terça-feira, 2 de julho de 2013

Capítulo 17 – A Caixa

As provas finais eram uma maldição para todos, menos para mim, pois isso me mantinha ocupada, estudando com Kara e Selena no quarto e na biblioteca. Só vi Joseph de passagem, quando os horários mudaram por causa das provas. Fui para a casa de Selena com ela nas férias de inverno, agradecida pelo fato de Nicholas ter ficado com Joseph, pois assim eu não precisaria testemunhar as constantes demonstrações de afeto do casal.
Peguei um resfriado nos últimos quatro dias de férias, o que me deu um bom motivo para ficar na cama. Joseph disse que queria que fôssemos amigos, mas não tinha me ligado. Fiquei aliviada por ter alguns dias para chafurdar em auto piedade. Eu queria tirar isso de mim antes de voltar para a faculdade.
A viagem de volta à Eastern pareceu levar anos. Eu estava ansiosa para o início do semestre na primavera, mas ainda mais para ver Joseph de novo.
No primeiro dia de aula, uma energia estimulante varreu o campus, assim como um cobertor de neve. Novas turmas eram sinônimo de novos amigos e de um novo começo. Eu não tinha nenhuma aula com Joseph, Parker, Nicholas ou Selena, mas Finch estava em todas as minhas aulas.
Fiquei esperando ansiosa por Joseph na hora do almoço, mas, quando ele apareceu, só me deu uma piscadinha e foi se sentar na ponta à mesa, com o restante do pessoal da fraternidade. Tentei me concentrar na conversa de Selena e Finch sobre o último jogo de futebol americano da temporada, mas a voz dele ficava chamando a minha atenção. Ele estava entretendo o pessoal, contando de suas aventuras e dos esbarrões com a lei que tivera durante as férias, e as novidades sobre a nova namorada de Trenton, que eles tinham conhecido numa noite no The Red Door. Eu me preparei para a menção a alguma garota que ele tivesse levado para casa ou conhecido, mas, se isso aconteceu, ele não contou para os amigos.
Bolas vermelhas e douradas ainda pendiam do teto do refeitório, balançando com a corrente vinda dos aquecedores. Puxei o cardigã em volta do corpo. Finch notou e me abraçou, esfregando meu braço. Eu sabia que estava prestando atenção demais, olhando na direção de Joseph, esperando que ele erguesse o olhar para mim, mas ele parecia ter esquecido que eu estava à mesa.
Joseph parecia indiferente às bordas de garotas que se aproximavam dele depois das notícias sobre o nosso término, mas também parecia satisfeito com o fato de nosso relacionamento ter voltado ao estado platônico, ainda que de modo forçado. Havíamos passado quase um mês longe um do outro, o que me deixou nervosa e insegura sobre como agir perto dele.
Assim que Joseph terminou de almoçar, senti meu coração palpitar quando ele veio e parou atrás de mim, colocando as mãos nos meus ombros.
— Como vão as aulas, Nick? — ele perguntou.
Nicholas fez uma careta.
— O primeiro dia é um saco. Horas de planos de estudos e regras. Nem sei por que vim na primeira semana. E você?
— Hum... faz parte do jogo. E você, Flor? — ele me perguntou.
— A mesma coisa — falei, tentando manter um tom casual na voz.
— Suas férias foram boas? — ele perguntou, brincando de me embalar de um lado para o outro.
— Muito boas — falei, fazendo o meu melhor para soar convincente.
— Legal. Tenho aula agora. Até mais.
Fiquei olhando enquanto ele seguia em direção às portas, abrindo-as, depois acendia um cigarro.
— Huh — disse Selena, num tom agudo.
Ela observou enquanto Joseph cortava caminho pelo verde entre a neve e depois balançou a cabeça.
— Que foi? — Nicholas quis saber.
Ela apoiou o queixo na palma da mão, parecendo confusa.
— Aquilo foi meio estranho, não foi?
— Como assim? — ele perguntou, colocando a trança loira de Selena para trás para beijar-lhe o pescoço.
Ela sorriu e se inclinou para que ele a beijasse.
— Ele está quase normal... tão normal quanto o Joe pode ser. O que está rolando com ele?
Nicholas balançou a cabeça e deu de ombros.
— Não sei. Faz um tempinho que ele está assim.
