quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Easy - Capítulo 19 - MARATONA

Após uma semana com Joseph ignorando minha existência enquanto estávamos na aula, eu não tinha certeza do que esperar na segunda de manhã. A mudança foi mínima, mas inegável. Quando entrei na sala de aula, seus olhos encontraram os meus, a simples sugestão de um sorriso brincando em sua boca.
Tudo sobre ele passou a ser familiar. A noite que dancei com ele, suas feições haviam se tornado parte de um cara excepcionalmente quente. Agora, ele era todo maxilar acentuado e queixo forte, o nariz com o menor indício de quebra anterior. Uma cicatriz em forma de meia lua pousava no alto de sua maçã do rosto, e seus olhos incolores às vezes eram um pouco assustadores. A franja de seu cabelo desarrumado era o suficiente para suavizar todo o conjunto, se ele alguma vez cortasse-o curto, ele pareceria um cara completamente diferente.
Ele voltou sua atenção para o caderno de desenho sempre presente, e eu puxei o meu olhar para frente, em um esforço para evitar de ser lançada ao descer os degraus. Somente horas antes, ele segurou meu rosto com as mãos, apertou-me contra a porta da minha caminhonete e me beijou como se tivéssemos feito o que eu queria fazer. Eu conduzi de volta ao meu dormitório em um estado perplexo de luxúria.
Deslizando em meu assento ao lado de Benji, resisti à tentação de olhar por cima do meu ombro. Se ele não estivesse me observando, eu ficaria desapontada. Se ele estivesse, eu seria pega.
A garota à minha direita estava dando sua habitual repescagem de segunda-feira de manhã para seu vizinho... E as duas ou três dúzias de outras pessoas que podiam ouví-la. Benji imitou-a perfeitamente, ainda que um pouco dramático, e eu fingi um ataque de tosse para esconder meu riso. Infelizmente, a tosse chamou sua atenção.
— Você está morrendo ou algo assim? — Ela perguntou, me dando um perfeito sorriso afetado de escárnio enquanto eu balancei a cabeça. — Bem, tossir um pulmão em público não é de todo tão atraente, apenas dizendo.
Meu rosto ardia, mas depois Benji inclinou-se e trovejou em torno de mim.
— Hum, dando a metade da turma um resumo exaustivo todas as segunda-feira de manhã, em detalhes pavorosos, o quanto de uma puta promíscua alcoólatra você é? Não é tão atraente, também. Só estou dizendo!
Ela engasgou quando pessoas próximas riram, e eu peguei meu lábio inferior entre os dentes ao tentar olhar para frente. Felizmente, o Dr. Heller então entrou, e a aula começou, e eu voltei para cinquenta longos minutos na tentativa de esquecer a presença de Joseph três fileiras atrás e cinco lugares mais.
— Então... Nove dias até o final. — Benji recheando sua mochila e sorriu para mim enquanto eu arrumava a minha.
— Mmm-hmm.
— Nove dias para não mais... Restrições. — Revirei os olhos diretamente para ele, conforme suas sobrancelhas dançavam subindo e descendo. — Eh? Eh?
Não pude deixar de verificar se Joseph ainda estava na sala. Ele estava conversando com a garota Zeta que ele tinha falado antes, mas ele estava me observando sobre sua cabeça.
Benji se esgueirou por seu caminho para o corredor, a divisão de um sorriso seu rosto.
— Eu fico com Tutores Gostosos por US$ 200, Alex. — Ele disse em uma voz estranhamente feminina antes que ele começasse a cantarolar a música tema de Jeopardy. Ele ainda estava cantarolando quando ele sorriu para Joseph antes de sair.
Eu esperava que eu não estivesse corando quando Joseph saiu junto comigo, mas nenhum de nós falou até estarmos fora. Limpando a garganta, ele fez um gesto para trás para Benji com um ombro.
— Será que ele, hum, ele sabe? Sobre...?
Ele atormentava o lábio inferior e o pequeno piercing de prata, uma carranca leve no rosto.
— Ele é, na verdade, como eu descobri... Quem você era.
— Oh?— Ele caminhou comigo para a minha aula de espanhol, como fazia antes.
