Joguei uma pequena pílula
branca na boca e a engoli, com um copo cheio de água. Estava parada no meio do quarto de Joseph de
calcinha e sutiã, me preparando para vestir o pijama.
— O que é isso? — ele me
perguntou da cama.
— Hum... a minha pílula?
Ele franziu a testa.
— Que pílula?
— Pílula, Joseph. Você ainda
não reabasteceu a gaveta, e a última coisa que eu preciso é me preocupar se a
minha menstruação vai descer ou não. Um de nós tem que ser responsável — eu
disse, erguendo uma sobrancelha.
— Meu Deus, como você é sexy!
— disse ele, apoiando a cabeça na mão.
— A mulher mais bonita da
Eastern é minha namorada. Que loucura! Revirei os olhos e deslizei a seda
púrpura sobre a cabeça, juntando-me a ele na cama. Montei com as pernas abertas
em seu colo e beijei seu pescoço, dando risadinhas quando ele deixou a cabeça
cair de encontro à cabeceira.
— De novo? Você vai me
matar, Flor.
— Você não pode morrer — eu
disse, cobrindo o rosto dele de beijos. — Você é durão demais.
— Não, eu não posso morrer
porque tem muito idiota querendo pegar o meu lugar. Vou viver eternamente só
por maldade!
Dei risadinhas encostada em
sua boca e ele me deitou de costas. Deslizou o dedo sob a delicada fita púrpura
presa no meu ombro e a puxou para baixo, beijando minha pele desnuda.
— Por que eu, Joe?
Ele recuou um pouco, buscando
meus olhos.
— Como assim?
— Você já ficou com um monte
de mulheres, se recusou a assumir compromisso com qualquer uma delas, se
recusou até mesmo a pegar um número de telefone... Então, por que eu?
—Porque isso agora? — disse
ele, acariciando meu rosto com o polegar Dei de ombros.
— Só estou curiosa.
— Por que eu? Você tem metade
dos caras da Eastern só esperando que eu estrague tudo.
Torci o nariz.
— Isso não é verdade. Não mude
de assunto.
— É verdade sim. Se eu não
estivesse correndo atrás de você desde o inicio das aulas, você teria mais do
que o Parker Hayes no seu pé. Ele só é egocêntrico demais para ter medo de mim.
— Você está fugindo da minha
pergunta E de um jeito muito ruim, devo acrescentar.
— Tudo bem. Por que você? — Um
sorriso se espalhou em seu rosto enquanto ele se inclinava para me beijar. — Eu
me senti atraído por você desde aquela primeira luta.
— O quê? — perguntei, com uma
expressão desconfiada.
— É verdade. Você naquele
cardigã, com todo aquele sangue... Você estava ridícula — ele riu baixinho.
—Valeu.
O sorriso dele sumiu do rosto.
— E aí você ergueu o olhar pra
mim. Foi naquele momento. Você tinha um ar inocente, ingênuo... sem máscaras.
Você não olhou pra mim como se eu fosse Joseph Jonas — ele revirou os olhos com
as próprias palavras —, você olhou pra mim como se eu fosse... sei lá, uma
pessoa, eu acho.
— Novidade, Joe: você é uma
pessoa.
Ele tirou a franja do meu rosto.
— Não, antes de você aparecer,
o Nicholas era o único que me tratava como uma pessoa qualquer. Você não ficou
toda sem jeito, não me paquerou, não ficou mexendo no cabelo. Você me viu.
—Eu fui uma vaca com você.
Ele beijou meu pescoço.
—Foi isso que completou o
conjunto.
Deslizei as mãos pelas costas
dele até a cueca.
— Espero que isso deixe de ser
novidade logo. Não me vejo nunca ficando cansada de você.
—Promete? — ele sorriu.
Seu telefone vibrou na mesa de
cabeceira e ele sorriu, segurando-o perto do ouvido.
