“Te ver e não te
querer
É improvável, é
impossível
Te ter e ter que
esquecer
É insuportável, é
dor incrível...”
Nicholas pai de
uma adolescente.
As pessoas que não
conheciam bem o amigo de Joseph poderiam acreditar que isso era provável, mas
os amigos mais íntimos do empresário sabiam que segurança era seu vício. E esse
vício perpassava todas as áreas de sua vida.
O choque causado
pela revelação de que alguém conseguira comprometer o homem a tal ponto,
desfocou a atenção dos problemas de Joseph. Isso deu tempo ao rapaz de se
preparar para o que viria. A Demetria que conhecera dentro daquela cabana era
diferente da Demetria criada por sua imaginação. Fogosa, como a mulher de suas
fantasias. No mais era exatamente o oposto. Ao invés da tarada doce e submissa,
sempre disposta a romper com seu controle, havia uma mulher prepotente,
impaciente e muito arrogante. Era louco como ele estava ainda mais apaixonado
por ela, mesmo reconhecendo todos esses seus defeitos.
Sexo. Tudo
começou daquele jeito. Joseph esperava usar as mesmas armas para ter Demetria
de volta. Esperava que a mulher sentisse algo por ele. Por menor que fosse, por
mais físico que fosse. Trabalharia com qualquer mínima possibilidade. Apegou-se
apenas a isso. Iria entrar em sua pele de um jeito que não ia restar homem
nenhum na face da terra para ela, a não ser ele. Nem mesmo seu pai. Romperia
com ele se fosse preciso, mas não abriria mão de Demetria. Carlos já tinha a
Raquel e teria que se contentar com ela. Era imatura aquela postura, mas ele
não se importava com mais nada.
Mas antes de tudo
era importante que ela lhe falasse a verdade. Em mais de uma situação estivera
ciente dos boatos. Claro, tinha flagrado os dois juntos em situações suspeitas.
E seu pai sempre trazia o batom da moça em seu colarinho. Não entendia como a
Raquel não percebia. Também não aceitaria que Demetria fugisse da conversa. A
verdade não poderia ser ocultada. Só assim poderiam ter alguma chance. Mas
Demetria ficara ofendida com suas acusações. Se houvesse a menor chance que
tudo não passasse de um engano...
Não queria nem
pensar. Se estivesse enganado isso faria dele o cara mais estúpido do planeta.
Desejava tanto estar enganado... Por que se tivesse poderia amar Demetria sem
culpa. Também precisaria lutar como um condenado para fazê-la o perdoar.
Um barulho da
porta do quarto se abrindo lhe chamou atenção. Demetria voltara. Trazia um
pacote da lanchonete.
— Demetria, ai...
Tentou se
levantar, mas a cabeça doeu.
— O que foi? —
ela correu a seu encontro.
— Fiquei tonto...
— Não faça
movimentos bruscos. Você está 24 horas em observação. Bateu a Cabeça com muita
força.
Demetria obrigou
Joseph a deitar-se de novo e o cobriu. Depois se acomodou perto da cama.
— O Nicholas foi
muito duro com você? — perguntou o rapaz.
— Na verdade
não... Ele gritou ameaças de mandar me prender por sequestro entre outras
coisas, mas eu o mandei ir para o inferno e me ajudar a te levar para o
hospital. Desde que chegamos aqui ele não tocou mais no assunto. Acho que não
quis falar nada na frente da Raquel...
— Você não
precisa se preocupar com nada, eu não vou deixar ninguém...
A porta do quarto
voltou a abrir, era a Raquel.
— Seu pai já está
a caminho. Beth também.
Joseph fez uma
careta de desagrado.
— Liga para ela e
diz que eu estou bem.
— Você conhece
sua irmã...
Beth chegando...
Pai eterno!
— Demi, você já
pode ir pra casa agora. Eu fico com o Joseph.
Uma simpática
Raquel ofertou.
— Não!
As duas mulheres
olharam para ele. Demi fechou a cara. Raquel disfarçou o riso com uma tosse. O
Bolivatto... Bem o Bolivatto ficou muito envergonhado.
— Eu volto
amanhã. — pegou a bolsa, entregou o lanche a Raquel. — Isso é para a filha do
Nicholas...
— Filha de quem?!
