domingo, 29 de setembro de 2013

Easy – Capítulo 25

Enquanto eu dirigia para o apartamento de Joseph do domingo à noite, eu revi as inúmeras razões pelas quais aparecer sem aviso prévio e sem ser convidada foi uma má ideia: ele pode não estar lá, ele pode estar ocupado, ele pensa que me assustou, ele acha que disse adeus. Por outro lado, eu só ficaria na cidade até a manhã de terça-feira, e eu não podia deixar ele me dispensar sem lutar.
Depois que eu bati, eu ouvi a volta da maçaneta e então a voz áspera de Joseph pela porta.
— Quem é, Carlie? Não pode apenas abrir a porta...
— É uma garota. — A porta se abriu e uma bonita loira, de olhos escuros foi emoldurada na porta. Ela piscou para mim, claramente à espera de uma explicação de quem eu era e o que eu queria. Eu não podia falar. Eu tinha certeza de que meu coração tinha se alojado no meu esôfago e parou de bater.
Joseph apareceu ao lado dela, carrancudo. Quando ele me viu, levantou as sobrancelhas para o cabelo caindo sobre a testa.
— Demetria? O que você está fazendo aqui?
Meu coração acelerou para a vida e eu me virei para romper escadas abaixo. De repente eu estava no ar, meus braços presos em seu aperto, balançando-me no degrau mais alto quando ele trouxe-me contra seu peito e eu quase pisei no peito de seu pé.
— Ela é Carlie Heller. — Ele disse em meu ouvido, e eu acalmei. — Seu irmão Caleb está lá dentro, também. Estamos jogando video game.
Meu coração ainda batia pela luta ou fuga, conforme suas palavras afundaram em mim, eu caí contra ele, sentindo como uma idiota ciumenta. Eu deixei minha testa em seu peito. Seu coração estava batendo tão forte quanto o meu.
— Sinto muito! — Eu murmurei contra sua suave camiseta. — Eu não deveria ter vindo.
— Talvez você não devesse ter vindo sem me dizer, mas eu não posso estar triste de ver você.
Eu olhei para cima.
— Mas você disse...?
Seus olhos eram de prata sob a luz da varanda.
— Eu estou tentando proteger você. De mim mesmo. Eu não faço... — Ele balançou um dedo para trás e para frente entre nós. — Isso.
Meus dentes batiam quando eu falava.
— Isso não faz qualquer sentido. Só porque você não fez antes não significa que você não possa. — Tarde demais, eu compreendi uma razão diferente, mais provável para suas palavras. — A menos que... Você não queira.
Ele suspirou e soltou o meu braço para passar ambas as mãos em seu cabelo.
— Não é... Que...
— Brrr! Vocês vem, ou o que? Porque eu estou fechando a porta. — Olhei ao redor de Joseph. Carlie Heller parecia jovem, mas ela não parecia tão jovem. Ela não parecia ressentida, porém. E ela parecia estar curiosa.
— Bem, você pediu por isso. — Passando os dedos pelos meus, Joseph voltou para a porta e empurrou-a mais aberta. — Estamos indo.
Carlie correu para um canto do sofá, onde Francis estava em um cobertor. Levantando-o, ela o deixou por cima do ombro como se fosse um objeto inanimado. Depois de ficar sob o cobertor, ela reorganizou o gato no colo e pegou o controle. Próximo a ela estava um menino carrancudo com os mesmos olhos escuros, um pouco mais jovens do que (mas tão mal-humorado como) meus meninos do ensino médio.
— Tire o dia todo. — Ele murmurou na direção de Joseph.
— Rude! — Carlie lhe deu uma cotovelada e ele revirou os olhos.
Joseph pegou o controle da almofada do sofá, gesticulando para eu sentar no canto oposto à Carlie.
— Caras, essa é minha amiga, Demetria. Demetria, esses macacos são Caleb e Carlie Heller. — Carlie e eu trocamos “olás e Caleb resmungou algo em minha direção. Eu puxei meus pés abaixo de mim e assisti ao jogo sobre a cabeça de Joseph.
Quando Carlie ganhou de Caleb quinze minutos mais tarde, o seu mau humor não tinha diminuído. Ele olhou para mim.
— Eu não posso ter garotas sozinho em meu quarto.
Carlie golpeou a parte de trás de sua cabeça.
— Cale-se! Joseph é um adulto, e você é apenas um pré-adolescente com tesão.
Eu tentei disfarçar meu riso como uma tosse quando o rosto de Caleb ficou vermelho, e se ele atirou através da porta e bateu ao descer os degraus.
Carlie virou-se para abraçar Joseph e sorrir para mim.
— Tenham uma boa noite! — Ela cantarolou, desaparecendo pela porta.
Ele observou sua caminhada pelo quintal até entrarem na casa, dizendo boa noite antes de fechar a porta e trancar. Ele virou-se, contra ela, e olhou para mim.
— Então. Eu pensei que nós dissemos que estávamos dando um tempo? — Ele não parecia zangado, mas ele não estava feliz, também.
— Você disse que nós estávamos dando um tempo.
Seus lábios se achataram.
— Você não tem que sair do dormitório durante várias semanas?
Fiquei no meu lugar no sofá, enrolada em um canto.
— Sim. Eu só estou aqui por mais dois dias.
Ele olhou para o chão, as palmas das mãos apoiadas na porta atrás dele.
Tentei engolir, mas não podia minha voz girando instável.
— Há algo que eu preciso dizer...
— Não é que eu não quero você. — Sua voz era suave, e ele não olhou para mim quando ele falou. — Eu menti, antes, quando eu disse que estava protegendo você. — Seu queixo subiu e olhamos um para o outro lado da sala. — Eu estou me protegendo. — Ele respirou visível, seu peito subindo e descendo. — Eu não quero ser o seu rebote, Demetria.
A memória da Operação Fase Bad Boy bateu em mim. Selena e Maggie tinham desenhado um plano para eu usar Joseph para superar Kennedy, como se ele não tivesse sentimentos de sua autoria, e eu tinha ido junto com elas. Eu não tinha ideia, então, que ele estava me observando todo o semestre.
Que uma vez que começou a falar, o seu interesse seria mais forte. Que, finalmente, ele sente a necessidade de se afastar de mim por causa da profundidade desses sentimentos, não porque ele não sentiu nada.
— Então por que você está assumindo esse papel? — Eu me desenrolei da bola pouco apertada que eu me tornei no canto do seu sofá, e atravessei a sala, lentamente. — Não é o que eu quero também. — Quando me aproximei, ele permaneceu congelado no lugar, sugando o piercing em seu lábio inferior.
Endireitando, ele olhou para mim como se ele achasse que eu poderia desaparecer na frente de seus olhos. Suas mãos subiram para embalar meu rosto.
— O que eu vou fazer com você?
Eu sorri para ele.
— Posso pensar em algumas coisas.

