que você estava aqui. Tive que vir.
Olhei em volta
da sala, evitando seus olhos, mas eu tinha total consciência de todos os seus
movimentos. As mudanças de pressão na ponta dos dedos onde ele me tocava, seus
pés se arrastando ao lado dos meus, seus braços se mexendo, roçando meu
vestido. Eu me sentia ridícula fingindo não notar nada disso. O olho dele
estava melhor, o machucado já tinha quase desaparecido, e as manchas vermelhas
no rosto não estavam mais ali. Todas as evidências daquela noite terrível
tinham desaparecido, deixando apenas as lembranças dolorosas.
Ele observava cada inspiração
minha e, quando a música estava quase acabando, suspirou.
— Você está linda, Flor.
— Nem vem.
— Nem vem o quê? Não posso
dizer que você está bonita?
— Só... não começa.
— Eu não tive a intenção.
Soltei uma baforada de ar em
frustração.
— Valeu.
— Não... você está linda. Isso
eu tive a intenção de dizer. Eu estava falando sobre o que eu disse no meu
quarto. Não vou mentir. Eu senti prazer em te arrancar do seu encontro com o
Parker...
— Não era um encontro, Joseph.
A gente só estava comendo. Agora ele não fala mais comigo, graças a você.
— Fiquei sabendo. Sinto muito.
— Não, você não sente.
— Vo... você está certa — ele
disse, gaguejando quando viu minha expressão de impaciência. — Mas eu... Esse
não foi o único motivo pelo qual eu te levei pra ver a luta. Eu queria você lá
comigo, Flor. Você é meu talismã da sorte.
— Não sou nada seu -
retruquei, erguendo o olhar cheio de raiva para ele.
Joseph retraiu as sobrancelhas
e parou de dançar.
— Você é tudo pra mim.
Pressionei os lábios, tentando
manter a raiva na superfície, mas era impossível continuar brava quando ele me
olhava daquele jeito.
— Você não me odeia de
verdade... odeia? — ele me perguntou.
Desviei o olhar e me afastei.
— Às vezes eu gostaria de te
odiar. Seria tudo bem mais fácil.
Um sorriso cauteloso se
espalhou em seus lábios, em uma linha fina e sutil.
— Então o que te deixa mais
brava? O que eu fiz pra você querer me odiar, ou saber que você não consegue?
A raiva voltou. Empurrei-o e
passei por ele, subindo correndo as escadas em direção à cozinha. Meus olhos
estavam começando a ficar embaçados, mas eu me recusava a chorar na festa de
casais. Finch estava em pé ao lado da mesa, e suspirei aliviada quando ele me
entregou outra cerveja.
Durante a próxima hora, fiquei
observando Joseph se desvencilhar de garotas e virar doses de uísque na sala.
Cada vez que ele me pegava olhando para ele, eu desviava o olhar, determinada a
terminar a noite sem me envolver em nenhuma cena.
— Vocês não parecem nada
felizes — Nicholas disse para mim e Finch.
— Eles não poderiam parecer
mais entediados nem se estivessem fazendo isso de propósito — Selena resmungou.
— Não esqueçam... a gente não
queria vir — Finch lembrou.
Ela fez sua famosa carinha, à
qual sabia que eu sempre cedia.
— Você podia fingir, Demi. Por
mim.
Assim que abri a boca para
retrucar com a língua afiada, Finch encostou-se ao meu braço.
— Acho que cumprimos nosso
dever vamos embora, Demi?
Bebi o restante
da cerveja de um gole só e peguei na mão dele. Por mais ansiosa que eu
estivesse para ir embora, minhas pernas ficaram paralisadas quando ouvi a
música que Joseph e eu havíamos dançado na minha festa de aniversário. Agarrei
a garrafa de Finch e tomei outro gole, tentando bloquear as lembranças que
vinham com a música.
Brad se apoiou no balcão ao
meu lado.
— Quer dançar?
Sorri para ele, balançando a
cabeça. Ele começou a dizer outra coisa mas foi interrompido.
— Dança comigo. — Joseph
estava parado a menos de um metro de mim, com a mão estendida.
Selena, Nicholas e Finch
olhavam fixamente para mim, esperando minha resposta com tanta ansiedade quanto
Joseph.
— Me deixa em paz, Joseph —
falei, cruzando os braços.
— É a nossa música, Flor.
— Nós não temos uma música.
— Beija-Flor...
— Não.
Olhei para Brad e forcei um
sorriso.