— Oi. Ah, de jeito nenhum, a
Flor tá aqui comigo. A gente está quase indo dormir... Cala a porra da sua
boca, Trent não tem graça... Sério? O que ele está fazendo aqui? — Ele olhou
para mim e deixou escapar um suspiro. — Tudo bem. A gente chega aí em meia
hora... Você me ouviu, babacão. Porque não vou em lugar nenhum sem ela, é por
isso. Você quer que eu arrebente a sua cara quando eu chegar aí? — Joseph
desligou e balançou a cabeça.
Ergui uma sobrancelha.
— Essa foi a conversa mais
esquisita que já ouvi.
— Era o Trent. O Kevin está na
cidade e é noite de pôquer na casa do meu pai.
— Noite de pôquer? — engoli em
seco.
— É, geralmente eles ficam com
todo o meu dinheiro. Malditos trapaceiros!
— Vou conhecer a sua família
em trinta minutos?
— Vinte e sete, pra ser mais
exato.
— Ai, meu Deus, Joseph! —
reclamei, pulando da cama.
— O que você está fazendo?
Remexi
no armário e peguei uma calça jeans, dando pulinhos para vesti-la, depois tirei
a camisola pela cabeça, jogando-a na cara dele.
—
Não acredito que você me avisou vinte minutos antes que eu vou conhecer a sua
família! Eu podia te matar agorinha mesmo!
Ele
tirou minha camisola dos olhos e riu da minha tentativa desesperada de parecer
apresentável. Enfiei uma blusa de gola v preta e corri até o banheiro,
escovando os dentes e passando rapidamente uma escova nos cabelos. Joseph
entrou no banheiro atrás de mim, vestido e pronto, e envolveu minha cintura com
os braços.
—
Estou toda desarrumada! — falei, franzindo a testa ao me olhar no espelho.
—
Você não percebe que é linda? — ele perguntou, beijando meu pescoço.
Bufei
e fui correndo até o quarto para colocar um par de sapatos de salto, então dei
a mão para Joseph enquanto ele me conduzia até a porta Parei, fechando o zíper
da jaqueta preta de couro e puxando os cabelos para cima em um coque apertado,
me preparando para a viagem corrida até a casa do pai dele.
—
Calma, Beija-Flor. É só um bando de caras sentados em volta de a mesa
—
É a primeira vez que vou encontrar seu pai e seus irmãos... tudo ao mesmo
tempo... e você quer que eu me acalme? — falei, subindo na moto atrás dele.
Ele
se virou, encostou no meu rosto e me beijou.
—
Eles vão amar você, que nem eu amo.
Quando
chegamos, deixei os cabelos caírem nas costas e os arrumei com os dedos algumas
vezes, antes de Joseph me conduzir pela porta.
—
Santo Cristo! É o merdinha! — falou um dos meninos.
Joseph
assentiu uma vez. Ele tentou parecer irritado, mas eu pude ver que estava
animado de ver os irmãos. A casa estava marcada pelo tempo, com um papel de
parede amarelo e marrom desbotado e um carpete felpudo em tons diferentes de
marrom. Atravessamos o corredor até uma sala com a porta escancarada. A fumaça
flutuava para dentro do corredor e os irmãos e o pai de Joseph estavam sentados
a uma mesa de madeira redonda com cadeiras diferentes umas das outras.
—
Ei, ei... olha o jeito como você fala, tem uma moça aqui — disse pai dele, o
charuto em sua boca balançando enquanto ele falava.
—
Flor, esse é o meu pai, Paul Jonas. Pai, essa é a Beija-Flor.
—
Beija-Flor? — perguntou Paul, com uma expressão divertida no rosto.
—
Demi — falei, balançando a cabeça.
Joseph
apontou para os irmãos.
— Trenton, Taylor, Tyler e Kevin.
Eles
acenaram com a cabeça.
—
A Demi tem sobrenome? — um quis saber.
—
Lovato —assenti.
—
Prazer em te conhecer, Demi — disse Kevin, sorrindo.
—
Um prazer mesmo — disse Trent, me olhando de cima a baixo com uma cara
travessa. Paul deu um tapa na nuca dele, que soltou um grito.
—
O que foi que eu disse? — ele perguntou, esfregando a nuca.
