Até o momento
que o nosso motorista designado nos deixou de volta no dormitório, Selena e eu
tínhamos jogado quarters e beer pong para nosso caminho a uma noite de paredes
girando na melhor e abraçando o banheiro na pior das hipóteses. Nenhuma de nós
falou mais que um sussurro até depois das 03h00min da tarde de domingo. Havia
uma reunião da irmandade das mulheres programada para quatro horas mais tarde,
e Selena amaldiçoou a linhagem de quem colocou isso no calendário no dia
seguinte a festa da Irmandade.
— Nós não
vamos conseguir decidir uma maldita coisa e pelo menos a metade de nós vai
matar a primeira pessoa que bater o martelo.
Nós ainda
estávamos conversando em meio volume. Eu a vi envolver um lenço roxo no pescoço
e puxar um par de luvas combinando, enquanto esperava o meu notebook ligar.
— Pelo menos
sua miséria terá companhia.
— Yay. — Ela
puxou um boné roxo sobre seu selvagem cabelo vermelho e vestiu o casaco. — Vejo
você em algumas miseráveis horas.
Joseph já
tinha enviado a planilha de segunda-feira. Ainda não tinha uma nota pessoal. Eu
entendi porque ele não podia me ver, e talvez por isso tudo o que vinha fazendo
havia acabado. Mas eu não entendo por que nossos e-mails tinham que parar
também. Eu os perdi, e me perguntei o que ele faria se eu respondesse. Eu
queria dizer a ele sobre a noite passada e Buck, falar sobre eu dizendo não e
que me senti morrendo de medo e durona ao mesmo tempo.
Restava uma semana
de aula, seguida de uma semana de exames finais, e, em seguida, o semestre
acabaria. Eu não tinha ideia se iria fazer alguma diferença para ele. Eu fiz
pelo menos a lição de casa que com o cérebro martelando eu podia fazer —
rotular um gráfico de constelação para o laboratório de astronomia de amanhã —
e pendurei a roupa limpa da lavanderia que estava em uma cesta ao pé da minha
cama por três dias... Ou quatro... Talvez cinco.
Eu perdi meu
tempo praticando baixo todo o fim de semana, além do ensaio conjunto, por isso
gostaria de estar me empenhando para completar as horas adicionais de prática
durante a semana.
No momento em
que Selena voltou, eu estava seriamente considerando apenas ir para a cama e
dormir pelo resto remanescente da minha ressaca. Bocejando, eu virei-me para a
porta.
— Eu estava
pensando em bater. — Selena não estava sozinha. Debaixo do seu braço estava
Mindi, minha parceira de quarters desde a noite anterior. No início, eu pensei
que ela estava de ressaca apenas um pouco mais do que eu, então, eu notei a
expressão sombria de Selena, e eu olhei para os olhos avermelhados de Mindi,
injetados de sangue. Ela não se sentia como uma merda por muito álcool. Ela
estava chorando. Muito. Girei minhas pernas para fora do lado da cama.
— Selena?
— D, temos um
problema. — A porta se fechou atrás delas e Selena puxou Mindi para se sentar
em sua cama. — Ontem à noite, depois que você e eu saímos, Mindi dançou com
Buck. — Mindi vacilou e fechou os olhos, e as lágrimas começaram a escorrer
pelo seu rosto.
Meu coração
começou a disparar. Imaginei tudo que Selena poderia dizer em seguida, e nada
era bom. Eu não tinha rezado em um longo tempo, mas eu me encontrei implorando.
“Por favor, Deus, não deixe isso ter ido mais longe do que aquilo que
aconteceu comigo. Por favor. Por favor!”
— Ele a
convenceu a ir para o seu quarto. — Com isso, as mãos de Mindi voaram para
cobrir seu rosto e ela desabou de cara no ombro de Selena como uma criança. —
Shh, shh! — Selena cantarolou, encaixando ambos os braços em torno dela. Olhamos
uma para a outra sobre a cabeça de Mindi, e eu sabia que não tinha havido
nenhum Joseph para ela. — D, temos que dizer. Nós temos que dizer neste
momento!