— Eu adoraria dançar, Brad.
As sardas dele se esticaram
pelo rosto quando ele sorriu, fazendo um gesto para que eu fosse à frente pelas
escadas.
Joseph cambaleou para trás,
exibindo uma evidente tristeza nos olhos.
— Um brinde! — ele gritou.
Eu hesitei, me virando bem a
tempo de vê-lo subir em uma cadeira e roubar a cerveja de um cara da Sig Tau
que estava perto dele. Olhei de relance para Selena, que observava Joseph com
uma expressão aflita.
— Aos babacas — ele exclamou,
fazendo um gesto em direção a Brad.
— E às garotas que partem o
coração da gente — ele curvou a cabeça para mim. Seus olhos tinham perdido o
foco. — E ao horror de perder sua melhor amiga porque você foi idiota o
bastante para se apaixonar por ela.
Ele inclinou a cabeça para
trás, terminando de beber o que restava, depois jogou a garrafa no chão. A sala
ficou em silêncio, exceto pela música que tocava no andar de baixo, e todo
mundo encarava Joseph sem entender nada.
Mortificada, agarrei a mão de
Brad e o levei para o andar de baixo, na pista de dança. Alguns casais foram
atrás de nós, me observando de perto para ver se havia lágrimas em meus olhos
ou algum outro tipo de reação ao discurso de Joseph. Mantive a expressão
serena, recusando-me a dar a eles o que queriam.
Dançamos um pouco
desajeitados, e Brad suspirou.
— Aquilo foi meio... estranho.
— Bem-vindo à minha vida.
Joseph foi empurrando os
casais para abrir caminho e chegar até a pista de dança, parando ao meu lado.
Demorou um instante para se equilibrar.
— Vou interromper vocês.
— Não vai, não. Meu Deus! —
falei, recusando-me a olhar para ele.
Depois de alguns momentos de
tensão, ergui o olhar de relance e vi Joseph encarando Brad.
— Se você não se afastar da
minha garota, vou rasgar a porra da sua garganta. Aqui mesmo na pista de dança.
Brad não sabia o que fazer.
Nervoso, olhava ora para mim, ora para Joseph.
— Desculpa, Demi — disse por
fim, lentamente soltando os braços de mim e se afastando.
Ele voltou pelas escadas e fiquei
lá, parada e humilhada.
— O que eu estou sentindo por
você agora, Joseph... é algo bem perto do ódio.
— Dança comigo — ele me
implorou, oscilando para manter o equilíbrio.
A música acabou e soltei um
suspiro de alivio.
— Vai beber mais uma garrafa de
uísque, Joe.
E me virei para dançar com o
único cara sozinho na pista de dança.
Demetria Devone Lovato: Joseph e sua mania de falar merda hahaha. Obrigada pelo selinho *-* <33333 Postei!! Beijos :*
Nanda Carol: Sim, mas ambos fazem merda hahaha thanks :D Postei!!!
~*~
A Fic está acabando e ainda não sei o que postarei depois desta.
Acho que vou postar 1 ou 2 capítulos extras dessa fic, só que no ponto de vista do Joseph.
Não sei se farei isso, mas é provável que sim.
Gente, eu tava escrevendo uma fic, porém odiei tudo e comecei do zero de novo.
Ou seja, vou demorar para finalizá-la...
Mas em breve verei o que faço em relação a próxima estória ;)
Comentem, amores <3
Answers:
Demetria Devone Lovato: Joseph e sua mania de falar merda hahaha. Obrigada pelo selinho *-* <33333 Postei!! Beijos :*
Nanda Carol: Sim, mas ambos fazem merda hahaha thanks :D Postei!!!
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ResponderExcluirAs coisas estão ficando complicadas em??
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#chatiada com Jemi
Meu Deus!! Joseph!!! se ta maluco menino??? kkkkk
ResponderExcluirPERFEITO
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Beijos
AMEI! Eu li toda história em apenas algumas horas. Estou viciada! Nunca ouvi falar sobre este livro antes. Eu tentaria baixar pela net, mas com sua adaptação para as personagens que adoramos me cativou irei esperar o próximo cp. POSTA LOGOO!
ResponderExcluirADOREI!!!!
ResponderExcluirA fic esta acabando?? NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!! COMO EU VOU SOBREVIVER????
Verdade, os dois fazem merda, os dois são meio complicados, mas são perfeitos juntos.
Posta logo!!!
bjsss.