Demetria
Não sinto vergonha
da minha irmã, por ela ser deficiente. Mas não quero expor Shelley a Joe.
Pois, se ele rir, eu não vou suportar. Eu me viro de repente e
pergunto:
— Você não é muito bom para seguir pistas, é?
Ele sorri, como se dissesse: O que você acha? Sou membro de uma
gangue...
— Preciso ver como está minha irmã. Você se importaria...?
— Quero ir com você. Assim, terei a oportunidade de conhecer sua
irmã. Vamos, não seja tão desconfiada.
Eu deveria mandá-lo embora, com suas tatuagens e tudo mais.
Deveria, mas não mando. Sem mais uma palavra, levo Joe até nossa biblioteca, um
tanto sombria, com suas estantes de mogno. (n/a: THAT IS MAHOGANY!! kkkkk fãs de Jogos Vorazes entenderão u_u)
Shelley está na cadeira de rodas, assistindo à tevê, com a cabeça
desajeitadamente pendida para um lado. Quando ela percebe que tem companhia,
seu olhar se desprende da tela, se fixa em mim... E depois em Joe.
— Este é Joe — explico, desligando a tevê. — Um colega de classe.
Shelley dá a Joe um sorriso torto e bate em seu teclado personalizado, com os
nós dos dedos.
— Olá — diz uma voz feminina, computadorizada. Shelley pressiona
outro botão. — Meu nome é Shelley — a voz acrescenta.
Joe se ajoelha, para ficar no nível de Shelley. Essa atitude simples,
de respeito, me atinge o coração em cheio.
Colin ignora minha irmã, tratando-a como se ela, além de
deficiente mental, fosse também cega e surda.
— E aí... Tudo bem? — diz Joe, tomando a mão entrevada de Shelley,
num cumprimento. — Belo computador.
— É um PCD, um dispositivo de comunicação pessoal, que ajuda
Shelley a se comunicar — eu explico.
— Jogo — diz a voz do computador.
Joe se coloca ao lado de Shelley. Prendo a respiração e olho para
as mãos dela... Para ver se os cabelos de Joe estão fora de seu alcance.
— Você tem uns jogos, aí no micro? — ele pergunta.
— Sim — eu respondo, por ela. — Shelley se tornou uma verdadeira
fanática pelo jogo de Damas. Shelley, mostre a Joe como funciona.
Joe
observa, enquanto Shelley começa a tocar a tela, lentamente, com os nós dos
dedos. Ele parece fascinado. Quando a tela do jogo de Damas aparece, Shelley
bate na mão de Joe.
— Você começa — ele diz.
Ela balança a cabeça.
— Shelley quer que você comece — eu digo a ele.
— Tudo bem. — Ele toca a tela.
Eu assisto, me derretendo por dentro, enquanto esse garoto rude
joga, em silêncio, com minha irmã.
— Você me dá licença? — digo, desesperada para sair da biblioteca.
— Preciso preparar um lanche para ela.
— Tudo bem, vá em frente — ele responde, concentrado no jogo.
— Olhe, você não tem que deixar a Shelley ganhar — eu digo, antes
de sair. — Ela pode ser muito boa, nesse jogo.
— Hum... Obrigado pelo voto de confiança, mas a verdade é que estou
tentando não perder — diz Joe.
Ele sorri, de verdade; não está tentando bancar o simpático, nem
tampouco o arrogante de sempre. Isso me deixa ainda mais ansiosa para
escapar...
Minutos depois, quando volto à biblioteca, com o lanche de
Shelley, ele diz:
— Ela ganhou.
— Eu avisei. Mas, agora, chega de jogo — digo à minha irmã. E
então me volto para Joe. — Você me ajuda a dar o lanche a Shelley?
— Vamos lá.
Ele se senta na cadeira de couro favorita do meu pai, enquanto
coloco a bandeja na frente de Shelley e começo a dar a ela algumas colheradas
de purê de maçã. Como sempre, a bagunça é total... Virando a cabeça por um
momento, vejo Joe me observando enquanto limpo os cantos da boca de Shelley,
com um guardanapo.
— Shelley — eu digo —, você deveria ter deixado Joe ganhar, sabe?
Apenas para ser gentil. — Como resposta, Shelley sacode a cabeça, negando. O
purê escorre por seu queixo. — Então é assim, hein? — digo, esperando que essa
cena não pareça grotesca demais a Joe. Talvez eu o esteja testando, para ver se
ele consegue lidar com essa pequena amostra de minha vida real. É tudo ou nada.
Se conseguir, ele está aprovado. — Espere só até Joe ir embora... E vou lhe
mostrar quem é a grande campeã de Damas, nesta casa.
Minha irmã sorri aquele sorrisinho doce e torto, que é só dela. E
é como se mil palavras coubessem nessa expressão única. Por um momento, esqueço
que Joe continua me observando. É tão estranho ter Joe dentro de minha vida e
de minha casa. Ele não pertence a este lugar e, no entanto, parece tão natural
e à vontade.
— Por que você estava tão mal, na aula de Química? — ele pergunta.
Porque minha irmã vai ser mandada para uma clínica. E porque ontem
me pegaram com os seios à mostra, enquanto Colin estava com as calças arriadas,
na minha frente.
— Você deve ter ouvido os boatos horríveis que estão correndo a
meu respeito.
