“E a vida
passa na TV
E o meu
caso é com você
Fico louco
sem saber
Sim pro
sol, sim pra lua
Eu quero
você toda nua
Sim pra
tudo que você quiser...”
A família
Bolivatto ainda vivia sobre o impacto do desfecho trágico do sequestro da Rosana.
Raquel praticamente se mudara para a casa do Nicholas, e onde a Raquel estava o
Carlos não demorava muito a aparecer. Era quase revoltante que uma mulher com
um coração tão doce como a madrasta de Joseph não pudesse ter filhos. Ela seria
uma mãe perfeita. Era bem típico dela: estar onde seus filhotes precisavam. E
ela considerava Nicholas como um filho. Adotado aos dezessete anos de idade.
Bastou uma única vez ele ir com o Joseph passar umas férias e pronto. A família
Bolivatto ganhou um novo membro. O amigo de Joseph ganhou o status de filho por
afinidade e afeição, até mesmo a implicância dele com a Beth era genuinamente
fraterna.
A Emmily quase
não sorria. Dadas às circunstâncias era natural e triste. Ninguém tão jovem
deveria passar tanta coisa. O único que ainda conseguia arrancar um sorriso
dela era o vovô Car, como ela chamava o Carlos. Era quase como se os dois
fossem parentes mesmo, mas isso não era novidade, o velho tinha uma
impressionante facilidade de lidar com as mulheres.
Em meio a tudo
isso, Joseph e Demi tinham optado por um casamento discreto. Uma cerimônia para
os amigos mais íntimos. Até mesmo Beth estava conformada com a escolha deles. E
tinha aceitado o desafio de organizar tudo com a maior simplicidade possível.
Arrastava seu barrigão de oito meses para cima e para baixo acompanhada pelo
marido, preparando “coisas”.
Demetria estava
exausta. Dormia em qualquer lugar. Quase sempre acordava nos braço do namorado
sendo colocada na cama, numa dessas vezes confessou:
— Eu tinha medo de
você.
— De mim? —
Joseph não podia estar mais surpreso.
— É. Na
adolescência eu morria de medo de você. Era estranho, mas você sempre me fazia
sentir inadequada.
— Percebia. Eu
tinha feito algo que te aborreceu? Quer dizer eu queria tanto chamar sua atenção
que talvez tenha sido muito agressivo em minhas investidas.
— Não, você não
era. O problema era comigo. Ficava nervosa, tímida. Tudo bem que eu sempre fui
tímida, mas com você era pior. Levei anos para descobrir por que: você me
mostrava que o Wilmer não era minha vida. E eu queria tanto que fosse que não
podia ariscar. Nunca. Eu não namorei outros caras na adolescência e na vida
adulta. Até você aparecer, todos eram uns idiotas... Eu não te sequestrei
porque você era uma obsessão para mim. Eu te sequestrei porque te amava. E por
mais louco que possa parecer, eu ainda acho que você a qualquer momento você
vai perceber que eu tenho problemas demais para se investir num relacionamento
sério comigo...
— Que bom. Então
você sabe exatamente como eu me sinto.
Joseph Bolivatto
andava preocupado. Mesmo se ele fosse o tipo que ignorava os problemas para ter
uma vida confortável, coisa que definitivamente não era, teria percebido a nada
discreta mudança do humor da noiva. Sua paciência, que já não era grande coisa,
estava por um fio, qualquer um desavisado que fazia alguma besteira conhecia
sua fúria. Já corria a boca pequena no escritório o terrível apelido de “megera
Torres”. Uma perguntinha que ela considerasse idiota e pronto. Uma tempestade
se formava e só se resolvia quando ele a arrastava para o seu escritório.
Chegando lá ela discursava sobre a incompetência alheia e a seguir o atacava.
Sim sexo brutal matutino ou vespertino. Ele já tinha elaborado uma campanha de
recompensa para com as vítimas: recebiam o resto do dia de folga e o conselho para
se manter por um tempo distante, pois a moça estava na TPM. Todos achavam que
ele era doido por aguentar uma criatura daquelas. Mas simplesmente não se
importava. Qualquer que fosse a atitude de Demetria, sempre terminava em sexo
fantástico.
Naquele dia ela
estava triste. Não brigara com ninguém ainda, não que as pessoas estivessem se
aproximando mais do que o extremamente necessário. Estava calada, pensativa. Ele
não entendia o porquê e com Demetria ele sabia que não adiantava perguntar.
Quando estivesse pronta, falaria.
