sexta-feira, 12 de abril de 2013

Chapter 33


Demetria

Vou esquecer que aquele beijo aconteceu, embora tenha passado a noite inteira recordando cada momento.
A caminho do colégio, no dia seguinte ao beijo que jamais aconteceu, eu me pergunto se devo ignorar Joe... Embora isso não seja uma opção, já que somos parceiros em Química. Oh, não.
Aula de Química. Será que Colin vai desconfiar de alguma coisa? Só se alguém me viu sair do colégio, ontem, com Joe, e foi contar para ele. Ontem à noite desliguei o celular; não queria falar com ninguém.
Queria que minha vida fosse mais simples. Tenho um namorado. Bem, é verdade que ele vem me pressionando muito, ultimamente. Até parece que só está interessado em sexo. Estou farta disso.
Mas ter Joe como namorado é uma coisa que nunca daria certo. A mãe dele já me detesta. A ex-namorada dele quer me matar... outro mau sinal. Além do mais, Joe fuma... E isso é totalmente incorreto. Eu poderia fazer uma longa lista de todos os seus pontos negativos.
Bem, talvez haja alguns pontos positivos. Mas são tão poucos, insignificantes demais para serem mencionados.
Joe é inteligente. Tem olhos expressivos, que parecem dizer que ele é um cara bem melhor do que demonstra ser. É devotado aos amigos, à família e até mesmo à sua moto.
Joe me tocou de um jeito... Como se eu fosse de cristal. E me beijou, como se quisesse que aquele momento durasse para sempre.
Vejo Joe pela primeira vez, hoje, na hora do almoço. Estou na fila do refeitório e Joe é a segunda pessoa, à minha frente. Entre nós, está uma garota chamada Nola Linn. E ela não se move muito rápido.
Joe usa um jeans desbotado, rasgado na altura do joelho. Seu cabelo está caindo sobre os olhos... E me sinto tentada a afastar aquela mecha. Se Nola não demorasse tanto para escolher uma fruta...
Joe me flagra no momento exato em que o estou observando. Rapidamente, volto minha atenção para a sopa de hoje: minestrone.
— Quer na xícara ou na tigela, querida? — pergunta Maria, a senhora que serve o almoço.
— Tigela — eu respondo, fingindo-me totalmente interessada no modo com que ela serve a sopa. Depois que Maria me entrega a tigela, passo rapidamente por Nola e vou até o caixa... Bem atrás de Joe.
Como se percebesse que me aproximei silenciosamente, Joe se volta. Seus olhos atravessam os meus e, por um instante, eu me sinto como se o mundo tivesse deixado de existir e só restássemos nós dois.
É forte demais o desejo de me atirar nos braços de Joe, para sentir o calor que eles emanam, quando me envolvem.
Será que é cientificamente possível uma pessoa viciar-se em outra?
Limpo a garganta.
— Sua vez... — digo, apontando o caixa.
Ele avança, levando na bandeja um pedaço de pizza:
— Vou pagar a conta dela, também — diz, apontando para mim.
A mulher do caixa me olha e pergunta:
— O que você pegou? Uma tigela de minestrone?
— Sim, mas... Joe, não faça isso.
— Não se preocupe. Posso arcar com essa despesa... — ele diz, na defensiva, entregando três dólares à mulher.
Colin sai da fila e para ao meu lado:
— Cai fora! Se você quer cuidar de uma garota, arranje sua própria namorada — ele diz a Joe, tentando enxotá-lo.
Rezo para que Joe não revide a agressão de Colin, contando a ele que nos beijamos. A fila inteira está assistindo à cena. Posso sentir os olhares, na nuca. Joe pega seu troco no caixa e, sem olhar para trás, sai para o pátio externo, onde costuma sentar-se.
Eu me sinto péssima por desejar o melhor desses dois mundos que Joe e Colin representam. Quero manter a imagem que tanto trabalhei para construir. Essa imagem inclui Colin. Mas também desejo Joe... Não consigo parar de pensar nele me abraçando e beijando, até me deixar sem fôlego.
