terça-feira, 25 de junho de 2013

Capítulo 15 – Lar (Parte 1/2)

Joseph finalmente abriu caminho em meio à multidão com Benny ao seu lado, sussurrando em seu ouvido. Joseph assentiu e respondeu. Meu sangue correu frio nas veias ao vê-lo ser tão amigável com o cara que havia nos ameaçado menos de vinte e quatro horas antes. Joseph se deleitou com os aplausos e os cumprimentos por seu triunfo enquanto a multidão rugia. Ele caminhava mais ereto, seu sorriso era mais largo, e, quando chegou até mim, me plantou um beijo na boca.
Pude sentir o suor salgado mesclado ao gosto ácido do sangue em seus lábios. Ele tinha ganhado a luta, mas não sem alguns machucados.
— O que foi aquilo? — perguntei, ao ver Benny rindo com sua gangue.
— Depois eu te conto. Temos muito o que conversar — disse ele, com um largo sorriso no rosto.
Um homem deu uns tapinhas nas costas dele.
— Valeu — disse Joseph em resposta, virando-se para cumprimentá-lo.
— Ansioso para ver mais uma luta sua, filho — disse o homem, entregando-lhe uma garrafa de cerveja. — Aquilo foi incrível.
— Vamos, Flor.
Ele tomou um gole da cerveja, bochechou e cuspiu. O líquido cor de âmbar no chão estava tingido de sangue. Ele foi passando em meio à multidão, inspirando fundo quando chegamos ao lado de fora, na calçada. Ele me beijou uma vez e me conduziu pela The Strip, com passos rápidos e determinados.
No elevador do hotel, me empurrou de encontro à parede espelhada agarrou minha perna e a ergueu num movimento rápido de encontro a seu quadril. Sua boca procurou a minha ansiosamente, e senti sua mão sob meu joelho deslizar até a coxa e puxar minha saia para cima.
— Joseph, tem câmera aqui — falei, com a boca encostada na sua.
— Que se foda — ele disse, rindo baixinho. — Estou comemorando.
Eu o afastei.
— Podemos comemorar no quarto — falei, limpando a boca e olhando para minha mão, vendo fios vermelhos de sangue.
— O que há de errado com você, Beija-Flor? Você ganhou, eu ganhei, nós liquidamos a dívida do Patrick e acabei de receber a proposta da minha vida.
O elevador se abriu e permaneci onde estava. Joseph saiu para o corredor.
— Que tipo de proposta? — eu quis saber
Ele estendeu a mão para mim, mas ignorei. Meus olhos se estreitaram. Eu já sabia o que ele ia dizer
Ele suspirou.
— Já falei, vamos conversar sobre isso depois.
— Vamos conversar sobre isso agora.
Ele se inclinou na minha direção, me puxou pelo pulso e me ergueu em seus braços.
— Vou ganhar dinheiro suficiente para devolver a você o que o Patrick te tirou, para você pagar o que falta da faculdade, para eu terminar de pagar minha moto e comprar um carro novo para você — ele disse, deslizando o cartão-chave pela ranhura na porta e abrindo-a, e depois me colocou no chão. — E isso é só o começo!
— E como exatamente você vai fazer isso?
Senti um aperto no peito e minhas mãos começaram a tremer.
Ele pegou meu rosto nas mãos, empolgado.
— O Benny vai me deixar lutar aqui em Vegas. Seis dígitos por luta, Flor. Seis dígitos por luta!
Fechei os olhos e balancei a cabeça em negativa, ignorando a excitação nos olhos dele.
— O que você disse pro Benny?
Joseph ergueu meu queixo e abri os olhos, temendo que ele já tivesse assinado contrato.
Ele riu baixinho.
— Falei pra ele que pensaria no assunto.
Soltei o ar que estava prendendo.
— Ah, graças a Deus! Não me assusta desse jeito, Joe. Achei que você estivesse falando sério.
Ele fez uma careta e assumiu uma postura firme antes de falar.
— Eu estou falando sério, Flor. Eu disse a ele que precisava conversar com você primeiro, mas achei que você ficaria feliz. Ele vai agendar uma luta por mês. Você faz ideia de quanto dinheiro isso significa? Dinheiro VIVO!
— Eu sei fazer conta, Joseph. E também sei manter o juízo quando estou em Vegas, algo que, é óbvio, você não sabe. Tenho que te tirar daqui antes que você faça alguma idiotice.
Fui até o armário, arranquei nossas roupas dos cabides e as enfiei furiosamente na mala.
Ele pegou gentilmente meus braços e me virou.
— Eu posso fazer isso. Posso lutar para o Benny durante um ano e a gente fica bem de vida por um bom tempo, um bom tempo mesmo.
— O que você vai fazer? Largar a faculdade e se mudar pra cá?
— O Benny vai pagar minhas viagens e marcar as lutas de acordo com o meu horário na faculdade.
Dei risada, incrédula.
— Você não pode ser tão ingênuo, Joseph. Quando se está na folha de pagamento do Benny, você não vai lutar para ele somente uma vez por mês. Esqueceu do Dane? Você vai acabar se tornando um dos capanga dele!
Ele balançou a cabeça.
— Nós já discutimos sobre isso, Flor. Ele não quer que eu faça além de participar das lutas.
— E você confia nele? Sabe por que o chamam de Benny Liso por aqui?
— Eu quero comprar um carro pra você, Beija-Flor. Um carro legal. Além de pagar as mensalidades da faculdade, as minhas e as suas.