— Joseph te
explica tudo.
Beijou-lhe a face
em despedida e se aproximou do paciente.
— Amanhã eu ligo
para saber como você está.
— Não vai...
— É preciso,
Joseph. Se cuide. — falou seca. E saiu.
Com um sorriso
reconfortante Raquel se aproximou:
— Seja qual for a
bobagem que você fez, ela vai lhe perdoar.
— Eu sei, mas vai
me dá um trabalho danado.
— Aí, que você se
engana, ela faz muito barulho sempre por tudo, mas no fim se rende. Você vai
ver.
Infelizmente ele
não tinha a mesma boa fé.
Nicholas e a
filha apareceram algum tempo depois. Eles estavam surpreendentemente entrosados,
apesar do seu jeito meio assustado, olhava para o pai com verdadeira adoração. Ela
comeu seu lanche. E foi com Raquel tomar banho e trocar de roupas, apesar de visivelmente
resistente com tudo.
— Pode ir,
pequena. Eu estarei por perto.
A promessa
pareceu acalmá-la, e finalmente a garota se foi.
— Quando eu vou
saber da história toda? — Perguntou Nicholas quando ficaram a sós.
— Qualquer dia
desses. E quando eu vou saber da sua?
— Qualquer dia
desses.
Confidências não
era exatamente o ponto forte daquela amizade.
— Conte como me
achou.
Era a pergunta
que não saia da cabeça de Joseph.
— As câmeras do
estacionamento pegaram você caindo e sendo amparado por Demi com a ajuda de um
sujeito. Eles te colocaram no carro. O cara ainda não conseguimos identificar, mas
meu pessoal está trabalhando nisso. Quando você não apareceu na segunda,
ligaram para mim. Aí eu comecei a investigar. Foi difícil lhe achar. Fiquei
muito preocupado... Sei que ela tomava remédio de tarja preta. Tive que
investigar a vida dela novamente. E quando ela ligou para seu pai... Foi só
localizar o celular de origem. Levou uns dias...
— Ela ligou para
o papai?!
— Sim.
Aquilo lhe causou
um frio no estômago. Seu pai sabia do sequestro? Como? Mais perguntas. Tudo o
que não precisava... Deus, e se... não queria nem pensar!
— Você ameaçou
Demetria? — inquiriu ao amigo, mas sabendo que se as desconfianças que ele não
se permitia ter se confirmasse, qualquer ofensa do amigo seria café pequeno...
— Eu comecei...
Mas você estava nu. Ela também estava nua. Ambos cheiravam a sexo. Sem falar
que ela estava com uma expressão de mulher muito bem comida... Acho que atrapalhei
não é?
O amigo olhou
para ele com um sorriso debochado.
— Você acha?!
— Você não vai
dormir no hospital hoje não é?
— Sem chance...
No rosto do amigo
de Joseph surgiu aquela expressão meio malandra que o sujeito adotava quando
estava a ponto de burlar a lei, apenas por diversão.
— Não se exponha.
Você sabe que algumas pessoas desconfiam de nossas... Brincadeiras. Uma fuga
espetacular do hospital levantaria suspeita.
— Vou sair pela
porta da frente.
O amigo sorriu
como se dissesse: “que falta de criatividade”. O que era paradoxal após o
pedido.
Mas então ele
ficou sério. A expressão séria era algo tão incomum em Nicholas que quando isso
acontecia, todos reagiam a sua volta. Mesmo Joseph não era imune a isso.
— É ela não é? A
mulher que fazia você comer as outras que nem um desesperado?
Não havia motivo
para mentir.
— É.
O sorriso
debochado, marca outra registrada de Nicholas, se abriu.
— Pergunte.
— O quê?
— Você não
consegue não é? Acho engraçado isso. Você me conta sobre tudo, mas não consegue
falar dela. Nunca falou.
— Não havia do
que falar.
O sorriso sumiu
do rosto do amigo. Foi substituído com uma expressão compenetrada, mais uma
atípica naquele sujeito.
— Faz pouco tempo
que eu percebi — ele começou — eu sabia que uma mulher tinha acabado com você.
Que você tinha um lance mal resolvido, mas eu acreditava que era algo com
Heidi.
— Eu sempre lhe
disse que terminamos bem.