***

— O nome da minha mãe era Rosemary. Ela passou a usar Rose.
Sua divulgação me trouxe de volta à Terra. Deitada pressionada ao seu lado, eu tinha estado distraída traçando a pétala vermelha escura sobre seu coração, querendo saber como dizer a ele o que eu sabia. Ou se dizer.
— Você fez isso em memória dela? — Um caroço ficou preso na minha garganta enquanto meu dedo delineou o caule.
— Sim. — Sua voz era baixa e pesada no quarto escuro. Ele estava tão pesado com segredos que eu não conseguia imaginar como ele sobreviveu dia após dia, nunca compartilhar o fardo com ninguém. — E o poema no meu lado esquerdo. Ela escreveu. Para o meu pai.
Meus olhos ardiam. Não me admira que seu pai tivesse se desligado. Pelo que o Dr. Heller me disse, Ray Maxfield era uma pessoa lógica, analítica. Sua única exceção emocional deve ter sido sua esposa.
— Ela era uma poetisa?
— Às vezes.
Minha cabeça em seu braço, eu observava seu sorriso fantasma aparecer de perfil, e parecia diferente daquele ângulo. Seu rosto estava desalinhado, barba por fazer, e vários lugares do meu corpo ostentava a evidência disso se irritando levemente.
— Normalmente, ela era uma pintora.
Eu lutei para ignorar a minha consciência, que não iria sair tagarelando que eu deveria dizer a ele o que eu sabia. Que eu lhe devia a verdade.
— Então ela é responsável por todos esses genes artistas misturados com suas partes de engenharia, hein?
Passando para o lado, ele repetiu:
— Peças de Engenharia? Quais as partes que poderia ser? — Um sorriso travesso puxou na sua boca.
Eu arqueei uma sobrancelha e ele me beijou.
— Você tem alguma de suas pinturas? — Meus dedos seguiram uma órbita em torno da rosa, e o músculo duro por baixo flexionado, com o meu toque. Pressionando a minha mão em sua pele, eu absorvi o ritmo tum-tum do seu coração.
— Sim... Mas elas estão ou no armazém, ou exibido no lugar do Heller, uma vez que eles eram amigos íntimos de meus pais.
— Seu pai não é mais amigo deles?
Ele acenou com a cabeça, olhando meu rosto.
— Ele é. Eles foram a minha carona para casa no dia de Ação de Graças. Eles não podiam fazê-lo vir aqui, por isso a cada dois anos, eles todos vão para lá.
Pensei nos meus pais e os amigos e vizinhos com quem socializavam.
— Meus pais não têm amigos próximos o suficiente para serem incluídos nas férias atuais.
Ele olhou para o teto.
— Eles eram realmente próximos, antes.
Sua tristeza era tão tangível. Eu sabia naquele momento que ele não tinha trabalhado isso, não em todos os oito anos que se foram. Seu muro de proteção tornou-se uma fortaleza segurando-o como refém em vez de ser um santuário. Ele pode nunca se recuperar totalmente do horror do que aconteceu naquela noite, mas tinha que haver um ponto em que não o consumia.
— Joseph, eu preciso dizer uma coisa. — Seu coração batia na minha mão, lenta e constante.
Além de mudar o seu olhar para mim, ele não se moveu, mas eu senti a sua retirada enquanto ele esperava. Assegurei-me de que o desligamento foi tudo da minha mente, um produto da minha culpa e nada mais.
— Eu queria saber como você perdeu a sua mãe, e eu poderia dizer que você se aborreceu de falar sobre isso. Então... Eu olhei on-line o seu obituário. — Minha respiração estava superficial enquanto os segundos passavam e ele não disse nada.
Finalmente, ele falou, e sua voz era inegavelmente plana e fria.
— Você achou sua resposta?
Engoli em seco, mas a minha voz era um sussurro.
— Sim. — Eu não podia me ouvir sobre o baque rápido das batidas do meu coração.
Ele desviou os olhos de mim e deitou-se, mordendo o lábio, duro.
— Há mais uma coisa.
Ele inalou e exalou, olhando para o teto, esperando minha próxima confissão.
Fechei os olhos e soltei-a.
— Eu conversei com o Dr. Heller sobre isso...
— O que? — Seu corpo era como pedra contra o meu.
— Joseph, me desculpe se eu invadi a sua privacidade...
— Se? — Ele se levantou rapidamente, incapaz de olhar para mim, e eu me sentei, puxando as cobertas comigo. — Por que você foi falar com ele? Não eram os detalhes das reportagens revoltantes o suficiente para você? Ou pessoal suficiente? — Ele puxou a cueca e calça jeans, seus movimentos ásperos. — Você quer saber como ela estava quando a encontraram? Como ela sangrou? Como até mesmo quando meu pai arrancou o carpete com suas mãos nuas? — Ele exalou duramente. — Havia um círculo de jardas de largura de piso manchado de sangue por baixo que não podia ser lixado o suficientemente profundo para tirar tudo? — Sua voz quebrou e ele parou de falar.
Em estado de choque e sem palavras, eu mal podia respirar. Ele se sentou na beira da cama, em silêncio, com a cabeça entre as mãos. Ele estava tão perto que eu podia estender a mão para acariciar a cruz que corria ao longo de sua coluna vertebral, mas não tive coragem. Eu cuidadosamente fugi da cama e me vesti. Eu puxei minhas UGGs e caminhei até ficar ao pé da cama.
Seus cotovelos pressionados em suas coxas, suas mãos obscurecendo seu rosto como viseiras. Eu olhei para o cabelo escuro e deslizei para seus ombros, a flexão dos músculos de seu braço e a tinta circulando seu bíceps e descendo até seu antebraço, seu torso bonito e magro e as palavras gravadas em seu lado como um marca.
— Você quer que eu vá embora? — Eu me surpreendi, pronunciando as palavras com uma voz firme.
Eu não sei por que eu pensei que ele ia dizer não, ou dizer nada. Eu estava errada, de qualquer forma.
— Sim.
As lágrimas começaram a fluir em seguida, mas ele não podia vê-las. Ele não se moveu de sua posição na cama. Eu não poderia mesmo estar com raiva, porque eu cruzei uma linha e eu sabia disso, e bem intencionada não era bom o suficiente. Peguei minha bolsa e as chaves da mesa da cozinha e meu casaco do sofá, orelhas em pé para o som dele vindo depois de mim, me dizendo para ficar. Não havia nada além de silêncio de seu quarto.
Quando eu abri a porta, Francis disparou dentro, junto com uma rajada de ar frio. Eu puxei a porta atrás de mim antes de um soluço quebrar livre. Engolindo o ar frio e perguntando como eu tinha conseguido estragar tudo completamente, eu estava determinada a não chorar, até eu estar na minha caminhonete. Enfiei minha mão ao longo do corrimão enquanto eu corria desajeitadamente, porque eu não podia ver através da combinação de uma noite sem lua e as minhas lágrimas. Uma lasca perfurou minha mão a dois passos do chão.
— Ai! Merda! — A dor física foi a desculpa ideal para começar a soluçar. Eu corri para baixo para a calçada, longa e curva, sem sucesso na minha tentativa de conter minhas lágrimas o suficiente para entrar na caminhonete. — Droga! Droga! Droga! Foda-se! — Enfiei minha chave na fechadura pelo tato.
Déjà vu. Essa foi à primeira coisa que pensei quando me senti impelida através do assento do banco. Que foi onde a semelhança terminou, embora. Buck fechou a porta atrás dele e bateu o bloqueio automático. Seu peso imobilizando minhas pernas e ele tinha meu pulso esquerdo em sua mão antes que eu pudesse perceber quem ele era, embora soubesse.
— Boa o suficiente para espalhar suas pernas para alguém além de mim, hein Demi?


