Demetria
Manobro
meu carro no estacionamento da biblioteca e escolho uma vaga perto do bosque,
nos fundos do terreno. Estou furiosa... A última coisa em que consigo pensar é
no projeto de Química.
Joe está me esperando, encostado em sua moto. Tiro as chaves da
ignição e grito para ele:
— Como você se atreve a me dar ordens? Minha vida está cheia de
gente querendo me controlar: minha mãe... Colin... E agora você! Estou farta
disso. — Se você pensa que pode me intimidar...
Sem uma palavra, Joe se aproxima, pega as minhas chaves e se senta
ao volante do meu BMW.
— Joe, o que você pensa que está fazendo?
Ele aciona o motor. Oh, não, Joe vai levar meu carro e me deixar
aqui, no estacionamento da biblioteca!
— Entre aí... — ele diz.
Fecho os punhos com raiva e me deixo cair no banco do passageiro.
Então, ele acelera.
— Onde está a foto de Colin? — pergunto, olhando para o painel. A
foto estava aqui, um minuto atrás.
— Não se preocupe, vou devolver. Só não tenho estômago para ficar
olhando para aquela coisa, enquanto estou dirigindo...
— Você alguma vez já dirigiu um carro com transmissão manual? Sem
piscar, sem nem mesmo olhar para mim, ele engrena a primeira, fazendo cantar os
pneus. Saímos do estacionamento. Meu BMW obedece ao comando de Joe, como
se os dois estivessem em total sintonia.
— Isto é roubo, você sabe — eu digo.
Silêncio.
— Roubo de veículo — eu acrescento. — E sequestro.
Paramos num semáforo. Olho para os carros ao redor, aliviada
porque a capota está baixada, de modo que ninguém pode nos ver.
— Mira, você entrou no carro por vontade própria — diz Joe.
— Acontece que este é o meu carro. E se alguém nos vir?
Acho que minhas palavras o irritam. Quando o semáforo fica verde,
ele sai, fazendo cantar os pneus novamente. Está forçando meu carro, de
propósito.
—
Pare com isso! — eu ordeno. — Leve-me de volta à biblioteca.
Mas
Joe não obedece. Fica em silêncio, enquanto dirige meu carro por zonas
desconhecidas e estradas desertas, como as pessoas fazem, nos filmes, quando
vão se encontrar com traficantes perigosos.
Ah, que ótimo! Estou prestes a ter minha primeira experiência com
o tráfico de drogas. Se eu for presa, será que meus pais pagarão a fiança? E
minha mãe? Como explicará isso aos amigos e conhecidos? Talvez meus pais me
mandem para um campo de treinamento militar para delinquentes. Aposto que eles
gostariam de fazer isso: mandar Shelley para uma clínica e eu para um campo de
treinamento militar. Aí, sim, minha vida ficaria maravilhosa!
Não quero participar de nada ilegal. Quem governa meu destino sou
eu, e não Joe. Agarro a maçaneta da porta.
— Deixe-me sair... Ou então vou pular do carro. Juro!
— Você está com o cinto de segurança... Relaxe. Chegaremos em dois
minutos. — Joe engrena a outra marcha e reduz a velocidade, enquanto entramos
num velho aeroporto, deserto. — Ok, aqui estamos — ele diz, puxando o freio de
mão.
— Certo. Mas o que significa, exatamente, “aqui”? Odeio dizer, mas
o último lugar habitado por que passamos ficou a cinco quilômetros de distância.
Eu não vou descer do carro, Joe. Cuide de suas drogas sozinho.
— Se eu tinha alguma dúvida de que você é uma loura típica, já não
tenho mais — ele diz. — Você acha que eu seria louco de trazer você até aqui,
para uma transação de drogas? Saia do carro.
— Por que eu deveria? Escute, me dê uma boa razão para isso.
— A razão é que se você não sair por conta própria, eu mesmo vou
cuidar disso... Acredite em mim, mujer.
Joe guarda as chaves no bolso de trás do jeans e desce do carro.
Sem outra alternativa, eu o sigo.
— Olhe, se você quer discutir nosso projeto sobre os Aquecedores
de Mãos, podemos fazer isso por telefone.
Contorno o BMW, pelo outro lado. Paramos frente a frente,
atrás do carro. Aqui estamos, no meio do nada.
Uma coisa ficou me perturbando, o dia inteiro... E, já que estou
aqui, com Joe, posso muito bem perguntar:
— Nós nos beijamos, ontem à noite?
— Sim.
— Então não deve ter sido um grande beijo, porque não me lembro de
nada.
Joe ri:
— Eu estava brincando. Nós não nos beijamos. — Ele se inclina para
mim. — Quando isso acontecer, você vai se lembrar. Para sempre.
Oh,
Deus. Gostaria que as palavras de Joe não me fizessem fraquejar... Sei que eu
deveria sentir medo por estar aqui, sozinha, com um cara que é membro de uma
gangue, no meio de um lugar totalmente deserto, conversando sobre beijos... Mas
não estou assustada. No fundo da minha alma, sei que ele nunca me machucaria,
nem me obrigaria a fazer coisas...
