segunda-feira, 17 de junho de 2013

Capítulo 12 – Embalos a Dois

Joguei uma pequena pílula branca na boca e a engoli, com um copo cheio de água. Estava parada no meio do quarto de Joseph de calcinha e sutiã, me preparando para vestir o pijama.
— O que é isso? — ele me perguntou da cama.
— Hum... a minha pílula?
Ele franziu a testa.
— Que pílula?
— Pílula, Joseph. Você ainda não reabasteceu a gaveta, e a última coisa que eu preciso é me preocupar se a minha menstruação vai descer ou não. Um de nós tem que ser responsável — eu disse, erguendo uma sobrancelha.
— Meu Deus, como você é sexy! — disse ele, apoiando a cabeça na mão.
— A mulher mais bonita da Eastern é minha namorada. Que loucura! Revirei os olhos e deslizei a seda púrpura sobre a cabeça, juntando-me a ele na cama. Montei com as pernas abertas em seu colo e beijei seu pescoço, dando risadinhas quando ele deixou a cabeça cair de encontro à cabeceira.
De novo? Você vai me matar, Flor.
— Você não pode morrer — eu disse, cobrindo o rosto dele de beijos. — Você é durão demais.
— Não, eu não posso morrer porque tem muito idiota querendo pegar o meu lugar. Vou viver eternamente só por maldade!
Dei risadinhas encostada em sua boca e ele me deitou de costas. Deslizou o dedo sob a delicada fita púrpura presa no meu ombro e a puxou para baixo, beijando minha pele desnuda.
— Por que eu, Joe?
Ele recuou um pouco, buscando meus olhos.
— Como assim?
— Você já ficou com um monte de mulheres, se recusou a assumir compromisso com qualquer uma delas, se recusou até mesmo a pegar um número de telefone... Então, por que eu?
—Porque isso agora? — disse ele, acariciando meu rosto com o polegar Dei de ombros.
— Só estou curiosa.
— Por que eu? Você tem metade dos caras da Eastern só esperando que eu estrague tudo.
Torci o nariz.
— Isso não é verdade. Não mude de assunto.
— É verdade sim. Se eu não estivesse correndo atrás de você desde o inicio das aulas, você teria mais do que o Parker Hayes no seu pé. Ele só é egocêntrico demais para ter medo de mim.
— Você está fugindo da minha pergunta E de um jeito muito ruim, devo acrescentar.
— Tudo bem. Por que você? — Um sorriso se espalhou em seu rosto enquanto ele se inclinava para me beijar. — Eu me senti atraído por você desde aquela primeira luta.
— O quê? — perguntei, com uma expressão desconfiada.
— É verdade. Você naquele cardigã, com todo aquele sangue... Você estava ridícula — ele riu baixinho.
—Valeu.
O sorriso dele sumiu do rosto.
— E aí você ergueu o olhar pra mim. Foi naquele momento. Você tinha um ar inocente, ingênuo... sem máscaras. Você não olhou pra mim como se eu fosse Joseph Jonas — ele revirou os olhos com as próprias palavras —, você olhou pra mim como se eu fosse... sei lá, uma pessoa, eu acho.
— Novidade, Joe: você é uma pessoa.