No fim da tarde a
moça dormia sobre as planilhas que deveria estar analisando, isso depois de
meia hora tentando reprimir bocejos. Os papeis estavam sendo amarrotados e ela roncava
suavemente.
O sofá de seu
escritório fora projetado para descanso entre as horas de trabalho, era quase
tão largo quanto uma cama de solteiro. Já vira muita ação nos últimos tempos,
mas naquele dia foi ali que o Bolivatto depositou a noiva adormecida e ficou
contemplando seu sono, meditando no que faria se ela estivesse doente. E se
isso fosse algo grave. Decidiu que independente de seus protestos, ele marcaria
uma consulta para o dia seguinte. Aconchegou-se junto a ela e foi dormir um
pouco, não era só a moça que andava cansada.
Era noite quando
acordou. Demi o encarava.
— Dorminhoco.
— Olha só quem
fala.
— É, eu ando
cansada...
Ele inspirou
profundamente.
— É só isso que
você tem a me dizer?
— Não.
O coração dele
quase parou. Ela sabia o que estava acontecendo.
— Não me mate com
esse suspense, fale de uma vez.
— Eu fiz um teste
de gravidez de farmácia... E deu negativo.
— Por isso você
está triste?
Ela não precisou
responder. Seus olhos encheram-se de lágrimas.
— É. — respondeu
num fio de voz. — eu tinha certeza que estava... Poxa, eu estou sem menstruar
há dois meses. Dormindo em tudo quanto é canto, enjoada. De mau humor...
— Por que você
não me disse?
— Eu queria lhe
contar, mas pensei... E se fosse um alarme falso?
— Então era isso
que você queria me dizer?
— Era, só que
perdia a coragem...
Ele inspirou
profundamente.
— Demi, somos um
casal. Dividimos coisas: alegrias, fracassos, não importam. Eu quero estar com
você de qualquer coisa.
— Eu sei, eu sou
boba... Eu só fico pensando: e se eu não puder ter filhos?
— Ora, não
exagera. Foi só a primeira tentativa. Mas só para você parar com essas bobagens,
vamos ao médico, fazemos os exames...
— E se eu não
puder ter filhos?
— Adotamos. — Ele
respondeu sem hesitação.
A moça suspirou
aliviada.
— E se eu não
puder te dá filhos? — ele perguntou.
Demetria achou a
pergunta estranha.
— Eu nunca ia me
importar com isso.
— Então por que
eu deveria me importar se você não pudesse ter filhos?
Ela se calou.
Deitou a cabeça sobre o peito do namorado.
— Eu te amo
sabia?
Perguntou depois
de um momento.
— Sei, desconfio
que tanto quanto eu te amo, Demetria. Para de pensar bobagem. Liga para seu
médico e vamos resolver isso logo.
— Certo... Mas
meu médico está de férias. — ela respondeu.
— Então vemos
outro...
Um Bolivatto era
sempre um Bolivatto. Os meros mortais que tentassem ir a um consultório médico
sem marcar hora, no mínimo ficariam de castigo num horário extra, depois de
todo mundo. Mas não, Joseph Bolivatto tinha prioridade de atendimento... Mesmo
num ginecologista. Demetria deveria estar muito feliz em não ter que esperar
muito, porém ela estava a ponto de arrancar o pescoço da recepcionista que
estava dando em cima de seu noivo, na sua frente.
— O senhor deseja
mais um cafezinho, Sr. Bolivatto?
— Não, obrigado.
— sim, o futuro noivo defunto teve a audácia de sorrir para a lambisgoia. Ia
acontecer assassinato duplo naquele consultório.
— O café foi
passado agora. Tem certeza que não quer?
— Sim querida,
ele não quer nada de você, eu já dou para ele em casa!
A mulher ficou
pálida diante do seu tom grosseiro. Joseph disfarçou um sorriso, o convencido.
Demi decidiu pegar uma revista para se esconder, quando percebeu que todos na
sala olhavam para ela. Bem, a vantagem era que com certeza nenhuma fulana ia
olhar para seu namorado depois disso.
— Srta. Lovato,
Dr. Carlos a espera.
Por um momento
Demi gelou. Depois lembrou-se que aquele não era seu chefe. Que boba! Se bem
que imaginar seu chefe médico de verdade lhe dava arrepios. Do jeito que ele era
capaz de falar na mesa do jantar em família sobre seus problemas ginecológicos.
Que bom que Deus salvou o mundo de um doutor Carlos Bolivatto.
