— A gente se vê depois — disse ele. — Eu te amo.
Nicholas ergueu minha mala e a
colocou no porta-malas do Honda, e Selena se sentou ao meu lado. Joseph cruzou
os braços no peito, conversando com o primo enquanto Selena dava partida.
—
Você não pode ficar no seu quarto hoje, Demi. Ele vai direto pra lá quando
sacar o que aconteceu — ela disse, enquanto saía do estacionamento em marcha a
ré.
Meus
olhos se encheram de lágrimas, que transbordaram e caíram pelo meu rosto.
—
Eu sei.
A
alegria no rosto de Joseph desapareceu quando ele viu minha expressão. Na mesma
hora foi correndo até a minha janela.
—
O que aconteceu, Flor? — ele me perguntou, batendo de leve vidro.
—
Vai, Sel. — falei, secando os olhos.
Eu
me concentrei na rua á minha frente enquanto ele corria ao lado do carro.
—
Beija-Flor? Selena para a merda desse carro! — ele gritou, batendo a palma da
mão com força no vidro. — Demi, não faz isso! — ele disse, percebendo o que
estava acontecendo, com uma expressão distorcida de medo.
Selena
virou na rua principal e pisou no acelerador
—
Eu vou escutar até o fim da vida por causa disso... só pra você saber.
—
Sinto muito, Sel. Muito mesmo.
Ela
olhou de relance no espelho retrovisor e apertou o acelerador.
—
Meu Deus, Joseph - murmurou baixinho.
Eu
me virei e o vi correndo a toda velocidade atrás de nós, desaparecendo e
reaparecendo entre as luzes e as sombras dos postes da rua. Quando chegou ao
fim da quadra, ele virou na direção oposta e seguiu correndo rumo ao
apartamento.
—
Ele vai voltar para pegar a moto. Vai nos seguir até o Morgan e fazer uma cena
daquelas.
Fechei
os olhos.
—
Então anda logo. Vou dormir no seu quarto hoje. Você acha que a Vanessa vai se
incomodar?
—
Ela nunca está lá. Ele realmente vai trabalhar para o Benny?
A
palavra ficou presa na minha garganta, então eu só assenti. Selena pegou minha
mão e a apertou de leve.
—
Você está tomando a decisão certa, Demi. Você não pode passar por isso de novo.
Se ele não quer te ouvir, não vai ouvir ninguém.
Meu
celular tocou. Baixei o olhar e vi a cara de bobo do Joseph, então apertei o
botão para ignorar a chamada. Menos de cinco segundos depois, tocou de novo.
Desliguei o celular e o enfiei na bolsa.
—
Isso vai dar uma puta confusão — falei, balançando a cabeça e secando os olhos.
—
Não invejo sua vida pela próxima semana ou mais. Não consigo imaginar terminar
o namoro com alguém que se recusa a ficar afastado. Você sabe como vão ser as
coisas, não sabe?
Paramos
o carro no estacionamento do Morgan. Selena segurou a porta aberta enquanto eu
entrava com a mala. Corremos até o quarto dela e soltei o ar que vinha
prendendo, esperando que ela abrisse a porta. Tão logo ela fez isso, me jogou a
chave.
—
Ele vai acabar sendo preso ou algo do gênero — Selena disse. Ela atravessou o
corredor e fiquei olhando enquanto cruzava, apressada, o estacionamento,
entrando no carro no exato momento em que Joseph estacionou a moto ao lado
dela. Ele deu a volta correndo até o lado do passageiro e abriu a porta com
tudo, olhando para o Morgan quando se deu conta de que eu não estava ali.
Selena recuou com o carro enquanto ele corria para dentro do prédio. Eu me
virei, olhando para a porta.
Na
outra ponta do corredor, Joseph socava a porta do meu quarto, chamando meu
nome. Eu não fazia nem ideia se Kara estava lá, mas, se estivesse, me senti mal
pelo que ela teria de aguentar durante os minutos seguintes, até que Joseph
aceitasse o fato de que eu não estava ali.
—
Flor? Abre a porra dessa porta! Não vou embora até você falar comigo! — ele
gritou, batendo na porta com tamanha força que o prédio todo poderia ouvi-lo.
Eu
me encolhi ao ouvir a vozinha de rato de Kara.
—
Que foi? — ela grunhiu.