~*~

Só falta mais 2 capítulos e o Epílogo... Então essa semana eu faço uma pequena maratona pra postar os 3 juntos, ok?!

Easy – Capítulo 24

A maioria das pessoas decolariam assim que passasse na última final. Selena estava saindo no sábado, mas eu ia ficar, porque o meu aluno favorito do ensino médio tinha me convidado para seu show na noite de segunda, pegou a primeira fileira, e queria se exibir. Fomos obrigados a desocupar os dormitórios para as férias de inverno na terça-feira, assim eu ia para casa naquele dia, quisesse eu ou não.
Maggie, Selena e eu nos encontramos na biblioteca para estudar para o último exame de astronomia do semestre. Cerca de duas da manhã, Maggie caiu de cara no seu livro aberto com um suspiro dramático.
— Uuuuugh ... Se não fizer uma pausa nesta merda, meu cérebro vai virar um buraco negro!
Selena não disse nada, e quando eu olhei para ela, ela estava verificando seu telefone, rolando através de um texto, e depois respondendo. Ela apertou enviar e percebeu que eu estava olhando para ela.
— Hein? — Seus olhos castanhos estavam um pouco grandes. — Hum, Nick estava apenas me contando que os garotos estão se revezando pra ficar de olho em Buck. Certificar-se de que ele não vai sair de casa.
— Eu pensei que você não estivesse falando com Nick. — Maggie murmurou sonolenta, com olhos fechados, bochecha apertada contra a página que estávamos revisando.
Os olhos de Selena estavam em qualquer lugar, menos em mim. E eu soube que ela tinha abandonado o plano. Eu decidi deixá-la incomodada um pouco mais antes de eu tirá-la da berlinda. Eu sempre gostei de Nick e só podia ser uma falha gostar. Eu também não gostaria de acreditar que meu melhor amigo era um monstro.
Verificando o meu telefone, eu reli os textos que eu enviei pra Joseph mais cedo, e suas respostas.

Eu: Final em Econ: HUMILHEI!
Joseph: Tudo por causa de mim, certo?
Eu: Não, por causa daquele cara, o Jace.
Joseph: ;)
Eu: Meu cérebro dói. Eu tenho mais três provas.
Joseph: Só mais uma pra mim. Sexta. Em seguida, trabalho.
Vejo você no sábado.
A última final da Mindi é amanhã. — Selena rabiscou um desenho em volta de uma equação em seu caderno.
— Eu ouvi que o pai dela estava sentado na sala durante todas suas provas finais. — Disse Maggie.
Eu ouvi o mesmo rumor.
— Eu não posso culpá-lo, se isso for verdade.
Nós observamos Selena, que sabia a verdade entre o fato e as fofocas do campus. Ela assentiu.
— Ele estava. E ela não vai voltar, a não ser para depor. Ela está se transferindo para alguma pequena comunidade universitária perto de sua casa. — O arrependimento em seus olhos era fundo. — A mãe dela disse que ela ainda está tendo pesadelos todas as noites. Eu não acredito que eu a deixei lá.
Maggie sentou-se.
— Hey. Deixamos um monte de gente lá. Não foi culpa nossa, Selena.
— Eu sei, mas...
— Ela está certa. — Eu fiz Selena olhar para mim. — Ponha a culpa em quem tem culpa. Nele.