—
Sente-se, Demi. Observe enquanto tiramos o dinheiro do Joe — disse um dos
gêmeos. Eu não saberia dizer quem era quem, eles eram cópias idênticas um do
outro, até mesmo as tatuagens eram iguais.
A
sala estava decorada com imagens antigas de jogos de pôquer, fotos de lendas do
pôquer posando com um e com outro homem, que presumi ser o avô de Joseph, e
cartas antigas de jogo nas estantes.
—
Você conheceu o Stu Ungar? — perguntei, apontando para a foto empoeirada.
Os
olhos apertados de um ganharam brilho.
—
Você sabe quem é Stu Ungar?
—
Meu pai também é fã dele.
Ele
se levantou, apontando para a foto ao lado.
—
E esse aqui é o Doyle Brunson.
Eu
sorri.
—
Meu pai viu o Doyle jogar uma vez. Ele é incrível.
—
O avô do Joe era profissional... Agente leva o pôquer muito a sério aqui — um
sorriu.
Eu
me sentei entre Joseph e um dos gêmeos, enquanto Trenton embaralhava as cartas
com moderada habilidade. Os garotos colocaram o dinheiro na mesa, e um
distribuiu as fichas.
Trenton
ergueu uma sobrancelha.
—
Quer jogar, Demi?
Sorri
educadamente e balancei a cabeça.
—
Acho melhor não.
—
Você não sabe jogar? — Jim me perguntou.
Não
consegui conter um sorriso. Ele parecia tão sério, quase paternal. Eu sabia que
resposta ele esperava e odiaria desapontá-lo.
Joseph
beijou minha testa.
—
Dê adeus ao seu dinheiro, Demi — Kevin deu risada.
Pressionei
os lábios e enfiei a mão na bolsa, tirando duas notas de cinquenta, Estendi-as
a Paul e esperei, com paciência, enquanto ele as trocava por fichas. A boca de
Trenton se apertou em um sorriso presunçoso, mas o ignorei.
—
Boto fé nas habilidades do Joseph como professor — falei. Um dos gêmeos bateu
as mãos.
—
É isso aí! Vou ficar rico hoje!
—
Vamos começar com pouco dessa vez — disse Paul, jogando uma ficha de cinco
dólares.
Trenton
distribuiu as cartas e Joseph espalhou as minhas em leque para mim.
—Você
já jogou cartas alguma vez na vida?
—
Faz um tempinho — assenti.
—
Rouba-monte não conta — disse Trenton, encarando suas cartas.
—
Cala a boca, Trent — disse Joseph, erguendo o olhar de relance para o irmão
antes de direcioná-lo novamente para as minhas cartas.
—
Você precisa de cartas altas, números consecutivos e, se tiver muita sorte, do
mesmo naipe.
Na
primeira mão, Joseph olhou as minhas cartas e olhei as dele. Basicamente
assenti e sorri, jogando quando ele me dizia para fazê-lo. Nó dois perdemos, e
minhas fichas diminuíram no fim da primeira rodada.
Depois
que Kevin distribuiu as cartas da segunda mão, eu não quis deixar que Joseph
visse as minhas.
—
Acho que já entendi — falei.
—
Tem certeza? — ele me perguntou.
—
Tenho, baby — respondi.
Três
mãos depois, eu já tinha conseguido minhas fichas de volta e aniquilado a pilha
de fichas dos outros jogadores, com um par de ases, um straight e a carta mais
alta.
—
Que saco! — Trenton praguejou. — Sorte de principiante é uma merda!
—
Ela aprende rápido, Joe — disse Paul, mexendo a boca em volta do charuto.
Joseph
tomou um grande gole de cerveja.
—
Você está me deixando orgulhoso, Beija-Flor!
Seus
olhos brilhavam de animação. Eu nunca tinha visto aquele seu sorriso antes.
—
Obrigada.
— Quem não sabe fazer, ensina
— disse Kevin, com um sorriso afetado.
— Muito engraçado, babaca —
Joseph murmurou.
Quatro mãos depois, virei o
que restava da minha cerveja e apertei os olhos para o único homem à mesa que
ainda não tinha passado a mão.