Ele tirou a franja do meu rosto.
— Não, antes de você aparecer, o Nicholas era o único que me tratava como uma pessoa qualquer. Você não ficou toda sem jeito, não me paquerou, não ficou mexendo no cabelo. Você me viu.
—Eu fui uma vaca com você.
Ele beijou meu pescoço.
—Foi isso que completou o conjunto.
Deslizei as mãos pelas costas dele até a cueca.
— Espero que isso deixe de ser novidade logo. Não me vejo nunca ficando cansada de você.
—Promete? — ele sorriu.
Seu telefone vibrou na mesa de cabeceira e ele sorriu, segurando-o perto do ouvido.
— Oi. Ah, de jeito nenhum, a Flor tá aqui comigo. A gente está quase indo dormir... Cala a porra da sua boca, Trent não tem graça... Sério? O que ele está fazendo aqui? — Ele olhou para mim e deixou escapar um suspiro. — Tudo bem. A gente chega aí em meia hora... Você me ouviu, babacão. Porque não vou em lugar nenhum sem ela, é por isso. Você quer que eu arrebente a sua cara quando eu chegar aí? — Joseph desligou e balançou a cabeça.
Ergui uma sobrancelha.
— Essa foi a conversa mais esquisita que já ouvi.
— Era o Trent. O Kevin está na cidade e é noite de pôquer na casa do meu pai.
— Noite de pôquer? — engoli em seco.
— É, geralmente eles ficam com todo o meu dinheiro. Malditos trapaceiros!
— Vou conhecer a sua família em trinta minutos?
— Vinte e sete, pra ser mais exato.
— Ai, meu Deus, Joseph! — reclamei, pulando da cama.
— O que você está fazendo?
Remexi no armário e peguei uma calça jeans, dando pulinhos para vesti-la, depois tirei a camisola pela cabeça, jogando-a na cara dele.
— Não acredito que você me avisou vinte minutos antes que eu vou conhecer a sua família! Eu podia te matar agorinha mesmo!
Ele tirou minha camisola dos olhos e riu da minha tentativa desesperada de parecer apresentável. Enfiei uma blusa de gola v preta e corri até o banheiro, escovando os dentes e passando rapidamente uma escova nos cabelos. Joseph entrou no banheiro atrás de mim, vestido e pronto, e envolveu minha cintura com os braços.
— Estou toda desarrumada! — falei, franzindo a testa ao me olhar no espelho.
— Você não percebe que é linda? — ele perguntou, beijando meu pescoço.
Bufei e fui correndo até o quarto para colocar um par de sapatos de salto, então dei a mão para Joseph enquanto ele me conduzia até a porta Parei, fechando o zíper da jaqueta preta de couro e puxando os cabelos para cima em um coque apertado, me preparando para a viagem corrida até a casa do pai dele.
— Calma, Beija-Flor. É só um bando de caras sentados em volta de a mesa
— É a primeira vez que vou encontrar seu pai e seus irmãos... tudo ao mesmo tempo... e você quer que eu me acalme? — falei, subindo na moto atrás dele.
Ele se virou, encostou no meu rosto e me beijou.
— Eles vão amar você, que nem eu amo.