O médico era
jovem e bonito, muito bonito, mas extremamente profissional. Joseph não gostou
dele. Primeiro participou e deu palpite durante a entrevista inicial e na hora
do exame, se recusou a sair.
— Ora, Demi, não
existe ângulo seu que eu ainda não tenha observado...
Revoltada e
reclamando do porco chauvinismo dos homens, Demetria foi se trocar.
— Você disse que
fez o exame de farmácia? — perguntou o médico.
— Sim, deu
negativo.
— Certo. Eu vou
mandar preparar a sala do ultrassom.
— Por quê? Tem
alguma coisa errada?
— Não senhor
Bolivatto, eu só quero fazer um exame de rotina...
Ok, o namorado de
Demetria era exagerado. Olhava desconfiado para o médico. Quando Demi gemeu ao
receber o gel gelado sobre o ventre, ele se mostrou zangado. Ainda bem que o paciente
Dr. Carlos o ignorou.
— Bem, é isso
mesmo.
— Isso o quê?
— Sua namorada
está grávida...
O casamento
acabou sendo adiado. A organizadora resolveu entrar em trabalho de parto a
caminho da cerimônia. Por um tempo tudo se acalmou. Trabalho, vida pessoal, os
Bolivatto e seus agregados viviam na mais perfeita harmonia, mas o que seria da
vida sem as surpresas...
Naquela noite
Demi não conseguiu dormir. Era um desconforto esquisito, que vinha sentindo nos
últimos tempos. Não queria falar para o Joseph, pois ele tinha uma tendência a ficar
nervoso à toa. Daquela vez, porém mesmo ela estava preocupada.
— Joseph?
O chamou. Como
ele não se mexeu no primeiro momento.
Chamou outra vez,
mais alto.
— Joseph?!
Ele inspirou
fundo.
De repente uma
mão se insinuou dentro de sua camisola e foi parar direto em seu sexo.
Nossa, ele era
bom naquilo.
— Joseph!
Ela teve que
bater na mão dele. O rapaz se assustou.
— Agora não, eu
quero outra coisa.
— O quê?
— Eu não estou me
sentindo bem.
— Como assim? —
ele se levantou rapidamente.
— Calma, não é
nada de mais, eu só não estou conseguindo dormir. É só uma pressão na cabeça. E
as pontas dos meus dedos estão formigando.
— Quer que eu
chame uma ambulância? Onde estava a sua agenda? —num segundo ele já estava de
pé.
— Calma Joseph,
por enquanto eu só quero levantar um pouco, ir até a cozinha, tomar uma água.
Se não passar a gente resolve, o que fazer.
Ele ainda a olhou
desconfiado, mas concordou.
Demetria pôs os
pés para fora da cama com cautela. O noivo a ajudou a se erguer. Mal ficou de
pé e sentiu seu mundo girar, ela procurou falar que estava tudo bem, mas sua
voz não saiu e tudo de súbito virou escuridão.
Quando acordou
estava num hospital. A agulha do soro aplicada incomodava na veia de seu braço.
— Oi, amor. — ele
pegou sua mão com carinho. Ela percebeu a vermelhidão em seu rosto, de quem
andou chorando, mas ele estava tentando camuflar sua preocupação.
— Não minta para
mim. — pediu Demi, numa serenidade que nem ela mesma reconheceu. — O bebê está
bem?
— Sim, está tudo
bem com o bebê.
— Então por que
você está que essa cara de choro?
— Surgiram umas
complicações...
~*~
Desculpem a demora :s acabei ficando sem tempo de novo, só para variar.
Obrigada pelos comentários, amores <333 *-*
Ah, e sobre a tag, muito obrigada Tati, mas não tenho tempo de respondê-la agora :/
E seja bem-vinda de volta hahaha ;)
Beijos.
Ps: quem quiser que eu divulgue o blog de vocês, é só pedir.
Amei, posta logo !!!!
ResponderExcluirAaaaah naoooo, posta logo, que complicações foram essas? Ta lindo posta logo,perfeito
ResponderExcluirAs complicaçoes foram... nao lembro mais graças a Deus fbdnjd
ResponderExcluirPoderia divulgar o blog da minha amiga? E se puder dar uma olhadinha? Obrigado :)
http://souljemi.blogspot.com.br/?m=1
AAAAH, lindolindo, posta logo *--*
ResponderExcluirQuais complicações? Ain :xx
De nada *-* ok ..
Obrigadaaa *-* ~xoxo