Configurar e
testar o som eram coisas em que eu não podia ajudar. Então, em vez disso, eu
lidei com as coisas nos bastidores. Assegurei-me que o buffet de jantar estava
pronto para que os meus caras pudessem comer antes de tocarem mais tarde esta
noite. Então percorri a minha lista de coisas a fazer para preparar tudo ao
grupo de fãs nos bastidores.
A maioria era
do sexo feminino, todas esperando entrar na cama de pelo menos um membro dos
Asas do Demônio. Eu odiava todas e cada uma delas, mas simplesmente lhes dava
olhares desdenhosos e frios. Elas me odiavam também, porque todo mundo que era
um fã dos Asas do Demônio sabia que eu era a única mulher que importaria para
qualquer um dos membros da banda.
Assegurei-me
que os fãs nos bastidores ficavam em sua área designada com segurança a
observá-los como falcões - nunca se sabe quando pretendiam infiltrar-se no
vestiário para uma rapidinha, ou pior, ficar famosos por matar um famoso
roqueiro, enquanto me certificava que meus rapazes estavam atendidos. Fiquei
aliviada por encontrá-los todos comendo em seu camarim. Mesmo Drake, mas ele me
fez balançar a cabeça quando vi que em vez de um refrigerante ou até mesmo água
ele estava bebendo sua garrafa habitual de Jack Daniels.
Peguei a
garrafa dele, coloquei uma garrafa de água fria em suas mãos e me virei para ver
se alguém precisava de alguma coisa. Quando acabaram de comer eu joguei seus
pratos no lixo e me certifiquei que tinham água ou Gatorade em suas mãos. Eles
precisavam se hidratar porque um concerto sempre era cansativo. Especialmente
Joe que estaria correndo ao redor do palco cantando.
Olho de uns
para os outros, avaliando a beleza pura e masculina de cada um deles. Drake e
Shane com seu longo cabelo escuro e grandes olhos azuis cinzentos. Os irmãos
eram lindos com suas fortes características faciais e corpos que eram ambos
definidos e cobertos de tatuagens. Nick com a cabeça careca e aqueles grandes
olhos castanhos que mudavam com suas emoções. Ele era grande, músculos
salientes em todo o lugar e fazendo alguns se perguntarem como ele era capaz de
lidar com a bateria tão bem por causa de sua massa.
Por apenas um
segundo a mais eu deixei meus olhos permanecerem em Joe. Com sua voz que comia
uma mulher de dentro para fora e os olhos castanho-esverdeados meio escondidos
atrás de uma cortina de cílios grossos e escuros, não havia muitas mulheres que
seriam capazes de dizer que Joseph Jonas não afetava sua libido, mesmo
marginalmente. Com músculos definidos, um rosto que fez os deuses chorarem no
dia em que nasceu, e tão alto quanto os seus irmãos da banda, ele tinha todas
as fãs seguindo os Asas do Demônio quer seja por amor, luxúria ou inveja.
— Então, qual
é hoje à noite? Loira, morena ou ruiva? — Eu perguntei com uma sobrancelha
levantada e apenas uma sugestão de um sorriso nos lábios.
Shane sorriu
para mim do sofá onde estava esparramado.
— Eu vou pegar
uma de cada.
Revirei os
olhos para ele. Dos quatro, Shane era o maior prostituto. Um de cada sabor para
ele era pouco.
— Bem, há
muito por onde escolher. Loiras mais do que tudo, como sempre. Por favor,
fiquem seguros. — Atirei a Drake um olhar significativo. — Você tem proteção?
— Demi! —
Havia um rubor verdadeiro em suas bochechas. Eu apenas mantive meus olhos sobre
ele e levantei uma sobrancelha. Por fim, ele desviou o olhar. — Eu tenho
preservativos. — Ele murmurou.
Os outros
apenas riram. Eu ignorei enquanto me virei para a porta.
— Vocês têm
uma entrevista às nove da manhã. Arranjei tudo para usarmos a sala de
conferências no hotel. Então, por favor, expulsem suas vadias de seus quartos
antes de eu bater em suas portas. — Eu sabia que tinha que lhes dar esta aula
agora, porque depois do show eu não imaginava que iria vê-los novamente até de
manhã. — Drake, não me faça lavá-lo de manhã. Tire o cheiro de bebida e
vagabunda mais cedo.
— Jesus, Demi!
— Ele me chamou. — Por que você está pegando no meu pé hoje?
Parei na porta
e me virei para encará-lo.
— Apenas faça,
Drake.