— Ele nos viu... Olhando um para o outro. — Eu dei de ombros. — E ele me perguntou se eu fui para as suas sessões de tutoria.
Fechando os olhos por um instante, ele respirou fundo.
— Deus. Eu sinto muito! — Eu esperei, torcendo que ele me falaria a razão para a charada de Jace/Joseph, finalmente.
Nós caminhamos pelo campus montanhoso em silêncio por um minuto ou dois, cada passo levando-nos mais perto de minha aula. Sem uma única nuvem no céu, o sol aquecia nos remendos diretos de luz enquanto congelava na sombra provida por árvores e edifícios.
— Eu notei você na sua primeira semana. — Sua voz era suave. — Não apenas por causa de quão bonita você é, embora, é claro, isso influenciou. — Eu sorri, observando os nossos pés como combinamos os nossos passos. — Foi a maneira que você se apoiava em seus cotovelos quando você está ouvindo em sala de aula, quando algo chama seu interesse. E quando você ri, nunca é para chamar a atenção, é apenas o riso. A maneira como você obsessivamente dobra seu cabelo atrás da orelha, no lado esquerdo, mas deixa que o lado direito caia como um manto. E quando você está entediada, você bate o pé silenciosamente e move os dedos na carteira como se estivesse tocando um instrumento. Eu queria esboçar você.
Nós paramos e ficamos em um quadrado de sol, bem longe da entrada sombreada do edifício de linguagem artística.
 — Quase todas as vezes que eu vi você, você estava com ele. Mas um dia, você caminhou até o prédio sozinha. Eu estava segurando a porta para várias garotas na sua frente, e eu esperei por você entrar. Quando você chegou a mim, você estava satisfeita, e um pouco surpresa. Ao contrário das outras, você não esperava que a porta estivesse aberta para você por algum cara aleatório. Você sorriu para mim e disse: “Obrigada! Essa foi a última gota. Eu rezei para você nunca vir a uma sessão, e não com ele. Eu não queria que você soubesse que eu era o tutor. Ele a tomou por concedido, mesmo quando você estava ao lado dele, segurando sua mão. Como se você fosse um acessório.  
Ele franziu a testa, e eu me lembrei de me sentir exatamente assim com Kennedy. Muitas vezes.
— Eu nunca quis que você se machucasse, mas eu queria tomá-la dele. Eu tinha que me lembrar constantemente que não importava se você fosse dele ou não, porque você estava do outro lado de uma linha que eu não podia atravessar. E então você não apareceu no dia do exame parcial ou no próximo. Preocupei-me que algo tinha acontecido com você. Ele estava meio reservado nos primeiros dias. Até o final da semana, as garotas estavam flertando com ele antes da aula, e a maneira que ele respondeu me contou o que tinha acontecido. Eu tinha certeza que você ia largar a turma, o que me fez egoisticamente em êxtase. Mesmo sem saber que eu estava fazendo isso, eu comecei a olhar para você no campus. — Ele olhou nos meus olhos e baixou a voz ainda mais. — E então, a festa de Halloween.
Eu não conseguia respirar.
— Você estava lá? Na festa?
Ele acenou com a cabeça.
— Como? Você não é grego, você é?
Ele balançou a cabeça.
— Eu tinha arrumado o ar condicionado da casa na noite anterior. A manutenção não faz coisas que não emergências nas noites ou fins de semana, mas tenho contrato de trabalho, por isso concordei em fazê-lo. Quando eu não aceitei uma gorjeta, alguns caras me convidaram para a festa. Eu só disse que sim porque eu estava esperando que você pudesse estar lá. Fazia duas semanas, e este campus é tão grande que eu estava começando a pensar que eu nunca iria até você. — Ele riu baixinho e passou a mão na parte de trás do seu pescoço. — Uau, isso soa perseguidor total!
Ou totalmente quente. Deus.
— Por que você não falou comigo naquela noite? Antes...
Ele balançou a cabeça.
— Você estava tão arredia e infeliz. Quase todos os caras que se aproximaram de você foram rejeitados sem uma segunda olhada. Não havia nenhuma maneira que eu estava indo me tornar um deles. Você dançou com um punhado de caras que você já conhecia e ele era um deles.
— Buck.