— Ah, a máfia está distribuindo bolsas de estudos agora?
Joseph cerrou o maxilar. Ele estava irritado por ter que me convencer.
— Isso vai ser bom pra gente. Eu posso guardar dinheiro até comprar uma casa. Não consigo ganhar isso em nenhum outro lugar!
— E quanto à sua formação em direito? Você vai ver seus antigos colegas de classe com certa frequência trabalhando para o Benny, juro pra você!
— Baby, eu entendo seu medo, De verdade. Mas estou sendo esperto em relação a isso. Vou lutar por um ano e depois a gente cai fora para fazer o que bem entender.
— Não se larga simplesmente o Benny, Joe. Ele é o único que pode lhe dizer quando acabou. Você não faz ideia de com quem está lidando! Não consigo acreditar que você está sequer considerando essa possibilidade! Trabalhar para um homem que teria mandado os capangas dele nos espancarem sem dó ontem à noite se você não tivesse impedido?
—Exatamente. Eu o impedi.
— Você impediu dois dos capangas dele, Joseph. O que você vai fazer se surgir uma dúzia deles? O que você vai fazer se eles vierem atrás de mim durante uma de suas lutas?
— Não faria sentido ele fazer uma coisa dessas. Vou ganhar uma montanha de dinheiro pra ele.
— No momento em que você decidir que não vai mais fazer isso, você se torna descartável. É assim que essas pessoas trabalham.
Joseph se afastou de mim e olhou pela janela. As luzes piscantes coloriam suas feições em conflito. Sua decisão já estava tomada antes mesmo de ele vir falar comigo.
— Vai dar tudo certo, Beija-Flor. Vou garantir isso. E então a gente vai ficar bem.
Balancei a cabeça e me virei, enfiando as roupas na mala. Quando chegássemos em casa, ele voltaria a ser o velho Joseph novamente. Las Vegas fazia coisas estranhas com as pessoas, e eu não conseguiria argumentar com Joseph enquanto ele estivesse embriagado com aquele fluxo de dinheiro e uísque.
Eu me recusei a continuar discutindo o assunto até que estivéssemos no avião, com medo de que Joseph me deixasse partir sem ele. Prendi o cinto de segurança e cerrei os dentes, observando-o olhar de maneira nostálgica pela janela do avião, enquanto subíamos no céu noturno. Ele já estava sentindo falta da malícia e das tentações ilimitadas que Vegas tinha a oferecer.
— É muito dinheiro, Flor.
— Não.
Ele virou a cabeça na minha direção.
— Essa decisão é minha. Não acho que você está tendo uma visão ampla das coisas.
— E eu acho que você perdeu a droga da razão.
— Você não está nem considerando a ideia?
— Não, e nem você. Você não vai trabalhar para um criminoso assassino em Las Vegas, Joseph. É completamente ridículo que você pense que eu poderia considerar essa possibilidade.
Ele suspirou e olhou pela janela.
— Minha primeira luta é daqui a três semanas.
Meu queixo caiu.
— Você já concordou?
Ele piscou.
— Ainda não.
— Mas vai concordar?
Ele sorriu.
— Você vai parar de ficar brava quando eu te comprar um Lexus.
— Eu não quero um Lexus — falei, borbulhando de raiva.
— Você pode ter qualquer coisa que quiser, baby. Imagine a sensação de ir até a concessionária e só precisar escolher sua cor predileta.
— Você não está fazendo isso por mim. Pare de fingir que é por mim.
Ele se inclinou na minha direção e beijou o meu cabelo.
— Não, estou fazendo isso por nós. Você só não está conseguindo enxergar como vai ser o máximo.
Um calafrio se espalhou no meu peito e desceu pela coluna até as pernas. Ele não conseguiria raciocinar direito até que estivéssemos no apartamento, e eu estava morrendo de medo que Benny lhe tivesse feito uma oferta que ele não teria como recusar. Afastei meus temores; eu tinha que acreditar que Joseph me amava o bastante para esquecer as cifras e as falsas promessas que Benny lhe tinha feito.
— Flor? Você sabe preparar peru?
— Peru? — falei, pega de surpresa pela súbita mudança na conversa.
Ele apertou de leve a minha mão.
— É que o feriado de Ação de Graças está chegando, e você sabe que o meu pai te adora. Ele quer que você apareça por lá, mas a gente sempre acaba pedindo uma pizza e vendo um jogo na TV. Achei que talvez eu e você pudéssemos preparar um peru juntos. Sabe, um verdadeiro jantar de Ação de Graças com peru, uma vez na vida, na casa dos Jonas.
Pressionei os lábios, tentando não rir.
— É só colocar o peru numa travessa e deixar assando o dia inteiro. Não tem muito segredo.
— Então você vem? Vai me ajudar?
Dei de ombros.
— Claro.
Ele se distraiu das intoxicantes luzes lá embaixo, e me permiti ter esperanças de que ele percebesse, no fim das contas, como estava errado em relação ao Benny.
Joseph colocou nossas malas na cama e desabou ao lado delas. Ele não tinha mais tocado no assunto do Benny, e eu estava esperançosa de que Vegas tivesse começado a sair de seus pensamentos. Dei banho no Totó, com nojo pelo cheiro de fumaça e meias sujas que ele exalava por ter passado o fim de semana no apartamento do Brazil. Depois o sequei no quarto com uma toalha.