— Que reviravolta é essa, Demi? Ele está bem e você está infeliz — disse Selena, sem se preocupar com quem estivesse ouvindo.
— Você está infeliz? — Nicholas me perguntou, com uma expressão de surpresa.
Fiquei boquiaberta, e meu rosto pegou fogo de vergonha.
— Não estou, não!
Selena ficou remexendo a salada na tigela.
— Bom, ele está beirando o êxtase.
— Para com isso, Sel — falei em tom de aviso.
Ela deu de ombros e deu mais uma garfada.
— Acho que ele está fingindo.
Nicholas cutucou a namorada.
— Selena? Você vai na festa do Dia dos Namorados comigo ou o quê?
— Você não pode me perguntar como um namorado normal? De um jeito legal?
— Eu te perguntei... várias vezes. Você fica me dizendo para perguntar depois.
Ela afundou na cadeira, fazendo biquinho.
— Eu não quero ir sem a Demi.
O rosto dele se contorceu de frustração.
— Da última vez ela ficou com o Joe o tempo todo. Você mal viu a Demi!
— Para de ser criança, Sel — eu disse, jogando um talo de aipo nela.
Finch me cutucou com o cotovelo.
— Eu te levaria, meu bem, mas esse lance de garoto de fraternidade não é minha praia. Desculpa.
— Pra falar a verdade, essa é uma ótima ideia! — disse Nicholas, com os olhos brilhando.
Finch fez careta só de pensar nisso.
— Eu não faço parte da Sig Tau, Nich. Não faço parte de nada. Fraternidades são contra a minha religião.
— Por favor, Finch — pediu Selena.
— Já vi esse filme... — resmunguei.
Finch olhou para mim com o canto do olho e suspirou.
— Não é nada pessoal, Demi. É só que eu nunca saí... com uma garota.
— Eu sei — balancei a cabeça indiferente, tentando espantar meu profundo constrangimento. — Está tudo bem. Mesmo.
— Eu preciso de você lá — disse Selena. — Fizemos um pacto, lembra? Nada de ir a festas sozinha.
— Você não vai ficar sozinha, Sel. Para de ser tão dramática — falei, já irritada com a conversa.
— Você quer drama? Eu coloquei uma lata de lixo do lado da sua cama, segurei uma caixa de lenços de papel para você noites inteiras e me levantei duas vezes no meio da madrugada pra pegar remédio pra tosse quando você ficou doente nas férias! Você me deve essa!
Torci o nariz.
— Eu segurei seu cabelo enquanto você vomitava tantas vezes, Selena Gomez!
— Você espirrou na minha cara! — ela disse, apontando para o próprio nariz.
Assoprei a franja da frente dos olhos. Eu nunca conseguia discutir com Selena quando ela estava determinada a conseguir o que queria.
— Tudo bem — falei entre dentes. — Finch? — perguntei com meu melhor sorriso falso. — Você vai comigo nessa festa idiota do Dia dos Namorados na Sig Tau?
Ele me abraçou junto à lateral do corpo.
— Vou, mas só porque você falou que a festa é idiota.
Fui andando com ele até a sala de aula depois do almoço, conversando sobre a festa de casais e sobre como nós dois a temíamos. Escolher um par de carteiras na aula de fisiologia, e balancei a cabeça quando o professor começou a narrar o quarto plano de estudos do dia. A neve começou a cair de novo, batendo nas janelas, educadamente pedindo para entrar e depois escorrendo, desapontada, até o chão.
Assim que fomos dispensados, um garoto que eu tinha encontrado uma vez na casa da Sig Tau deu umas batidinhas na minha carteira enquanto passava, piscando para mim. Sorri educadamente para ele e olhei de relance para Finch, que abriu um sorriso irônico. Peguei o livro e notebook e os enfiei na mochila de qualquer jeito.
Pendurei a mochila nos ombros e fui caminhando com dificuldade até o Morgan, ao longo da calçada coberta de sal. Um pequeno grupo de estudantes tinha começado uma guerra de bolas de neve no gramado, e Finch estremeceu ao vê-los, cobertos por um pó incolor.
Senti o joelho vacilar e fiquei fazendo companhia a Finch enquanto ele terminava seu cigarro. Selena veio correndo e parou ao nosso lado esfregando as luvas verdes e brilhantes.
— Cadê o Nick? — perguntei.
— Foi pra casa. O Joseph precisava de ajuda com alguma coisa, eu acho.
— Você não foi com ele?
— Eu não moro lá, Demi.
— Apenas em teoria — Finch deu uma piscadinha.
Selena revirou os olhos.
— Eu gosto de ficar com o meu namorado, me processem.