***

Finalmente, eu contei aos meus pais sobre Buck. Eu não tinha falado com eles desde antes do dia de Ação de Graças. Por causa de algo deixado fora de ordem na despensa, mamãe descobriu que eu tinha estado em casa, e me ligou. Eu acho que ela queria ter certeza que nenhum estranho havia arrombado a casa e desarrumado seus grãos e condimentos que estavam em ordem alfabética. Então, eu tinha que confessar.
— Mas... Você me disse que estava indo para casa de Selena?
Em vez de dizer que ela tinha chegado a essa conclusão sozinha, que eu só tinha mencionado Selena uma vez, que ela nunca se preocupou em verificar o que eu estava fazendo no feriado de Ação de Graças, eu menti. Era mais fácil para todos nós assim.
— Ir pra casa foi uma decisão de última hora. Nada demais.
Ela começou a tagarelar sobre as coisas que precisávamos para fazer durante as férias: eu tinha quer ir a uma consulta odontológica e que o registro da minha caminhonete iria expirar em janeiro.
— Você precisa de uma consulta com Kevin, ou você encontrou um estilista aí? — Ela perguntou.
Em vez de responder sua pergunta, eu soltei tudo: o ataque de Buck no estacionamento, Joseph me salvando, Buck estuprando outra garota, as acusações que foram fazendo, o caso criminal abrindo. Não havia como parar, uma vez que comecei.
No começo eu achei que ela não tivesse me ouvido, e eu agarrei meu telefone, pensando que eu não iria repetir tudo aquilo, se ela estava muito ocupada com a merda de decoração de sua festa, para me ouvir por dez segundos.
Então ela engasgou.
— Por que você não me contou?
Ela sabia por que, eu acho. Eu não precisava dizer isso. Eles não tinham sido os melhores pais. Não tinham sido os piores, também.
Eu exalei.
— Estou contando pra você agora.
Ela ficou em silêncio por um momento tenso, mas eu a ouvi andando pela casa. Eles iam realizar a sua festa anual de férias com uma ceia no sábado. E eu sabia como a mamãe é obcecada com limpeza e que a casa tinha que estar perfeita para isso. Conforme fui crescendo, eu aprendi a aparecer menos durante toda a semana que antecedia a essa festa.
— Eu estou chamando Marty agora para dizer que eu não vou trabalhar amanhã. — Marty era o chefe da mamãe em sua empresa de consultoria de software. — Eu posso estar aí perto das 11. — Eu reconheci o som que ela fazia arrastando a mala com rodinhas para fora do armário embaixo das escadas.
Eu estava boquiaberta ao telefone por um momento antes de gaguejar para a vida.
— Não, não, mãe. Eu estou bem. Eu voltarei pra casa em menos de uma semana.
Sua voz tremeu quando ela respondeu, chocando-me ainda mais.
— Eu sinto muito, Demetria! — Ela disse meu nome como se ela estivesse tentando encontrar alguma maneira de me tocar através do telefone. — Eu sinto muito que isso aconteceu com você. — Meu Deus, pensei. Ela está chorando? Minha mãe não era uma chorona. — E eu sinto muito, por não estar aqui quando chegou em casa. Você precisou de mim e eu não estava aqui!
Sozinha no meu quarto, eu sentei na minha cama, atordoada.
— Está tudo bem, mãe! Você não tinha como saber. — Ela sabia sobre o meu rompimento com Kennedy... Mas eu estava pronta para esquecer também. — Você me criou para ser forte, certo? Eu estou bem. — Eu percebi, quando eu disse, que isso era verdade.
— Posso-posso marcar uma consulta para você, com o meu terapeuta? Ou um de seus parceiros, se você preferir?
Eu tinha esquecido as sessões ocasionais de terapia da mamãe. Ela teve um diagnóstico de transtorno alimentar quando eu era muito jovem. Eu nem sabia o que era. Bulimia, anorexia? Nós nunca tínhamos falado sobre isso.
— Claro! Isso seria bom.
Ela suspirou, e eu pensei que era de alívio. Eu tinha dado a ela algo para fazer.