Encostei o ouvido na porta, me esforçando
para escutar. Não precisei me esforçar muito.
—
Eu sei que ela está aí! — ele berrou. — Beija-Flor?
—
Ela não... - Kara guinchou.
A
porta bateu com tudo na parede de cimento e eu sabia que Joseph havia forçado a
entrada. Depois de um minuto de silêncio, ele atravessou o corredor aos berros.
—
Beija-Flor! Onde ela está?
—
Eu não sei! — gritou Kara, com mais raiva do que nunca.
A
porta se fechou com muita força, e de repente senti um enjoo terrível e fiquei
esperando pelo que ele faria em seguida.
Depois
de muitos minutos de silêncio, abri uma fenda na porta e espiei pelo amplo
corredor. Joseph estava sentado, encostado na parede cobrindo o rosto com as
mãos. Fechei a porta o mais silenciosamente possível, preocupada que a polícia
do campus pudesse ter sido chamada. Depois de uma hora, olhei de relance para o
corredor de novo. Ele não havia saído do lugar.
Verifiquei
mais duas vezes durante a noite e por fim peguei no sono, lá pelas quatro da
manhã. Dormi até mais tarde, sabendo que não iria à faculdade naquele dia.
Liguei o celular para verificar as mensagens e vi que Joseph tinha enchido
minha caixa postal. As infinitas mensagens de texto que ele tinha me enviado
durante a noite variavam de pedidos de desculpas a desvarios descontrolados.
Liguei
para Selena à tarde, na esperança de que Joseph não tivesse confiscado o
celular dela. Quando ela atendeu, soltei um suspiro.
—
Oi.
Ela
manteve a voz baixa.
—Não
contei pro Nicholas onde você está. Não o quero no meio disso. O Joseph está
louco da vida comigo. Provavelmente vou passar a noite no Morgan hoje.
—
Se o Joseph não tiver se acalmado... boa sorte ao tentar dormir aqui. Ele fez
uma performance digna de Oscar no corredor ontem à noite. Estou surpresa de
ninguém ter chamado os seguranças.
—
Ele foi expulso da aula de história hoje. Quando você não apareceu, ele chutou
e virou a sua carteira e a dele. O Nick ouviu dizer que ele ficou esperando por
você depois de todas as suas aulas. Ele está ficando maluco, Demi. Eu disse a
ele que estava tudo acabado entre vocês dois no momento em que ele tomou a
decisão de trabalhar para o Benny. Não consigo acreditar que ele achou por um
único segundo que você ficaria de boa com isso.
—
Acho que a gente vai se ver quando você chegar aqui. Ainda não posso ir para o
meu quarto.
Selena
e eu fomos colegas de quarto durante a semana que se seguiu, e ela se
certificou de manter Nicholas afastado para que ele não ficasse tentado a
contar a Joseph o meu paradeiro. Era desgastante tentar não me deparar com ele.
Eu evitava a todo custo o refeitório e a aula de história, e agia com cautela,
saindo mais cedo das aulas. Eu sabia que teria de conversar com Joseph em algum
momento, mas não conseguiria fazer isso até que ele estivesse calmo a ponto de
aceitar a minha decisão.
Na
sexta-feira à noite, eu estava sentada na cama, sozinha, segurando o celular ao
ouvido. Revirei os olhos quando meu estômago grunhiu.
—
Eu posso ir te buscar e te levar pra jantar — me disse Selena.
Fiquei
folheando o livro de história, pulando as páginas em que Joseph tinha desenhado
e escrito mensagens de amor nas margens.
—
Não, essa é a sua primeira noite com o Nick em quase uma semana. Sel. Eu dou
uma passada lá no refeitório.
—
Tem certeza?
—
Tenho. Fala pro Nick que eu mandei um “oi”.
Fui
caminhando devagar até o refeitório, sem pressa alguma de aguentar os olhares
fixos em mim daqueles que estavam às mesas. A faculdade inteira estava
alvoroçada com nosso término, e o comportamento volátil de Joseph não ajudava.
Assim que avistei as luzes do refeitório, vi uma silhueta escura se
aproximando.
—
Beija-Flor?
Parei,
alarmada. Joseph apareceu sob a luz, pálido e com a barba por fazer.
—
Meu Deus, Joseph! Você quase me mata de susto!