Ele murmurou
alguma coisa baixinho e me senti um pouco mal por tratá-lo de modo tão
mesquinho. Mas ele era um homem crescido e frequentemente eu tinha que dar-lhe
banho porque ele estava demasiado bêbado ou de ressaca para fazer isso sozinho.
O show estava
quase acabando quando senti meu telefone vibrar. Puxei-o para fora do meu bolso
de trás e vi que era o empresário dos Asas do Demônio. O cara me amava porque
eu cuidava de todas as coisas que ele deveria cuidar. Enquanto isso, ele estava
em casa dormindo em sua cama bem grande, e eu estava aqui rebentando minha
bunda pelos meus rapazes.
— O que você
quer? — Eu estalei quando coloquei o telefone no ouvido, andando para longe do
palco para que pudesse ouvi-lo sobre a banda.
Rich Branson
riu, me fazendo querer dar um tapa em seu rosto bonito.
— Quem mijou
nos seus cheerios?
— Eu estou em
um estado de espírito fodido. — O informei, não certa de porque estava sendo
uma vadia esta noite. Mas ele devia estar acostumado com a minha atitude. Odeio
esse cara! — O que você quer?
— O de sempre.
Dominar o mundo. Bilhões de dólares. E uma banda que me faz ficar bem... eu
tenho vários desse último. — Revirei os olhos. Os Asas do Demônio eram a
sua melhor banda. Eles mais do que o faziam parecer bem. Eles faziam as pessoas
pensarem que ele era um gênio por 'descobri-los'. — Joe disse que queria
aproveitar o verão de folga. Estou apenas deixando você saber que eu adiei a
turnê OutroMundo¹/Asas do Demônio para setembro.
Isso me
surpreendeu. Joe não tinha mencionado nada sobre tomar o verão de folga. Por
que ele não me disse? Eu atirei um olhar atrás de mim, desejando poder exigir
algumas respostas de Joe agora. Mas isso teria que esperar. Como a turnê de
verão estava sendo adiada só tínhamos que viajar mais algumas semanas para
terminar de percorrer a Costa do Golfo.
— Tudo bem. —
Eu disse. — Mande-me o novo itinerário. Vou me certificar de que tudo é
cuidado.
— Eu sei que
você vai. É por isso que eu te amo tanto, princesa. Você faz minha vida tão
fácil.
Cerrei os
dentes.
— Não me chame
de princesa. — Eu praticamente gritei com ele e terminei a chamada. Eu
realmente não gostava desse babaca. E detestava ser chamada de princesa. O
filho da puta sabia disso, mas ainda assim fazia questão de me chamar desse
jeito a cada oportunidade disponível.
A voz de Joe
no palco me tirou do meu ódio por Rich e eu voltei minha atenção de volta para
os meus rapazes. A voz de Joe estava deixando a população feminina louca. A
mistura de rouquidão com cascalho e sedução era uma carícia para aquele lugar
escuro entre as pernas de uma mulher. Eu não era nem perto de imune a ela e
encontrei-me deixando o meu desejo por ele mostrar enquanto ficava lá
assistindo a banda.
Quando um dos
técnicos de som esbarrou em mim por acidente eu rapidamente saí da minha
neblina de desejo e me ocupei. Eu não podia deixar ninguém ver como Joe me
afetava. Eu sabia que ele não se sentia da mesma maneira. Para ele e o resto
dos caras eu era como sua irmã mais nova. Eles dariam a vida por mim, assim
como eu faria por eles...
E quando se
tratava de Joe eu era apenas a menina que ele passou os últimos 17 anos de sua
vida cuidando. Eu ignorava meus sentimentos, porque sabia que eu não era o que
ele queria. Sua felicidade era mais importante do que a minha.
Com lábios
trêmulos eu me certifiquei de não ouvi-lo cantar mais naquela noite.
_________
¹ Outra banda.
Capítulo 3
Eu nunca fui uma fã de vômito. Limpei mais da
minha parte ao longo dos anos. Da minha mãe, principalmente, e nos últimos anos
tem sido o dos caras – de Drake normalmente. Mas o meu próprio? Eu só tive que
fazer isso algumas vezes na minha vida.
Esta manhã foi um desses momentos.
Eu soube que não ia conseguir conter assim que
me virei na cama. Meu estômago me deu um aviso de dois segundos antes de eu
estar tentando saltar da cama. Alcancei o fim do colchão antes de expulsar toda
a escassa refeição que me forcei a comer no dia anterior. O cheiro é pior do
que a visão.