— Vou pagar a conta dela e a minha — Colin diz à mulher do caixa, que parece confusa.
— Mas o outro rapaz já não pagou por você? — ela pergunta.
Colin espera que eu corrija a situação, dizendo não. Como não faço isso, ele me olha com raiva e sai do refeitório, pisando duro.
— Colin, espere! — eu peço, mas ou ele não está me ouvindo, ou está me ignorando de propósito.
Volto a ver Colin, na aula de Química. Mas ele sai assim que toca o sinal e, então, ficamos sem nos falar.
A aula de Química é sobre experiência e observação. Joe agita tubos de ensaio cheios de nitrato de prata e cloreto de potássio.
— Para mim, os dois parecem água, Sra. Peterson — ele diz.
— As aparências enganam — a professora responde.
Meu olhar passeia pelas mãos de Joe... Essas mãos, agora ocupadas com o nitrato de prata e o cloreto de potássio, são as mesmas que desenharam meus lábios, num momento de intimidade.
— Volte à Terra, Demetria.
Pisco os olhos, afastando para longe o meu devaneio. Joe me entrega um tubo de ensaio cheio de um líquido claro... E isso me lembra que devo ajudá-lo a misturar os líquidos.
— Hum... desculpe. — Pego um tubo de teste e verto seu conteúdo no outro, que ele está segurando.
— Temos de escrever sobre o que acontece — ele diz, usando o bastão de vidro para misturar as substâncias.
Acontece a reação química e, como por encanto, um sólido branco aparece no líquido claro.
— Ei, Sra. Peterson! Acho que descobrimos a resposta para os nossos problemas com a camada de ozônio — Joe brinca.
A professora balança a cabeça.
— Então, o que podemos observar, no tubo? — ele me pergunta, depois de consultar a folha que a Sra. Peterson nos entregou, no começo da aula. — Eu diria que o líquido aquoso, agora, provavelmente é nitrato de potássio. E a massa sólida branca é cloreto de prata. O que você acha?
Quando ele me entrega o tubo, nossos dedos se roçam... O contato se prolonga, causando uma sensação que não posso ignorar.
Ergo os olhos e encontro os de Joe. Por um minuto, penso que ele está tentando me enviar uma mensagem secreta, mas sua expressão se torna sombria e ele desvia o rosto.
— O que você quer que eu faça? — pergunto, baixinho.
— Você vai ter que descobrir sozinha.
— Joe...
Mas ele não diz o que devo fazer. Acho que sou mesmo uma chata, pedindo a opinião de Joe, sabendo que ele talvez não possa ser imparcial.
Quando estou perto dele, sinto um entusiasmo, uma alegria, como num dia de Natal.
Já com o Colin... Por mais que eu tente ignorar o fato, olho para ele e sei... Sei que nossa relação já não é como antes. Acabou. E quanto mais cedo eu romper com Colin, mais cedo deixarei de perguntar a mim mesma por que ainda continuamos juntos.
Encontro Colin depois das aulas, na saída dos fundos do colégio. Ele está com o uniforme de treino e, infelizmente, tem Shane a seu lado. Aliás, Shane pega o celular e pergunta:
— Vocês não gostariam de repetir aquela performance? Posso registrar o momento, para a posteridade... E depois mandar por e-mail, para os dois. Será uma foto maravilhosa, que vocês poderão usar como protetor de tela. Ou, melhor ainda, posso filmar e postar o vídeo no You Tube. — Shane, suma da minha frente, antes que eu perca o controle — diz Colin, olhando para Shane de um jeito que o faz bater em retirada.
— Demi, onde você esteve, ontem à noite? — Como não respondo, ele diz: — Pode poupar seu fôlego, porque acho que já tenho uma pista.
Não vai ser fácil... Agora sei por que as pessoas preferem romper um namoro através de e-mails ou torpedos. Fazer isso cara a cara é tão difícil... É preciso ficar ali, diante da pessoa, e aguentar sua reação. Encarar sua raiva. Passei tanto tempo evitando discussões e tentando suavizar minhas relações com as pessoas mais próximas, que esse confronto agora me parece tremendamente doloroso.
