Joseph finalmente abriu
caminho em meio à multidão com Benny ao seu lado, sussurrando em
seu ouvido. Joseph assentiu e respondeu.
Meu sangue correu frio nas veias ao vê-lo ser tão amigável com o cara que havia
nos ameaçado menos de vinte e quatro horas antes. Joseph se deleitou com os
aplausos e os cumprimentos por seu triunfo enquanto a multidão rugia. Ele
caminhava mais ereto, seu sorriso era mais largo, e, quando chegou até mim, me
plantou um beijo na boca.
Pude sentir o suor salgado
mesclado ao gosto ácido do sangue em seus lábios. Ele tinha ganhado a luta, mas
não sem alguns machucados.
— O que foi aquilo? —
perguntei, ao ver Benny rindo com sua gangue.
— Depois eu te conto. Temos
muito o que conversar — disse ele, com um largo sorriso no rosto.
Um homem deu uns tapinhas nas
costas dele.
— Valeu — disse Joseph em
resposta, virando-se para cumprimentá-lo.
— Ansioso para ver mais uma
luta sua, filho — disse o homem, entregando-lhe uma garrafa de cerveja. —
Aquilo foi incrível.
— Vamos, Flor.
Ele tomou um gole da cerveja,
bochechou e cuspiu. O líquido cor de âmbar no chão estava tingido de sangue.
Ele foi passando em meio à multidão, inspirando fundo quando chegamos ao lado
de fora, na calçada. Ele me beijou uma vez e me conduziu pela The Strip, com
passos rápidos e determinados.
No elevador do hotel, me
empurrou de encontro à parede espelhada agarrou minha perna e a ergueu num
movimento rápido de encontro a seu quadril. Sua boca procurou a minha
ansiosamente, e senti sua mão sob meu joelho deslizar até a coxa e puxar minha
saia para cima.
— Joseph, tem câmera aqui —
falei, com a boca encostada na sua.
— Que se foda — ele disse,
rindo baixinho. — Estou comemorando.
Eu o afastei.
— Podemos comemorar no quarto
— falei, limpando a boca e olhando para minha mão, vendo fios vermelhos de
sangue.
— O que há de errado com você,
Beija-Flor? Você ganhou, eu ganhei, nós liquidamos a dívida do Patrick e acabei
de receber a proposta da minha vida.
O elevador se abriu e
permaneci onde estava. Joseph saiu para o corredor.
— Que tipo de proposta? — eu
quis saber
Ele estendeu a mão para mim,
mas ignorei. Meus olhos se estreitaram. Eu já sabia o que ele ia dizer
Ele suspirou.
— Já falei, vamos conversar
sobre isso depois.
— Vamos conversar sobre isso
agora.
Ele se inclinou na minha
direção, me puxou pelo pulso e me ergueu em seus braços.
— Vou ganhar dinheiro
suficiente para devolver a você o que o Patrick te tirou, para você pagar o que
falta da faculdade, para eu terminar de pagar minha moto e comprar um carro
novo para você — ele disse, deslizando o cartão-chave pela ranhura na porta e
abrindo-a, e depois me colocou no chão. — E isso é só o começo!
— E como exatamente você vai
fazer isso?
Senti um aperto no peito e
minhas mãos começaram a tremer.
Ele pegou meu rosto nas mãos,
empolgado.
— O Benny vai me deixar lutar
aqui em Vegas. Seis dígitos por luta, Flor. Seis dígitos por luta!
Fechei os olhos e balancei a
cabeça em negativa, ignorando a excitação nos olhos dele.
— O que você disse pro Benny?
Joseph ergueu meu queixo e
abri os olhos, temendo que ele já tivesse assinado contrato.
Ele riu baixinho.
— Falei pra ele que pensaria
no assunto.
Soltei o ar que estava
prendendo.
— Ah, graças a Deus! Não me
assusta desse jeito, Joe. Achei que você estivesse falando sério.
Ele fez uma careta e assumiu
uma postura firme antes de falar.
— Eu estou falando sério,
Flor. Eu disse a ele que precisava conversar com você primeiro, mas achei que
você ficaria feliz. Ele vai agendar uma luta por mês. Você faz ideia de quanto
dinheiro isso significa? Dinheiro VIVO!
— Eu sei fazer conta, Joseph.
E também sei manter o juízo quando estou em Vegas, algo que, é óbvio, você não
sabe. Tenho que te tirar daqui antes que você faça alguma idiotice.
Fui até o armário, arranquei
nossas roupas dos cabides e as enfiei furiosamente na mala.
Ele pegou gentilmente meus
braços e me virou.