***

Depois que terminamos várias caixas de comida chinesa e uma conversa sobre como escolhemos nossas respectivas graduações, Joseph pescou seu iPod do bolso da frente e me entregou os fones de ouvido.
— Eu quero que você ouça essa banda que eu encontrei. Você pode gostar deles. — Estávamos sentados no chão, com as costas para a minha cama.
Quando coloquei os fones, ele ligou e me observou enquanto eu escutava.
Seus olhos se encontraram com os meus quando a música aumentou em meus ouvidos. Eu não conseguia ouvir nada do lado de fora. Não conseguia ver nada, exceto seus olhos em mim.
Ele se inclinou para mais perto e eu inalei o aroma calmante dele. Colocando meu rosto em sua mão, ele moveu sua boca para a minha, me beijando em um ritmo que de alguma forma combinava com o ritmo da música. Ele tinha gosto de TIC TAC de menta que ele estava chupando.
Entregando-me o iPod, ele me pegou, me colocou na cama e deitou ao meu lado, puxando-me em seus braços e me beijando até que a primeira música se misturou com a próxima e a próxima. Quando ele me afastou para traçar um dedo sobre a borda do meu ouvido, eu removi um fone e entreguei a ele. Ficamos deitados lado a lado na minha cama estreita, mal acomodou o comprimento do seu corpo confortavelmente, ouvindo juntos, imersos. Ele abriu uma nova lista de reprodução, e eu sabia que aquela música era algo que ele escolheu para mim, muito além de uma banda que ele queria compartilhar, ou algo para se discutir musicalmente.
Meu coração o alcançou enquanto ouvíamos, olhando um para o outro, e eu senti os fios de conexão entre nós, frágeis filamentos que tão facilmente quebrariam. Como o poema gravado em seu lado, cada curva nossa foi feita para caber dentro do outro, e essa fusão e mudança de forma poderia ser mais profunda, mais adaptável. Eu me perguntava se ele sentia isso, e quando eu escutei a letra dessa música que ele escolheu, eu pensei que talvez ele sentisse. Agora não era uma piada porque eu só poderia ser... A curva suave em sua linha dura.
O corredor do lado de fora da minha porta estava a maior parte em silêncio, finalmente. Depois de um dia inteiro de pessoas fazendo as malas e se mudando que tinha começado cedo. Nós conversamos recentes histórias apenas, e Joseph falou da história de como Francis se tornou seu companheiro de quarto.
— Uma noite ele apareceu pedindo para deixá-lo entrar. Cochilou no sofá por uma hora, em seguida, pediu para sair. Isso se transformou em um ritual noturno, cada vez ele ficava mais e mais. Até que uma hora eu percebi que ele tinha se mudado. Ele é basicamente o posseiro mais descarado que conheci.
Eu ri e ele me beijou, rindo também. Ainda sorrindo, ele me beijou de novo, mãos vagando sobre a minha cintura e quadril. Quando começamos a nos entender, eu lembrei que Selena só sairia do campus amanhã e, portanto, podia entrar a qualquer momento.
— Eu pensei que você disse que ela tinha ido hoje.
Eu balancei a cabeça.
— Ela ia. Mas seu ex-namorado está fazendo uma campanha implacável para que ela volte, e ele queria vê-la esta noite.
Sua mão vagou sob minha camisa, explorando.
— Então o que aconteceu com eles? Por que eles terminaram?
Meus lábios se separaram quando sua mão pegou um seio, moldando sua palma como se ela fosse feita para isso.
— Sobre mim.
Seus olhos se arregalaram um pouco e eu sorri.
— Não, não desse jeito! Nick foi... O melhor amigo de Buck. — Eu odiava como meu corpo enrijecia quando eu pensava em Buck, como os meus dentes apertavam quando eu disse o nome dele. Mesmo sem estar presente, ele desencadeou respostas que eu não poderia sufocar, e isso me enfureceu.
— Ele já foi né? — Ele perguntou. — Ele deixou o campus? — Passando o braço em volta de mim, Joseph me apertou pra mais perto, com a mão na parte de trás do meu pescoço. Fechando meus olhos, eu enterrei a cabeça sob o queixo, confirmando.
— Eu duvido que vão permitir que ele volte no próximo semestre, mesmo antes do julgamento. — Ele disse.
Eu respirei nele, fechando a boca bem apertada e inalando o cheiro dele. Eu me senti protegida com ele. Segura.
— Eu estou sempre olhando por cima do meu ombro. Ele é como um desses palhaços de caixa de surpresa... Eu nunca te contei sobre o vão da escada, contei?
Eu não era a única incapaz de reprimir reações físicas. Seu corpo ficou rígido, e seu aperto em mim foi de repente menos gentil e mais carregado.
— Não.
Murmurando a história em seu peito, tentando ater aos fatos e nada mais, eu pude moderar minha própria resposta, acabei com:
— Ele fez parecer que nós tínhamos feito na escadaria. E por causa dos olhares nos rostos de todos no corredor... E das histórias que circularam depois... Eles acreditaram nele. — Forcei as lágrimas de volta. Eu não queria mais chorar por causa de Buck. — Mas pelo menos ele não entrou no meu quarto.
Em silêncio por tanto tempo que eu achei que ele não fosse comentar. Ele finalmente empurrou-me para trás, colocando um joelho entre os meus e me beijou duramente. Seu cabelo fez cócegas no lado do meu rosto, e eu libertei minhas mãos, que estavam presas entre nós, e as enfiei em seu cabelo como se eu pudesse puxá-lo para mais perto. A maneira como ele me beijou parecia uma marca. Como se ele estivesse tatuando-se sob a minha pele.
Ele sabia todos os meus segredos e eu sabia os dele.
Mas essa reciprocidade aparente era uma mentira, porque não foi ele que os revelou. Eu os escavei. E o pior: ele não estava consciente disso.
Minha culpa multiplicou entre nós, junto com o desejo que ele pudesse compartilhar essa parte dele. Para confiar em mim nesse aspecto. Eu iria para casa em três dias. Eu não podia falar nisso com quilômetros e horas entre nós, ou manter isso para mim por mais semanas.
Quando nós desaceleramos novamente, enroscados, permitimos que nossas libidos e que a velocidade dos nossos corações desacelerasse, eu vi uma abertura.
— Então você meio que vive com os Hellers, e eles são amigos da família?
Ele me observou e confirmou. — Como seus pais se conheceram?
Virando-se de costas, seus dentes deslizaram sobre o piercing em seu lábio e ele o chupou. Eu reconheci isso como sendo equivalente a forma de revelar o estresse assim com a coceira no pescoço de Kennedy.
— Eles estudaram juntos na faculdade.
Os fones de ouvido tinham sido retirados em algum momento durante a última meia hora. Ele desligou o iPod e enrolou os fios ao redor dele com força.
— Então você os conheceu toda a sua vida.
Ele empurrou seu iPod pra dentro do seu bolso da frente.
— Sim.
Imagens do que eu li, e que o Dr. Heller revelou, brilhou na frente dos meus olhos. Joseph precisava de conforto, eu nunca conheci ninguém que precisasse mais, mas eu não podia consolá-lo sobre algo que ele não tinha compartilhado.
— Como era a sua mãe?
Ele olhou para o teto, e depois fechou os olhos, imóvel.
— Demetria…
O ruído de uma chave na porta nos assustou. A luz do quarto estava apagada, com exceção de uma lâmpada fraca de cabeceira. Quando a porta foi aberta, um bloco de luz, preenchido com a silhueta de Selena, que caiu sobre o chão no centro do quarto.
— D, você já está dormindo? — Ela sussurrou, com os olhos ainda se ajustando do corredor brilhante, ou ela teria visto que eu não estava sozinha na cama.
— Hum, não…
Joseph sentou-se e colocou os pés no chão, e eu segui. Sincronismo é tudo, pensei.
Depois de lançar sua bolsa sobre a cama e chutar os sapatos, Selena virou para nós.
— Oh! Hey... Er. Eu acho que eu devo ter alguma roupa que eu preciso lavar... — Ela encolheu os ombros e tirou seu casaco e logo agarrou seu cesto de roupa quase vazio.
— Eu estava de saída. — Joseph se inclinou para puxar suas botas pretas e amarrá-las.
Oh meu Deus, eu sinto muito! Articulou sobre a cabeça dele, Selena era a imagem do remorso.
Dei de ombros e articulei de volta: “Tudo bem”.
Após seguir Joseph pelo corredor, me abracei. Frio após o calor de deitar ao lado dele.
— Amanhã?
Ele fechou sua jaqueta de couro antes de virar para mim, seus lábios apertados. Seus olhos saíram de mim e eu senti a parede entre nós, tarde demais. Nossos olhares se encontraram, ele suspirou.
— É oficialmente férias de Inverno. Nós provavelmente devemos usá-la para fazer uma férias um do outro também.
Tentei fazer um protesto inteligível, mas não tinha certeza do que dizer. Eu só o empurrei para isso, depois de tudo.
— Por quê? — A palavra saiu de mim.
— Você vai viajar. Eu também vou, pelo menos uma semana. Você precisa arrumar as coisas e eu vou ajudar o Charles a publicar as notas finais no próximo dia ou no outro. — Sua justificativa era tão lógica. Não havia parte oculta de emoção que eu pudesse puxar. — Deixe-me saber quando você estiver de volta à cidade. — Ele se inclinou para me beijar rapidamente. — Tchau, Demetria.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Easy – Capítulo 23