Finch lançou o cigarro na neve.
— Estou indo nessa, senhoritas. Vejo vocês no jantar?
Eu e Selena assentimos em resposta, sorrindo quando ele beijou primeiro a minha bochecha e depois a de Selena. Ele continuou na calçada úmida, tomando cuidado para ficar bem no meio e não pisar na neve. Selena balançou a cabeça ao ver o esforço dele.
— Ele é ridículo.
— Ele é da Flórida, Sel. Não está acostumado com neve.
Ela deu uma risadinha e me puxou em direção à porta.
— Demi!
Eu me virei e vi que Parker vinha apressado na minha direção, passando por Finch. Ele parou e tomou fôlego um instante antes de falar. O casaco cinza acompanhava os movimentos de sua respiração, e ele riu baixinho ao ver o olhar fixo e curioso de Selena.
— Eu ia... ufa! Eu ia perguntar se você quer comer alguma coisa hoje à noite.
— Ah. Eu, hum... eu já disse para o Finch que ia jantar com ele.
—Tudo bem, não tem problema. Eu ia experimentar aquela hamburgueria nova no centro da cidade. Todo mundo está dizendo que é ótima.
— Quem sabe da próxima vez — falei, dando-me conta do meu erro. Eu esperava que ele não entendesse minha resposta impensada como um adiamento. Ele assentiu e enfiou as mãos nos bolsos, voltando rapidamente pelo caminho por onde tinha vindo.
Kara estava lendo seus livros novinhos em folha e fez uma careta para Selena e para mim quando entramos no quarto. O humor dela não tinha melhorado desde que voltáramos das férias.
Antes, eu passava tanto tempo no apartamento de Joseph que acabava não ligando para os comentários e as atitudes insuportáveis de Kara. Mas passar todos os fins de tarde e todas as noites com ela durante as duas semanas que antecederam o fim do semestre me fez lamentar profundamente minha decisão de não dividir o quarto com Selena.
— Ah, Kara. Como senti sua falta — disse Selena.
— O sentimento é mútuo — Kara resmungou, mantendo o olhar fixo no livro.
Selena ficou falando sobre seu dia e sobre os planos com Nicholas para o fim de semana. Procuramos vídeos engraçados na internet e choramos de tanto rir. Kara bufou algumas vezes com o barulho, mas a ignoramos.
Fiquei contente com a visita de Selena. As horas passaram rápido, e não fiquei me perguntando se Joseph teria me ligado, até que ela decidiu ir embora.
Selena bocejou e olhou para o relógio.
— Estou indo dormir, De... ah, merda! — ela disse, estalando os dedos. — Deixei meu nécessaire de maquiagem no apartamento do Nick.
— Isso não é nenhuma tragédia, Sel — falei, ainda dando umas risadinhas por causa do último vídeo que tínhamos visto.
— Não seria uma tragédia se o meu anticoncepcional não estivesse lá. Vem comigo, preciso ir lá buscar o nécessaire.
— Você não pode pedir para o Nicholas trazer?
— O Joseph está com o carro dele. Ele foi no Red com o Trent.
Senti náuseas.
— De novo? Por que ele está andando tanto com o Trent, afinal?
Selena deu de ombros.
— Isso importa? Vamos!
— Eu não quero encontrar o Joseph. Vai ser estranho.
— Você alguma vez presta atenção no que eu falo? Ele não está lá, está no Red. Vamos! — ela disse, choramingando e puxando meu braço.
Eu me levantei com uma leve resistência enquanto ela me arrastava para fora do quarto.
— Finalmente — disse Kara.
Paramos o carro no estacionamento do prédio de Joseph e percebi que a Harley dele estava estacionada debaixo das escadas, e que o Charger de Nicholas não estava lá. Suspirei aliviada e segui Selena, subindo os degraus congelados.
— Cuidado — ela me avisou.
Se eu soubesse como seria perturbador colocar os pés ali de novo, não teria deixado que Selena me convencesse a ir até lá. Totó veio correndo a toda velocidade, batendo com tudo nas minhas pernas quando suas minúsculas patas não conseguiram frear. Eu o levantei, deixando que me cumprimentasse com suas lambidinhas. Pelo menos ele não tinha me esquecido.
Levei-o comigo pelo apartamento, esperando enquanto Selena procurava o nécessaire.
— Eu sei que deixei aqui! — disse ela do banheiro, atravessando o corredor batendo os pés, seguindo em direção ao quarto de Nicholas.