Quando chegamos, deixei os cabelos caírem nas costas e os arrumei com os dedos algumas vezes, antes de Joseph me conduzir pela porta.
— Santo Cristo! É o merdinha! — falou um dos meninos.
Joseph assentiu uma vez. Ele tentou parecer irritado, mas eu pude ver que estava animado de ver os irmãos. A casa estava marcada pelo tempo, com um papel de parede amarelo e marrom desbotado e um carpete felpudo em tons diferentes de marrom. Atravessamos o corredor até uma sala com a porta escancarada. A fumaça flutuava para dentro do corredor e os irmãos e o pai de Joseph estavam sentados a uma mesa de madeira redonda com cadeiras diferentes umas das outras.
— Ei, ei... olha o jeito como você fala, tem uma moça aqui — disse pai dele, o charuto em sua boca balançando enquanto ele falava.
— Flor, esse é o meu pai, Paul Jonas. Pai, essa é a Beija-Flor.
— Beija-Flor? — perguntou Paul, com uma expressão divertida no rosto.
— Demi — falei, balançando a cabeça.
Joseph apontou para os irmãos.
— Trenton, Taylor, Tyler e Kevin.
Eles acenaram com a cabeça.
— A Demi tem sobrenome? — um quis saber.
— Lovato —assenti.
— Prazer em te conhecer, Demi — disse Kevin, sorrindo.
— Um prazer mesmo — disse Trent, me olhando de cima a baixo com uma cara travessa. Paul deu um tapa na nuca dele, que soltou um grito.
— O que foi que eu disse? — ele perguntou, esfregando a nuca.
— Sente-se, Demi. Observe enquanto tiramos o dinheiro do Joe — disse um dos gêmeos. Eu não saberia dizer quem era quem, eles eram cópias idênticas um do outro, até mesmo as tatuagens eram iguais.
A sala estava decorada com imagens antigas de jogos de pôquer, fotos de lendas do pôquer posando com um e com outro homem, que presumi ser o avô de Joseph, e cartas antigas de jogo nas estantes.
— Você conheceu o Stu Ungar? — perguntei, apontando para a foto empoeirada.
Os olhos apertados de um ganharam brilho.
— Você sabe quem é Stu Ungar?
— Meu pai também é fã dele.
Ele se levantou, apontando para a foto ao lado.
— E esse aqui é o Doyle Brunson.
Eu sorri.
— Meu pai viu o Doyle jogar uma vez. Ele é incrível.
— O avô do Joe era profissional... Agente leva o pôquer muito a sério aqui — um sorriu.
Eu me sentei entre Joseph e um dos gêmeos, enquanto Trenton embaralhava as cartas com moderada habilidade. Os garotos colocaram o dinheiro na mesa, e um distribuiu as fichas.
Trenton ergueu uma sobrancelha.
— Quer jogar, Demi?
Sorri educadamente e balancei a cabeça.
— Acho melhor não.
— Você não sabe jogar? — Jim me perguntou.
Não consegui conter um sorriso. Ele parecia tão sério, quase paternal. Eu sabia que resposta ele esperava e odiaria desapontá-lo.
Joseph beijou minha testa.
— Dê adeus ao seu dinheiro, Demi — Kevin deu risada.
Pressionei os lábios e enfiei a mão na bolsa, tirando duas notas de cinquenta, Estendi-as a Paul e esperei, com paciência, enquanto ele as trocava por fichas. A boca de Trenton se apertou em um sorriso presunçoso, mas o ignorei.
— Boto fé nas habilidades do Joseph como professor — falei. Um dos gêmeos bateu as mãos.
— É isso aí! Vou ficar rico hoje!
— Vamos começar com pouco dessa vez — disse Paul, jogando uma ficha de cinco dólares.
Trenton distribuiu as cartas e Joseph espalhou as minhas em leque para mim.
—Você já jogou cartas alguma vez na vida?
— Faz um tempinho — assenti.
— Rouba-monte não conta — disse Trenton, encarando suas cartas.
— Cala a boca, Trent — disse Joseph, erguendo o olhar de relance para o irmão antes de direcioná-lo novamente para as minhas cartas.
— Você precisa de cartas altas, números consecutivos e, se tiver muita sorte, do mesmo naipe.
