sexta-feira, 8 de novembro de 2013

CAPÍTULO 20 - CORAÇÕES PSICODÉLICOS

“E a vida passa na TV
E o meu caso é com você
Fico louco sem saber
Sim pro sol, sim pra lua
Eu quero você toda nua
Sim pra tudo que você quiser...”

A família Bolivatto ainda vivia sobre o impacto do desfecho trágico do sequestro da Rosana. Raquel praticamente se mudara para a casa do Nicholas, e onde a Raquel estava o Carlos não demorava muito a aparecer. Era quase revoltante que uma mulher com um coração tão doce como a madrasta de Joseph não pudesse ter filhos. Ela seria uma mãe perfeita. Era bem típico dela: estar onde seus filhotes precisavam. E ela considerava Nicholas como um filho. Adotado aos dezessete anos de idade. Bastou uma única vez ele ir com o Joseph passar umas férias e pronto. A família Bolivatto ganhou um novo membro. O amigo de Joseph ganhou o status de filho por afinidade e afeição, até mesmo a implicância dele com a Beth era genuinamente fraterna.
A Emmily quase não sorria. Dadas às circunstâncias era natural e triste. Ninguém tão jovem deveria passar tanta coisa. O único que ainda conseguia arrancar um sorriso dela era o vovô Car, como ela chamava o Carlos. Era quase como se os dois fossem parentes mesmo, mas isso não era novidade, o velho tinha uma impressionante facilidade de lidar com as mulheres.
Em meio a tudo isso, Joseph e Demi tinham optado por um casamento discreto. Uma cerimônia para os amigos mais íntimos. Até mesmo Beth estava conformada com a escolha deles. E tinha aceitado o desafio de organizar tudo com a maior simplicidade possível. Arrastava seu barrigão de oito meses para cima e para baixo acompanhada pelo marido, preparando “coisas”.
Demetria estava exausta. Dormia em qualquer lugar. Quase sempre acordava nos braço do namorado sendo colocada na cama, numa dessas vezes confessou:
— Eu tinha medo de você.
— De mim? — Joseph não podia estar mais surpreso.
— É. Na adolescência eu morria de medo de você. Era estranho, mas você sempre me fazia sentir inadequada.
— Percebia. Eu tinha feito algo que te aborreceu? Quer dizer eu queria tanto chamar sua atenção que talvez tenha sido muito agressivo em minhas investidas.
— Não, você não era. O problema era comigo. Ficava nervosa, tímida. Tudo bem que eu sempre fui tímida, mas com você era pior. Levei anos para descobrir por que: você me mostrava que o Wilmer não era minha vida. E eu queria tanto que fosse que não podia ariscar. Nunca. Eu não namorei outros caras na adolescência e na vida adulta. Até você aparecer, todos eram uns idiotas... Eu não te sequestrei porque você era uma obsessão para mim. Eu te sequestrei porque te amava. E por mais louco que possa parecer, eu ainda acho que você a qualquer momento você vai perceber que eu tenho problemas demais para se investir num relacionamento sério comigo...
— Que bom. Então você sabe exatamente como eu me sinto.
Joseph Bolivatto andava preocupado. Mesmo se ele fosse o tipo que ignorava os problemas para ter uma vida confortável, coisa que definitivamente não era, teria percebido a nada discreta mudança do humor da noiva. Sua paciência, que já não era grande coisa, estava por um fio, qualquer um desavisado que fazia alguma besteira conhecia sua fúria. Já corria a boca pequena no escritório o terrível apelido de “megera Torres”. Uma perguntinha que ela considerasse idiota e pronto. Uma tempestade se formava e só se resolvia quando ele a arrastava para o seu escritório. Chegando lá ela discursava sobre a incompetência alheia e a seguir o atacava. Sim sexo brutal matutino ou vespertino. Ele já tinha elaborado uma campanha de recompensa para com as vítimas: recebiam o resto do dia de folga e o conselho para se manter por um tempo distante, pois a moça estava na TPM. Todos achavam que ele era doido por aguentar uma criatura daquelas. Mas simplesmente não se importava. Qualquer que fosse a atitude de Demetria, sempre terminava em sexo fantástico.
Naquele dia ela estava triste. Não brigara com ninguém ainda, não que as pessoas estivessem se aproximando mais do que o extremamente necessário. Estava calada, pensativa. Ele não entendia o porquê e com Demetria ele sabia que não adiantava perguntar. Quando estivesse pronta, falaria.
No fim da tarde a moça dormia sobre as planilhas que deveria estar analisando, isso depois de meia hora tentando reprimir bocejos. Os papeis estavam sendo amarrotados e ela roncava suavemente.