— Você olhou no armário debaixo da pia? — ele perguntou.
Olhei para o relógio.
— Anda logo, Sel. Precisamos ir embora.
Selena suspirou, frustrada, lá no quarto. Baixei o olhar para o relógio de novo, então dei um pulo quando a porta da frente se abriu com tudo atrás de mim. Joseph entrou cambaleando, abraçado em Megan, que dava risadinhas com a boca encostada na dele. Ela segurava uma caixa que me chamou atenção, e senti náuseas quando me dei conta do que eram: camisinhas. Sua outra mão estava na nuca dele, e eu não conseguia discernir quais braços estavam enrolados em volta de quem.
Ele ficou perplexo quando me viu ali, parada no meio da sala, e, ao vê-lo paralisado, Megan ergueu o olhar com um sorriso ainda no rosto.
— Beija-Flor — disse ele, espantado.
— Achei — disse Selena, saindo do quarto de Nicholas.
— O que você está fazendo aqui? — ele me perguntou.
O cheiro de uísque entrava com o vento e os flocos de neve, e uma raiva incontrolável se sobrepôs a qualquer necessidade de fingir indiferença.
— Que bom ver que você voltou a ser você mesmo, Joe — falei.
O calor que irradiava do meu rosto fazia meus olhos arderem e deixava minha visão turva.
— A gente já estava de saída — rosnou Selena.
Ela me agarrou pela mão e passamos por eles.
Descemos voando os degraus em direção ao carro, e fiquei grata por estar quase chegando ao fim da escada, pois já sentia as lágrimas se acumularem em meus olhos. Quase caí para trás quando meu casaco ficou preso em algo no meio do caminho. Selena soltou minha mão e se virou ao mesmo tempo que eu.
Joseph tinha segurado meu casaco, e senti minhas orelhas pegarem fogo, ardendo no ar frio da noite. Tanto os lábios quanto o colarinho dele estavam com um ridículo tom de vermelho.
— Aonde você está indo? — ele perguntou, com um olhar meio bêbado, meio confuso.
— Pra casa — retruquei, endireitando o casaco quando ele me soltou.
— O que você está fazendo aqui?
Eu podia ouvir os pés de Selena esmagando a neve enquanto da caminhava para trás de mim, e Nicholas desceu voando as escadas para se postar atrás de Joseph, com os olhos temerosos fixos na namorada.
— Foi mal. Se eu soubesse que você estaria aqui, não teria vindo.
Joseph enfiou as mãos nos bolsos do casaco.
— Você pode vir aqui quando quiser, Flor. Eu nunca quis que você ficasse longe.
Não consegui controlar a acidez na voz.
— Não quero interromper — Olhei para o alto da escada, onde estava Megan, com uma expressão presunçosa. — Curta sua noite — falei, me virando.
Ele me segurou pelo braço.
— Espera aí. Você está brava?
Puxei com força o casaco da pegada dele.
— Sabe de uma coisa... eu nem sei por que estou surpresa.
Ele retraiu as sobrancelhas.
— Não consigo acertar uma com você. Não consigo acertar uma com você! Você diz que não quer mais nada comigo... Eu estou aqui, triste pra cacete! Tive que quebrar meu celular em um milhão de pedacinhos pra não te ligar a cada minuto de cada maldito dia! Tenho que fingir que está tudo bem na faculdade, pra você poder ser feliz... E você está brava comigo?! Você partiu a porra do meu coração!
As palavras dele ecoavam na noite.
— Joseph, você está bêbado. Deixa a Demi ir pra casa — disse Nick. Ele agarrou os meus ombros e me puxou de encontro a si.
— Você me quer ou não? Você não pode continuar fazendo isso comigo, Flor!
— Eu não vim aqui pra te ver — falei, erguendo o olhar com raiva para ele.
— Eu não quero a Megan — disse ele, com o olhar fixo nos meus lábios. — Eu só estou na merda de tão infeliz, Beija-Flor.
Os olhos dele ficaram embaçados e ele veio na minha direção, inclinando a cabeça para me beijar.
Eu o segurei pelo queixo, refreando-o.
— Tem batom dela na sua boca, Joseph — falei com repulsa.
Ele deu um passo para trás e levantou a camiseta para limpar a boca. Ficou olhando para as faixas vermelhas no tecido branco e balançou a cabeça.
— Eu só queria esquecer. Só por uma droga de uma noite.
Limpei uma lágrima que escapou.
— E não sou eu quem vai te impedir.