— Ninguém vai
acreditar em mim! — Mindi disse asperamente. Ela estava rouca, e eu a imaginei
fazendo o que eu tinha feito, pedindo-lhe para parar. Imaginei-a chorando a
noite toda, e metade do dia, e eu estava mais chateada do que eu jamais tinha
estado, e com medo. — Eu não sou... — A voz dela baixou para um sussurro. — Eu
não era virgem.
— Isso não
importa! — Selena disse com firmeza. Engoli em seco o nó em minha garganta e
ele deslizou para baixo, mas não sem luta.
— Eles vão
acreditar em você! Ele tentou, ele tentou comigo, há um mês. — Mindi ofegou,
com o rosto manchado e os olhos arregalados se viraram para mim.
— Ele a
estuprou, também?
Eu balancei a
cabeça, enquanto calafrios passaram em uma onda do pescoço até os tornozelos.
— Alguém o
parou. Eu tive sorte. — Eu não tinha ideia de quanta sorte até este momento. Eu
achava que sabia, mas não.
— Oh! — Sua
voz gorjeava suavemente, e ela não tinha parado de chorar. — Será que conta?
Selena
persuadiu Mindi a deitar-se, colocando um cobertor sobre ela.
— Vai contar.
— Ela se sentou ao lado de Mindi e segurou sua mão. — Será que Joseph irá colaborar
com sua história, D? Quer dizer, eu estou supondo, com o que sabemos sobre ele,
que ele o fará.
Joseph tinha
ficado furioso de eu não ter o deixado chamar a polícia naquela noite. Não me
ocorreu que, por não relatar o que tinha acontecido, eu deixei Buck pensar que
ele era intocável. Que ele poderia fazer isso de novo.
Eu tinha
assumido que o que Joseph tinha feito para Buck era impedimento suficiente. Não
que isso o impediu de fazer o que ele fez na escada... Ou suas ameaças
implícitas durante a festa, bem na frente de Kennedy. Eu balancei a cabeça.
— Ele o fará.
— Selena deu um suspiro e olhou para Mindi. — Precisamos chamar a polícia ou ir
para o hospital ou algo assim, certo? Eu não tenho nenhuma ideia do que fazer
primeiro.
— O hospital?
— Mindi estava com medo, e eu não podia culpá-la.
— Eles
provavelmente vão precisar fazer... Um exame, ou algo assim. — Selena suavizou
sua voz, mas na palavra exame, os olhos de Mindi se arregalaram e se encheram
de lágrimas novamente. Os nós dos dedos escaldados, segurando o cobertor.
— Eu não quero
um exame! Eu não quero ir para o hospital! — Como eu poderia culpá-la, quando
relatórios trariam mais dor e humilhação?
— Nós vamos
com você! Você pode fazer isso. — Selena se virou para mim. — O que devemos
fazer primeiro? — Eu balancei a cabeça, pensando na polícia do campus. Alguém, como
o Don, provavelmente faria bem nesta situação. Alguém, talvez não. Nós
poderíamos ir direto para o hospital, mas eu não tinha certeza quais eram os
passos. Eu peguei meu telefone e disquei.
— Olá? — A voz
de Joseph era cautelosa, e eu percebi que eu nunca tinha o chamado antes.
— Eu preciso
de você. — Fazia mais de uma semana desde que tínhamos nos comunicado fora das
planilhas que ele tinha enviado, e da turma de autodefesa ontem de manhã.
— Onde está
você?
— No meu
quarto. — Eu esperei ele perguntar o que eu queria. Ele não o fez. — Estou aí
em dez minutos.
Fechei os
olhos.
— Obrigada! —
Ele desligou, e eu desliguei o telefone, e nós esperamos.
***
Joseph se
agachou sobre os calcanhares apenas abaixo do nível dos olhos de Mindi.
— Se você não
denunciá-lo, ele vai fazer novamente. À outra pessoa. — Sua voz cantarolava
através de mim, apenas audível do outro lado da sala. — Seus amigos vão ficar
com você.