O sofá de seu escritório fora projetado para descanso entre as horas de trabalho, era quase tão largo quanto uma cama de solteiro. Já vira muita ação nos últimos tempos, mas naquele dia foi ali que o Bolivatto depositou a noiva adormecida e ficou contemplando seu sono, meditando no que faria se ela estivesse doente. E se isso fosse algo grave. Decidiu que independente de seus protestos, ele marcaria uma consulta para o dia seguinte. Aconchegou-se junto a ela e foi dormir um pouco, não era só a moça que andava cansada.
Era noite quando acordou. Demi o encarava.
— Dorminhoco.
— Olha só quem fala.
— É, eu ando cansada...
Ele inspirou profundamente.
— É só isso que você tem a me dizer?
— Não.
O coração dele quase parou. Ela sabia o que estava acontecendo.
— Não me mate com esse suspense, fale de uma vez.
— Eu fiz um teste de gravidez de farmácia... E deu negativo.
— Por isso você está triste?
Ela não precisou responder. Seus olhos encheram-se de lágrimas.
— É. — respondeu num fio de voz. — eu tinha certeza que estava... Poxa, eu estou sem menstruar há dois meses. Dormindo em tudo quanto é canto, enjoada. De mau humor...
— Por que você não me disse?
— Eu queria lhe contar, mas pensei... E se fosse um alarme falso?
— Então era isso que você queria me dizer?
— Era, só que perdia a coragem...
Ele inspirou profundamente.
— Demi, somos um casal. Dividimos coisas: alegrias, fracassos, não importam. Eu quero estar com você de qualquer coisa.
— Eu sei, eu sou boba... Eu só fico pensando: e se eu não puder ter filhos?
— Ora, não exagera. Foi só a primeira tentativa. Mas só para você parar com essas bobagens, vamos ao médico, fazemos os exames...
— E se eu não puder ter filhos?
— Adotamos. — Ele respondeu sem hesitação.
A moça suspirou aliviada.
— E se eu não puder te dá filhos? — ele perguntou.
Demetria achou a pergunta estranha.
— Eu nunca ia me importar com isso.
— Então por que eu deveria me importar se você não pudesse ter filhos?
Ela se calou. Deitou a cabeça sobre o peito do namorado.
— Eu te amo sabia?
Perguntou depois de um momento.
— Sei, desconfio que tanto quanto eu te amo, Demetria. Para de pensar bobagem. Liga para seu médico e vamos resolver isso logo.
— Certo... Mas meu médico está de férias. — ela respondeu.
— Então vemos outro...
Um Bolivatto era sempre um Bolivatto. Os meros mortais que tentassem ir a um consultório médico sem marcar hora, no mínimo ficariam de castigo num horário extra, depois de todo mundo. Mas não, Joseph Bolivatto tinha prioridade de atendimento... Mesmo num ginecologista. Demetria deveria estar muito feliz em não ter que esperar muito, porém ela estava a ponto de arrancar o pescoço da recepcionista que estava dando em cima de seu noivo, na sua frente.
— O senhor deseja mais um cafezinho, Sr. Bolivatto?
— Não, obrigado. — sim, o futuro noivo defunto teve a audácia de sorrir para a lambisgoia. Ia acontecer assassinato duplo naquele consultório.
— O café foi passado agora. Tem certeza que não quer?
— Sim querida, ele não quer nada de você, eu já dou para ele em casa!
A mulher ficou pálida diante do seu tom grosseiro. Joseph disfarçou um sorriso, o convencido. Demi decidiu pegar uma revista para se esconder, quando percebeu que todos na sala olhavam para ela. Bem, a vantagem era que com certeza nenhuma fulana ia olhar para seu namorado depois disso.
— Srta. Lovato, Dr. Carlos a espera.
Por um momento Demi gelou. Depois lembrou-se que aquele não era seu chefe. Que boba! Se bem que imaginar seu chefe médico de verdade lhe dava arrepios. Do jeito que ele era capaz de falar na mesa do jantar em família sobre seus problemas ginecológicos. Que bom que Deus salvou o mundo de um doutor Carlos Bolivatto.
O médico era jovem e bonito, muito bonito, mas extremamente profissional. Joseph não gostou dele. Primeiro participou e deu palpite durante a entrevista inicial e na hora do exame, se recusou a sair.
— Ora, Demi, não existe ângulo seu que eu ainda não tenha observado...
Revoltada e reclamando do porco chauvinismo dos homens, Demetria foi se trocar.
— Você disse que fez o exame de farmácia? — perguntou o médico.
— Sim, deu negativo.
— Certo. Eu vou mandar preparar a sala do ultrassom.
— Por quê? Tem alguma coisa errada?
— Não senhor Bolivatto, eu só quero fazer um exame de rotina...
Ok, o namorado de Demetria era exagerado. Olhava desconfiado para o médico. Quando Demi gemeu ao receber o gel gelado sobre o ventre, ele se mostrou zangado. Ainda bem que o paciente Dr. Carlos o ignorou.
— Bem, é isso mesmo.
— Isso o quê?
— Sua namorada está grávida...