Tentei voltar para o Honda, mas ele me agarrou pelo braço de novo. No instante seguinte, Selena estava batendo loucamente no braço dele com os punhos cerrados. Ele olhou para ela, piscando por um momento, incrédulo. Ela ergueu os punhos e o acertou no peito, até que ele me soltou.
— Deixa a Demi em paz, seu canalha!
Nicholas a segurou, mas ela o afastou, virando-se para estapear o rosto de Joseph. O som da mão dela batendo na bochecha dele foi rápido e alto, e me encolhi com o barulho. Todos ficaram paralisados por um instante, chocados com o súbito ataque de raiva de Selena.
Joseph franziu a testa, mas não se defendeu. Nicholas a agarrou novamente, segurando-a pelos punhos e puxando-a até o Honda, enquanto ela se debatia violentamente.
Selena lutava para se soltar, seus cabelos chicoteando Nicholas. Fiquei surpresa com sua determinação de chegar até Joseph. Nos olhos geralmente doces e cheios de alegria de Selena, havia puro ódio.
— Como você pôde fazer isso? Ela merecia mais de você, Joseph!
— Selena, para! — Nicholas gritou, mais alto do que eu já o tinha ouvido gritar.
Ela deixou os braços penderem nas laterais do corpo enquanto olhava com raiva e incredulidade para o namorado.
— Você está defendendo o Joseph?
Embora Nicholas parecesse nervoso, ele se manteve firme.
— Foi a Demi quem terminou o namoro. Ele só está tentando seguir em frente.
Ela estreitou os olhos e puxou o braço da pegada dele.
— Bom, então por que você não vai pegar uma puta qualquer — olhou para Megan — no Red e traz ela pra casa pra trepar, e depois me diz se isso te ajuda a me esquecer?
— Sel — Nicholas tentou segurá-la, mas ela se esquivou, batendo a porta enquanto se sentava atrás do volante. Eu me sentei ao lado dela, tentando não olhar para Nicholas.
— Baby, não vai embora — Nicholas implorou, se abaixando na altura da janela.
Ela deu partida no cano.
— Tem um lado certo e um errado, Nick. E você está do lado errada
— Eu estou do seu lado — ele disse, com desespero nos olhos.
— Não está mais — ela retrucou, dando marcha a ré.
— Selena? Selena! — Nicholas gritou, enquanto ela seguia em alta velocidade em direção à estrada, deixando-o para trás.
— Sel, você não pode terminar com ele por causa disso. Ele está certo.
Ela colocou a mão na minha e a apertou de leve.
— Não está, não. Nada do que aconteceu foi certo.
Quando paramos o carro no estacionamento ao lado do Morgan, o celular de Selena tocou. Ela revirou os olhos quando atendeu.
— Não quero que você me ligue mais. Tô falando sério, Nick — disse ela. — Não, você não está... porque eu não quero que você me ligue, eis o motivo. Você não pode defender o que ele fez. Você não pode passar a mão na cabeça do Joseph quando ele magoou a Demi desse jeito, e ainda ficar comigo... É exatamente isso que eu quero dizer, Nicholas! Isso não importa! A Demi não trepou com o primeiro cara que viu na frente! O problema não é o Joseph, Nicholas. Ele não pediu que você o defendesse. Cansei de falar sobre isso. Não me liga de novo. Tchau.
Ela saiu em um impulso do carro e foi batendo os pés, cruzando a rua e subindo os degraus. Tentei acompanhar seus passos, esperando ouvir o lado dele da conversa.
Quando o celular dela tocou de novo, ela desligou.
— O Joseph fez o Nick levar a Megan pra casa. Ele queria passar aqui na volta.
— Você devia ter deixado, Sel.
— Não. Você é minha melhor amiga. Eu não consigo engolir o que presenciei hoje, e não posso ficar com alguém que defenda uma coisa dessas. Fim de papo, Demi. Estou falando sério.
Assenti e ela abraçou meus ombros, me puxando para seu lado enquanto subíamos as escadas em direção ao quarto. Kara já estava dormindo, e nem fui tomar banho, me deitando completamente vestida, com casaco e tudo. Eu não conseguia parar de pensar em Joseph entrando pela porta com Megan, ou no batom vermelho em seu rosto. Tentei bloquear as imagens nojentas do que teria acontecido caso eu não estivesse lá, sentindo várias emoções e parando no desespero.
Nicholas estava certo. Eu não tinha o direito de ficar brava, mas isso não me ajudava a ignorar a dor.