Selena se
sentou na cama, segurando a mão dela. Eu mal sabia dessa garota, mas graças a
Buck, estávamos agora aliadas, associadas a uma maneira que ninguém nunca
queria estar ligado.
— Você vai
estar lá? — Sua voz era um sussurro.
— Se você
quiser. — Ele respondeu. Ela assentiu, e eu fiquei com um traço de ciúme. Não
havia nada a invejar nesta situação.
***
A televisão na
sala de espera do PS estava fixa em um volume ensurdecedor que não estava
ajudando a minha cabeça doendo. Eu queria desligá-la, ou baixar o volume, mas
um homem idoso estava plantado em uma cadeira a 10 pés dela, com os braços
cruzados sobre o peito, olhando para a repetição de um seriado de comédia. Se o
ruído estava distraindo-o de sua razão de estar aqui, quem era eu para tirar
essa distração fora?
Joseph sentou
ao meu lado, o seu joelho dobrado inclinado em direção a mim, roçando minha
coxa. Sua mão estava tão perto da minha que eu poderia o ter alcançado com um
movimento do meu dedo mindinho. Eu não fiz.
— Tem alguma
coisa contra esse programa? — Sua pergunta boba quebrou minha carranca.
— Não, mas eu
acho que eu poderia ouví-lo do outro lado da rua. — Ele estava usando aquele
fantasma de sorriso, e eu queria derreter.
— Hmm! — Ele
disse, olhando para a bota sobre seu joelho. — Você está com um pouco de
ressaca, também?
Quando Selena
e Mindi o encheram com os detalhes da noite passada, ele rapidamente descobriu
que eu tinha ido com Selena para o evento grego.
— Talvez, um
pouco. — Eu perguntei se ele achou que eu era insensata me colocando em perigo
por estar em uma festa onde Buck estaria obviamente presente. Sua reprimenda
responsável na noite em que nos conhecemos, ainda doía, principalmente porque
era verdade.
— Ele falou
com você? Na noite passada? — Ele ainda estava olhando para sua bota.
— Sim. Ele me
pediu para dançar. — Um músculo trabalhou em sua mandíbula e seus olhos estavam
frios quando ele levantou-os para os meus.
— Eu disse que
não. — Eu ouvi a defensiva em meu tom.
Ele respirou
fundo e se virou completamente em minha direção, a voz baixa e ameaçadora.
— Demetria,
está exigindo todo o meu controle agora sentar aqui e esperar obedientemente
pela lei da Justiça para cuidar disso, em vez de caçá-lo eu mesmo e bater essa merda
toda para fora dele. Eu não estou culpando você ou ela. Nenhuma de vocês pediu
pelo que ele fez, não existe essa coisa de pedir isso. Isso é uma mentira do
caralho, argumentado por psicopatas e idiotas. Ok? — Eu balancei a cabeça, sem
fôlego em sua declaração. Seus olhos se estreitaram. — Será que ele aceitou o
seu não?
O que eu ouvi
no final de sua sentença: “desta vez?” Eu balancei a cabeça novamente.
— Kennedy
estava comigo. Ele percebeu o quão estranho eu agi com Buck, então eu disse a
ele o que aconteceu. Eu não disse nada sobre você, ou a briga. Eu só disse a
ele que fugi.
Uma pequena
ruga apareceu entre suas sobrancelhas.
— Como ele
levou isso?
Lembrei-me do
desabafo de xingamento atípico de Kennedy.
— Ele ficou
mais nervoso do que eu já vi. Ele chamou Buck para fora e conversou com ele,
disse-lhe para ficar longe de mim... O que provavelmente fez Buck se sentir
fraco, e é por isso... — É por isso que ele estuprou Mindi.
— O que acabei
de dizer? Isso não é culpa sua! — Eu balancei a cabeça, olhando para o meu
colo, as lágrimas ardendo em meus olhos. Eu queria acreditar que não era minha
culpa, mas Mindi ficou ferida depois que Kennedy tinha repreendido ele. Por
mim. Parecia que era minha culpa.