Assim que consigo um pequeno freio no meu
reflexo de vômito vou para o banheiro para que possa terminar. Meu cabelo fica
no meu caminho e acabo vomitando um pouco nele antes que eu possa empurrá-lo
para fora do meu rosto. O cheiro me enoja e eu vomito até ficar arfando.
Lágrimas rolam pelo meu rosto, minha testa está suada, e meu estômago ainda
está rolando.
Rezo a todos os deuses que conheço e imploro
por misericórdia. Nenhuma vem. Em vez disso eu tenho que me esforçar para
levantar em pernas bambas e mantenho minha boca debaixo da torneira até que eu
tenha o gosto de bile na maior parte fora da minha boca. Eu quero um chuveiro,
mas tenho que limpar a bagunça no quarto antes que eu possa fazer isso.
Quando eu finalmente entro no chuveiro me
sinto um pouco melhor. Mas estou atrasada por isso tenho que deixar meu cabelo
molhado e correr para vestir algumas roupas antes de acordar os caras.
Eu não estou surpresa ao descobrir que Shane
ainda está coberto em meninas quando abro a porta do quarto de hotel. O intenso
cheiro de sexo no quarto faz o meu estômago protestar, mas eu engulo a bile
subindo e arrasto-o para fora sob as três meninas. Pego seu cabelo em meus
punhos e puxo até que ele esteja em seus pés.
— Cai na porra do chuveiro! — Eu comando, não
com vontade de ter de lidar com vadias após a manhã que já tinha tido. — Eu dou
a seu maldito irmão uma palestra sobre essa merda, mas é com você que eu tenho
que lidar essa manhã.
— Demi! — Ele protesta quando eu o empurro
para o chuveiro e ligo a água fria em plena pressão. — Foda-se!
— Esteja lá embaixo em dez minutos. — Eu digo
para ele antes de bater a porta do banheiro atrás de mim. As vadias sobre a
cama estão acordando e eu dou-lhes olhares enojados. — Peguem suas merdas e
saiam. Vocês têm dois minutos antes de a segurança jogar vocês para fora,
vestidas ou nuas. Eu não dou a mínima.
Nick ainda está dormindo quando eu entro em
seu quarto. O cheiro de sexo ainda permanece no quarto, mas ele está sozinho em
sua cama. Eu nem sequer tento despertá-lo com suavidade. Apenas encho um copo
com água e despejo-o em sua cabeça.
— Estou acordado. Estou acordado. — Ele
engasga.
— Bom. — Eu estalo e deixo-o para ficar
pronto.
Fico surpresa ao descobrir que Joe já está
acordado. Quando eu coloco o meu cartão-chave em sua porta ela se abre. Ele já
está vestido. Seu cabelo grosso já está arrumado e tudo mais. Como
sempre a visão dele me faz doer em lugares que eu não deveria estar doendo. Ele
me dá uma carranca preocupada.
— Demi?
Sentindo-se bem, menina?
O movimento fez-me tonta e meu estômago ainda
está protestando. Mas eu não estou com vontade de discutir com ele. Se ele
souber que eu estou doente, vai insistir na minha ida a um médico. Não vai
acontecer!
— Obrigada por estar acordado. — Murmurei.
— D... — Ele para quando me viro para sair.
Eu o ignoro enquanto avanço para o elevador e
vou um andar acima. O quarto de Drake fede a bebida, suor e sexo. Mas,
felizmente, a menina - ou possivelmente até mesmo meninas, considerando o
número de embalagens de preservativos no chão ao lado da cama, - se foram. Ele
já está um pouco acordado quando eu ando para dentro. É claro que é porque ele
está com a cabeça no vaso sanitário. O som dele vomitando faz meu próprio
reflexo de vômito voltar e eu corro para a pia. Bile verde é tudo o que eu
posso produzir e ligo a torneira para que eu possa engolir alguma água. Pelo
menos agora eu tenho alguma coisa para libertar.
A mão suada de Drake toca as minhas costas.
— Demi? — Sua voz coaxa o meu nome e eu olho
para ele, limpando o suor do meu lábio superior. — Você está bem?
Dou-lhe um sorriso fraco.
— Acho que nós dois tivemos uma manhã difícil.
— Murmuro.
Ele geme enquanto se levanta. Ele está nu, mas
nenhum de nós se importa. Eu já vi cada centímetro dos meus rapazes. Não somos
tímidos sobre as partes do nosso corpo. Nenhum de nós pisca um olho quando
vemos o outro nu... Ok, talvez eu pisco um olho ou dois quando vejo Joe nu, mas
eu nunca iria deixá-los saber.
— Você nunca fica doente.