***

Finch balançou a cabeça quando me sentei na carteira ao lado dele. Eu sabia que estava com uma aparência péssima; mal tivera energia para trocar de roupa e escovar os dentes. Só havia dormido uma hora na noite anterior, incapaz de afastar a visão do batom vermelho na boca de Joseph e a culpa pelo fim do namoro de Nicholas e Selena.
Selena preferiu ficar na cama, sabendo que, uma vez que a raiva passasse, ela entraria em depressão. Ela amava Nicholas e, embora estivesse determinada a terminar o namoro porque ele tinha escolhido o lado errado, estava preparada para sofrer as consequências de sua decisão.
Depois da aula, Finch me levou até o refeitório. Como eu temia, Nicholas estava esperando Selena na porta. Quando me viu, não hesitou.
— Cadê a Sel?
— Ela não veio pra aula hoje.
— Ela ficou no quarto? — ele me perguntou, se virando em direção ao Morgan.
— Sinto muito, Nicholas — falei.
Ele ficou paralisado e depois se virou. Seu rosto era o de um homem que tinha chegado ao limite.
— Eu queria que você e o Joseph ficassem juntos logo, merda! Vocês são como um maldito tornado! Quando estão felizes, é tudo paz, amor e borboletas. Quando estão bravos, derrubam a droga do mundo inteiro junto com vocês!
Ele se afastou batendo os pés, e soltei o ar que estava prendendo.
— Essa foi boa.
Finch me puxou para dentro do refeitório.
— O mundo inteiro. Uau. Você acha que consegue trabalhar no seu vodu antes da prova na sexta?
— Vou ver o que posso fazer.
Finch escolheu uma mesa diferente, e fiquei mais do que feliz em segui-lo. Joseph foi se sentar com o pessoal da fraternidade, mas não comeu e não ficou lá muito tempo. Ele notou minha presença quando estava saindo, mas não parou.
— Então a Selena e o Nicholas também terminaram, hein? — Finch me perguntou enquanto comia.
— A gente estava no apartamento do Nick ontem à noite e o Joseph chegou em casa com a Megan e... foi uma zona.
— Cada um escolheu um lado...
— Exatamente. Estou me sentindo super mal.
Finch deu uns tapinhas de leve nas minhas costas.
— Você não pode controlar as decisões que eles tomam, Demi. Então acho que não vamos precisar ir na festa do Dia dos Namorados da Sig Tau né?
— Parece que não.
Ele sorriu.
— Mesmo assim vou te levar pra sair. Vou levar você e a Sel. Vai ser divertido.
Eu me apoiei no ombro dele.
— Você é o máximo, Finch.
Eu não tinha pensado no Dia dos Namorados, mas fiquei por feliz ter planos. Não podia imaginar como me sentiria triste passando o dia sozinha com Selena, ouvindo a ladainha dela sobre Nicholas e Joseph a noite inteira. Ela ainda faria isso — não seria Selena se não fizesse —, mas ao menos não se excederia se estivéssemos em público.
As semanas de janeiro se passaram e, depois de uma louvável, porém falha tentativa de Nicholas de voltar com Selena, comecei a ver ele e Joseph cada vez menos. Em fevereiro, eles pararam completamente de ir ao refeitório, e só vi Joseph algumas poucas vezes, quando eu estava indo para a aula.
No fim de semana anterior ao Dia dos Namorados, Selena e Finch me convenceram a ir ao Red, e, durante o caminho até o clube, temi encontrar Joseph lá. Quando entramos, suspirei aliviada ao não ver nenhum sinal dele.
— A primeira rodada eu pago — disse Finch, apontando para uma mesa e deslizando em meio à multidão, seguindo em direção ao bar.
Nós nos sentamos e ficamos olhando enquanto a pista de dança se enchia de estudantes bêbados. Depois da quinta rodada, Finch nos puxou para lá, e finalmente me senti relaxada o suficiente para me divertir. Demos risada e batemos o bumbum uns nos outros, rindo histericamente quando um homem girou sua companheira de dança e ela não conseguiu segurar a mão dele, deslizando de lado no chão da pista.
Selena ergueu os braços, balançando os cachos ao ritmo da música. Ri com a cara dela dançando, sua marca registrada, e congelei quando vi que Nicholas vinha se aproximando por trás. Ele sussurrou no ouvido dela e ela se virou. Eles trocaram algumas palavras, depois Selena me segurou pela mão e me levou até a nossa mesa.
— É claro. A única noite em que decidimos sair, e ele aparece — ela resmungou.
Finch trouxe mais bebidas para nós, incluindo uma dose de tequila para cada uma.
— Achei que vocês estavam precisando disso.
—Acertou.
Selena virou a dose antes que pudéssemos brindar e balancei a cabeça, batendo de leve meu copo no de Finch. Tentei manter os olhos fixos no rosto dos meus amigos, preocupada com a possibilidade de que, se Nicholas estava lá, Joseph também pudesse estar.
Começou outra música, e Selena se levantou.
— Que se dane! Não vou ficar sentada aqui a noite inteira.