— Eu sei, mas
pensava que era uma questão de orgulho... Estava tão na cara...
Joseph,
desconfortável com a situação, deixou que o amigo desabafasse suas inquietações.
Era típico dele querer entender tudo a sua volta.
— Eu só percebi
quando passei a observar melhor vocês dois juntos num mesmo ambiente. Havia
tensão sexual no ar.
Não entendia por
que você não fazia nada. Pensei em Blanda, mas quando você veio morar aqui
ainda estava solteiro. Foi no dia da morte do pai dela que eu soube: você
achava que ela tinha um caso com Carlos.
— Nicholas...
Joseph se mexeu
sobre a cama. Não precisava de julgamentos. Não tocara no assunto com o amigo
por dois motivos: no começo por que sabia que ele iria debochar de sua paixão. Depois,
por que, mesmo sendo um conhecido mulherengo, havia limites que Nicholas não admitia.
Se envolver com a mulher de um amigo, ou de um parente era um deles. E Nicholas
amava a Carlos como a um pai. Jamais aceitaria isso.
— Pergunte.
— Não nos julgue.
Raiva e outra
coisa nublou os olhos do melhor amigo de Joseph.
— Lamento Joseph,
faz tempo que lhe julgo um idiota.
As palavras do amigo
foram mais suaves do que ele esperava. Não havia desprezo, mas um raivoso e
sutil deboche.
— Você não
entende Nicholas, eu amo essa mulher.
— Mas acredita
que seu pai come ela...
Na boca do amigo
de Joseph, a situação soava ainda mais suja.
— Eu sei... É uma
situação difícil. Mas eu vou embora. A Raquel não precisa saber de nada.
— Cara, como você
pode ser tão imbecil?!
— Eu sei que você
acha Carlos a melhor pessoa do mundo, mas ele não é...
— Não. Nisso você
se engana. Conheço bem os defeitos de seu pai. Convivi mais com ele nos últimos
anos que com você, eu escolhi viver com ele.
Joseph entendeu
de que lado o amigo ficaria.
— Eu lamento por
perder sua amizade, mas não vou abrir mão dela. Só se ela não me quiser, mas
mesmo assim eu ainda vou tentar convencê-la do contrário.
A paciência de
Nicholas finalmente se esgotou e aos gritos:
— Cara como você
é estupido. Pergunte. Que inferno! Nos últimos meses eu tenho esperado você
perguntar. Você sabe que eu sei, basta perguntar.
— Eu não preciso.
Eu sei.
— Precisa sim.
Você tem medo de saber por mim, por que tem medo da resposta. Sabe que não vou
deixar furos. Que investiguei até o fim e que se for o caso tenho fotos para
provar.
Uma dor absurda
calou Joseph. Ele já sabia, não precisava ver. Se visse seria real, mais real
do que ele poderia suportar. O que importava era o que aconteceria no futuro.
— Isso é muita
estupidez. Joseph, como ela consegue isso? Me diz como? Você é inteligente,
sagaz, mas com ela... Você não reage, não pensa...
— Se você vai
falar mal da minha mulher, saia daqui agora. Nada do que você possa dizer vai
mudar meus sentimentos.
— Não.
A palavra ficou
entre eles. Incompreensível. Poderia ser uma replica de Nicholas pela atitude
do amigo, ser algo mais. Mas o amigo não quis deixar dúvidas e completou.
— Ela não é
amante de seu pai... Nunca foi. Porra, cara, era só me perguntar. Eu investiguei
só para saber se eram verdadeiros os boatos. Nada. Só amizade. Uma grande,
forte e bonita amizade.
O silêncio caiu
entre eles...
— Não é possível.
— É sim, seu
estupido.
Pode alguém de
sentir feliz por ser insultado? Uma gama de emoções se concentrou em seu
estômago. Não conseguia saber se era tristeza, alegria, impotência, ou medo.
Talvez uma mistura de tudo isso. Não fazia sentido ter podado sua felicidade por
todo aquele tempo em nome de um equívoco. Precisava ficar sozinho para colocar
as emoções em ordem. Resolveu partir para o ataque.
— Quando você vai
parar com essas coisas? Cara, isso de você ficar investigando todo mundo é um
absurdo.
— Eu sou pago para
proteger a família. Faz parte do meu trabalho.
— Não, não faz.