Na primeira mão, Joseph olhou as minhas cartas e olhei as dele. Basicamente assenti e sorri, jogando quando ele me dizia para fazê-lo. Nó dois perdemos, e minhas fichas diminuíram no fim da primeira rodada.
Depois que Kevin distribuiu as cartas da segunda mão, eu não quis deixar que Joseph visse as minhas.
— Acho que já entendi — falei.
— Tem certeza? — ele me perguntou.
— Tenho, baby — respondi.
Três mãos depois, eu já tinha conseguido minhas fichas de volta e aniquilado a pilha de fichas dos outros jogadores, com um par de ases, um straight e a carta mais alta.
— Que saco! — Trenton praguejou. — Sorte de principiante é uma merda!
— Ela aprende rápido, Joe — disse Paul, mexendo a boca em volta do charuto.
Joseph tomou um grande gole de cerveja.
— Você está me deixando orgulhoso, Beija-Flor!
Seus olhos brilhavam de animação. Eu nunca tinha visto aquele seu sorriso antes.
— Obrigada.
— Quem não sabe fazer, ensina — disse Kevin, com um sorriso afetado.
— Muito engraçado, babaca — Joseph murmurou.
Quatro mãos depois, virei o que restava da minha cerveja e apertei os olhos para o único homem à mesa que ainda não tinha passado a mão.
— É com você, Taylor. Vai dar uma de bebezinho ou vai se compor- como um homem?
— Que se foda — ele retrucou, jogando as últimas fichas na mesa. Joseph olhou para mim animado, o que me fez lembrar das expressões daqueles que assistiam a suas lutas.
— O que você tem, Beija-Flor?
— Taylor? — falei, incisiva.
Um largo sorriso se espalhou pelo rosto dele.
— Flush! — ele sorriu, espalhando as cartas na mesa.
Seis pares de olhos me analisavam. Fiquei olhando para a mesa por um momento e então bati minhas cartas com força.
— Vejam e chorem, meninos! Ases e oitos! — exclamei, dando risada.
— Um full house? Caraca! — Trent gritou.
— Desculpa. Eu sempre quis dizer isso — falei, puxando as fichas para mim.
Kevin estreitou os olhos.
— Isso não é sorte de principiante. Ela joga.
Joseph olhou para ele por um momento e voltou o olhar para mim.
— Você já tinha jogado pôquer, Flor?
Pressionei os lábios e dei de ombros, exibindo meu melhor sorriso inocente. A cabeça de Joseph foi para trás, quando ele caiu num incontrolável acesso de riso. Ele tentava falar e não conseguia, depois bateu na mesa com o punho cerrado.
— Sua namorada acabou de passar a perna na gente! — disse Taylor, apontando na minha direção.
— Não acredito! — Trenton lamentou, se levantando.
— Belo plano, Joseph. Trazer uma jogadora profissional para a nossa noite de pôquer — disse um, piscando para mim.
— Eu não sabia! — ele respondeu, balançando a cabeça.
— Ah, tá — disse Kevin, olhando para mim.
—Não sabia mesmo! — Joseph confirmou, em meio às gargalhadas.
— Odeio dizer isso, mano, mas acho que acabei de me apaixonar pela sua garota — disse Tyler.
— Opa! — disse Joseph, rapidamente tirando o sorriso do rosto e fazendo uma careta.
— É isso aí. Eu estava pegando leve com você, Demi, mas vou ganhar meu dinheiro de volta agora mesmo — Trenton avisou.
Joseph ficou de fora nas últimas rodadas, observando os irmãos lutarem para recuperar o dinheiro deles. Mão após mão, eu recolhia todas as fichas, e Kevin começou a me observar com mais atenção. Toda vez que eu abria minhas cartas na mesa, Joseph e Pauk davam risada, Taylor xingava, Tyler proclamava amor eterno por mim e Trent tinha uma crise de raiva.
Troquei minhas fichas por dinheiro e dei cem dólares para cada um assim que fomos para a sala de estar. Pauk recusou, mas os irmãos aceitaram, gratos. Joseph me agarrou pela mão e caminhamos até a porta.
Eu podia ver que ele estava emburrado, então apertei seus dedos nos meus.
— Que foi?
— Você acabou de distribuir quatrocentos dólares, Flor! — ele franziu a testa.