— Isso aí, garota! — Finch sorriu, acompanhando-a até a pista de dança. Fui atrás dos dois, olhando de relance à minha volta para ver se via Nicholas. Ele tinha desaparecido. Relaxei de novo, tentando me livrar da sensação de que Joseph apareceria na pista de dança com Megan. Um garoto que eu tinha visto no campus dançava atrás de Selena, e ela abriu um sorriso, pronta para se divertir. Eu desconfiava de que ela estava fazendo um showzinho, fingindo que estava se divertindo para que Nicholas visse. Desviei o olhar por um segundo e, quando voltei a olhar para Selena, seu parceiro de dança não estava mais lá. Ela deu de ombros e continuou a balançar os quadris ao ritmo da música.
Quando começou a próxima música, um garoto diferente surgiu a de Selena, e o amigo dele começou a dançar ao meu lado. Depois alguns instantes, meu novo parceiro de dança fez uma manobra e ficou atrás de mim, e me senti um pouco insegura quando senti suas mãos nos meus quadris. Como se tivesse lido minha mente, ele soltou minha cintura. Olhei para trás e ele não estava mais lá. Ergui o olhar para Selena, e o cara que dançava com ela também tinha ido embora.
Finch parecia um pouco nervoso, mas, quando Selena ergueu a sobrancelha por causa da expressão dele, ele balançou a cabeça e continuou dançando.
Por volta da terceira música, eu estava suada e cansada. Então fui para a mesa, descansando a cabeça pesada na mão e rindo enquanto observava outro garoto esperançoso chamar Selena para dançar. Ela piscou para mim da pista de dança, e meu corpo ficou rígido quando vi o cara sendo puxado para trás, sumindo em meio à multidão.
Eu me levantei e dei a volta na pista, mantendo o olhar fixo no buraco por onde ele havia sido puxado. Senti a adrenalina arder em meio ao álcool nas minhas veias quando vi Nicholas segurando o garoto, surpreso, pelo colarinho. Joseph estava ao lado dele, rindo histericamente até erguer o olhar e ver que eu os observava. Ele bateu no braço do primo e, quando Nicholas olhou na minha direção, jogou a vítima no chão.
Não demorou muito para que eu entendesse o que estava acontecendo: eles estavam puxando para fora da pista os caras que dançavam com a gente e os ameaçando para que se mantivessem afastados de nós.
Apertei os olhos em direção a eles e fui até onde Selena estava. O local estava cheio, e tive de empurrar algumas pessoas para abrir caminho. Nicholas me agarrou pela mão antes que eu conseguisse chegar até a pista.
— Não conta pra ela! — ele disse, tentando conter o sorriso.
— Que diabos você acha que está fazendo, Nick?
Ele deu de ombros, ainda orgulhoso de si.
— Eu amo a Selena. Não posso deixar outro cara dançar com ela.
— Então qual é a sua desculpa para arrancar o cara que estava dançando comigo? — falei, cruzando os braços.
— Não fui eu — disse ele, olhando de relance para Joseph. — Desculpa, Demi. A gente só estava se divertindo.
— Não tem graça nenhuma.
— O que não tem graça nenhuma? — Selena perguntou, olhando furiosa para Nicholas.
Ele engoliu em seco, lançando um olhar suplicante em minha direção. Eu lhe devia um favor, por isso fiquei de boca fechada.
Ele suspirou de alívio quando se deu conta de que eu não o denunciaria, então olhou para Selena com doce adoração.
— Quer dançar?
— Não, não quero dançar—ela disse, voltando para a mesa.
Ele a seguiu, deixando Joseph e eu ali parados.
Joseph deu de ombros.
— Quer dançar?
— Por quê? A Megan não veio hoje?
Ele balançou a cabeça.
— Você costumava ficar tão meiga quando estava bêbada.
— Fico feliz em te decepcionar — falei, virando-me e seguindo em direção ao bar.
Ele veio atrás de mim, puxando dois caras de onde estavam sentados.
Fuzilei-o com o olhar por um instante, mas ele me ignorou, se sentando e me observando com uma expressão de expectativa.
— Não vai sentar? Vou comprar uma cerveja pra você.
— Achei que você não comprava bebida pra mulheres no bar.
Ele inclinou a cabeça na minha direção, franzindo a testa, impaciente.
— Você é diferente.
— Isso é o que você vive me dizendo.
— Ah, vamos, Flor, o que aconteceu com o lance de sermos amigos?
— A gente não pode ser amigos, Joseph. É óbvio.
— Por que não?
— Porque eu não quero ficar olhando você atacar uma garota diferente toda noite, e você não deixa ninguém dançar comigo.
Ele sorriu.
— Eu te amo. Não posso deixar outros caras dançarem com você.
— Ah, é? Quanto você me amava quando estava comprando aquela caixa de camisinhas?
Joseph se encolheu, eu me levantei e fui até a mesa. Nicholas e Selena estavam se abraçando bem apertado, fazendo uma cena enquanto se beijavam apaixonadamente.
— Acho que vamos ter que ir na festa dos namorados da Sig Tau — disse Finch, franzindo a testa.
Suspirei.
— Merda.