Demetria é de confiança. Isso tem mais a ver com sua obsessiva necessidade de
controle. Você precisa saber de tudo, ver tudo.
— Saber o que
acontece a nossa volta é um meio de controlar danos.
— Ainda assim,
isso não lhe impediu de ganhar uma filha de quatorze anos.
Mal acabou de
falar e Joseph se arrependeu.
— Para você ver
como são as coisas...
Dor. Poucas vezes
na vida Joseph presenciou isso nos olhos amigo.
— Quem é a mãe da
Emmily?
— Rosana, a do
colégio.
— Mas eu nem
imaginava...
— Aparentemente
eu servia para comê-la no capô de seu carro, mas não para exibir como namorado.
Agora o descaso
com que seu amigo tratava as dondocas que viviam a sua volta fazia todo o sentido
para Joseph.
— Onde ela está
agora?
— Na UTI. Mas
está estável. Retiram algumas balas de seu corpo.
— Como isso
aconteceu?
— Essa é uma boa
pergunta. Estou em busca da resposta.
— Acha que a
menina é sua?
— Eu sei que é!
Ela tem meus olhos.
— E agora?
— Bem, acho que
os próximos meses serão muito interessantes...
Demetria estava
diante da janela olhando a rua. Tinha uma expressão triste. Enrolada num lençol
parecia frágil, tal qual uma criança.
— Demi...
Ela se assustou.
E virou para ele.
— O que você faz
aqui? — Num golpe de vista, o examinou por inteiro — Você precisa dormir no
hospital, está em observação!
— Como eu posso
dormir num lugar onde não está?
— Joseph...
A mulher não
camuflou o um suspiro exasperado.
— Como você
entrou aqui?
— Cadeados e
fechaduras não me impedem de nada, você sabe disso... Eu precisava ver e falar
com você.
— Mas eu não
quero falar com você, Joseph...
Havia tanta mágoa
na voz da mulher que Joseph quase recuou...
— Não faz isso
Demetria...
— Não faz isso
você...
Seu tom foi de
rendição. Ele que não era bobo, foi ao seu encontro.
— Eu poderia
viver sem você antes. Mas agora não posso mais. Eu sei que estraguei tudo com
minhas deduções equivocadas, perdi um tempo precioso, mas se você me der uma chance,
eu prometo me redimir.
— O que te fez
mudar de ideia?
Poderia mentir,
mas não fez isso.
— Nicholas.
Raiva.
— Aquele infeliz
andou me investigando?
Preferiu não
responder.
— Vá embora, por
favor!
— Demetria...
— Demetria coisa
nenhuma. Como você pôde pensar isso? Se eu fosse mesmo amante de seu pai...
Isso seria nojento! Como você conseguiu transar comigo achando...
Resignado, Joseph
buscou olhar bem dentro dos olhos de Demetria. Ao menos ela não correu atrás de
uma arma para colocá-lo para fora.
— Eu... Só
aproveitei a única chance que você me deu. Esperei muito tempo.
O olhar da mulher
era o de uma pessoa absolutamente perdida.
— Como você faz
isso? Como consegue transformar algo tão sujo em algo... Fofo?!
— Eu te amo. É
simples.
Nos olhos da
mulher a rendição:
— Joseph, eu...
— O que Demi?
— Eu estou
apavorada. Posso não ser o que você idealiza.
— E não é. Você é
muito mais...
Buscou seus
lábios antes que ela o rejeitasse outra vez. Sentiu sua resistência em se entregar.
Beijou suavemente. Percorrendo as formas femininas com as mãos. Soltou o lençol
que a envolvia e ofegou ao descobri-la nua. Tomando-a nos braços a carregou
para o sofá mais próximo. Sem tirar os olhos dela se despiu.
— Eu ainda não
perdoei você...
— Eu sei, vamos
trabalhar nisso...
O nervosismo de
Demetria à medida que se aproximavam do prédio que sediava as empresas da
família só aumentava. Estavam no carro dele. Ela encolheu-se quando passaram pela
guarita de segurança do estacionamento.
— O que foi?
— Nada.
— Demetria...
— Nada, já disse.
Ele terminou de
estacionar o carro e virou para ela.
— Você está com
vergonha de mim?
— Não! — ela
respondeu de pronto — Só que...
