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“E era
preciso Fechar os olhos
Pra não
morrer e não me
Machucar”
Caía uma fina
garoa sobre cidade naquela noite. Joseph Bolivatto não sabia ao certo há quanto
tempo estava ali, completamente encharcado. Depois da correria, do parto, de
tudo; ele deixara o hospital e fora caminhar. Não se importando com a chuva.
Não importando se o termômetro mostrava dez graus. Sentia-se anestesiado. Não
conseguia expressar sentimento algum, sentir qualquer coisa. Queria apenas caminhar
sem rumo absorvendo os acontecimentos. Poderia ter chorado. Isso talvez
colocasse para fora todas as coisas que estavam congeladas dentro de si. Mas
não o fez. Quando finalmente o choque passasse talvez o fizesse.
Se havia uma coisa
que Joseph Bolivatto não sabia lidar era com a própria impotência. Não ter o
poder de decisão em suas mãos era algo que o desnorteava. Sim, depois daquela noite,
nunca mais teria o controle em suas mãos outra vez. Sua vida seria um eterno
salto no escuro.
— Joseph.
Era seu pai.
Olhou na direção da voz e o descobriu com o carro parado na calçada e a porta
aberta, num convite.
— Vamos filho.
Você precisa trocar de roupa, voltar para o hospital e carregar seu filho no
colo.
O filho de Carlos
não reagiu; então este saiu do veículo.
— Vamos, prometo
que tudo vai passar...
— Mas pai...
— Eu sei filho,
eu sei. Agora vamos. Tudo vai ficar bem. Eu prometo. — repetiu.
Foram para a casa
de Demi, a mais próxima do hospital. Lá, por insistência do pai, Joseph tomou
um banho quente e trocou de roupas.
— Eu sei que você
está com medo. Sei que tudo será diferente agora, mas não precisa se preocupar
tudo vai se ajeitar.
— Mas pai, sem
Demi eu não posso viver. Eu não consigo...
E caiu no choro,
como era de se esperar.
Carlos Bolivatto
sabia exatamente o que o rapaz estava sentindo. Era meio como ver a si mesmo. E
por mais reservado que Joseph fosse, ele era igual ao pai em muitos aspectos. Tanto
nos positivos como nos negativos.
O homem mais
jovem sempre fora um grande motivo de orgulho.
Qualquer jovem em
sua posição teria escolhido o caminho mais fácil: seguir os negócios da
família, administrar sua própria riqueza. Mas ele não, batalhou, construiu um nome
independente do prestígio de seus parentes e deixou sua própria marca no mundo.
O que mais um pai podia desejar em um filho? Mas o Bolivatto pai, “agora avô”,
queria mais... Sempre quis. Queria que aquele homem capaz e dinâmico no campo
profissional, também assumisse a mesma postura na sua vida amorosa.
Por anos Carlos
observou o filho fazendo escolhas confortáveis. Primeiro buscando apenas sexo
nas mulheres com quem se envolvia. Nunca as levava a sério, estando sempre acompanhado,
mas na verdade sozinho. Depois veio a fase mulheres perfeitas. Suas namoradas
eram lindas, mas pareciam encomendadas em alguma loja: loiras, bonitas, corpos
esculpidos e que concordavam com qualquer coisa que ele falava. A Blanda foi a
última de uma listagem reduzida. Mas nem mesmo Joseph conseguia esconder as
coisas do astuto Carlos. Ele viu a princípio com simpatia a paixonite do jovem
pela filha de sua secretária. Demi era uma menina adorável e tê-la como parte
da família era uma possibilidade maravilhosa.
Uma noite
comentou com Raquel suas suspeitas.
— Mas a Demi é
apaixonada pelo Wilmer.
— Sinceramente
Raquel? Joseph é um Bolivatto, e você sabe como os Bolivatto são quando querem
algo: não param até conseguir.
— Convencido! —
foi a resposta da esposa.
Mas para surpresa
do pai, o destemido Bolivatto filho se tornava um meninote assustado diante da
garota. Ele se contentava em ficar observando a distância. Sem tomar qualquer
atitude. Foi a primeira vez que ele entendeu: Demetria Lovato era a fraqueza de
Joseph Bolivatto.
Houve uma época
em que esperou veementemente que o filho esquecesse aquela paixão. Arranjasse
uma moça qualquer que tirasse aquele olhar desesperançado que trazia consigo.