— Se fosse noite de póquer na Sig Tau, eu ficaria com o dinheiro, mas não posso roubar seus irmãos quando acabei de conhecê-los.
— Eles teriam ficado com o seu dinheiro! — ele disse.
— E eu não teria perdido um segundo de sono por causa disso — disse Taylor.
Kevin me encarava em silêncio do canto da sala.
—Por que você fica encarando a minha garota, Kev?
—Qual é mesmo o sobrenome dela? — Kevin quis saber.
Alternei meu peso entre uma perna e outra, nervosa. Minha mente buscava freneticamente algo espirituoso ou sarcástico para dizer a fim de fugir da pergunta. Em vez disso, fiquei mexendo nas unhas, me xingando em silêncio. Eu devia saber que não valia a pena ganhar todas aquelas mãos seguidas. Kevin tinha sacado. Eu podia ver nos olhos dele.
Percebendo minha inquietação, Joseph se virou para o irmão e colocou o braço em volta da minha cintura. Eu não sabia ao certo se ele estava me protegendo ou se preparando para o que o irmão ia dizer.
Joseph se mexia, visivelmente incomodado com a pergunta.
— É lovato. O que você tem com isso?
— Posso entender por que você não ligou os pontos antes, Joe, mas agora não tem mais desculpa — disse Kevin, com um ar presunçoso.
— De que merda você está falando? — Joseph quis saber.
— Por acaso você é parente do Patrick Lovato? — Kevin me perguntou.
Todas as cabeças se viraram na minha direção, e mexi no cabelo, nervosa.
— Como você conhece o Patrick?
Joseph entortou a cabeça para me olhar nos olhos.
— Ele é só um dos melhores jogadores de pôquer que já existiram. Você conhece?
Eu me encolhi, sabendo que não tinha mais saída a não ser dizer a verdade.
— Ele é meu pai.
A sala inteira explodiu.
— NÃO ACREDITO!
— EU SABIA!
— ACABAMOS DE JOGAR PÔQUER COM A FILHA DO PATRICK LOVATO!
— PATRICK LOVATO! PUTA MERDA!
Kevin, Paul e Joseph eram os únicos que não estavam gritando.
— Eu falei pra vocês que era melhor eu não jogar — eu disse.
— Se você tivesse dito que era filha do Patrick Lovato, acho que gente teria te levado mais a sério — disse Kevin.
Olhei para Joseph, que me encarava, espantado.
— Você é a Lucky Thirteen? — ele me perguntou, com os olhos ainda um pouco turvos.
Trenton se levantou e apontou para mim, boquiaberto.
— A Lucky Thirteen está na nossa casa! Não é possível! Eu não acredito nisso!
— Esse foi o apelido que os jornais me deram. Mas a história não foi exatamente aquela — eu disse, inquieta.
—Preciso levar a Demi pra casa, pessoal — disse Joseph, ainda me encarando.
Paul me espiava por cima dos óculos.
—Por que não foi exatamente aquela?
—Eu não roubei a sorte do meu pai. Tipo, isso é ridículo — dei uma risada abafada, torcendo o cabelo, nervosa, em volta do dedo.
Kevin balançou a cabeça.
— Não, o Patrick deu aquela entrevista. Ele disse que, à meia-noite do seu aniversário de treze anos, a sorte dele secou.
— E a sua nasceu — Joseph acrescentou.
— Você foi criada por mafiosos — disse Trent, sorrindo de animação.
— Hum... não. Eles não me criaram. Eles só... estavam sempre por perto.
— Aquilo foi um absurdo, o Patrick jogar o seu nome na lama daquele jeito em todos os jornais. Você era só uma criança — disse Paul, balançando a cabeça.
— Na verdade, foi sorte de principiante — eu disse, tentando desesperadamente ocultar minha humilhação.
— Você aprendeu com Patrick Lovato — ele parecia incrédulo. — Você jogava com profissionais, e ganhava aos treze anos de idade, pelo amor de Deus! — Ele olhou para Joseph e abriu um sorriso. — Não aposte contra ela, filho. Ela não perde.
Joseph olhou para mim, com a expressão ainda de choque e desorientação.
—Hum... a gente precisa ir, pai. Tchau, pessoal.