Divulgação: http://reviverstories.blogspot.pt/

— Então, onde está... — A voz de Benji sumiu quando eu olhei para ele, e ele terminou a frase com um ângulo de cabeça rápida para o assento desocupado de Joseph e um sacudir de sobrancelha característico.
— É um dia de revisão final, então ele não precisa estar aqui.
— Ah. — Ele sorriu, inclinando-se sobre o braço de sua mesa e baixando a voz. — Então... Desde que você sabe um pouco de informação interna, e vocês dois deixaram a sala juntos nos últimos dias... Eu posso assumir que alguém está tendo um pouco de tutoria privada agora? — Quando eu apertei meus lábios, ele bufou uma risada, levantou o punho e disse com uma voz cantante: — acertei em cheio!
Revirando os olhos, eu bati os nós dos seus dedos com os meus, sabendo que ele iria segurar o seu punho no ar entre nós até que eu fizesse.
— Deus, Benji! Você é mano-sabe-tudo.
Ele sorriu, os olhos arregalados.
— Mulher, se eu fosse hetero, eu iria roubar você dele com tanta força.
Nós rimos e nos preparamos para tomar notas de macroeconomia para a última hora.
— Hey, Demetria! — Kennedy deslizou para o assento vazio ao meu lado e Benji deu-lhe um olhar estreito que ele não se dignou a notar. — Eu queria te alertar. — Ele se sentou de lado na mesa, de frente para mim, mantendo a voz baixa. — O comitê disciplinar decidiu deixá-lo permanecer no campus durante a próxima semana, enquanto ele cumpra com liminar de restrição, porque ele confessou inocência, e porque há apenas uma semana para acabar o semestre.
Ele tem que desocupar o local assim que as finais acabem, no entanto.
Eu já sabia que Buck estava em liberdade sob fiança, e que ele tinha sido notificado sobre a liminar na quinta-feira à tarde, Nick tinha ligado para Selena e disse a ela, e ela passou a informação para mim, assim como para Mindi e seus pais.
— Maravilhoso! Assim, ele vai ficar em casa? — Nós todos esperávamos que ele fosse expulso do campus, mas a administração estava abraçando a postura de que ele é inocente até que se prove o contrário.
— Sim, pela próxima semana, mas então ele irá embora. A fraternidade não tem de ser tão imparcial como funcionários da faculdade fazem. — Ele sorriu. — Aparentemente DJ viu a luz depois do que Katie disse a ele. Dean finalmente concordou. Deixando Buck ficar para a semana final foi o único compromisso que eles fizeram e ele só está autorizados a ir para suas finais programadas e voltar. — Colocando sua mão quente sobre a minha, ele me olhou nos olhos. — Há... Há algo que eu possa fazer?
Eu conhecia meu ex suficientemente bem para saber o que ele estava realmente pedindo, mas não há segunda chance para ele em meu coração. Aquele lugar estava cheio, mas mesmo se não tivesse, eu tinha certeza de que eu prefiro ficar sozinha do que estar com alguém que poderia me abandonar como ele tinha feito. Duas vezes. Coloquei minha mão no meu colo.
— Não, Kennedy. Não há. Eu estou bem.
Ele suspirou e desviou o olhar do meu rosto para seus joelhos. Balançando a cabeça, ele olhou para mim uma última vez, e eu estava satisfeita e entristecida por ver a plena conclusão em seus familiares olhos verdes de que nós estávamos perdidos. De pé para ir ao seu assento, ele pediu licença para passar pela beira da mesa do minha vizinha que por sua vez, não tinha nada a dizer sobre seus planos para o fim de semana.