— Ah! Agora sim! — dei risada quando ele rebolou, borrifando em mim gotículas de água. Ele ficou em pé, apoiado nas patas traseiras, e lambeu meu rosto. — Também senti sua falta, bonitinho.
— Beija-Flor? — Joseph me chamou, estalando os dedos nervosamente.
— O quê? — respondi, esfregando Totó com a toalha felpuda amarela.
— Eu quero fazer isso. Quero lutar em Vegas.
— Não — falei, sorrindo para a carinha feliz do Totó.
Ele suspirou.
— Você não está me ouvindo. Eu vou fazer isso. Daqui a alguns meses você vai ver que tomei a decisão certa.
— Você vai trabalhar para o Benny?
Ele assentiu, nervoso, e depois sorriu.
— Eu só quero cuidar de você, Flor.
Lágrimas turvaram meus olhos, sabendo que ele estava determinado. Eu não quero nada comprado com esse dinheiro, Joseph. Não quero nada que tenha a ver com o Benny, nem com Vegas, nem com nada daquilo.
— Você não via problema algum em comprar um carro com o dinheiro das minhas lutas aqui.
— É diferente, e você sabe.
Ele franziu a testa.
— Vai ficar tudo bem, Flor, Você vai ver.
Fiquei olhando para ele por um instante, na esperança dever um reluzir de diversão em seus olhos, esperando que ele me dissesse que estava brincando. Mas tudo que pude ver foi incerteza e ganância.
— Então por que você me perguntou, Joseph? Se ia trabalhar pro Benny não importando o que eu dissesse?
— Porque quero o seu apoio, mas é muito dinheiro para recusar. Eu seria louco de dizer não.
Fiquei sentada por um momento, sem reação. Quando consegui digerir tudo, assenti.
— Tudo bem, então. Você tomou sua decisão.
Joseph reluzia de felicidade.
— Você vai ver, Beija-Flor. Vai ser o máximo! — ele exclamou, me puxando para fora da cama e beijando meus dedos. — Estou morrendo de fome, e você?
Fiz que não, e ele beijou minha testa antes de ir até a cozinha. Ao ouvir seus passos sumindo no corredor, puxei minhas roupas dos cabides, agradecida por ter lugar na mala para a maioria das minhas coisas. Lágrimas de raiva escorriam pelo meu rosto. Eu sabia que não devia ter levado Joseph àquele lugar. Eu tinha lutado com unhas e dentes para mantê-lo afastado do lado negro da minha vida e, no momento em que a oportunidade se apresentou, eu o arrastei sem pensar duas vezes ao centro de tudo que eu odiava.
Joseph agora faria parte daquilo e, se ele não ia me deixar salvá-lo, eu tinha que pelo menos me salvar.
A mala estava tão cheia que por pouco não consegui fechá-la. Puxei-a da cama e passei pela cozinha sem nem olhar para ele. Desci rapidamente os degraus, aliviada por Selena e Nicholas ainda estarem se beijando e rindo no .estacionamento;
— Beija-Flor? — Joseph me chamou da entrada do apartamento.
Peguei o pulso de Selena.
— Preciso que você me leve até o Morgan, Sel.
— O que está acontecendo? — ela me perguntou, notando a seriedade da situação pela expressão do meu rosto.
Olhei de relance para trás e vi Joseph descendo rápido as escadas e cruzando o gramado para chegar até onde estávamos.
— O que você está fazendo? — ele me perguntou, apontando para a minha mala.
Se eu lhe contasse a verdade naquele momento, todas as esperanças de me separar do Patrick, de Vegas, do Benny e de tudo que eu não queria estariam perdidas. Joseph não me deixaria ir embora, e, pela manhã, eu teria me convencido a aceitar a decisão dele.
Cocei a cabeça e abri um sorriso, tentando ganhar tempo para pensar em uma desculpa.
— Vou levar minhas coisas até o Morgan. Lá eles têm todas aquelas lavadoras e secadoras, e eu tenho uma quantidade enorme de roupa suja para lavar.
Ele franziu a testa.
— Você ia embora sem me falar nada?
Olhei de relance para Selena e depois para Joseph, me esforçando para chegar à mais crível mentira.
— Ela ia voltar, Joe. Você é tão paranoico — disse Selena, com o mesmo sorriso indiferente que havia usado tantas vezes para enganar os pais.
— Ah— ele disse, ainda na incerteza. — Você vai ficar aqui hoje à noite? — ele me perguntou, beliscando o tecido do meu casaco.
— Não sei. Depende de quando vou terminar de lavar e secar minhas roupas.
Joseph sorriu, me puxando para perto dele.
— Em três semanas, vou pagar pra alguém lavar e secar suas roupas. Ou você pode simplesmente jogar fora as roupas sujas e comprar novas.
— Você vai lutar para o Benny de novo? — perguntou Selena, chocada.
— Ele me fez uma oferta irrecusável.
— Joseph... — Nicholas começou a dizer
—Não venham pra cima de mim com essa também. Se não mudei de ideia pela Flor, não vai ser por vocês.
Selena encontrou o meu olhar e me entendeu.
— Bom, é melhor a gente ir, Demi. Vai levar uma eternidade pra você lavar e secar essa pilha de roupas.
Assenti, e Joseph se inclinou para me beijar. Eu o puxei para perto, sabendo que seria a última vez que sentiria seus lábios nos meus.
— A gente se vê depois — disse ele. — Eu te amo.