Eu sabia
melhor, mas eu não podia deixar de ligar os pontos. Os dedos de Lucas roçaram o
meu queixo e viraram meu rosto para ele.
—Não. É. Sua.
Culpa! — Eu balancei a cabeça novamente, segurando em suas palavras como se
fossem redenção.
***
Eu estacionei
na frente da casa de um vizinho, estalando a porta da caminhonete fechada o
mais silenciosamente possível e na ponta dos pés para baixo da calçada
escassamente iluminada em direção à garagem. Já era tarde, esperançosamente
tarde o suficiente para que ninguém olhasse de uma janela para uma garota indo
furtivamente para o apartamento de um cara.
A moto de
Joseph estava estacionada sob os passos abertos. Eu estava no fundo com a mão
no corrimão, coração batendo, e olhei para Casa do Dr. Heller. Eu não podia ver
qualquer movimento dentro, embora houvesse luzes acesas dentro. Respirando
fundo, subi as escadas e bati levemente. Tinha um olho mágico na porta, então
eu tinha certeza que ele tinha me visto de pé sob a luz da varanda pela
expressão perplexa em seu rosto quando ele abriu a porta.
Uma hora
atrás, ele me deixou no dormitório com Selena e Mindi, e depois que ele se foi,
eu percebi que eu não tinha dito o que eu queria dizer. E, mais do que eu
queria dizer incluiu a necessidade de vê-lo, enquanto eu dissesse.
— Demetria?
Por quê...? — Ele se interrompeu ao ver a expressão no meu rosto, me puxando
para dentro e fechando a porta atrás de mim. — O que há de errado? — Suas mãos
agarraram meus cotovelos enquanto eu olhava para ele.
Ele estava
usando calças de pijama e uma camiseta, as linhas sensuais de suas tatuagens
que derramavam das mangas para seus pulsos. Ele também usava uma fina armação
de óculos pretos, que acentuavam o azul em seus olhos e seus cílios escuros. Eu
respirei e soltei tudo antes que ficasse muito covarde para dizer qualquer
coisa.
— Eu queria te
dizer que eu só, eu sinto sua falta! E talvez isso soe ridículo, como nós mal
nos conhecemos, mas entre os e-mails e SMS e... Tudo o que eu senti, quando nós
terminamos. Quando nós terminamos. E eu sinto... Eu não sei de que outra forma
dizer que eu sinto falta, tanta falta de você!
Ele engoliu em
seco, fechando os olhos e inalou lentamente. Eu sabia que ele seria todo
racional e faria a coisa certa e ele iria me afastar de novo, e eu estava
determinada a não lhe dar essa chance. Mas, então, seus olhos brilharam abertos
e ele disse:
— Foda-se! —
Me empurrando contra a porta, batendo com os antebraços de ambos os lados da
minha cabeça e me beijando com mais força do que eu jamais fui beijada, tão
firmemente que eu podia sentir o piercing na extremidade de sua boca marcando a
superfície do meu lábio.
Ele pressionou
seu corpo duro contra o meu e eu pressionei de volta, agarrando punhados de sua
camiseta e encaixando-me a ele enquanto sua língua acariciava o interior da
minha boca. Quando ele recuou um pouco, eu protestei com um som embaraçosamente
inarticulado e ele riu baixinho, mas ele recuou apenas para tirar meu casaco e
me rebocar para o sofá. Sentando, ele me arrastou montada em seu colo,
segurando minha cabeça em uma palma da mão e me esmagando mais perto com a
outra. Nós nos separamos, sem fôlego, e ele jogou os óculos sobre a mesa ao
lado e tirou sua camiseta sobre a cabeça, e depois removendo a minha mais
suavemente. Suas mãos quentes estendendo nos meus lados e me segurando mais
apertado, enquanto nossos lábios se moviam juntos, sua língua varrendo
languidamente toda a minha. Eu coloquei meus braços ao redor de seu pescoço,
abrindo a boca e tomando-o. Quando ele beijou o canto da minha boca e mergulhou
os lábios para o vazio na base da minha garganta, minha cabeça caiu para trás.
Eu não conseguia parar o suave gemido de desejo por causa de seus rápidos
beijos sugadores.