— Quê...?
— Eles sabem do
sequestro?
“Eles” Joseph
entendeu que era o pessoal do escritório.
— Que eu saiba
não. E mesmo que saibam, e daí? Você é minha noiva e ninguém tem nada a ver com
isso.
Entraram no
elevador de mãos dadas. Quando saíram, o andar inteiro pareceu silenciar. Pelo
menos uma coisa ficou clara para Demetria: a cara de surpresa geral era uma
prova que ninguém sabia de nada. Ela tentou soltar a mão, mas Joseph não
permitiu. A puxou para um beijo escandaloso.
Quando a soltou
ela quase caiu tonta.
A fofoca do dia
foi o caso Demetria e Joseph. Mesmo porque tão logo pôde, o Bolivatto foi
conversar com o pai sobre a troca de secretária. Lovato era sua e não havia
discussão.
— Filho, eu te
amo, mas sem chance de você levar minha secretária.
— É uma troca
temporária, até eu conseguir arrumar as coisas no meu departamento.
— Para de
lengalenga, não vou cair nessa...
— Mas pai...
— Nem pense. Eu
já colaborei muito permitindo que você aterrorizasse a sua secretaria só para
assediar a minha. Coisa que nunca aconteceu — o homem assumiu um tom de sarcástica
decepção — Eu não sei a quem você puxou, mas não foi a mim. A Raquel vivia me ameaçando
de processo quando trabalhava comigo...
Beth não quis se
sentar a mesa da cozinha na casa da amiga, ela batia o pé no chão e apontava
seu barrigão de seis meses de gravidez acusatoriamente na direção de Demi. A
moça estava encolhida contra a pia.
Jackson e Joseph-Covarde-Bolivatto
tinham saído para fazer alguma coisa na rua, os porcos.
— Eu sei como sua
cabeça funciona dona Demetria, nem tente me enrolar. Vai logo abrindo o bico.
Porra, você pediu ajuda a meu marido e não a mim. Pediu ajuda a meu pai. Caramba
e não confiou em mim.
— Não foi assim,
Beth.
— E como foi?
— Bem, em primeiro
lugar eu não resolvi sequestrar seu irmão.
— Não?!
— Não. Eu fui…
convencida.
A grávida
entendeu:
— Papai... Aquele
velho infeliz me passou a perna. Ah, eu acabo com ele — ela arrastou uma
cadeira e se sentou cruzando os braços sobre o peito — quero saber tudo.
Desembucha...
***
Os meses
seguintes trouxeram várias surpresas agradáveis, entre elas que Beth ia se mudar
de volta para a cidade. E apenas uma desagradável: Blanda, aparentemente
grávida e arrependida reaparecera.
Demetria,
obviamente, surtou e desapareceu.
Quando o celular
do rapaz tocou, ele estava desesperado, mas as noticias ruins não paravam de
chegar. Era Carlos.
Aquele foi um dia
de cão.
— Rosana, a mãe
da Emmily foi sequestrada, o Marcelo está desesperado e a garota, coitada não
para de chorar... Pega a Demetria e vem dá uma força ao seu amigo.
— Demetria... Ela
sumiu.
— O que
aconteceu?
— Blanda apareceu
dizendo que está grávida de um filho meu.
— E isso é
verdade?
— A chance é
pouca. Você imagina onde Demi pode estar?
— Tem um
parquinho ai perto quando ela precisa pensar vai lá. Resolve isso logo. Seu amigo
está desabando.
— Diz a ele que
eu estou chegando.
A noite estava
fria, mas não se importou. Normalmente andavam ali nos domingos. Pequena área
verde no meio da cidade. Levou menos de cinco minutos para chegar lá. Ela estava
sentada num banco da pracinha. Os cabelos despenteados, de roupão. E pantufas.
Linda.
Triste.
— Oi. — disse
sentando ao seu lado. Estava ofegante.
— Oi.
Ela não estava
furiosa Isso era bom sinal?
— Então a Blanda
está grávida...
— É.
— Ele é seu?
— A possibilidade
é bem pequena, sempre usei camisinha, mas existe.
— E se for seu o
que muda entre nós?
Escolheu o
caminho da sinceridade. Bom.