Era doloroso ver como ele ficava deprimido quando a moça aparecia suspirando
pela casa com a irmã do rapaz por seu namorado maravilhoso. Só mesmo uma
adolescente para não ver a dor que causava. O quanto uma simples palavra podia
ferir. Se não gostasse da menina como a uma filha, era possível que a afastasse
da convivência com sua família. Mas isso não seria justo, Demetria jamais
poderia levar a culpa por algo que ela nem sabia. Embora tivesse se ressentido
com a escolha do rapaz em viver distante, entendeu completamente a sua escolha.
Mesmo com o coração apertado, esperou que se curasse e voltasse para casa. Mais
forte.
Quando o namoro
de Demi teve fim, seu maior desejo era contar ao filho, mas este cortava
qualquer assunto que envolvesse o nome da moça. Bastava citá-la e ele dava um
jeito de interromper a conversa. Sua maior frustração era saber que Joseph não
veria com bons olhos qualquer interferência sua. Então por anos esperou
silenciosamente até que surgiu a oportunidade perfeita.
A sua amizade com
Demi foi se aprofundando com os anos. Quando o filho retornou, ele não entendeu
por que ele não agiu. A mulher por quem era apaixonado desde a adolescência
estava solteira, vulnerável e ele não tomou qualquer medida quanto a isso. Aí
um dia ele descobriu tudo...
Depois da morte
dos pais, Demi ficou desnorteada, vivia na mais profunda tristeza. Caia no
choro por qualquer motivo. O banheiro do chefe era o seu local predileto para
se esconder nessas horas. Um dia durante uma crise dessas, Carlos ficou horas
sentado no chão do banheiro conversando com a moça. E quando finalmente saíram
de lá, encontraram com Joseph. O olhar do rapaz foi mais eloquente que qualquer
palavra: ele acreditava na conversa que rolava no escritório de Demetria tinha
um caso com o patrão. Foi nesse momento que decidiu que era hora de agir...
— Eu acho que sou
como a vovó. Ela amou o vovô até o dia de sua morte. — Joseph falou do nada.
— É, ela o amou.
— Eu nunca
entendi como ela podia ser assim. O vovô a abandonou. Foi embora sem olhar para
trás e ela chorou a falta dele todos os dias, pior ainda quando ele morreu.
— É, o amor nos
torna estúpidos...
— Eu não vou
saber viver sem a Demi. Nunca.
— Eu sei...
— Não! Eu... Pai
se eu perder a Demi eu morro. Eu nunca em minha vida senti tanto medo como
naquela sala de parto. Se fosse eu ali, acho que não sentiria metade do medo
que senti... Eu daria tudo para que ela não sofresse um milímetro. Eu...
O rapaz passou as
mãos no rosto num gesto de total desespero. Estava sentado a mesa da cozinha.
Antes de voltar para o hospital, o Bolivatto pai decidiu preparar um café. Que
estava agora esfriava intocado pelo Bolivatto filho.
— Eu sei Joseph.
Para todo mundo eu e Raquel temos o casamento perfeito, mas isso não é bem
verdade. O fato da Raquel não poder ter filhos sempre foi um grande problema entre
nós.
O rapaz pareceu
surpreso.
— Mas eu pensei
que o senhor não se importasse...
— E não me
importo, mas vai explicar isso a Raquel. Ela sempre entra em crise por achar
que eu poderia ter arranjado uma mulher que poderia lhe dar muitos filhos. Você
não faz ideia de quantas vezes ela me abandonou.
— A Raquel?
— Sim, a Raquel.
Aquela cabeça dura já me fez virar noites rodando de carro pela cidade, eu já
dormi do lado de fora do banheiro, na porta de entrada da casa de amiga dela,
só para aquela criatura entender que eu a amo acima de tudo. Que sem ela minha
vida não tem sentido.
— E conseguiu?
— Sim.
— Como?
— Sinceramente?
Sexo basicamente. Palavras, presentes, surpresas... Mas no final era o sexo que
resolvia. Já fizemos em tudo quanto era lugar, na rua, na chuva, de madrugada
no metrô.
O filho quase
riu. Mas então ficou sério outra vez.
— Sabe qual é o
meu maior medo?
— Sei... Que a
Demi seja igual ao meu pai. Que ela um dia acorde e diga que não te ama mais.
Como ele fez com a mamãe.
O rapaz se
mostrou surpreso com a precisão do pai. Este apenas sorriu.