A conversa animada da família foi sumindo conforme ele me puxava para fora, em direção à moto. Torci o cabelo em um coque e fechei o zíper do casaco, esperando que ele falasse algo. Ele subiu na moto sem dizer nada, e sentei de pernas abertas atrás.
Eu tinha certeza de que ele sentia que eu não tinha sido honesta, e provavelmente estava constrangido por ter descoberto uma parte tão importante da minha vida ao mesmo tempo em que sua família. Eu esperava uma tremenda briga quando chegássemos ao apartamento, e dezenas de pedidos de desculpas passaram pela minha cabeça antes de alcançarmos a porta da frente.
Ele me conduziu pelo corredor, segurando minha mão, e depois me ajudou com o casaco.
Puxei o nó cor de caramelo no alto da cabeça e meus cabelos caíram nos ombros em ondas espessas.
— Eu sei que você está com raiva — falei, incapaz de olhar nos olhos dele. — Desculpa não ter te contado antes, mas não gosto de falar disso.
— Com raiva? — ele disse, — Estou com tanto tesão que nem consigo enxergar direito. Você acabou de roubar o dinheiro dos babacas dos meus irmãos sem nem pestanejar, ganhou status de lenda com meu pai e tenho certeza que perdeu de propósito a aposta que fizemos antes da minha luta.
— Eu não diria isso...
Ele ergueu o queixo.
— Você achou que ia ganhar?
— Bom... não, não exatamente — falei, tirando os sapatos.
Joseph sorriu.
— Então você queria ficar aqui comigo. Acho que acabei de me apaixonar por você de novo.
— Como você pode não estar bravo comigo? — perguntei, jogando os sapatos no armário.
Ele suspirou e assentiu.
— Isso é importante, Flor. Você devia ter me contado, mas eu entendo por que não contou. Você veio pra cá pra fugir de tudo aquilo. É como se o céu tivesse clareado... tudo faz sentido agora.
— Bom, isso é um alívio.
— Lucky Thirteen — disse ele, balançando a cabeça e tirando minha camiseta.
— Não me chama assim, Joseph. Não é uma coisa boa.
— Você é famosa, Beija-Flor! — ele exclamou, surpreso com minhas palavras.
Então desabotoou minha calça jeans e a puxou para baixo, até os tornozelos, me ajudando a tirá-la.
— Meu pai passou a me odiar depois disso. Ele ainda me culpa por todos os problemas dele.
Joseph arrancou a camiseta e me abraçou.
— Ainda não acredito que a filha do Patrick Lovato está parada na minha frente. Fiquei com você esse tempo todo e não fazia a mínima ideia.
Empurrei-o para longe.
— Eu não sou a filha do Patrick Lovato, Joseph! Foi isso que eu deixei pra trás. Sou a Demi. Apenas a Demi! — falei, indo até o armário, de onde peguei uma camiseta para vestir.
Ele suspirou.
— Desculpa. Estou um pouco mexido por causa da sua fama.
— Sou só eu! — estirei a palma da mão no peito, desesperada para que ele me entendesse.
— Tá, mas...
— Mas nada. Está vendo como você está me olhando agora? Foi exatamente por isso que eu não te contei. — Fechei os olhos. — Eu nunca mais vou viver daquele jeito, Joe. Nem com você.
— Eita! Calma, Beija-Flor. Não vamos nos deixar levar pela emoção.
Seus olhos encontraram foco e ele veio até mim e me envolveu nos braços.
— Não importa o que você foi ou o que você não é mais. Eu só quero você.
— Acho que temos isso em comum, então.
Ele me levou até a cama, sorrindo.
— Somos eu e você contra o mundo, Flor.
Eu me enrosquei ao lado dele, me ajeitando no colchão. Eu nunca tinha planejado que ninguém mais, além de mim mesma e da Selena, soubesse do Patrick e nunca esperei que meu namorado pertencesse a uma família de fissurados por póquer. Meu peito subiu e desceu com um suspiro pesado, e pressionei o rosto contra ele.
— Qual é o problema? — ele me perguntou.
— Eu não quero que ninguém saiba, Joe. Não queria nem que você soubesse.
— Eu te amo, Demi. Não vou mais tocar nesse assunto, tá? Seu segredo está a salvo comigo — ele disse e me beijou na testa.