— Você e eu sabemos que nossa relação não vai bem — digo, da maneira mais gentil possível.
Colin estreita os olhos:
— Do que você está falando?
— Precisamos parar...
— Por um tempo... Ou você quer acabar com tudo?
— Quero romper com você — digo, num tom suave.
— É por causa do Fuentes, não?
— Desde que você voltou das férias de verão, nosso relacionamento não é mais o mesmo. Nós nunca mais conversamos... E estou farta de me sentir culpada por não ter vontade de rasgar as roupas e abrir as pernas para provar a você o meu amor.
— Você não tem que provar nada.
Mantenho a voz baixa, para que os outros não possam me ouvir.
— Para que prosseguir com isso...? Você não precisa de mim para nada, Colin. O fato de você querer tanto uma coisa que para mim não faz o menor sentido prova o quanto nos distanciamos um do outro.
— Não faça isso. — Ele joga a cabeça para trás e diz, num lamento: — Por favor, não faça isso.
Nós cumprimos o papel que nos cabia: o astro do futebol e a líder da torcida, formando o típico casal perfeito... Durante anos, preenchemos o molde. Agora, com o rompimento, estaremos na mira de todos, com boatos de todo tipo pairando sobre nós.
Só de pensar nisso já fico arrepiada.
De qualquer forma, não posso mais continuar... Confesso que estou assustada por tomar essa decisão. E acho que vou continuar assim, por um bom tempo. Mas se meus pais podem mandar minha irmã para uma clínica porque acreditam que isso fará bem a eles... E se Darlene pode se divertir com todos os caras que ela conhece, porque acha que assim se sentirá melhor... Por que não posso fazer o que me parece certo?
Ponho a mão no ombro de Colin, tentando não fitar seus olhos cheios de lágrimas. Ele sacode o ombro, para se livrar do contato.
— Diga alguma coisa — eu peço.
— O que você quer que eu diga, Demi... Que estou vibrando de alegria porque você rompeu comigo? Desculpe, mas não me sinto assim.
Ele enxuga os olhos com a palma das mãos. Isso me faz querer chorar, também, e meus olhos se enchem de lágrimas. É o fim de algo que pensávamos ser verdadeiro, mas que acabou sendo apenas mais um dos papéis que fomos levados a representar. Isso é o que mais me deixa triste... Não o rompimento, mas o que a nossa relação representava: minha fraqueza.
— Fiz sexo com a Mia — Colin então revela. — Foi nesse verão. Você sabe quem é Mia... Aquela garota da foto.
— Você está dizendo isso para me ferir.
— Estou dizendo porque é verdade. Pergunte a Shane.
— Então por que você continuou a fingir que ainda éramos o Casal de Ouro?
— Porque era o que todo mundo esperava... Até mesmo você, Demi. Não negue isso.
As palavras de Colin machucam, mas são verdadeiras. Acabei fazendo o papel da garota “perfeita” e vivendo de acordo com as regras de todo mundo, inclusive as minhas.
É hora de começar a viver de verdade, a ser eu mesma, seja lá o que isso significa. A primeira coisa que faço, depois de terminar com Colin, é dizer à Sra. Small que preciso me afastar temporariamente da torcida. E é como se eu tirasse um peso dos ombros. Vou para casa, passo um tempo com Shelley e faço as lições. Depois do jantar, ligo para Miley Cyrus.
— Eu deveria ficar surpresa com o seu telefonema — ela diz. — Mas não estou.
— Como foi o ensaio? — pergunto.
— Não muito bom. Darlene não é uma boa líder de torcida. E a Sra. Small sabe disso. Você não deveria ter saído.
— Não saí... Apenas resolvi dar um tempo. Mas não liguei para falar desse assunto. Escute, gostaria que você soubesse que terminei com Colin, hoje.
— E por que você está me contando...?
Esta é uma boa pergunta, do tipo que eu normalmente não responderia.