— Por que você me sequestrou? — pergunto.
Tomando as minhas mãos, Joe me leva até a porta, do lado do
motorista.
— Entre.
— Por quê?
— Vou ensinar você a dirigir este carro direito... Antes que você
acabe fundindo o motor, por uso incorreto.
— Pensei que você estivesse furioso comigo. Por que resolveu me
ajudar?
— Porque eu quero.
Oh. Eu não esperava por isso. Meu coração começa a derreter,
porque já faz muito tempo que ninguém se preocupa comigo, não o suficiente para
querer me ajudar. Mas será que...
— Você não está fazendo isso esperando alguma coisa em troca...
Está?
Ele nega, com a cabeça.
— Verdade?
— Verdade.
— E você não está furioso comigo... por alguma coisa que eu tenha
dito ou feito?
— Estou frustrado, Demetria. Frustrado com você. Com meu irmão.
Com um monte de coisas.
— E por que me trouxe aqui?
— Não faça perguntas, a não ser que você esteja pronta para ouvir
as respostas... Tudo bem?
— Tudo bem. — Eu me sento ao volante e espero que Joe se acomode a
meu lado.
— Está pronta? — ele pergunta, sentando-se no banco do passageiro
e afivelando o cinto de segurança.
— Sim.
Joe se inclina e põe a chave na ignição. Quando eu solto o freio
de mão e dou a partida, o motor morre.
— Você não pôs no ponto morto. Se acionar o motor, sem pressionar
a embreagem, o carro vai morrer.
— Eu sei — digo, me sentindo totalmente estúpida. — É que você
está me deixando nervosa.
Joe põe a alavanca do câmbio no ponto morto e me diz:
— Pressione a embreagem com o pé esquerdo, o freio com o pé
direito... E engate a primeira.
Pressionando o acelerador, solto a embreagem... E o carro dá um
arranque para frente.
Joe
se apóia no painel:
—
Pare.
Obedeço e ponho o carro em ponto morto.
— Você precisa encontrar o ponto ideal.
Olho para ele:
— Ponto ideal?
— Sim... E quando a embreagem “pega” entende? — Joe usa as mãos
como se fossem pedais, para ilustrar o que está me dizendo. — Você tirou o pé
muito rápido... Tente conseguir um ponto ideal, de equilíbrio, e fique ali...
Até sentir que chegou o momento de soltar o pedal. Tente de novo.
Engreno a primeira e vou soltando a embreagem, enquanto man. tenho
o pé no acelerador.
— Isso, mantenha assim — diz Joe. — Ache o ponto ideal e segure...
Começo a soltar a embreagem enquanto pressiono o pedal do
acelerador, mas não até o fim.
— Acho que encontrei o ponto.
— Então, solte a embreagem, mas não acelere muito.
Eu tento, mas o carro arranca de novo... E morre.
— Você soltou a embreagem muito rápido. Tente de novo — diz Joe,
muito calmo. Não parece aborrecido, nem frustrado, nem a fim de desistir. —
Você precisa acelerar um pouco mais... Não até o fim, só um pouco, para dar ao
carro o impulso suficiente para se mover.
Repito os mesmos procedimentos e, dessa vez, o carro se move sem
problemas. Agora estamos na pista, a menos de vinte quilômetros por hora.
— Pise na embreagem — diz Joe. Então cobre minha mão, que está no
câmbio, com a sua, e me ajuda a engatar a segunda. Tento ignorar o contato
suave, o calor que emana de sua mão — coisas tão contraditórias à sua
personalidade agressiva —, e me concentro no que estou fazendo.
Com toda paciência, Joe me ensina, em detalhes, como reduzir as
marchas, até que resolvemos parar no final da pista. Seus dedos ainda estão
entrelaçados aos meus.
— Acabou a aula? — pergunto.
Joe limpa a garganta:
— Hum... sim. — Ele retira a mão e mergulha os dedos em sua vasta
juba negra; algumas mechas se espalham por sua testa.
— Obrigada, Joe.
— Sim... Bem, eu não fiz isso para parecer um bom menino. Meus
ouvidos sofriam a cada vez que eu ouvia você forçar o motor, no estacionamento
do colégio.
Inclino a cabeça e tento conseguir que Joe me olhe nos olhos. Ele
se recusa.
—
Por que você faz tanta questão de parecer um menino mau, hein? Conte para mim,
Joe.
~*~
Se tiver 3 comentários, eu posto 2 chapters amanhã a noite ;)
Answer:
Demetria Devone Lovato: Sim, é muito mais interessante!!! Eu fico louca só de imaginar eu decorando toda uma casa, pensando em cada detalhe... hahaha postei ;)
PERFEITO
ResponderExcluirPosta Logo
eu quero saber o que o Joe vai falar
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Beijos
deve ser muito legal decorar uma casa hahahaha
Ameiiiii eu quero beijos jemi loigo hein posta hj
ResponderExcluirA Demi quer saber do joe mas nao conta sobre ela . Posta logo
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