— É com você, Taylor. Vai dar
uma de bebezinho ou vai se compor- como um homem?
— Que se foda — ele retrucou,
jogando as últimas fichas na mesa. Joseph olhou para mim animado, o que me fez
lembrar das expressões daqueles que assistiam a suas lutas.
— O que você tem, Beija-Flor?
— Taylor? — falei, incisiva.
Um largo sorriso se espalhou
pelo rosto dele.
— Flush! — ele sorriu,
espalhando as cartas na mesa.
Seis pares de olhos me
analisavam. Fiquei olhando para a mesa por um momento e então bati minhas
cartas com força.
— Vejam e chorem, meninos!
Ases e oitos! — exclamei, dando risada.
— Um full house? Caraca! —
Trent gritou.
— Desculpa. Eu sempre quis
dizer isso — falei, puxando as fichas para mim.
Kevin estreitou os olhos.
— Isso não é sorte de
principiante. Ela joga.
Joseph olhou para ele por um
momento e voltou o olhar para mim.
— Você já tinha jogado pôquer,
Flor?
Pressionei os lábios e dei de
ombros, exibindo meu melhor sorriso inocente. A cabeça de Joseph foi para trás,
quando ele caiu num incontrolável acesso de riso. Ele tentava falar e não
conseguia, depois bateu na mesa com o punho cerrado.
— Sua namorada acabou de
passar a perna na gente! — disse Taylor, apontando na minha direção.
—
Não acredito! — Trenton lamentou, se levantando.
—
Belo plano, Joseph. Trazer uma jogadora profissional para a nossa noite de
pôquer — disse um, piscando para mim.
—
Eu não sabia! — ele respondeu, balançando a cabeça.
—
Ah, tá — disse Kevin, olhando para mim.
—Não
sabia mesmo! — Joseph confirmou, em meio às gargalhadas.
—
Odeio dizer isso, mano, mas acho que acabei de me apaixonar pela sua garota —
disse Tyler.
—
Opa! — disse Joseph, rapidamente tirando o sorriso do rosto e fazendo uma
careta.
—
É isso aí. Eu estava pegando leve com você, Demi, mas vou ganhar meu dinheiro
de volta agora mesmo — Trenton avisou.
Joseph
ficou de fora nas últimas rodadas, observando os irmãos lutarem para recuperar
o dinheiro deles. Mão após mão, eu recolhia todas as fichas, e Kevin começou a
me observar com mais atenção. Toda vez que eu abria minhas cartas na mesa,
Joseph e Pauk davam risada, Taylor xingava, Tyler proclamava amor eterno por
mim e Trent tinha uma crise de raiva.
Troquei
minhas fichas por dinheiro e dei cem dólares para cada um assim que fomos para
a sala de estar. Pauk recusou, mas os irmãos aceitaram, gratos. Joseph me
agarrou pela mão e caminhamos até a porta.
Eu
podia ver que ele estava emburrado, então apertei seus dedos nos meus.
—
Que foi?
—
Você acabou de distribuir quatrocentos dólares, Flor! — ele franziu a testa.
—
Se fosse noite de póquer na Sig Tau, eu ficaria com o dinheiro, mas não posso
roubar seus irmãos quando acabei de conhecê-los.
—
Eles teriam ficado com o seu dinheiro! — ele disse.
—
E eu não teria perdido um segundo de sono por causa disso — disse Taylor.
Kevin
me encarava em silêncio do canto da sala.
—Por
que você fica encarando a minha garota, Kev?
—Qual
é mesmo o sobrenome dela? — Kevin quis saber.
Alternei
meu peso entre uma perna e outra, nervosa. Minha mente buscava freneticamente
algo espirituoso ou sarcástico para dizer a fim de fugir da pergunta. Em vez
disso, fiquei mexendo nas unhas, me xingando em silêncio. Eu devia saber que
não valia a pena ganhar todas aquelas mãos seguidas. Kevin tinha sacado. Eu
podia ver nos olhos dele.
Percebendo
minha inquietação, Joseph se virou para o irmão e colocou o braço em volta da
minha cintura. Eu não sabia ao certo se ele estava me protegendo ou se
preparando para o que o irmão ia dizer.