— Você tem uma
sarda aqui. — Ele sussurrou, varrendo a língua sobre um ponto logo abaixo do
meu queixo. — Me deixa louco toda vez que você está em cima de mim! Eu só quero
fazer isso...
O desenhar
suave de sua boca me empurrou sobre a borda, e meus joelhos apertaram em torno
de seus quadris enquanto me balançava contra ele. Olhos claros fumegantes, ele
tirou meu sutiã, delineando círculos concêntricos com as pontas dos dedos,
tocando-me tão suavemente que eu cresci querendo mais. Suas mãos em concha nos
meus seios, os polegares passando levemente na parte de baixo, e eu inclinei
meu rosto para baixo para o seu e chupei sua língua em minha boca, deslizando
minha mão por seu abdômen tenso e descendo ao longo da frente das calças de
flanela macia. Eu puxei uma das cordas.
— Deus,
Demetria! — Ele ofegou, lutando contra minha mão, enquanto seus braços
serpenteavam em torno de mim, seus dedos segurando no meu cabelo da nuca
enquanto nossas bocas devoravam uma a outra. Quebrando o beijo, ele apertou a
testa no meu ombro e gemeu, os dentes cerrados.
— Diga-me para
parar.
Confusa, eu
balancei a cabeça, apesar de que eu não tinha ideia se a ação foi fervorosa ou
imperceptível. Sua respiração se espalhou sobre meus seios e me inclinei para
seu ouvido, minha voz um murmúrio.
— Eu não quero
que você pare!
Sem dizer nada
nos levando para baixo e para os nossos lados, ele abriu minha calça e enfiou a
mão entre o tecido não substancial de minha calcinha e minha pele, seus dedos
procurando e encontrando o lugar que ele buscava enquanto me beijava. Ofeguei o
seu nome em sua boca, os dedos cavando seu bíceps, e sua voz era um rosnado
baixo no meu ouvido.
— Demetria.
Diga-me para parar.
Eu balancei a
cabeça uma vez, minha mão deslizando para pressionar contra a evidência do que
o seu corpo queria de mim.
— Não pare! —
Eu sussurrei, dizendo a ele que eu queria o que ele queria, incondicionalmente.
Eu o beijei de volta, com a certeza de que minhas ações e palavras eram toda a
confirmação do que ele precisava para continuar. Eu estava errada.
— Diga pare,
por favor! Por favor! — A última palavra sussurrada foi um pedido que eu não
podia negar, mesmo eu não entendendo a razão para isso.
— Pare! — Eu
sussurrei, não significando que, não queria, e ele estremeceu e tirou a mão de
mim. Minhas mãos entre nossos peitos. Eu não me afastei, não falei. Eu estava
em seus braços por longos minutos, até que sua respiração desacelerou,
finalmente tornando-se profunda e regular.
Jace Joseph
Maxfield estava dormindo em seu sofá. Comigo.
***
Eu acordei com
o som abafado do miado de Francis para ser deixado entrar. Desembaracei-me de
Joseph com cautela, eu escorreguei do sofá e fui para deixá-lo entrar,
agarrando o meu sutiã e a camiseta de mangas compridas e colocando-os de volta.
Uma rajada de ar frio entrou com o gato de Joseph, e eu fechei a porta, logo
que ele entrou totalmente por ela. Depois de envolver a sua cauda em volta da
minha perna pelo período de dois segundos, ele se afastou para o quarto, e eu
supunha que era tão grato quanto ele conseguiu.
Voltei para o
sofá, mas afundei no chão e examinei Joseph em vez de acordá-lo de volta ou me
aconchegar em seu abraço. Com a superfície de seu rosto parcialmente
obscurecida por seu cabelo escuro, seus lábios cheios entreabertos e grossos
cílios combinados no sono, eu podia ver o menino dentro do homem mais
claramente do que eu tinha antes.