 ~*~

OBRIGADA POR COMENTAREM!!
Estou sem tempo algum pra postar, gente... Sério. 
Mas olha eu aqui de madrugada postando para vocês ;D Sou muito legal, podem dizer haha
Amores, to morrendo de sono, então não vou responder os comentários.
Porém, eu li todos!!! Obrigada, de novo <333

Comentem <333

5 comentários:

  1. PERFEITO
    adorei eles tirando os caras de perto da meninas kkkkkk
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    a parte da camisinhas foi um tapa na cara né Demi?? kkkkk
    "— Acho que vamos ter que ir na festa dos namorados da Sig Tau — disse Finch, franzindo a testa.
    Suspirei.
    — Merda." morri de rir com essa parte



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    Beijos

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  2. KKKKKKKKKKKKK "merda"
    Adorei..
    Rachei de rir...........

    AIn... EU TO ANGUSTIADA COM A SITUAÇÃO DE JEMI....
    "/
    POSTA MAIS
    PLEASEEEE

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  3. adori , amei , maravilhoso . posta logoo

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  4. Adorei o capitulo!
    Muito bom!

    Foi criado um blog de criticas de fanfics. Se quiser se inscrever veja o blog: http://criticasdefanfics.blogspot.pt/
    Se quiser participar não se esqueça de ver as regras.

    Posta logo.

    Beijos.

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  5. Adorei o capítulo.
    Ri no final hahahahaha
    Não tem jeito mesmo com esses dois...
    Estou amando a fic.
    Posta logo!
    bjss.

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