~*~

Como deu pra perceber, o mar de rosas acabou.
Agora as coisas vão complicar um pouco...
Estão avisados! haha

Comentem, amores *-*

Answers:

Demetria Devone Lovato: Sim, o Joe é foda \O/ hahaha Eu também!! E estamos conseguindo aos poucos isso! Postei (:
Scarleet Santos: Thanks <33 *-* COMO ASSIM VOCÊ É DE BRASÍLIA??? OMG, DE QUE CIDADE TU É?! É MINHA PRIMEIRA LEITORA DAQUI DE BRASÍLIA açlkfçasjdlgh Let me love you <3
Silvia: Thanks. Não tem nada não ^^ obrigada por comentar <333 Também estou em semana de provas :/ Beijos.

3 comentários:

  1. Não acredito, lá se vai a Demi abandonar o Joseph denovo ):
    Essa sua estória é a melhor que to lendo e tão viciante *-*
    MMM sim, sou de Brasília. Moro do lado do Nucleo Bandeirante, Candangolândia e você? também nunca conheci uma blogueira de Brasilia *-* kk LOVE ME <33

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  2. Não acredito que ela vai fazer isso...
    ela TEM que salvar ele...
    Ela que o coloco nessa enrascada..
    Se ela o abandonar ela ta sendo egoísta e hipócrita.........
    affz...

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  3. Eu não sei o que dizer! eu acho que a demi está certa de não querer o Joe em las Vegas, mas também não quero que ela deixe ele

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    Beijos

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