É bem possível, mesmo... Afinal, Shane nos
viu. E ele tem a língua solta. Hoje, no colégio, eu estremecia a cada vez que
uma pessoa me olhava. Parecia que todo mundo já estava sabendo do que tinha
acontecido. Olho para Joe e digo:
— Às vezes, eu gostaria que existisse um
jeito de corrigir e refazer um mau dia. Um “Do Over Day” sabe? Só para a gente
poder começar tudo de novo.
— Pois às vezes eu gostaria que existisse um
jeito de corrigir e refazer os anos... Seria um “Do Over Year” — Joe responde,
muito sério. — Ou então um jeito de avançar no tempo, de acelerar os dias, para
que passassem bem depressa.
— Infelizmente, a vida real não aceita
controle remoto. — Quando Shelley termina de comer, eu a ajudo a sentar-se em
frente à tevê e então levo Joe até a cozinha. — Afinal, minha vida não parece
tão perfeita assim, vista de perto, não é? — digo, enquanto pego refrigerantes,
na geladeira, para nós dois.
Ele dá de ombros:
— Acho que todos nós temos problemas. Eu, por
exemplo, tenho uma coleção de demônios que fariam inveja a um filme de terror.
Demônios? Mas Joe parece não se perturbar com
nada. Ele nunca reclama da vida.
— Quais são seus demônios? — pergunto.
— Se eu contar, você ficará horrorizada.
— Você ficaria surpreso se soubesse o que
realmente me deixa horrorizada. — Os toques musicais do velho relógio
carrilhão, que pertenceu a meu avô, soam por toda a casa. Uma. Duas. Três.
Quatro. Cinco vezes.
— Preciso ir embora — diz Joe. — O que você
acha de estudarmos amanhã, depois da aula... Em minha casa?
— Sua casa?
Na zona sul?
—
Vou dar a você uma amostra de minha vida... Quer ver? — ele pergunta.
Engulo
em seco.
—
Claro.
O
jogo continua.
Estou
acompanhando Joe até a porta, quando escuto um carro se aproximando. Se for
minha mãe, estou encrencada. Não importa se meu encontro com Joe foi o mais
inocente do mundo... Ela vai pegar pesado.
Olho
pela janela e reconheço o carro vermelho, esportivo, de Darlene.
—
Oh, não! Minhas amigas estão aqui.
—
Não entre em pânico — Joe me diz. — Abra a porta. Não há como negar minha
presença, aqui. Minha moto está estacionada bem em frente à sua casa.
Ele
tem razão. Não posso esconder isso de ninguém.
Abro
a porta e saio. Vejo Darlene, Morgan e Selena se aproximando. Joe está bem
atrás de mim.
—
Ei, meninas! — digo, tentando parecer o mais natural possível.
— Chegaram na hora certa. Joe e eu estávamos
trabalhando no projeto de Química, até agora. Certo, Joe?
— Certo — ele resmunga.
Selena ergue as sobrancelhas. Quanto a
Morgan, parece tentada a pegar o celular para contar a meio mundo que acaba de
ver Joe Fuentes saindo de minha casa.
— Devemos ir embora e deixar vocês a sós? —
Darlene pergunta.
— Não seja ridícula — digo, rápido demais.
Joe caminha até a moto, a camisa delineando
sua musculatura perfeita... E o jeans delineando... digamos... outras
qualidades pessoais.
Ele põe o capacete e aponta para mim:
— Vejo você amanhã.
Amanhã. Na casa dele. Eu aceno, concordando.
Depois que Joe vai embora, Selena diz:
— O que tudo isso quer
dizer?
—
Química — eu murmuro.
Morgan
está boquiaberta, quase em estado de choque.
—
Menina, o que vocês estavam fazendo lá dentro? — pergunta Darlene. — Somos
amigas há dez anos e posso contar nos dedos de uma só mão as vezes que você me
convidou para entrar em sua casa.
—
Ele é meu parceiro de Química.
—
Ele é membro de uma gangue, Demi — diz Darlene. — Nunca se esqueça
disso.
Selena
balança a cabeça:
— O
que há, Demi? Você está se envolvendo com outro cara? Colin disse ao Nick que
você anda estranha, ultimamente. Como suas amigas, estamos aqui para conversar
e ver se conseguimos enfiar um pouco de bom senso na sua cabeça.
Eu
me sento na varanda da frente e escuto um longo discurso, sobre reputação,
amizade e lealdade, por quase meia hora. E tudo o que elas dizem faz sentido.
—
Jure que não está rolando nada entre você e Joe — Selena exige, o momento em
que ficamos a sós. Morgan e Darlene estão esperando por ela, no carro.
—
Não há nada de mais acontecendo entre nós — eu afirmo. — Juro.
~*~
Cês viram o vídeo clipe de Heart Attack? çaldkskjfçsha~k]f~g
PERFEITO!!!!!!!!11
Assistam aqui http://www.listenonrepeat.com/watch/?v=AByfaYcOm4A para o vídeo ficar repetindo. Isso vai ajudar ela na divulgação do vídeo pelo youtube na categoria de vídeos mais assistidos.
COMENTEM SOBRE O CHAPTER OK? Não se esqueçam u-u
Answers:
Demetria Devone Lovato: Obrigada :3 sim ele vai kkkkkkk postei! bjos
Fã Forever: Sim, concordo que ele tinha que desistir dessa aposta... Postei ^^
awn o Joe foi tão fofo com a Shelly <3
ResponderExcluirPERFEITO
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to doida para ver a Demi na zona sul kkkkk
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Beijos
Obs: sim Heart Attack é muito perfeito!!!