Joseph
se mexia, visivelmente incomodado com a pergunta.
—
É lovato. O que você tem com isso?
—
Posso entender por que você não ligou os pontos antes, Joe, mas agora não tem
mais desculpa — disse Kevin, com um ar presunçoso.
—
De que merda você está falando? — Joseph quis saber.
—
Por acaso você é parente do Patrick Lovato? — Kevin me perguntou.
Todas
as cabeças se viraram na minha direção, e mexi no cabelo, nervosa.
—
Como você conhece o Patrick?
Joseph
entortou a cabeça para me olhar nos olhos.
—
Ele é só um dos melhores jogadores de pôquer que já existiram. Você conhece?
Eu
me encolhi, sabendo que não tinha mais saída a não ser dizer a verdade.
—
Ele é meu pai.
A
sala inteira explodiu.
—
NÃO ACREDITO!
—
EU SABIA!
—
ACABAMOS DE JOGAR PÔQUER COM A FILHA DO PATRICK LOVATO!
—
PATRICK LOVATO! PUTA MERDA!
Kevin,
Paul e Joseph eram os únicos que não estavam gritando.
—
Eu falei pra vocês que era melhor eu não jogar — eu disse.
—
Se você tivesse dito que era filha do Patrick Lovato, acho que gente teria te
levado mais a sério — disse Kevin.
Olhei
para Joseph, que me encarava, espantado.
—
Você é a Lucky Thirteen? — ele me perguntou, com os olhos ainda um pouco
turvos.
Trenton
se levantou e apontou para mim, boquiaberto.
—
A Lucky Thirteen está na nossa casa! Não é possível! Eu não acredito nisso!
—
Esse foi o apelido que os jornais me deram. Mas a história não foi exatamente
aquela — eu disse, inquieta.
—Preciso
levar a Demi pra casa, pessoal — disse Joseph, ainda me encarando.
Paul
me espiava por cima dos óculos.
—Por
que não foi exatamente aquela?
—Eu
não roubei a sorte do meu pai. Tipo, isso é ridículo — dei uma risada abafada,
torcendo o cabelo, nervosa, em volta do dedo.
Kevin
balançou a cabeça.
—
Não, o Patrick deu aquela entrevista. Ele disse que, à meia-noite do seu
aniversário de treze anos, a sorte dele secou.
—
E a sua nasceu — Joseph acrescentou.
—
Você foi criada por mafiosos — disse Trent, sorrindo de animação.
—
Hum... não. Eles não me criaram. Eles só... estavam sempre por perto.
—
Aquilo foi um absurdo, o Patrick jogar o seu nome na lama daquele jeito em
todos os jornais. Você era só uma criança — disse Paul, balançando a cabeça.
—
Na verdade, foi sorte de principiante — eu disse, tentando desesperadamente
ocultar minha humilhação.
—
Você aprendeu com Patrick Lovato — ele parecia incrédulo. — Você jogava com
profissionais, e ganhava aos treze anos de idade, pelo amor de Deus! — Ele olhou
para Joseph e abriu um sorriso. — Não aposte contra ela, filho. Ela não perde.
Joseph
olhou para mim, com a expressão ainda de choque e desorientação.
—Hum...
a gente precisa ir, pai. Tchau, pessoal.
A
conversa animada da família foi sumindo conforme ele me puxava para fora, em
direção à moto. Torci o cabelo em um coque e fechei o zíper do casaco,
esperando que ele falasse algo. Ele subiu na moto sem dizer nada, e sentei de
pernas abertas atrás.
Eu
tinha certeza de que ele sentia que eu não tinha sido honesta, e provavelmente
estava constrangido por ter descoberto uma parte tão importante da minha vida
ao mesmo tempo em que sua família. Eu esperava uma tremenda briga quando
chegássemos ao apartamento, e dezenas de pedidos de desculpas passaram pela
minha cabeça antes de alcançarmos a porta da frente.
Ele
me conduziu pelo corredor, segurando minha mão, e depois me ajudou com o
casaco.