— Bem, eu poderia
dizer que não muda nada, mas é mentira. Eu vou gostar muito do guri, porque
gosto de crianças. A Blanda vai usar ele para infernizar nossas vidas. E eu vou
ficar o tempo inteiro morrendo de medo que você se canse de tudo e me mande
embora.
— Tem um bebê a
caminho, Joseph. Que precisa do pai e da mãe. Eu não posso...
Já esperava por
isso. Ensaiara vários discursos para encarar este momento, mas não disse o que
havia planejado.
— Eu me acostumei
a perder, Demetria. Todas as coisas que amo. Minha mãe nem mesmo conheci. Meu
pai me deixou aos sete anos. Tinha minha avó, mas ela tinha seus problemas...
Sabe que ela era depressiva? Usava remédios como você...
Um brilho de
compreensão surgiu no olhar da moça.
— Ela passou anos
lutando para ficar comigo, mas quando eu tinha 21 anos ela desistiu. Sabe como
ela morreu?
— Infarto?
— Overdose. Papai
pensa que foi acidental, mas eu encontrei o corpo... E a carta. Seu desejo era
que papai nunca soubesse. Ela sabia que eu cumpriria seu desejo.
— Joseph...
— Eu sempre soube
que quando fosse feliz, algo aconteceria. Na verdade, ainda tenho medo disso,
mas estou disposto a lutar. Esse bebê precisa do pai e da mãe felizes. Não
quero que meu filho nasça com o peso de ter me separado da mulher que eu amo.
Da única mulher que amei. Eu vou dar todo o meu amor, vou ser presente, mas eu
não vou abrir mão de você, Demetria. Eu sempre abri mão de você: por minha avó,
por meu pai e eu os odiei por algum tempo de minha vida. De um jeito que eu não
posso odiar a um filho.
Um silêncio
momentâneo caiu entre eles.
— Vai ser
difícil.
— Eu sei. Mas não
pense que vai escapar de mim tão fácil, eu já sofri muito para ter você.
— Mas...
— Sem mas, essa
decisão eu tiro de suas mãos. Eu não vou embora nem vou deixar você ir. E está
decidido. Além do mais, acho que a Blanda só quer dinheiro.
— Dinheiro?
— Depois do que
fez os pais dela fecharam as portas.
Ela inspirou
profundamente e perguntou:
— Então você não
vai me deixar?
— Demetria, eu
jamais poderia te deixar, está além de minhas forças.
A mulher pulou em
seu colo. E lhe brindou com um beijo que afastou para longe todos os medos.
Percebeu suas mãos escorregando para o botão de sua calça.
— Demi estamos no
meio da rua. — protestou fracamente.
— Quem se
importa? Eu quero, eu preciso de você agora...
Quando chegamos à
casa do Nicholas, ele estava xingando alguém pelo telefone. A filha estava
abraçada a ele. Quando desligou apertou a menina forte. Era louco ver como o
amigo havia mudado naqueles poucos meses. A paternidade o transformara.
— Eu vou trazer
sua mãe ok, agora vai comer alguma coisa com sua tia Demi.
— Mas eu não
estou com fome.
— Eu sei meu
amor, mas alguém precisa comer a gororoba que sua tia Beth está fazendo. Eu
estarei ocupado procurando sua mãe, então sobrou pra você fazer o sacrifício.
Eu sei... — Deu umas tapinhas nas costas da filha — A vida de uma adolescente é
um tormento. Sorry!
Apesar de estar
vivendo uma fase de sonhos em sua vida, Joseph sabia que o retorno da namorada
da adolescência do amigo, com uma filha crescida, não foi algo tranquilo.
Lembrava-se de Rosan da época do colégio, altiva, poderosa. O oposto de
Nicholas. Os dois formavam um casal muito peculiar. Embora se tratassem com
cortesia, havia sempre uma tensão entre eles. Joseph ficou surpreso quando o
amigo anunciou o casamento e o realizou em poucos dias. Nicholas casado era
algo que atentava contra as leis da natureza, mas Rosana sempre foi uma
incógnita.
— Como isso
aconteceu?
Sequestrar a
mulher do dono da melhor empresa de segurança do país era um feito notável.
— Uma história
longa. O pior é que quem a pegou a quer morta. Se eu não achar minha mulher
antes dela chegar ao destino, ela vai morrer — o desespero na voz do sujeito
era comovente, principalmente por que Nicholas nunca vira o amigo naquele
estado.