Eu não entendi
o que aconteceu antes, por que ele me fez parar ele ou por que ele se manteve
distante de todos, de mim, mas eu queria entender. Imaginei que a tatuagem rosa
era uma pista possível, dada a sua colocação sobre o coração. A maior parte da
tinta sobre os braços consistia de símbolos e motivos intrincados, e me
perguntei se algum destes era seu próprio projeto. Ele moveu-se de costas, em
seguida, e eu finalmente pude ler as palavras em seu lado esquerdo:
Amor não é a
ausência de lógica
mas a lógica
examinada e recalculada
aquecida e
curvada para caber
dentro dos
contornos do coração
Eu não
precisei de mais provas para saber que em algum lugar do seu, possivelmente,
não-tão-distante passado Joseph havia amado alguém profundamente. Alguém que
ele deve ter perdido, porque ela não pareceu estar ao redor. E então eu olhei
mais de perto a faixa de tatuagem do pulso que estava virado perto de seu
rosto. Dentro do padrão de tinta, que aparece com a pele rosada normal dentro
do projeto, estava uma cicatriz fina, mas irregular. Ela corria de um lado para
o outro em toda a extensão, contida pelas linhas pretas tatuadas como código
oculto. Seu pulso direito estava circulado com o mesmo desenho em faixas, e
vendo seu rosto por sinais de despertar, eu levantei-o de seu peito e
suavemente o virei para verificar.
É, também, foi
marcado de um lado para o outro: a cicatriz escondida habilmente pelo tatuador.
Atordoada, eu estava sentada no chão, olhando-o dormir. Eu não tinha ideia se
isso era algo que eu jamais poderia conversar com ele, se era algo que ele iria
de bom grado me dizer. Mesmo tendo passado meu quinhão de dias e noites
miseráveis sobre o rompimento com Kennedy, eu nunca estive deprimida o
suficiente para considerar o suicídio. Eu não tinha ideia do que seria necessário
para chegar a esse ponto sem esperança. Não realmente.
Já era tarde,
e eu precisava voltar para o meu dormitório. Nossa aula só começaria em apenas
oito horas. No balcão da cozinha, eu encontrei um envelope descartado e
rabisquei um bilhete para deixá-lo saber que eu tinha voltado para o dormitório
e iria vê-lo amanhã.
— Espere! — A
voz de Joseph me parou com a mão na maçaneta da porta. Ele sentou-se, um pouco
desorientado de sono.
— Eu não
queria te acordar, então eu deixei um bilhete. — Eu peguei do final da mesa,
dobrando-o e empurrando-o no meu bolso. Eu estava tão cheia demais de palavras
para dizer e perguntas para fazer que nenhuma sairia.
Ele esfregou
os olhos e levantou-se, esticando o pescoço para o lado, estendendo os braços
para trás, os olhos fechados. Seus bíceps e peitorais flexionados do movimento,
e eu queria parar de olhar, mas não pude, até que seus olhos brilharam abertos.
— Eu vou
levá-la para a sua caminhonete. — Ele se virou para pegar sua camiseta e
puxá-lo de volta, e eu era capaz de cobiçá-lo descaradamente novamente. Na
parte superior de seus ombros definidos e costas estavam mais desenhos com
tinta e palavras de script, mas a camiseta cobriu muito abruptamente. Ele
desapareceu em seu quarto e saiu usando seu moletom e um par muito surrado de Sperrys¹
eu nunca tinha o visto usar. Botas eram seu calçado padrão.
— Francis está
na cama? A menos que ele desenvolveu polegares opositores, eu acho que você o
deixou entrar. — Cruzando a sala para mim, ele sorriu. Eu balancei a cabeça
enquanto ele se aproximava, e seu sorriso diminuiu.
Eu sabia que
ele estava pensando sobre o que aconteceu antes de nós dormirmos enrolados um
no outro, perguntando o que eu pensava sobre ele me implorando a dizer para
parar quando eu tinha deixado claro que eu não queria parar. Se ele soubesse —
minha confusão sobre a sua estranha rejeição era nada perto da apreensão sobre
o que teria causado as cicatrizes em seus pulsos.
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¹ É um sapato
oficial de estudantes universitários, e que a maioria dos homens de
fraternidade usam.
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