Puxei
o nó cor de caramelo no alto da cabeça e meus cabelos caíram nos ombros em
ondas espessas.
—
Eu sei que você está com raiva — falei, incapaz de olhar nos olhos dele. —
Desculpa não ter te contado antes, mas não gosto de falar disso.
—
Com raiva? — ele disse, — Estou com tanto tesão que nem consigo enxergar direito.
Você acabou de roubar o dinheiro dos babacas dos meus irmãos sem nem
pestanejar, ganhou status de lenda com meu pai e tenho certeza que perdeu de
propósito a aposta que fizemos antes da minha luta.
—
Eu não diria isso...
Ele
ergueu o queixo.
—
Você achou que ia ganhar?
—
Bom... não, não exatamente — falei, tirando os sapatos.
Joseph sorriu.
— Então você queria ficar aqui
comigo. Acho que acabei de me apaixonar por você de novo.
— Como você pode não estar
bravo comigo? — perguntei, jogando os sapatos no armário.
Ele suspirou e assentiu.
— Isso é importante, Flor.
Você devia ter me contado, mas eu entendo por que não contou. Você veio pra cá
pra fugir de tudo aquilo. É como se o céu tivesse clareado... tudo faz sentido
agora.
— Bom, isso é um alívio.
— Lucky Thirteen — disse ele,
balançando a cabeça e tirando minha camiseta.
— Não me chama assim, Joseph.
Não é uma coisa boa.
— Você é famosa, Beija-Flor! —
ele exclamou, surpreso com minhas palavras.
Então desabotoou minha calça
jeans e a puxou para baixo, até os tornozelos, me ajudando a tirá-la.
— Meu pai passou a me odiar
depois disso. Ele ainda me culpa por todos os problemas dele.
Joseph arrancou a camiseta e
me abraçou.
— Ainda não acredito que a
filha do Patrick Lovato está parada na minha frente. Fiquei com você esse tempo
todo e não fazia a mínima ideia.
Empurrei-o para longe.
— Eu não sou a filha do Patrick
Lovato, Joseph! Foi isso que eu deixei pra trás. Sou a Demi. Apenas a Demi! —
falei, indo até o armário, de onde peguei uma camiseta para vestir.
Ele suspirou.
— Desculpa. Estou um pouco
mexido por causa da sua fama.
— Sou só eu! — estirei a palma
da mão no peito, desesperada para que ele me entendesse.
—
Tá, mas...
—
Mas nada. Está vendo como você está me olhando agora? Foi exatamente por isso
que eu não te contei. — Fechei os olhos. — Eu nunca mais vou viver daquele
jeito, Joe. Nem com você.
—
Eita! Calma, Beija-Flor. Não vamos nos deixar levar pela emoção.
Seus
olhos encontraram foco e ele veio até mim e me envolveu nos braços.
—
Não importa o que você foi ou o que você não é mais. Eu só quero você.
—
Acho que temos isso em comum, então.
Ele
me levou até a cama, sorrindo.
—
Somos eu e você contra o mundo, Flor.
Eu
me enrosquei ao lado dele, me ajeitando no colchão. Eu nunca tinha planejado
que ninguém mais, além de mim mesma e da Selena, soubesse do Patrick e nunca
esperei que meu namorado pertencesse a uma família de fissurados por póquer.
Meu peito subiu e desceu com um suspiro pesado, e pressionei o rosto contra
ele.
—
Qual é o problema? — ele me perguntou.
—
Eu não quero que ninguém saiba, Joe. Não queria nem que você soubesse.
—
Eu te amo, Demi. Não vou mais tocar nesse assunto, tá? Seu segredo está a salvo
comigo — ele disse e me beijou na testa.
***
—
Sr. Jonas, o senhor poderia moderar até acabar a aula? — disse o professor
Chaney, em reação às minhas risadinhas enquanto Joseph brincava com o nariz no
meu pescoço.
Pigarreei,
sentindo o rosto irradiar de vergonha.
—
Acho que não, professor Chaney. O senhor já deu uma boa olhada na minha
namorada? — disse Joseph, olhando para mim.