— Você vai
conseguir.
Mas o amigo
pareceu não escutá-lo.
— O pior é que eu
queria ter dito tanta coisa para ela. Eu fui tão estúpido, deixei que o ressentimento
comandasse meus atos, que a vingança me cegasse... Rosana sempre foi a minha dose
de loucura. Não consigo ser objetivo com ela...
— Mas vocês se
amam, prova disso é que voltaram...
— Me casei por
vingança. Deixei que o adolescente que foi chutado falasse mais alto e fiz a
vida dela um inferno de desconfianças, ciúmes... Ela escapou dos seguranças
depois da nossa pior briga.
Joseph não sabia
o que dizer. Decidiu só ouvir e apoiar o amigo no que fosse preciso. Nicholas
parecia tê-lo esquecido, presos em pensamentos e lembranças.
— Blanda
reapareceu — não foi uma pergunta, mas Joseph não ficou surpreso, Nicholas sempre
sabia de tudo.
— Diz que está
grávida, mas eu não sei...
— Ela está, mas o
filho não é seu, segundo o exame ela está na sexta semana de gravidez... Você
disse que não queria ir atrás dela, mas não achou que eu ia deixar uma pessoa de
tentou dar um golpe numa firma que tomo conta escapar assim, não é?
— Tinha alguma
esperança — confessou Joseph.
A sombra de um
sorriso marcou o rosto cansado de Nicholas.
— Se acontecer
algo comigo e com a Rosana, Beth e Jackson tomam conta da Emmily, mas quero
você por perto...
— Não vai...
— Só prometa.
— Eu prometo.
— Obrigado.
Naquela noite
Emmily dormiu na casa de Demetria entre eles. Estavam deitados quando observando
a menina quando Joseph propôs:
— Casa comigo?
— Você sabe que
sim.
— Deixa só
resolver esse problema com a Rosana e a gente casa.
— Feito.
— Eu te amo.
— Eu também te
amo.
~*~
To mais pra zumbi agora... to quase dormindo sentada haha
Alguém tem algum tutorial de como ter uma noite bem dormida em períodos de provas na escola no ultimo ano do ensino médio em mês de vestibulares? -_-
Obrigada pelos comentários <333
Posto o capítulo 20 quarta-feira (amanhã) ou quinta, beijos.
~*~
Respondendo a thau ane: Não era pra você ter lido o final u_u hahaha acabou com a surpresa! kkkkkk Muuuito obrigada *-* Eu li sim, e os capítulos extras que eu postei durante a adaptação de Belo Desastre foi de Desastre Iminente ^^
Respondendo a thau ane: Não era pra você ter lido o final u_u hahaha acabou com a surpresa! kkkkkk Muuuito obrigada *-* Eu li sim, e os capítulos extras que eu postei durante a adaptação de Belo Desastre foi de Desastre Iminente ^^
Amei muito cap perfeito
ResponderExcluirameeeei .. que fofo JEMI juntos ».«
ResponderExcluirpooosta logoo
eu jurp que me segurei para não ler mas estava tendo um surto xjxjdd mesmo assim com Joe e Demi é bem melhor, eu acho que irei comprar os livros pois estou apaixonada e estavam falando de um terceiro que será lançado possivelmente :s
ResponderExcluirbjos Posta logo
Ameeeeiiiii, ta lindo demais, posta mais
ResponderExcluirTem tag nova pra você no meu blog: http://inspiration-tatis.blogspot.com.br/2013/11/tag-nova.html
ResponderExcluirAh, e aproveitando que to aqui... agora consegui regularizar tudo, vou poder voltar a comentar. Então me aguarde a partir do próximo cap *-* bjos
Oii! Primeiramente, aviso que essa postagem é automática. O blog tinha sido bloqueado, e eu informei na página no face que avisaria cada um que eu pudesse ter contato, seja face, blog ou e-mail, que antes lia, que O BLOG VOLTOU! Então me desculpe ter ficado tanto tempo sem postar e espero que volte a me visitar. Obrigada pela atenção, beijos ;*
ResponderExcluirinspiration-tatis.blogspot.com
AMEI PERFEITO!!!
ResponderExcluirPosta logo!1
bjsss