— Eu posso fazer isso. Posso
lutar para o Benny durante um ano e a gente fica bem de vida por um bom tempo,
um bom tempo mesmo.
— O que você vai fazer? Largar
a faculdade e se mudar pra cá?
— O Benny vai pagar minhas
viagens e marcar as lutas de acordo com o meu horário na faculdade.
Dei risada, incrédula.
— Você não pode ser tão ingênuo,
Joseph. Quando se está na folha de pagamento do Benny, você não vai lutar para
ele somente uma vez por mês. Esqueceu do Dane? Você vai acabar se tornando um
dos capanga dele!
Ele balançou a cabeça.
— Nós já discutimos sobre
isso, Flor. Ele não quer que eu faça além de participar das lutas.
— E você confia nele? Sabe por
que o chamam de Benny Liso por aqui?
— Eu quero comprar um carro
pra você, Beija-Flor. Um carro legal. Além de pagar as mensalidades da
faculdade, as minhas e as suas.
—
Ah, a máfia está distribuindo bolsas de estudos agora?
Joseph
cerrou o maxilar. Ele estava irritado por ter que me convencer.
—
Isso vai ser bom pra gente. Eu posso guardar dinheiro até comprar uma casa. Não
consigo ganhar isso em nenhum outro lugar!
—
E quanto à sua formação em direito? Você vai ver seus antigos colegas de classe
com certa frequência trabalhando para o Benny, juro pra você!
—
Baby, eu entendo seu medo, De verdade. Mas estou sendo esperto em relação a
isso. Vou lutar por um ano e depois a gente cai fora para fazer o que bem
entender.
—
Não se larga simplesmente o Benny, Joe. Ele é o único que pode lhe dizer quando
acabou. Você não faz ideia de com quem está lidando! Não consigo acreditar que
você está sequer considerando essa possibilidade! Trabalhar para um homem que
teria mandado os capangas dele nos espancarem sem dó ontem à noite se você não
tivesse impedido?
—Exatamente.
Eu o impedi.
—
Você impediu dois dos capangas dele, Joseph. O que você vai fazer se surgir uma
dúzia deles? O que você vai fazer se eles vierem atrás de mim durante uma de
suas lutas?
—
Não faria sentido ele fazer uma coisa dessas. Vou ganhar uma montanha de
dinheiro pra ele.
—
No momento em que você decidir que não vai mais fazer isso, você se torna
descartável. É assim que essas pessoas trabalham.
Joseph
se afastou de mim e olhou pela janela. As luzes piscantes coloriam suas feições
em conflito. Sua decisão já estava tomada antes mesmo de ele vir falar comigo.
—
Vai dar tudo certo, Beija-Flor. Vou garantir isso. E então a gente vai ficar
bem.
Balancei
a cabeça e me virei, enfiando as roupas na mala. Quando chegássemos em casa, ele
voltaria a ser o velho Joseph novamente. Las Vegas fazia coisas estranhas com
as pessoas, e eu não conseguiria argumentar com Joseph enquanto ele estivesse
embriagado com aquele fluxo de dinheiro e uísque.
Eu
me recusei a continuar discutindo o assunto até que estivéssemos no avião, com
medo de que Joseph me deixasse partir sem ele. Prendi o cinto de segurança e
cerrei os dentes, observando-o olhar de maneira nostálgica pela janela do
avião, enquanto subíamos no céu noturno. Ele já estava sentindo falta da
malícia e das tentações ilimitadas que Vegas tinha a oferecer.
—
É muito dinheiro, Flor.
—
Não.
Ele
virou a cabeça na minha direção.
—
Essa decisão é minha. Não acho que você está tendo uma visão ampla das coisas.
—
E eu acho que você perdeu a droga da razão.
—
Você não está nem considerando a ideia?
—
Não, e nem você. Você não vai trabalhar para um criminoso assassino em Las
Vegas, Joseph. É completamente ridículo que você pense que eu poderia
considerar essa possibilidade.
Ele
suspirou e olhou pela janela.
—
Minha primeira luta é daqui a três semanas.
Meu
queixo caiu.
—
Você já concordou?
Ele
piscou.
—
Ainda não.
—
Mas vai concordar?
Ele
sorriu.
—
Você vai parar de ficar brava quando eu te comprar um Lexus.
—
Eu não quero um Lexus — falei, borbulhando de raiva.
—
Você pode ter qualquer coisa que quiser, baby. Imagine a sensação de ir até a
concessionária e só precisar escolher sua cor predileta.
—
Você não está fazendo isso por mim. Pare de fingir que é por mim.