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Os primeiros calouros músicos eliminados quem teriam regido sua orquestra no ensino médio, banda ou coro sem muita prática, os que vieram para faculdade acreditando-se estar acima das banais proficiências técnicas como escalas e internos, muito menos a teoria da música. A maioria das principais empresas de música eram dedicadas a aperfeiçoar nossas habilidades, portanto, passado horas por semana praticando, muitas vezes horas por dia. Nada jamais foi aperfeiçoado o suficiente para arriscar acomodação.
Eu vim para o campus um pouco estragada. Em casa, eu tinha praticado sempre que eu queria; meus pais nunca me tinha limitado, embora reconhecidamente, eu era razoável nos meus tempos para prática. Incapaz de manter meu baixo como um móvel do tamanho do meu quarto, eu tive que procurar um armário para ele no prédio de música e agendar horários para tocar. Eu rapidamente aprendi que os pontos noturnos passavam mais rápidos, embora o edifício ficasse aberto praticamente 24 horas por dia, 7 dias por semana, eu não queria marchar pelo campus às 2 da manhã para praticar.
Agendamento de ensaios do conjunto de jazz foi ainda mais uma dor. A partir do ano de calouro, nos encontramos duas ou três vezes por semana. Recentemente, tornou-se óbvio por que reservas de estúdio domingo de manhã eram fáceis de encontrar: domingo era dia de ressaca para grande parte do corpo discente, e bem como as principais empresas de artes não estavam imunes. Por meio do semestre de outono, a maioria de nós tinha faltado o ensaio de domingo de manhã uma ou duas vezes. O que funcionou no primeiro ano não funcionaria em todo tempo que eramos juniores.
Pouco antes do recital de pares que começou na noite de sexta-feira, eu reiterei a um dos nossos trompetistas por que eu não poderia fazer o ensaio às pressas de última hora na manhã de sábado, embora a nossa apresentação era naquela noite.
— Eu tenho uma aula amanhã...
— Sim, sim, eu sei. Sua aula de autodefesa. Bem. Se ir mal amanhã à noite, é com você. — Henry era inegavelmente talentoso, como se ele tivesse nascido com um saxofone em seus longos dedos das mãos. Sua atitude pomposa apoiada pela habilidade genuína, costuma intimidar o inferno de todos nós. Nesse momento, porém, eu estava cansada dele ser um idiota.
— Isso é besteira, Henry! — Eu olhei furiosa para ele enquanto ele encolhia presunçosamente do outro lado de Kelly, a nossa pianista, quem optou por ficar de fora da discussão. — Eu só perdi um ensaio o semestre inteiro!
Ele deu de ombros.
— Mas isso está prestes a ser dois, não é?
Antes que eu pudesse responder, o recital começou. Eu sentei no meu lugar, rangendo os dentes. Eu era como um grande músico sério como qualquer outra pessoa em nosso grupo, mas sábado era a última aula de autodefesa, o auge de tudo o que tinha aprendido. Era importante.
Selena estava excitada sobre os jogos um a um que Ralph tinha planejado entre cada um dos membros da turma e Don ou Joseph. “Eu vou tentar conseguir Don. Ela tinha prometido, enquanto ela se vestiu para o trabalho e eu estava pronta para o último recital de pares obrigatório do semestre. Fechando um olho no espelho para aplicar uma camada de rímel no outro, ela brincou: “Eu não quero destruir partes vitais do seu garoto de brinquedo antes de você terminar de jogar com ele!
Eu não tinha ouvido falar de Joseph durante todo o dia, embora nós dois estávamos tão ocupados que eu quase não tinha tempo para me debruçar sobre a ausência de comunicação e o que isso significava. Quase.
Um ano atrás, eu não tinha pensado que eu alguma vez iria dormir com alguém além de Kennedy. Ele tinha estado com outras garotas antes de mim, se nada mais, sua experiência durante a minha primeira vez deixou claro. Esse fato não me incomodou, e muito, embora nunca tivesse realmente falado sobre isso. Joseph, também, tinha, obviamente experimentado, embora ele me disse que nenhuma dessas garotas anteriores haviam sido importantes. Se Kennedy tivesse confessado algo assim, eu teria ficado aliviada, se não emocionada. A história sobrecarregada de Joseph fez sua revelação comovente, em vez disso, e eu estava incerta sobre o que isso significava para ele, para mim, e para nós.

***

No início da aula, analisamos cada movimento que tínhamos aprendido enquanto Ralph circulou pela sala, dando dicas e encorajamentos. Don e Joseph estavam ausentes para a primeira parte. Ralph queria que nós permanecêssemos emocionalmente separadas deles, de forma que nós não iríamos nos sentir estranhas infligindo violência sobre eles na última hora. Gostaria de saber, no entanto, quantas de nós perdemos preciosos segundos se preocupando se estávamos exagerando — pequenos, valiosos tiques de tempo gastos não defendendo a nós mesmas, pensando, mas eu conheço esse cara.
Meu coração em minha garganta, vi como cada uma das minhas colegas usaram suas técnicas de defesa em um Joseph recém totalmente acolchoado ou Don. Conforme fizemos nossas voltas no tatame, cada um de nós era beneficiado com uma seção sanguinária de 11 pessoas torcendo, enquanto os rapazes se revezavam para que eles pudessem descansar de ser socado, chutado, e verbalmente injuriado. Uma vez que o estofamento amortecia nossos golpes, eles tinham que fazer um pouco de atuação ajustando suas reações como se cada soco ou chute dado tinha feito o seu trabalho. Então, quando Selena viu uma abertura e virou um chute perfeito varrendo para a virilha, Don caiu no chão como se estivesse incapacitado.
Onze vozes gritaram: “Corra! Corra! Mas o grande e acolchoado corpo de Don bloqueou uma fuga direta para a designada “zona de segurança na porta, e Selena hesitou por uma fração de segundo. Ele rolou para ela e gritou ainda mais alto. Despertada, ela saltou em seu peito como se fosse um trampolim e lançou-se, virando-se, quando ela fez e chutando-o mais duas vezes antes de fugir.
Quando ela chegou à porta distante, ela bombeou ambos os punhos no ar e saltou para cima e para baixo, enquanto todos aplaudiram. Ralph bateu em seu ombro quando ela voltou para nós, e eu olhei para Joseph. Vestindo seu sorriso fantasma, ele a observava. Mais uma mulher, com poderes. Mais uma com a capacidade de se defender contra ataques. Mais uma que não poderia atender o destino de sua mãe. Seus olhos encontraram os meus, e eu me perguntava se estes únicos momentos de esperança já seria suficiente para aliviar a dor que o perseguia. A dor da qual eu era, presumivelmente, inconsciente.
Puxando o olhar de mim, ele foi esperar a próxima vítima potencial para andar sobre o tatame. Faltava duas de nós, uma secretária que falava muito suave chamada Gail do centro de saúde do estudante, e eu.
Ralph olhou para nós duas.
— Quem é o próximo?
Gail se adiantou, tremendo visivelmente. Enquanto Ralph murmurou sutis dicas, algo que ele não tinha feito para qualquer outra pessoa, Joseph foi leve com ela. Nosso livreto disse que ter a confiança para lutar era uma parte crítica de autodefesa da formação, e eu sabia que eles estavam dando a ela. Quanto mais socos e chutes ela desembarcava, mais alto a aplaudíamos, e quanto mais ela lutava. Quando ela voltou para o grupo e aceitou o nosso louvor enfático, havia lágrimas em seu rosto e ela ainda estava cambaleante, mas ela usava um sorriso de milhas de largura.
Fui à última, contra Don. Minha adrenalina disparou no momento em que pisei no tatame, e eu me perguntava se as pequenas ondas de choque que me atravessam eram visíveis a todos, como as mãos trêmulas de Gail tinham estado quando ela segurou seu pequeno corpo em modo de defesa. Eu sabia que Joseph e Selena estavam me observando de perto, pois eles eram os únicos que sabiam exatamente o que me trouxe aqui.
A coisa toda acabou em um minuto, talvez dois.
Don circulou-me uma vez, murmurando “Hey, baby comentários parte do cenário. Eu mantive meus olhos nele, todo o meu corpo tenso, à espera. De repente, ele desviou para mim e tentou agarrar meu braço. Eu fiz um bloqueio de pulso, depois errei um chute e acabei em um abraço de urso de frente. Eu não tinha certeza se estava na minha cabeça ou realmente gritei, porque tudo parecia em câmera lenta e silenciosa, como se estivéssemos sob a água, mas eu ouvi o grito de Selena:
— No saco!
Eu trouxe o meu joelho para cima, me arrancando das mãos de Don quando ele grunhiu e me liberou. Correndo para a porta, ouvi a voz de líder de torcida de Selena erguendo-se sobre todos os outros. Ela saltou através da sala para me abraçar quando cheguei à zona de segurança, e por cima do ombro, eu assisti a expressão de Joseph. Ele tirou o capacete e penteou o cabelo suado para trás, para que eu pudesse ver claramente seu rosto, e o familiar sorriso fantasma.