— Queria conversar com alguém sobre isso. Sei que eu poderia ligar para as minhas amigas, mas a verdade é que elas têm a língua solta.
Selena é a única pessoa de quem sou realmente próxima. Mas eu menti para ela sobre o Joe. Além do mais, Nick, namorado de Selena, é amigo de Colin.
— Como você sabe que não sou fofoqueira? — pergunta Miley.
— Não sei. Mas você não me falou sobre Joe, quando lhe pedi. Então, acho que você sabe guardar segredos.
— Sei mesmo. Bem, vá em frente... Estou ouvindo.
— Não sei como dizer.
— Fale de uma vez. Não tenho a noite inteira, sabe...?
— Eu beijei Joe — digo, de um só fôlego.
— Joe...? Caramba! E isso foi antes ou depois de você romper com o Colin? Eu estremeço:
— Não foi coisa planejada...
Miley ri, tanto e tão alto, que tenho de afastar o telefone do ouvido.
Você não planejou. Mas será que pode falar por Joe, também? — ela pergunta, assim que recupera o fôlego.
— Simplesmente aconteceu. Estávamos na casa de Joe e fomos interrompidos pela chegada da mãe dele, que nos viu...
— O quê? A Sra. Fuentes pegou vocês em flagrante? Na casa dela? Minha nossa! — Miley dispara uma série de frases em Espanhol. E não tenho a mínima ideia do que ela está dizendo.
— Eu não falo Espanhol, Miley... Tenha dó!
— Oh, desculpe. Ashley vai ficar furiosa quando souber. Claro que não vou contar para ela — Miley se apressa a dizer. — Mas a mãe de Joe é uma mulher forte e muito enérgica. Quando Joe namorava Ashley... Bem, ele fazia questão de manter as duas bem longe uma da outra. Não me entenda mal... A Sra. Fuentes ama demais os filhos. Só que é super-protetora, assim como a maioria das mães mexicanas. Mas, me conte... Ela expulsou você da casa?
— Não, mas praticamente me chamou de prostituta.
Mais risos, do outro lado da linha.
— E não foi nada engraçado.
— Desculpe. —Mais risos. — Eu gostaria de ser uma mosca, pousada na parede, só para ver a mãe de Joe partindo para cima de vocês dois.
— Obrigada por sua compaixão — digo, secamente. — Vou desligar, agora.
— Não... Por favor! Sinto muito pelas risadas. Mas, sabe, por essa nossa conversa, percebo o quanto você é diferente do que eu imaginava. Acho que agora entendo por que Joe gosta tanto de você.
— Não sei se isso é um elogio, mas, em todo caso, obrigada. Você se lembra quando eu disse que não deixaria que nada acontecesse entre Joe e eu?
— Sim. E, só para eu atualizar minha planilha... Isso foi antes do beijo... Certo? — Ela ri e então diz: — Estou só brincando, Demetria. Se você gosta dele, vá em frente. Mas tenha cuidado. Acho que Joe gosta de você bem mais do que ele admite... Mesmo assim, é melhor manter a guarda erguida.
— Bem, não vou fazer nada para impedir que alguma coisa aconteça entre nós. Mas não se preocupe. Sempre mantenho a guarda erguida.
— Eu também não facilito. Mas, naquela noite em que você dormiu aqui em casa, eu... Meio que fiquei com o Paco. E não posso contar isso para as minhas amigas, porque elas vão me infernizar a vida...
— Você gosta dele?
— Não sei. Nunca pensei em Paco, desse jeito... Mas gostei de ficar com ele. E como foi o beijo, com Joe?
— Muito bom — eu digo, pensando no quanto aquele beijo foi sensual. — Na verdade, Miley, foi bem mais que muito bom. Porra, mulher, foi incrível!
Miley começa a rir e, dessa vez, eu rio junto com ela.

~*~

Querem chapter amanhã? Sim? Comentem u-u

Answers:

Fã Forever: Também acho :/ Se eu fosse a Demetria eu estaria me sentindo um lixo se a ela me tratasse assim também... Postei *-*
Demetria Devone Lovato: é só o começo u-u hahaha Postei <33 bjos

Um comentário:

  1. AIII a Demi e a MIley vao virar BFF .. mas ai a Demi e O Joe tao apaixonados ..POSTA LOGO

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