Ele
se inclinou na minha direção e beijou o meu cabelo.
—
Não, estou fazendo isso por nós. Você só não está conseguindo enxergar como vai
ser o máximo.
Um
calafrio se espalhou no meu peito e desceu pela coluna até as pernas. Ele não
conseguiria raciocinar direito até que estivéssemos no apartamento, e eu estava
morrendo de medo que Benny lhe tivesse feito uma oferta que ele não teria como
recusar. Afastei meus temores; eu tinha que acreditar que Joseph me amava o
bastante para esquecer as cifras e as falsas promessas que Benny lhe tinha
feito.
—
Flor? Você sabe preparar peru?
—
Peru? — falei, pega de surpresa pela súbita mudança na conversa.
Ele
apertou de leve a minha mão.
—
É que o feriado de Ação de Graças está chegando, e você sabe que o meu pai te
adora. Ele quer que você apareça por lá, mas a gente sempre acaba pedindo uma
pizza e vendo um jogo na TV. Achei que talvez eu e você pudéssemos preparar um
peru juntos. Sabe, um verdadeiro jantar de Ação de Graças com peru, uma vez na
vida, na casa dos Jonas.
Pressionei
os lábios, tentando não rir.
—
É só colocar o peru numa travessa e deixar assando o dia inteiro. Não tem muito
segredo.
—
Então você vem? Vai me ajudar?
Dei
de ombros.
—
Claro.
Ele
se distraiu das intoxicantes luzes lá embaixo, e me permiti ter esperanças de
que ele percebesse, no fim das contas, como estava errado em relação ao Benny.
Joseph
colocou nossas malas na cama e desabou ao lado delas. Ele não tinha mais tocado
no assunto do Benny, e eu estava esperançosa de que Vegas tivesse começado a
sair de seus pensamentos. Dei banho no Totó, com nojo pelo cheiro de fumaça e
meias sujas que ele exalava por ter passado o fim de semana no apartamento do
Brazil. Depois o sequei no quarto com uma toalha.
—
Ah! Agora sim! — dei risada quando ele rebolou, borrifando em mim gotículas de
água. Ele ficou em pé, apoiado nas patas traseiras, e lambeu meu rosto. —
Também senti sua falta, bonitinho.
—
Beija-Flor? — Joseph me chamou, estalando os dedos nervosamente.
—
O quê? — respondi, esfregando Totó com a toalha felpuda amarela.
—
Eu quero fazer isso. Quero lutar em Vegas.
—
Não — falei, sorrindo para a carinha feliz do Totó.
Ele
suspirou.
—
Você não está me ouvindo. Eu vou fazer isso. Daqui a alguns meses você vai ver
que tomei a decisão certa.
—
Você vai trabalhar para o Benny?
Ele
assentiu, nervoso, e depois sorriu.
—
Eu só quero cuidar de você, Flor.
Lágrimas
turvaram meus olhos, sabendo que ele estava determinado. Eu não quero nada comprado
com esse dinheiro, Joseph. Não quero nada que tenha a ver com o Benny, nem com
Vegas, nem com nada daquilo.
—
Você não via problema algum em comprar um carro com o dinheiro das minhas lutas
aqui.
—
É diferente, e você sabe.
Ele
franziu a testa.
—
Vai ficar tudo bem, Flor, Você vai ver.
Fiquei
olhando para ele por um instante, na esperança dever um reluzir de diversão em
seus olhos, esperando que ele me dissesse que estava brincando. Mas tudo que
pude ver foi incerteza e ganância.
—
Então por que você me perguntou, Joseph? Se ia trabalhar pro Benny não
importando o que eu dissesse?
—
Porque quero o seu apoio, mas é muito dinheiro para recusar. Eu seria louco de
dizer não.
Fiquei
sentada por um momento, sem reação. Quando consegui digerir tudo, assenti.
—
Tudo bem, então. Você tomou sua decisão.
Joseph
reluzia de felicidade.
— Você vai ver,
Beija-Flor. Vai ser o máximo! — ele exclamou, me puxando para fora da cama e
beijando meus dedos. — Estou morrendo de fome, e você?
Fiz que não, e ele beijou
minha testa antes de ir até a cozinha. Ao ouvir seus passos sumindo no
corredor, puxei minhas roupas dos cabides, agradecida por ter lugar na mala
para a maioria das minhas coisas. Lágrimas de raiva escorriam pelo meu rosto.
Eu sabia que não devia ter levado Joseph àquele lugar. Eu tinha lutado com
unhas e dentes para mantê-lo afastado do lado negro da minha vida e, no momento
em que a oportunidade se apresentou, eu o arrastei sem pensar duas vezes ao
centro de tudo que eu odiava.