***

Joseph: Você foi bem esta manhã.
Eu: Sim?
Joseph: Sim
Eu: Obrigada!
Joseph: Café domingo? Te pego em torno das 3?
Eu: Claro :)

***

A performance de sábado à noite exigiu toda minha atenção, distraindo-me até que eu estava no meu quarto. Selena não tinha retornado de mais uma reunião da fraternidade, mas deveria voltar em breve. O dormitório inteiro estava bem acordado, estudando ou pirando — sobre as finais, — aproveitando o último fim de semana inteiro antes do recesso, ou mais além, prontos para ir para casa. As vozes no corredor alternaram entre tensão pré finais e excitação pré feriado.
Uma bassline profundamente enfraquecida atravessou a parede oposta a minha cama, e meus dedos se moveram com isso. Ocasionalmente, o fato de que eu tocava baixo vinha com estranhos, que geralmente imaginavam um instrumento elétrico e uma banda de garagem. Joseph parecia mais adequado para essa parte do que eu, — cabelo escuro caindo em seus olhos, piercing de prata pequeno seguindo a curva completa de seu lábio inferior, para não mencionar as tatuagens e músculos definidos que ficaria tão quente no palco, espreitando de uma fina camiseta. Ou sem camiseta... Oh, Deus! Nunca. Conseguindo. Dormir. Meu telefone tocou e exibiu um SMS de Selena.

Selena: Conversando com Nick. Posso chegar tarde. Você está bem?
Me: Eu estou bem. Você está ok?
Erin: Confusa. Talvez eu me sentisse melhor se eu apenas o chutasse.
Eu: No saco!!!
Erin: Exatamente.

***

— Essas pessoas são loucas! — Joelhos puxados para o meu peito, eu me aconcheguei perto de Joseph enquanto ele esboçava alguns caiaques no lago. — Tem que ser mesmo mais frio lá na água do que está sentado aqui.
Ele sorriu e chegou atrás de mim para puxar meu casaco de capuz por cima do cachecol de lã e caxemira e o chapéu que eu estava usando.
— Você acha que isso é frio? — Ele levantou uma sobrancelha para mim.
Fiz uma careta e toquei meu nariz com meus dedos enluvados, a qual tinha uma sensação de anestesia que vem de uma injeção no dentista, bem antes de perfurar um dente.
— Meu nariz é insensível! Como você ousa zombar de minha sensibilidade para temperaturas Era do gelo. E eu pensei que você fosse do litoral. Não é mais quente lá?
Rindo, ele enfiou o lápis acima da orelha, sob o capuz, fechou o caderno de desenho e colocou-o no banco.
— Sim, é definitivamente mais quente no litoral, mas não é o lugar onde eu cresci. Eu não tenho certeza que você poderia sobreviver a um inverno em Alexandria se você é tão mulherzinha.
Engoli em seco em afronta fingida, socando-o no ombro, enquanto ele fingiu ser incapaz de bloquear o golpe.
— Ai, caramba, eu retiro isso! Você é durona como pregos. — Ele se virou e deslizou o braço em volta de mim, recompensando-me com aquele sorriso cheio. — Totalmente fodona!
Entre sua proximidade no sentido físico, e seu abraço no sentido emocional, eu cantarolava feliz e abracei-o mais perto, fechando os meus olhos.
— Eu lanço um significativo martelo de punho. — Eu murmurei em seu capuz. Sua jaqueta de couro estava dobrada no banco ao lado do caderno. Ele insistiu que não estava frio o suficiente para precisar, exceto na moto.
Ele repetiu o meu zumbido, inclinando a cabeça para trás com um dedo, sem luvas, curiosamente descongelados.
— Você faz. Na verdade eu estou com um pouco de medo de você.
Nossos rostos estavam a centímetros de distância, sua respiração se misturando com a minha em uma nuvem de evaporação entre nós.
— Eu não quero que você tenha medo de mim. — As palavras que eu não conseguia adicionar giravam em minha mente: falar comigo, fale comigo. Exceto que, eu queria que ele me beijasse, então eu não iria sentir a culpa aumentar, ameaçando derramar em uma confissão irrevogável. Como se eu tivesse feito esse pedido em voz alta, ele abaixou a cabeça e me beijou suavemente.