—
Se você atendesse ao telefone quando eu te ligo, eu não precisaria te seguir no
escuro.
— Você está com uma cara
horrível — falei.
— Estive no inferno uma ou
duas vezes essa semana.
Apertei os braços ao redor do
corpo.
— Estou indo pegar algo pra
comer. Te ligo depois, tá?
— Não. Nós precisamos
conversar.
— Joe...
— Eu recusei a oferta do
Benny. Liguei pra ele na quarta-feira e disse, não...
Havia um brilho de esperança
em seus olhos, que desapareceu quando ele notou a minha expressão.
— Eu não sei o que você quer
que eu diga, Joseph.
— Diz que me perdoa. Que me
aceita de volta.
Cerrei os dentes, me proibindo
de chorar.
— Não posso.
Seu rosto se contorceu.
Aproveitei a oportunidade para dar a volta por ele, mas ele deu um passo para o
lado e se pôs no meu caminho.
— Eu não comi, não dormi...
não consigo me concentrar. Eu sei que você me ama. Tudo vai voltar a ser como
era se você me aceitar de volta.
Fechei os olhos.
— A gente não dá certo juntos,
Joseph. Acho que você está obcecado com o pensamento de me possuir mais do que
qualquer outra coisa.
— Isso não é verdade. Eu te
amo mais do que amo a minha própria vida, Beija-Flor — disse ele, magoado.
— É exatamente disso que eu
estou falando. Isso é papo de gente louca.
— Não é loucura. É a verdade.
— Tudo bem... então qual é a
ordem pra você? É o dinheiro, vida... ou tem algo que vem antes do dinheiro?
—
Eu percebi o que eu fiz, ok? Eu entendo por que você pensa assim, mas, se eu
soubesse que você ia me deixar, eu nunca teria... Eu só queria cuidar de você.
—
Você já disse isso.
—
Por favor, não faz isso. Eu não suporto essa sensação... isso está... está me
matando — ele disse, exalando como se o ar tivesse saído por nocaute.
—
Pra mim chega, Joseph.
Ele
se encolheu.
—
Não diz isso.
—
Acabou.
Vai pra casa.
Ele juntou as sobrancelhas.
— Você é a minha casa.
As palavras dele foram cortantes, e meu
peito ficou tão apertado que era difícil respirar.
— Você fez sua escolha, Joe. E eu fiz a
minha — falei, amaldiçoando o tremor na minha voz.
— Eu vou ficar longe de Las Vegas e longe
do Benny... Vou terminar a faculdade. Mas eu preciso de você. Você é a minha
melhor amiga. — A voz dele estava desesperada e partida, igualando-se à sua
expressão.
Sob a luz difusa, pude ver uma lágrima
cair de seu olho e, no momento seguinte, ele esticou a mão para mim e eu estava
em seus braços, e seus lábios nos meus. Ele me abraçou apertado de encontro ao
peito e me beijou, depois aninhou meu rosto nas mãos, pressionando os lábios
com mais força na minha boca, desesperado para obter uma reação.
— Me beija — ele sussurrou, selando a boca
na minha.
Mantive os olhos e a boca fechados,
relaxando em seus braços. Precisei de todas as forças em meu ser para não mover
minha boca junto à dele, tendo desejado aqueles lábios a semana inteira.
— Me beija! — ele implorou. — Por favor,
Beija-Flor! Eu disse pra ele que não vou!
Quando senti lágrimas quentes ardendo em
meu rosto frio, eu o afastei.
—
Me deixa em paz, Joseph!
Eu
tinha conseguido andar menos de um metro quando ele me agarrou pelo pulso. Meu
braço ficou reto, estirado para trás. Não me virei.
—
Eu te imploro. — Meu braço abaixou e senti um puxão quando ele se pôs de joelhos.
— Estou te implorando, Demi. Não faz isso.
Eu
me virei e me deparei com sua expressão de agonia, então meus olhos se voltaram
para baixo e vi meu nome em espessas letras negras estampado em seu pulso
flexionado. Desviei o olhar em direção ao refeitório. Ele havia provado para
mim aquilo que eu temera o tempo todo. Por mais que ele me amasse, quando
houvesse dinheiro envolvido, eu ficaria em segundo lugar. Exatamente como era
com Patrick.