Risadas
ecoaram por toda a sala, e meu rosto pegou fogo. O professor me olhou de
relance com uma expressão meio divertida, meio esquisita, depois balançou a
cabeça para Joseph.
—Só
faça o possível — disse.
A
classe deu risada de novo, e me afundei no meu lugar. Joseph repousou o braço
nas costas da minha cadeira e a aula continuou. Depois de sermos dispensados,
ele me acompanhou até minha próxima aula.
—
Desculpa se te envergonhei. Não consegui me conter.
—
Da próxima vez, tenta.
Parker
passou por nós e, quando respondi a seu aceno de cabeça com um educado sorriso,
seus olhos se iluminaram.
—
Oi, Demi. Vejo você lá dentro.
Ele
foi andando e entrou na sala. Joseph o fuzilou com o olhar por poucos, mas
tensos instantes.
—
Ei — puxei a mão dele até que olhasse para mim. — Esquece o Parker.
—
Ele anda dizendo pros caras na Casa que você ainda liga pra ele.
—
Isso não é verdade — falei, sem me incomodar.
—
Eu sei disso, mas eles não sabem. Ele disse que está só esperando. Ele falou
pro Brad que você só está aguardando o momento certo para me dar um pé na
bunda, e que você liga pra ele pra dizer como está infeliz comigo. Ele está
começando a me deixar de saco cheio.
—
Ele tem uma imaginação e tanto.
Olhei
de relance para Parker e, quando ele percebeu e sorriu, fulminei com o olhar.
—
Você vai ficar brava se eu te fizer passar vergonha mais uma vez?
Dei
de ombros, e Joseph não perdeu tempo e me levou para dentro da sala. Ele parou
ao lado da minha carteira, colocando minha bolsa no chão. Olhou para Parker e
me puxou para si, com uma das mãos na minha nuca e a outra nas minhas costas, e
então me beijou profundamente e com determinação. Ele roçava os lábios nos meus
da forma como fazia apenas quando estávamos a sós. Não pude evitar e agarrei a
camiseta dele com ambas as mãos.
Os
murmúrios e as risadinhas ficaram mais altos quando se tornou claro que Joseph
não me soltaria tão cedo.
—
Acho que ela acabou de engravidar — disse alguém do fundo da sala, rindo.
Eu
recuei ainda de olhos fechados, tentando me recompor. Quando olhei para Joseph,
ele tinha o olhar fixo em mim, com o mesmo controle forçado.
—
Eu só estava tentando provar uma coisa — ele sussurrou.
—
Que ótimo — assenti.
Joseph
sorriu, beijou meu rosto e depois olhou para Parker, que estava espumando de
raiva.
—
Vejo você na hora do almoço — ele piscou.
Caí
na cadeira e soltei um suspiro, tentando me livrar da sensação de formigamento
entre as pernas. Quase não consegui me concentrar na aula de cálculo. Quando
ela acabou, percebi que Parker estava parado perto da porta, encostado na
parede.
—
Parker — eu o cumprimentei com um aceno de cabeça, determinada a não reagir do
modo como ele esperava.
—
Eu sei que vocês estão juntos. Ele não precisa te violentar na frente da classe
inteira por minha causa.
Fiquei
paralisada e parti para o ataque.
—
Então talvez você devesse parar de falar pros caras da fraternidade que eu fico
te ligando. Você está forçando demais a barra, e eu não vou ter dó de você
quando ele acabar com a sua raça.
Ele
torceu o nariz.
—
Olhe o que você está dizendo. Está passando tempo demais com o Joseph.
—
Não, essa sou eu. É apenas um lado meu que você não conhece.
—
Você não me deu exatamente uma chance de te conhecer, não foi?
Suspirei.
—
Não quero brigar com você, Parker. Só não deu certo, tá bom?
—
Não, não está bom. Você acha que eu gosto de ser motivo de piada na Eastern?
Joseph Jonas é o cara que todos nós gostamos, porque ele nos faz ficar bem na
fita. Ele usa as garotas, depois as joga fora, e até os maiores babacas da
Eastern parecem o Príncipe Encantado comparados a ele.
—
Quando você vai abrir os olhos e perceber que ele mudou?