Eu dou de ombros.
— Estou bem. Nada para se preocupar. Tome um
banho, ok? — Ele assente e me viro para ir embora. — Escove os dentes. — Lembro
a ele.
Dez minutos depois, eles estão todos sentados
no longo sofá na sala de conferências. Um buffet de pequeno-almoço já foi
servido. Eu tento respirar pela boca para não ser dominada pelos cheiros.
Normalmente eu prepararia um prato de comida e xícaras de café para eles, mas
esta manhã eu não acho que eu poderia lidar com isso e não vomitar. Felizmente
nenhum deles parece se importar que eu não estou cuidando de suas necessidades.
O repórter da revista Rock America já
está fazendo-lhes perguntas. Magro, com óculos de lentes grossas e uma voz
nasal que arrepia a minha espinha com cada palavra que sai de sua boca torcida,
eu me pergunto como esse cara se tornou famoso como jornalista na comunidade
rock. Provavelmente tinha um pai que era importante. Eu não estava certa e não
poderia ter me importado menos. O homem quer saber o que todo mundo que é fã
dos Asas do Demônio quer saber. Como eles se conheceram? Qual é o significado
do nome da banda? Quais são seus planos para o verão? Quando é que vai haver um
novo álbum?
Como sempre eles não responderam as primeiras
duas perguntas do homem – ninguém sabe de onde vieram ou como suas vidas eram
antes de ficarem famosos; principalmente como uma forma de proteger-me por
causa do estilo de vida desagradável da minha mãe, mesmo que as próprias
infâncias deles não tenham sido muito felizes. Mas eles entram em detalhes
sobre o verão e o novo material em que Joe está trabalhando para seu próximo
álbum. Uma hora depois o cara se levanta para sair. Depois de apertar a mão de
todos, ele se vira para mim.
— Então, você gosta de trabalhar para os Asas do
Demônio?
— Demi não é a ajuda contratada. — Nick
informa o cara, algo que todos nós sabemos que ele já sabia. — A entrevista
terminou. — O aviso é claro e evidente na voz do baterista e o repórter faz a
sua fuga. Nick pode ser um cabeça quente, fácil de ficar com raiva às vezes e
rápido para dar um soco. Eu tive de salvar seu traseiro da prisão algumas vezes
por entrar em brigas.
Eu espero alguns momentos para ter certeza de
que o cara se foi antes de virar para encará-los.
— Eu quero dizer que sinto muito por ser uma
cadela ontem e esta manhã. — Eu lhes digo, com remorso. Não costumo agir como
uma cadela para os meus rapazes. Honestamente, eu posso ser A Rainha Cadela
quando tenho que ser, mas não para eles.
— Sente-se, Demi. — Nick me ordena. Quando eu
apenas fico ali de pé, ele agarra minha mão e me puxa para baixo no sofá entre
ele e Joe. — Nós precisamos conversar.
Eu mordo meu lábio, com medo de que eles vão
me fazer ir ao médico. Ou gritar comigo. Dos dois eu acho que preferia que eles
gritassem, mas qualquer um me faria chorar. Joe envolve seu braço sobre meu
ombro, seus dedos brincando com as pontas do meu cabelo ainda úmido. É como um calmante
e apenas estar tão perto dele me faz sentir segura e amada.
— Demi, podemos ver que você está ficando cansada. Está tudo bem. Nós todos estamos. É por isso que vamos tirar o verão de folga.
— Demi, podemos ver que você está ficando cansada. Está tudo bem. Nós todos estamos. É por isso que vamos tirar o verão de folga.
— Eu já sabia que vocês planejavam tirar o
verão de folga. — Reviro os olhos para ele. — Rich me ligou na noite passada. —
Eu digo quando ele parece confuso. — Nós vamos em turnê com Axton e OutroMundo
a partir de setembro.
— Fodido Rich. — Nick resmungou. — Nós
queríamos fazer uma surpresa.
— De qualquer forma... Estávamos pensando em
alugar uma casa em algum lugar. Mas nós pensamos que você gostaria de escolher
onde. — Joe sorriu para mim, aquele sorriso que sempre faz meu coração doer por
coisas que eu sei que nunca poderei ter. — Em qualquer lugar do mundo que você
quiser, Demi. Escolha um lugar, encontre-nos uma casa e é aí que vamos passar o
nosso verão.
Meu queixo tremeu. Fiquei aliviada que eles
não estavam gritando, que Drake não tinha me delatado para os outros e eles não
estavam todos insistindo que eu fosse ver um médico. Então, por que eu estava
chorando, de repente?
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