***

— Sr. Jonas, o senhor poderia moderar até acabar a aula? — disse o professor Chaney, em reação às minhas risadinhas enquanto Joseph brincava com o nariz no meu pescoço.
Pigarreei, sentindo o rosto irradiar de vergonha.
— Acho que não, professor Chaney. O senhor já deu uma boa olhada na minha namorada? — disse Joseph, olhando para mim.
Risadas ecoaram por toda a sala, e meu rosto pegou fogo. O professor me olhou de relance com uma expressão meio divertida, meio esquisita, depois balançou a cabeça para Joseph.
—Só faça o possível — disse.
A classe deu risada de novo, e me afundei no meu lugar. Joseph repousou o braço nas costas da minha cadeira e a aula continuou. Depois de sermos dispensados, ele me acompanhou até minha próxima aula.
— Desculpa se te envergonhei. Não consegui me conter.
— Da próxima vez, tenta.
Parker passou por nós e, quando respondi a seu aceno de cabeça com um educado sorriso, seus olhos se iluminaram.
— Oi, Demi. Vejo você lá dentro.
Ele foi andando e entrou na sala. Joseph o fuzilou com o olhar por poucos, mas tensos instantes.
— Ei — puxei a mão dele até que olhasse para mim. — Esquece o Parker.
— Ele anda dizendo pros caras na Casa que você ainda liga pra ele.
— Isso não é verdade — falei, sem me incomodar.
— Eu sei disso, mas eles não sabem. Ele disse que está só esperando. Ele falou pro Brad que você só está aguardando o momento certo para me dar um pé na bunda, e que você liga pra ele pra dizer como está infeliz comigo. Ele está começando a me deixar de saco cheio.
— Ele tem uma imaginação e tanto.
Olhei de relance para Parker e, quando ele percebeu e sorriu, fulminei com o olhar.
— Você vai ficar brava se eu te fizer passar vergonha mais uma vez?
Dei de ombros, e Joseph não perdeu tempo e me levou para dentro da sala. Ele parou ao lado da minha carteira, colocando minha bolsa no chão. Olhou para Parker e me puxou para si, com uma das mãos na minha nuca e a outra nas minhas costas, e então me beijou profundamente e com determinação. Ele roçava os lábios nos meus da forma como fazia apenas quando estávamos a sós. Não pude evitar e agarrei a camiseta dele com ambas as mãos.
Os murmúrios e as risadinhas ficaram mais altos quando se tornou claro que Joseph não me soltaria tão cedo.
— Acho que ela acabou de engravidar — disse alguém do fundo da sala, rindo.
Eu recuei ainda de olhos fechados, tentando me recompor. Quando olhei para Joseph, ele tinha o olhar fixo em mim, com o mesmo controle forçado.
— Eu só estava tentando provar uma coisa — ele sussurrou.
— Que ótimo — assenti.
Joseph sorriu, beijou meu rosto e depois olhou para Parker, que estava espumando de raiva.
— Vejo você na hora do almoço — ele piscou.
Caí na cadeira e soltei um suspiro, tentando me livrar da sensação de formigamento entre as pernas. Quase não consegui me concentrar na aula de cálculo. Quando ela acabou, percebi que Parker estava parado perto da porta, encostado na parede.
— Parker — eu o cumprimentei com um aceno de cabeça, determinada a não reagir do modo como ele esperava.
— Eu sei que vocês estão juntos. Ele não precisa te violentar na frente da classe inteira por minha causa.
Fiquei paralisada e parti para o ataque.
— Então talvez você devesse parar de falar pros caras da fraternidade que eu fico te ligando. Você está forçando demais a barra, e eu não vou ter dó de você quando ele acabar com a sua raça.
Ele torceu o nariz.
— Olhe o que você está dizendo. Está passando tempo demais com o Joseph.
— Não, essa sou eu. É apenas um lado meu que você não conhece.
— Você não me deu exatamente uma chance de te conhecer, não foi?
Suspirei.
— Não quero brigar com você, Parker. Só não deu certo, tá bom?
— Não, não está bom. Você acha que eu gosto de ser motivo de piada na Eastern? Joseph Jonas é o cara que todos nós gostamos, porque ele nos faz ficar bem na fita. Ele usa as garotas, depois as joga fora, e até os maiores babacas da Eastern parecem o Príncipe Encantado comparados a ele.
— Quando você vai abrir os olhos e perceber que ele mudou?
— Ele não te ama, Demi. Você é só um brinquedinho novo e reluzente. Se bem que, depois da cena que ele fez na sala de aula, acho que você já está bem usada.
Dei um tapa na cara dele antes de me dar conta do que tinha feito.
— Se você tivesse esperado dois segundos, eu teria lhe poupado o esforço, Flor — disse Joseph, me puxando para trás dele.
Eu o segurei pelo braço.
— Não, Joseph.
Parker parecia um pouco nervoso, enquanto a marca perfeita da minha mão aparecia, vermelha, em sua face.
— Eu te avisei — disse Joseph, empurrando-o violentamente contra a parede.
O maxilar de Parker ficou tenso e ele olhou para mim com ódio.
— Considere isso um encerramento, Joseph. Posso ver agora que vocês dois foram feitos um para o outro.
— Valeu — disse Joseph, enganchando o braço em volta dos meus ombros.
Parker desencostou da parede e desceu rapidamente as escadas, olhando de relance para trás para se certificar de que Joseph não o seguia.
— Você está bem? — Joseph quis saber.
— Minha mão está ardendo.
Ele sorriu.
— Aquilo foi demais, Flor. Estou impressionado.
— Ele provavelmente vai me processar, e eu vou acabar pagando a entrada dele em Harvard. O que você está fazendo aqui? Achei que a gente ia se encontrar no refeitório.
Um canto de sua boca se ergueu em um sorriso malicioso.
— Não consegui me concentrar na aula. Ainda estou sentindo aquele beijo.
Olhei para o corredor e depois para ele.
— Vem comigo.
Ele juntou as sobrancelhas e sorriu.
— O quê?
Dei uns passos para trás, arrastando-o comigo, até sentir a maçaneta do laboratório de física. A porta se abriu. Olhei de relance para trás e vi que o lugar estava vazio e escuro. Puxei-o pela mão, rindo de sua expressão confusa, e depois tranquei aporta, empurrando-o de encontro a ela.
Eu o beijei e ele riu baixinho.
— O que você está fazendo?
— Não quero que você não consiga se concentrar na aula — falei, beijando-o de novo.
Ele me ergueu e o envolvi com as pernas.
— Não sei o que eu fiz até hoje sem você — ele disse, segurando-me com uma das mãos e abrindo o cinto com a outra —, mas não quero nunca descobrir. Você é tudo que eu sempre quis, Beija-Flor.
— Só se lembre disso quando eu tirar todo o seu dinheiro no próximo jogo de pôquer — falei, tirando a camiseta.

~*~

Postei o capítulo inteiro hoje. Motivo? Simples: Vocês são demais <333

Gente, eu li todos os comentários!!!!! Mas não estou com muito tempo de responder, porque eu ainda tenho que responder as perguntas dos Selos e tals...
MUITO, MUITO, MUITO OBRIGADA POR COMENTAREM E FICO FELIZ QUE ESTEJAM GOSTANDO DA FIC!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Continuem dizendo o que estão achando, porque eu amo saber a reação de vocês! Ok?!
Amo vocês <3

Ps: #OGiganteAcordou #ChangeBrazil #VemPraRua #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeALuta
Eu quero revolucionar esse pais! Quero que toda a merda que os governantes fizeram, mude.
Eu iria pras ruas ajudar nas manifestações, mas eu não posso :/
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Façam a diferença.


3 comentários:

  1. ta divooo demaisssss <3 *___* postaaa logoo

    #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeALuta

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  2. ameeeei... *_*
    posta mais

    #OGiganteAcordou

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  3. MUITO PERFEITO
    adorei ela jogando com os irmãos do Joe
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    o Joe falando com o professor foi muito engraçado
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    Beijos

    To contigo finalmente o Brasil acordou!! E finalmente essa parte do hino faz sentido #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeALuta

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