Se
eu cedesse, ou ele mudaria de ideia em relação a Benny ou ficaria ressentido
comigo todas as vezes em que o dinheiro pudesse tornar sua vida mais fácil. Eu
o imaginava em um emprego num escritório, voltando para casa com a mesma
expressão que Patrick tinha depois de uma noite de azar. Seria minha culpa que
a vida dele não era o que ele desejava, e eu não podia permitir que meu futuro
fosse atormentado pela amargura e pelo arrependimento que havia deixado para
trás.
—
Me solta, Joseph.
Depois
de vários minutos, ele por fim soltou meu braço. Fui correndo até a porta de
vidro, abrindo-a com força, sem olhar para trás. Todo mundo no salão ficou me
encarando enquanto eu caminhava em direção ao bufê, e, assim que cheguei lá,
todos se viraram para olhar para o lado de fora das janelas, onde Joseph estava
de joelhos, com as palmas estiradas no chão.
A
visão dele ajoelhado ali fez com que as lágrimas que eu vinha segurando
voltassem a escorrer rapidamente pelo meu rosto. Passei pela pilhas de pratos e
travessas, atravessando o corredor a toda velocidade em direção aos banheiros.
Já era mim o bastante que todo mundo tivesse visto a cena entre mim e Joseph.
Eu não poderia deixar que me vissem chorar.
Fiquei
encolhida e tremendo na cabine do banheiro durante uma hora, chorando
descontroladamente, até que ouvi alguém bater à porta de leve.
—
Demi?
Funguei.
—
O que você está fazendo aqui, Finch? Você está no banheiro feminino.
A
Kara te viu entrando e foi até o meu quarto me buscar. Me deixa entrar — ele
disse, com uma voz terna.
Fiz
que não com a cabeça. Eu sabia que ele não podia me ver, mas não conseguia
falar mais nenhuma palavra. Ouvi o suspiro que ele soltou e então vi suas mãos
espalmadas no chão, quando ele começou a rastejar sob a porta da cabine.
—
Não acredito que você está me obrigando a fazer isso — ele disse, se arrastando
por debaixo da porta. — Você vai lamentar não ter aberto essa porta, porque
acabei de rastejar nesse chão coberto de xixi e agora vou te abraçar.
Dei
risada uma vez, e então meu rosto ficou comprimido em volta do sorriso quando
Finch me abraçou. Meus joelhos fraquejaram, e ele me abaixou com cuidado até o
chão e me colocou no colo.
—
Shhhh — disse, me embalando em seus braços. Depois suspirou e balançou a cabeça.
— Que droga, menina. O que eu vou fazer com você?
~*~
O que devemos fazer com Ela? hahah
Gente, vocês já entraram de férias? ): eu só entro dia 5 de julho.
~preciso de férias!!!!!~
Comentem, amores <3
Answers:
Scarleet Santos: Obrigada *-* Pois é... ela não está totalmente certa, mas veja pelo lado dela também. A Demi não quer voltar para o pior pesadelo dela... Cara!!! Eu sou do Park Way, mas o Park Way perto de Águas Claras e do Guará. Somos de brasília, mas mesmo assim ainda moramos longe. hahah sacanagem kkkk
Pâm Lovato: Na verdade, uma coisa levou a outra... Tudo tem seus altos e baixos, e agora está, com certeza, no baixo... Ela tem suas razões e devemos compreendê-la também. Mas ela foi sim uma idiota de ter feito o que ela fez nessa segunda parte do capítulo!!
Demetria Devone Lovato: Concordo de certa forma... mas ela tem que parar de pensar somente nela, e ver também o lado dele. Postei (: Beijos.
AFfz....
ResponderExcluirAcho que ela deveria olhar mais pro lado do Joe e ve que ele mudo por causa dela...
Ela vai priva ele e ela de viverem bem pq acha que ELA pode ter uma recaida?
A me poupe...
Ela deveria ta é tentando salva ELE, ela pelo que vi ja se salvo... Joga qndo q e tals e ele?
Agora que ela termino com ele, ctz que ele vai aceita a proposta do benny
eu to quase chorando... Tadinho do Joe!!
ResponderExcluirDemi volta pra ele
está PERFEITO
POSTA LOGO
Beijos
Adorei, mais um selinho para você http://fanmadehistorias.blogspot.com.br/2013/06/selo.html :*
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