—
Ele não te ama, Demi. Você é só um brinquedinho novo e reluzente. Se bem que,
depois da cena que ele fez na sala de aula, acho que você já está bem usada.
Dei
um tapa na cara dele antes de me dar conta do que tinha feito.
—
Se você tivesse esperado dois segundos, eu teria lhe poupado o esforço, Flor —
disse Joseph, me puxando para trás dele.
Eu
o segurei pelo braço.
—
Não, Joseph.
Parker
parecia um pouco nervoso, enquanto a marca perfeita da minha mão aparecia,
vermelha, em sua face.
—
Eu te avisei — disse Joseph, empurrando-o violentamente contra a parede.
O
maxilar de Parker ficou tenso e ele olhou para mim com ódio.
—
Considere isso um encerramento, Joseph. Posso ver agora que vocês dois foram
feitos um para o outro.
—
Valeu — disse Joseph, enganchando o braço em volta dos meus ombros.
Parker
desencostou da parede e desceu rapidamente as escadas, olhando de relance para
trás para se certificar de que Joseph não o seguia.
—
Você está bem? — Joseph quis saber.
—
Minha mão está ardendo.
Ele
sorriu.
—
Aquilo foi demais, Flor. Estou impressionado.
—
Ele provavelmente vai me processar, e eu vou acabar pagando a entrada dele em
Harvard. O que você está fazendo aqui? Achei que a gente ia se encontrar no
refeitório.
Um
canto de sua boca se ergueu em um sorriso malicioso.
— Não consegui me concentrar
na aula. Ainda estou sentindo aquele beijo.
Olhei para o corredor e depois
para ele.
— Vem comigo.
Ele juntou as sobrancelhas e
sorriu.
— O quê?
Dei uns passos para trás,
arrastando-o comigo, até sentir a maçaneta do laboratório de física. A porta se
abriu. Olhei de relance para trás e vi que o lugar estava vazio e escuro.
Puxei-o pela mão, rindo de sua expressão confusa, e depois tranquei aporta,
empurrando-o de encontro a ela.
Eu o beijei e ele riu
baixinho.
— O que você está fazendo?
— Não quero que você não
consiga se concentrar na aula — falei, beijando-o de novo.
Ele me ergueu e o envolvi com
as pernas.
— Não sei o que eu fiz até
hoje sem você — ele disse, segurando-me com uma das mãos e abrindo o cinto com
a outra —, mas não quero nunca descobrir. Você é tudo que eu sempre quis,
Beija-Flor.
— Só se lembre disso quando eu
tirar todo o seu dinheiro no próximo jogo de pôquer — falei, tirando a
camiseta.
~*~
Postei o capítulo inteiro hoje. Motivo? Simples: Vocês são demais <333
Gente, eu li todos os comentários!!!!! Mas não estou com muito tempo de responder, porque eu ainda tenho que responder as perguntas dos Selos e tals...
MUITO, MUITO, MUITO OBRIGADA POR COMENTAREM E FICO FELIZ QUE ESTEJAM GOSTANDO DA FIC!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Continuem dizendo o que estão achando, porque eu amo saber a reação de vocês! Ok?!
Amo vocês <3
Ps: #OGiganteAcordou #ChangeBrazil #VemPraRua #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeALuta
Eu quero revolucionar esse pais! Quero que toda a merda que os governantes fizeram, mude.
Eu iria pras ruas ajudar nas manifestações, mas eu não posso :/
Ajudem com as Tags no twitter, compartilhem no facebook, reblogue no Tumblr e se der, façam seus pais pararem de ver a manipuladora Rede Globo.
Façam a diferença.
ta divooo demaisssss <3 *___* postaaa logoo
ResponderExcluir#VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeALuta
ameeeei... *_*
ResponderExcluirposta mais
#OGiganteAcordou
MUITO PERFEITO
ResponderExcluiradorei ela jogando com os irmãos do Joe
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o Joe falando com o professor foi muito engraçado
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Beijos
To contigo finalmente o Brasil acordou!! E finalmente essa parte do hino faz sentido #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeALuta