segunda-feira, 24 de junho de 2013

Capítulo 14 – Cidade do Pecado (Parte 2/2)


Joseph e Nicholas nos seguiram em silêncio enquanto descíamos a The Strip até o prédio de Benny. O trânsito, tanto de canos quanto de pessoas, estava começando a aumentar. A cada passo, eu tinha uma sensação de náusea e vazio no estômago. Minha mente estava a mil, pensando em um argumento convincente para persuadir Benny. Na hora em que batemos à grande porta verde, que eu já tinha visto tantas vezes antes, eu estava completamente decepcionada.
Não foi surpresa alguma ver o imenso porteiro — negro, aterrorizante e maciço —, mas fiquei pasma ao ver Benny parado ao lado dele.
— Benny — falei, quase sem fôlego.
— Ora, ora... Você não é mais a Lucky Thirteen, hein? O Patrick não me contou que você tinha ficado tão bonita. Eu estava esperando por você, Docinho. Ouvi dizer que tem um pagamento para mim.
Assenti e Benny fez um gesto, apontando para os meus amigos. Ergui o queixo para fingir confiança.
— Eles estão comigo.
— Receio que seus companheiros terão que esperar do lado de fora — disse o porteiro, em um tom grave incomum.
Joseph me pegou pelo braço imediatamente.
— Ela não vai entrar aí sozinha. Eu vou junto.
Benny olhou para ele e engoli em seco. Quando o chefão ergueu o olhar para o porteiro com os cantos da boca virados para cima, relaxei um pouco.
— É justo — disse Benny. — O Patrick vai ficar feliz em saber que você tem um amigo tão bom.
Então o segui para dentro, me virando para ver o olhar preocupado no rosto de Selena. Joseph segurava firme meu braço, se colocando de propósito entre mim e o porteiro. Seguimos Benny até entrarmos em um elevador, subimos quatro andares em silêncio e depois as portas se abriram.
Havia uma grande mesa de mogno no meio de uma sala ampla. Benny foi andando com dificuldade até sua luxuosa cadeira e se sentou, fazendo um gesto para que ocupássemos as duas cadeiras vazias do outro lado da mesa. Quando me sentei, senti o couro frio sob mim e me perguntei quantas pessoas tinham estado ali, naquela mesma cadeira, momentos antes de morrer. Estiquei a mão para segurar a de Joseph e ele apertou a minha, restaurando-me a confiança.
— O Patrick me deve vinte e cinco mil. Acredito que você tenha o valor total — disse Benny, rabiscando algo em um bloco de notas.
— Pra falar a verdade — fiz uma pausa, pigarreando —, faltam cinco mil, Benny. Mas eu tenho o dia todo amanhã para conseguir o restante. E cinco mil não é problema, certo? Você sabe que eu sou boa nisso.
— Demetria — disse Benny, franzindo o cenho —, assim você me decepciona. Você conhece minhas regras muito bem.
— Por... por favor, Benny. Estou pedindo que você pegue os dezenove mil e novecentos, e amanhã eu te trago o resto.
Os olhos pequenos abrilhantes de Benny se revezaram entre mim e Joseph. Foi nesse momento que notei que dois homens deram um passo à frente, saídos de cantos escuros da sala. A pegada de Joseph na minha mão ficou mais apertada, e prendi o fôlego.
— Você sabe que não aceito nada além do valor total. O fato de você estar tentando me entregar menos que isso me diz algo. Sabe o quê? Que você não tem certeza se vai conseguir tudo.
Os capangas deram mais um passo à frente.
— Eu posso conseguir o seu dinheiro, Benny — eu disse, dando risadinha nervosa. — Ganhei oito mil e novecentos em seis horas.
— Então você está me dizendo que vai me trazer oito mil e novecentos em mais seis horas? — Benny abriu um sorriso diabólico.
—O prazo é só amanhã à meia-noite — disse Joseph, olhando de relance para trás e então observando a aproximação dos homens que vinham das sombras.
— O... o que você está fazendo, Benny? — perguntei, com a postura rígida.
— O Patrick me ligou hoje. Ele me disse que você está cuidando da dívida dele.
— Estou fazendo um favor a ele. Eu não devo nenhum dinheiro a você — falei séria, meu instinto de sobrevivência vindo à tona com tudo.
Benny apoiou os cotovelos curtos e grossos na mesa.
— Estou pensando em ensinar uma lição ao Patrick, e estou curioso para saber até onde vai a sua sorte, menina.
Joseph levantou como um raio da cadeira e me puxou atrás dele. Então fomos de costas em direção à porta.
— O Josiah está do lado de fora, meu jovem. Para onde exatamente você acha que vai fugir?
Eu estava errada. Quando estava pensando em persuadir Benny a ser racional, eu deveria ter previsto a vontade de Patrick de sobreviver e a predileção de Benny por vingança.
— Joseph — falei em tom de aviso, observando os capangas se aproximarem de nós.
Ele me empurrou mais para trás e se aprumou.
— Espero que você saiba, Benny, que, quando eu derrubar os seus homens, não é com a intenção de te desrespeitar. Mas eu estou apaixonado por essa moça e não posso deixar que você a machuque.
Benny irrompeu em uma risada cacarejante.
— Tenho que lhe dar algum crédito, meu filho. Você é o cara mais corajoso que já passou por essa porta. Vou te preparar para o que você está prestes a enfrentar. O camarada mais alto à sua direita é o David. Se ele não conseguir derrubar você a socos, vai usar a faca que tem no coldre. O homem à sua esquerda é o Dane, meu melhor lutador. Aliás, ele tem uma luta amanhã, e nunca perdeu nenhuma. Tome cuidado para não machucar as mãos, Dane. Apostei alto em você.
Dane sorriu para Joseph com olhos selvagens e divertidos.
— Sim, senhor.
— Benny, para com isso! Eu posso conseguir o dinheiro pra você! — gritei.
— Ah, não... Isso está ficando interessante muito rápido — Benny deu uma risada abafada, se recostando na cadeira.
David foi para cima de Joseph, e levei as mãos à boca. O homem era forte, mas desajeitado e lento. Antes que ele pudesse dar um golpe ou tentasse pegar a faca, Joseph o incapacitou, empurrando o rosto de David para baixo e dando-lhe uma joelhada certeira. Quando Joseph deu um soco, não perdeu tempo, usando no rosto do cara toda a força que tinha. Dois socos e uma cotovelada depois, David estava no chão, caído em uma poça de sangue.
Benny jogou a cabeça para trás, rindo de um jeito histérico e socando a mesa, com o deleite de uma criança vendo desenho animado no sábado de manhã.
— Bom, vá em frente, Dane. Ele não assustou você, assustou?
Dane abordou Joseph com mais cautela, com o foco e a precisão de um lutador profissional. Seu punho cerrado voou em direção ao rosto do meu namorado com uma velocidade incrível, mas Joseph conseguiu desviar, golpeando-o com o ombro com toda a força. Os dois caíram de encontro à mesa de Benny, e então Dane agarrou Joseph com os dois braços, jogando-o no chão. Eles se engalfinharam no chão por um instante, depois Dane conseguiu se levantar, se preparando para socar Joseph, que estava preso debaixo dele. Cobri o rosto, incapaz de assistir.
Ouvi um grito de dor, então ergui o olhar e vi Joseph segurando Dane pelos cabelos volumosos e desgrenhados, acertando um soco atrás do outro na lateral da cabeça do capanga. O rosto de Dane batia com força na mesa de Benny a cada golpe que ele levava. Quando Joseph o soltou, ele mal conseguia ficar em pé, desorientado e sangrando.
Joseph o observou por um instante e depois o atacou novamente, rosnando a cada ataque, mais uma vez usando toda sua força. Dane se esquivou e acertou o maxilar de Joseph com os nós dos dedos.
Joseph sorriu e ergueu o dedo.
— Essa foi a sua vez.
Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Joseph tinha deixado o capanga do Benny acertá-lo. Ele estava se divertindo. Eu nunca o tinha visto lutar sem limites. Era um pouco assustador vê-lo liberar tudo que tinha em si naqueles matadores treinados e mesmo assim sair ganhando. Até aquele momento, eu não tinha me dado conta do que ele era capaz.
Com as perturbadoras risadas de Benny ao fundo, Joseph terminou de derrubar Dane, acertando o cotovelo bem no meio da cara dele e nocauteando-o antes que ele chegasse ao chão. Fui acompanhando o movimento até ele cair no tapete importado de Benny.
— Que jovem incrível! Simplesmente incrível! — disse Benny, batendo palmas e deliciando-se com aquilo.
Joseph me puxou para trás dele enquanto Josiah preenchia o vão da porta aberta com seu físico gigantesco.
—Devo cuidar disso, senhor?
— Não! Não, não... — disse Benny, ainda exultante com o desempenho improvisado de Joseph. — Qual é o seu nome?
Meu namorado ainda respirava com dificuldade.
— Joseph Jonas — disse ele, limpando o sangue das mãos na calça jeans.
— Joseph Jonas, acredito que você possa ajudar a sua namoradinha aqui a sair dessa encrenca.
— E como seria isso? — ele perguntou, soltando o ar.
— O Dane tinha uma luta amanhã à noite. Eu apostei alto nele, mas não me parece que ele esteja em condições de lutar tão cedo. Sugiro que você assuma o lugar dele e ganhe uma grana pra mim, e eu perdoo os cinco mil e cem restantes da dívida do Patrick.
Joseph se virou para mim.
— Beija-Flor?
— Você está bem? — perguntei, limpando o sangue do rosto dele.
Mordi o lábio, sentindo meu rosto se enrugar em uma combinação de medo e alívio.
Joseph sorriu.
— O sangue não é meu, baby. Não precisa chorar.
Benny se levantou.
— Sou um homem ocupado, meu filho. Topa ou passa?
— Topo — disse Joseph. — É só me dar as coordenadas e estarei lá.
—Você vai lutar com o Brock McMann. Ele não é nenhuma mocinha. Foi expulso do UFC no ano passado.
Joseph não se incomodou com a informação.
— É só me dizer onde preciso estar.
O sorriso de tubarão de Benny se espalhou pelo rosto.
— Eu gosto de você, Joseph. Acho que seremos bons amigos.
— Duvido — Joseph respondeu.
Ele abriu a porta para mim e manteve uma posição protetora e preparada para o ataque, até o momento em que saímos pela porta da frente.
— Meu Deus! — Selena gritou ao ver o sangue cobrindo as roupas de Joseph. — Vocês estão bem?
Ela me agarrou pelos ombros e analisou meu rosto.
— Estou bem. Só mais um dia no escritório. Para nós dois — falei, secando as lágrimas.
Joseph me agarrou pela mão e fomos correndo até o hotel, com Nicholas e Selena nos seguindo bem de perto. Poucas pessoas prestaram atenção na aparência de Joseph. Ele estava coberto de sangue e parecia que só alguns ocasionais forasteiros notavam.
— Que diabos aconteceu lá? — Nicholas por fim perguntou.
Joseph tirou as roupas, ficando só de cueca, e sumiu dentro do banheiro. O chuveiro foi ligado e Selena me entregou uma caixa de lenços de papel.
— Eu estou bem, Sel.
Ela suspirou e empurrou a caixa para mim mais uma vez.
— Não está, não.
— Não foi a minha primeira vez com o Benny — falei.
Meus músculos estavam doloridos como resultado das vinte e quatro horas de tensão pelas quais havia passado.
— Foi a primeira vez que você viu o Joseph atacar alguém como um louco — disse Nicholas. — Já vi isso acontecer uma vez e não é nada bonito.
— O que aconteceu? — insistiu Selena.
— O Patrick ligou para o Benny e passou a responsabilidade para mim.
— Eu vou matar o Patrick! Vou matar aquele filho da puta! — gritou Selena.
— O Benny não ia me considerar responsável, mas ia ensinar uma lição ao Patrick por ter enviado a filha para pagar a dívida. Ele chamou dois de seus malditos cães de guarda pra cima da gente e Joseph os derrubou. Os dois. Em menos de cinco minutos.
— Então o Benny deixou vocês irem embora? — Selena quis saber. Joseph surgiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, e a única evidência da briga era uma marca vermelha na maçã do rosto, logo abaixo do olho direito.
— Um dos caras que eu derrubei tinha uma luta amanhã à noite. Vou assumir o lugar dele e, em compensação, o Benny vai perdoar os cinco mil que faltam da dívida do Patrick.
Selena se levantou.
— Isso é ridículo! Por que estamos ajudando o Patrick, Demi? Ele te jogou aos lobos! Eu vou matar o Patrick!
— Não se eu matar primeiro — disse Joseph, borbulhando de raiva.
— Entrem na fila — falei.
— Então você vai lutar amanhã? — Nicholas perguntou.
— Num lugar chamado Zero’s. Às seis horas. É com o Brock McMann, Nick.
Nicholas balançou a cabeça.
— De jeito nenhum. Nem ferrando, Joe! O cara é um maníaco!
— É — disse Joseph —, mas ele não está lutando pela garota dele, não é? — Ele me aninhou em seus braços, beijando o topo da minha cabeça.— Você está bem, Beija-Flor?
— Isso é errado. Isso é errado em tantos sentidos. Não sei com qual deles devo tentar te convencer a não fazer isso.
— Você não me viu hoje? Vou ficar bem. Eu já vi o Brock lutar. O cara é duro na queda, mas não é imbatível.
— Eu não quero que você faça isso, Joe.
— Bom, eu não quero que você vá jantar com seu ex-namorado amanhã à noite. Acho que nós dois vamos ter que fazer algo desagradável para salvar a pele do seu pai.
Eu já tinha visto isso antes. Las Vegas muda as pessoas, cria monstros e homens arruinados. Era fácil deixar as luzes e os sonhos roubados penetrarem no sangue. Eu já tinha visto a enérgica e invencível expressão no rosto de Joseph muitas vezes antes, e a única cura era um avião de volta para casa.

***

Jesse franziu a testa quando olhei mais uma vez para o relógio.
— Você tem outro compromisso, Docinho? — ele me perguntou.
— Por favor, para de me chamar assim, Jesse. Odeio esse apelido.
— Eu odiei quando você foi embora também, o que não te impediu de ir.
— Essa conversa já deu. Vamos simplesmente jantar, tudo bem?
— Tudo bem. Vamos falar sobre o seu novo namorado. Qual é o nome dele? Joseph? — Assenti. — O que você está fazendo com aquele psicopata tatuado?
— Seja legal, Jesse, ou eu vou embora.
—Não consigo acreditar como você mudou. Não consigo acreditar que você está sentada aqui, bem na minha frente.
Revirei os olhos.
— Desencana.
— Aí está ela — disse Jesse. — A garota de quem eu me lembro.
Baixei o olhar para o relógio de pulso.
— A luta do Joseph começa em vinte minutos. É melhor eu ir.
— Ainda temos a sobremesa.
— Não posso, Jess. Não quero que ele se preocupe, pensando se vou ou não vou aparecer. Isso é importante.
Ele deixou os ombros caírem.
— Eu sei. Sinto falta dos dias em que eu era importante.
Coloquei minha mão na dele.
— A gente era criança. Isso foi há uma vida.
— Quando a gente cresceu? Você estar aqui é um sinal, Demi. Achei que nunca mais te veria e você está aqui, sentada na minha frente. Fica comigo.
Balancei lentamente a cabeça em negativa, hesitante em magoar meu amigo mais antigo.
— Eu amo o Joseph, Jess.
A decepção dele obscureceu o largo sorriso que tinha no rosto.
— Então é melhor você ir.
Dei um beijo no rosto dele e saí voando do restaurante, pegando um táxi.
— Para onde? — perguntou o taxista.
— Para o Zero’s.
Ele se virou para trás, me olhando de cima a baixo.
— Tem certeza?
— Tenho! Vamos! — falei, jogando o dinheiro sobre o banco

~*~

Vocês foram para algum dos protestos? É só pra saber mesmo ^^ hahaha
Enfim, ainda me sinto estranha por escrever o nome do Patrick nessa estória... Ainda mais do jeito que o personagem dele é aqui. De forma alguma, eu não quero desrespeitar a memória dele, ou coisa parecida. Ainda não me sinto muito bem ainda usando o nome dele, mas não vejo motivo maior para mudar. Então continuarei com Patrick, tudo bem?!
Mas se vocês quiserem, eu mudo o nome por outro...

Comentem, amores <3

Answers:

Pâm Lovato: *----* fico feliz que esteja gostando!!! Obrigada por comentar <3
Demetria Devone Lovato: Joseph fica com ciúmes até do Finch com a Demi hahaha Também fiquei mal quando descobri... ainda mais porque a Demi ainda não tinha perdoado o Patrick pelo o que ele tinha feito, e com a morte dele, a Demi deve estar se sentindo muito muito culpada... :/ é clichê, mas eu queria muito poder abraçar ela e a Dallas.
Nanda Carol: haha Tudo bem *-* o que importa é que você continua lendo e gostando <3 e é claro, me fazendo feliz comentando u_u hahaha Pois é :/ Postei. Beijos.
lali: Obrigada, linda *-* mas eu acabei de ganhar um desse e estou sem tempo pra postar e responder as perguntas do selinho, além de escolher os blogs, etc. Mas muito obrigada, de qualquer forma <333

3 comentários:

  1. PERFEITO
    adorei o Joe acabando com os guardas do Benny apesar de ter certeza que ele ia conseguir!!
    POSTA LOGO
    Beijos

    Eu não fui a nenhum protesto... Mas to torcendo para o pessoal conseguir tudo que revindicou...

    Eu Também estou com muita vontade de poder abraçar a Demi e a Dallas e ajudar... :(

    ResponderExcluir
  2. Que perfeito, adorei a briga do Joseph kkk tomara que ele saia bem da luta no Zero's, essa estória é perfeita!
    Eu fui pra manifestação de Brasília e tal, meu pai nao deixa, entao to indo escondida kkk
    Posta logo! beijos

    ResponderExcluir
  3. Adorei o capitulo!
    Compreendo que seja complicado mas enfim...Temos que nos esforçar enquanto escritoras para não acabar com a história.
    Desculpem o atraso a comentar, tive uma semana inteira de provas.
    Postem logo.

    Beijos.

    ResponderExcluir