— Eu já fui um
Bolivatto paranoico. Levou anos para eu aceitar que a Raquel não ia deixar de
me amar. E acredite a Demi não é como o papai. Ela te ama, ama mesmo. Assim
como a Raquel me ama. Meu único consolo é que as próximas gerações não vão
sofrer como a gente. Sei que foi duro ver a mamãe penar como ela penou por
alguém tão egoísta, mas a nossa história é outra. Quando a Demi começar com os
surtos, você já sabe: sexo como terapia. Seduza a sua mulher todos os dias, a
faça saber o quanto a ama. Funcionou comigo, vai funcionar com você. Um
casamento é construído no dia a dia. Construa o seu. E jamais repita o que você
fez hoje.
— Eu precisava esfriar
a cabeça...
— Você fugiu
apavorado. Você sempre foge apavorado quando a Demi está envolvida. Não volte a
fazer isso. Qualquer problema tem que ser enfrentado junto com ela.
— Mas eu...
— Sem “mas”!
Juntos! Quando a Demi acordar da anestesia a primeira pessoa que ela precisa
ver é você. Sei que o medo paralisa, mas não deixe que ele destrua isso o que
vocês têm. Não torne o amor que você sente por ela um problema para os dois.
— Mas às vezes
dói pai, dói muito amar tanto assim... Toda vez que eu penso no quão perto eu
estive de perder a Demi, eu me perco...
— Então se
encontre. Ela pode ser forte por vocês dois se preciso for, só não a deixe do lado
de fora...
Quando Demetria
Lovato abriu os olhos ela viu a cena mais linda que presenciara em sua vida:
Joseph Bolivatto olhava fascinado para o amontoado de tecido que trazia em seus
braços. Dois bracinhos inquietos balançavam, soltando da manta.
— Estou perdida!
O rapaz a olhou
surpreso. Primeiro por notá-la acordada.
Depois por seu
comentário.
— Por quê?
— Dois Bolivatto
na mesma casa? Não vai haver espaço na casa para o ego de vocês. Sem falar na
quantidade de vadias que eu vou ter que botar para correr.
Ele riu.
— Não se
preocupe. Prometemos nos comportar... Ou melhor, eu prometo me comportar...
Quando Demi
voltou para casa três dias depois, a família inteira a aguardava, Carlos, Raquel,
Wilmer, Beth, Jackson e Henrique, o filho do casal. Até mesmo Nicholas havia aparecido.
Infelizmente o novo e marrento Bolivatto não gostou muito de tamanha agitação em
seus domínios e foi logo abrindo o berreiro. Os parentes já reconhecendo sua
majestade, foram logo tratando de ir embora.
— Nossa, esse
guri é eficiente. Eu nunca conseguir colocar minha família para correr tão
fácil. — comentou Joseph impressionado. — Agora mano, nada de usar isso comigo.
Eu sou seu pai, você tem que reconhecer minha autoridade...
Disse depositando
o bebê no berço.
— Joseph, nem
comece com essa história de “mano”. A gente tem que escolher o nome dessa
criança. Você enrolou, não aceitou as minhas sugestões.
— Mas eu já
escolhi o nome do nosso filho.
— Como assim já
escolheu? Era para ser uma decisão nossa!
— Eu tenho
certeza que você vai adorar a escolha.
— Sei...
Aquele sujeito
queria chamar o filho de Fenício! Ônix!
Ela nem queria
imaginar qual era a novidade que ele ia inventar agora.
— Acho que nosso
filho deve se chamar Charles... Como seu pai.
Lágrimas vieram
aos olhos da moça.
— Eu te amo
sabia? — ela perguntou buscando seus lábios.
— Eu te amo
mais... Eu não quero ter mais filhos. — ele falou de repente — Meu coração não
suportaria passar por aquilo de novo...
— A gente
conversa sobre isso daqui a uns três anos, ok?
Horas mais tarde
Charles, aquele pequeno tirano acordou os pais exigindo seu alimento.
— Calma Bebê,
isso dói...
— Esse é um
Bolivatto, quanta voracidade...
Demi se arrepiou
inteirinha diante do comentário. E olhou para o noivo sem esconder o desejo.
— Ai meu Deus!
Quarenta dias de resguardo. Eu não mereço! — falou num tom bem sofrido.
— Trinta e sete
dias, amor, trinta e sete.
~*~
thau ane: Eu não tenho certeza... Estou entre postar "Simplesmente Demi", que eu já postei a sinopse aqui antes, e "The Rocker That Holds Me", que eu também já postei a sinopse há um tempo. Que legal, eu não sabia que ela vem ao Brasil hahaha Sim, é bem "ozado" kkkkkk já leu a adaptação que eu fiz aqui no blog de Beautiful Disaster (Belo desastre)? Que tenso hahaha você tem quantos anos? Deve ser novinha pra seus pais acharem tão ruim assim. De nada ^^ bjos.
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