Joseph agora faria parte
daquilo e, se ele não ia me deixar salvá-lo, eu tinha que pelo menos me salvar.
A mala estava tão cheia que
por pouco não consegui fechá-la. Puxei-a da cama e passei pela cozinha sem nem
olhar para ele. Desci rapidamente os degraus, aliviada por Selena e Nicholas
ainda estarem se beijando e rindo no .estacionamento;
— Beija-Flor? — Joseph me
chamou da entrada do apartamento.
Peguei o pulso de Selena.
— Preciso que você me leve até
o Morgan, Sel.
— O que está acontecendo? —
ela me perguntou, notando a seriedade da situação pela expressão do meu rosto.
Olhei de relance para trás e
vi Joseph descendo rápido as escadas e cruzando o gramado para chegar até onde
estávamos.
— O que você está fazendo? —
ele me perguntou, apontando para a minha mala.
Se eu lhe contasse a verdade
naquele momento, todas as esperanças de me separar do Patrick, de Vegas, do
Benny e de tudo que eu não queria estariam perdidas. Joseph não me deixaria ir
embora, e, pela manhã, eu teria me convencido a aceitar a decisão dele.
Cocei a cabeça e abri um
sorriso, tentando ganhar tempo para pensar em uma desculpa.
— Vou levar minhas coisas até
o Morgan. Lá eles têm todas aquelas lavadoras e secadoras, e eu tenho uma
quantidade enorme de roupa suja para lavar.
Ele franziu a testa.
— Você ia embora sem me falar
nada?
Olhei de relance para Selena e
depois para Joseph, me esforçando para chegar à mais crível mentira.
— Ela ia voltar, Joe. Você é
tão paranoico — disse Selena, com o mesmo sorriso indiferente que havia usado
tantas vezes para enganar os pais.
— Ah— ele disse, ainda na
incerteza. — Você vai ficar aqui hoje à noite? — ele me perguntou, beliscando o
tecido do meu casaco.
— Não sei. Depende de quando
vou terminar de lavar e secar minhas roupas.
Joseph sorriu, me puxando para
perto dele.
— Em três semanas, vou pagar
pra alguém lavar e secar suas roupas. Ou você pode simplesmente jogar fora as
roupas sujas e comprar novas.
— Você vai lutar para o Benny
de novo? — perguntou Selena, chocada.
— Ele me fez uma oferta
irrecusável.
— Joseph... — Nicholas começou
a dizer
—Não venham pra cima de mim
com essa também. Se não mudei de ideia pela Flor, não vai ser por vocês.
Selena encontrou o meu olhar e
me entendeu.
— Bom, é melhor a gente ir,
Demi. Vai levar uma eternidade pra você lavar e secar essa pilha de roupas.
Assenti, e Joseph se inclinou
para me beijar. Eu o puxei para perto, sabendo que seria a última vez que
sentiria seus lábios nos meus.
— A gente se vê depois — disse
ele. — Eu te amo.
~*~
Como deu pra perceber, o mar de rosas acabou.
Agora as coisas vão complicar um pouco...
Estão avisados! haha
Comentem, amores *-*
Answers:
Demetria Devone Lovato: Sim, o Joe é foda \O/ hahaha Eu também!! E estamos conseguindo aos poucos isso! Postei (:
Scarleet Santos: Thanks <33 *-* COMO ASSIM VOCÊ É DE BRASÍLIA??? OMG, DE QUE CIDADE TU É?! É MINHA PRIMEIRA LEITORA DAQUI DE BRASÍLIA açlkfçasjdlgh Let me love you <3
Silvia: Thanks. Não tem nada não ^^ obrigada por comentar <333 Também estou em semana de provas :/ Beijos.
Não acredito, lá se vai a Demi abandonar o Joseph denovo ):
ResponderExcluirEssa sua estória é a melhor que to lendo e tão viciante *-*
MMM sim, sou de Brasília. Moro do lado do Nucleo Bandeirante, Candangolândia e você? também nunca conheci uma blogueira de Brasilia *-* kk LOVE ME <33
Não acredito que ela vai fazer isso...
ResponderExcluirela TEM que salvar ele...
Ela que o coloco nessa enrascada..
Se ela o abandonar ela ta sendo egoísta e hipócrita.........
affz...
Eu não sei o que dizer! eu acho que a demi está certa de não querer o Joe em las Vegas, mas também não quero que ela deixe ele
ResponderExcluirPOSTA LOGO
Beijos