O casamento acabou sendo adiado. A organizadora resolveu entrar em trabalho de parto a caminho da cerimônia. Por um tempo tudo se acalmou. Trabalho, vida pessoal, os Bolivatto e seus agregados viviam na mais perfeita harmonia, mas o que seria da vida sem as surpresas...
Naquela noite Demi não conseguiu dormir. Era um desconforto esquisito, que vinha sentindo nos últimos tempos. Não queria falar para o Joseph, pois ele tinha uma tendência a ficar nervoso à toa. Daquela vez, porém mesmo ela estava preocupada.
— Joseph?
O chamou. Como ele não se mexeu no primeiro momento.
Chamou outra vez, mais alto.
— Joseph?!
Ele inspirou fundo.
De repente uma mão se insinuou dentro de sua camisola e foi parar direto em seu sexo.
Nossa, ele era bom naquilo.
— Joseph!
Ela teve que bater na mão dele. O rapaz se assustou.
— Agora não, eu quero outra coisa.
— O quê?
— Eu não estou me sentindo bem.
— Como assim? — ele se levantou rapidamente.
— Calma, não é nada de mais, eu só não estou conseguindo dormir. É só uma pressão na cabeça. E as pontas dos meus dedos estão formigando.
— Quer que eu chame uma ambulância? Onde estava a sua agenda? —num segundo ele já estava de pé.
— Calma Joseph, por enquanto eu só quero levantar um pouco, ir até a cozinha, tomar uma água. Se não passar a gente resolve, o que fazer.
Ele ainda a olhou desconfiado, mas concordou.
Demetria pôs os pés para fora da cama com cautela. O noivo a ajudou a se erguer. Mal ficou de pé e sentiu seu mundo girar, ela procurou falar que estava tudo bem, mas sua voz não saiu e tudo de súbito virou escuridão.
Quando acordou estava num hospital. A agulha do soro aplicada incomodava na veia de seu braço.
— Oi, amor. — ele pegou sua mão com carinho. Ela percebeu a vermelhidão em seu rosto, de quem andou chorando, mas ele estava tentando camuflar sua preocupação.
— Não minta para mim. — pediu Demi, numa serenidade que nem ela mesma reconheceu. — O bebê está bem?
— Sim, está tudo bem com o bebê.
— Então por que você está que essa cara de choro?

— Surgiram umas complicações...

~*~

Desculpem a demora :s acabei ficando sem tempo de novo, só para variar.
Obrigada pelos comentários, amores <333 *-*

Ah, e sobre a tag, muito obrigada Tati, mas não tenho tempo de respondê-la agora :/
E seja bem-vinda de volta hahaha ;)
Beijos.

Ps: quem quiser que eu divulgue o blog de vocês, é só pedir.

4 comentários:

  1. Aaaaah naoooo, posta logo, que complicações foram essas? Ta lindo posta logo,perfeito

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  2. As complicaçoes foram... nao lembro mais graças a Deus fbdnjd

    Poderia divulgar o blog da minha amiga? E se puder dar uma olhadinha? Obrigado :)

    http://souljemi.blogspot.com.br/?m=1

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  3. AAAAH, lindolindo, posta logo *--*
    Quais complicações? Ain :xx
    De nada *-* ok ..
    Obrigadaaa *-* ~xoxo

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