— Sim. Quando você saiu, ele a seguiu, e eu pensei que talvez... Talvez vocês dois decidiram sair mais cedo juntos, sem todo mundo saber. Se encontrando fora ou algo assim.
Eu assisti um trio de colegas meus entrar no edifício.
— Ele é o melhor amigo do namorado da minha colega de quarto. Bem, o melhor amigo de seu ex, agora. Ele era uma entidade conhecida. Um amigo, eu pensava. Rapaz, eu estava errada!
Ele acenou com a cabeça, franzindo a testa.
— Eu estava prestes a sair, minha moto estava estacionada em frente. Algo não estava bem, mas eu estava lutando com o mesmo desejo de tirá-la que eu senti por meio do semestre com o seu namorado, então eu questionei meus próprios motivos. Eu perdi um minuto discutindo comigo mesmo, e eu sinto muito por isso! Eu finalmente decidi se vocês dois iriam transar, eu tinha acabado de dar a volta na frente, ligar a Harley, e acabar com isso. Com você. Mas não foi isso que aconteceu.
— Não. — De repente, ciente da falta de pessoas agitadas em torno de nós, eu retirei o meu celular. Era 10h02min. —Merda! Estou atrasada.
— Uh-oh. Não é esse o professor que faz você de exemplo se você está atrasada?
Impressionante.
— Você se lembrou! — Gemendo, eu empurrei o meu telefone na minha bolsa. — Eu meio que gostaria faltar agora.
Sua boca curvou-se num dos lados.
— Que tipo de funcionário da faculdade eu seria, se a encorajasse a faltar à última aula do semestre?
— Estamos apenas revisando. Eu tenho um A. Eu realmente não preciso de revisão.
Olhamos um para o outro.
Eu dobrei minha cabeça e olhei diretamente em seus olhos claros.
— Você não tem aula?
— Não até às 11h. — Pela primeira vez, a sensação de seu olhar à deriva no meu rosto era como uma brisa suave, ou o toque mais leve possível. Ele parou na minha boca.
Meus lábios se separaram, minha respiração desacelerou conforme minha frequência cardíaca acelerou.
— Você nunca fez meu esboço de novo.
Seus olhos correram ao meu, mas ele não respondeu, então eu pensei que talvez ele não se lembrasse de seu pedido no SMS.
— Você disse que estava tendo um momento difícil para fazê-lo pela memória. Meu queixo. Meu pescoço...
Ele acenou com a cabeça.
— E seus lábios. Eu disse que precisava de mais tempo olhando para eles e menos tempo os provando.
Eu assenti. Bom Deus, o que ele não se lembra?
— Uma coisa muito tola para eu dizer, eu acho. — Ele estava olhando para minha boca novamente.
Meus lábios formigavam de seu exame minucioso. Eu queria esfregar os dedos entre eles. Ou roçar com os meus dentes para parar a sensação de cócegas.
Quando eu os molhei com a minha língua, ele respirou fundo.
— O café. Vamos tomar um café.
Concordei, e sem dizer uma palavra, caminhamos em direção ao centro estudantil, o lugar mais movimentado no campus a esta hora do dia.
— Então, você usa óculos, hein? — Nós estávamos sentados em uma pequena mesa, bebendo nossos cafés e suportando um silêncio decididamente desconfortável, então eu deixei escapar a primeira coisa viável que entrou no meu cérebro.
— Hum. Sim.
Ótimo! Eu só trouxe aquela noite à tona. Mas eu não deveria me abrir àquela noite? Não deveríamos falar sobre isso? Eu não deveria perguntar-lhe se ele estava me afastando porque ele era o tutor de turma, ou por causa dessas cicatrizes em seus pulsos?
— Eu uso lentes de contato. Mas meus olhos se cansam delas até o final do dia.
Dei deixa à imagem mental de Joseph puxando a porta aberta, a apreensão em seu rosto, os óculos o transformando em alguém oficial enquanto o pijama produziu um efeito contrário. Eu limpei minha garganta.
— Eles parecem realmente bem em você. Os óculos. Quero dizer, você pode usá-los o tempo todo, se você quiser.
— Eles são um tipo de dor com o capacete da motocicleta. E tae-kwon-do.
— Ah. Sim, eu posso imaginar.
Ficamos calados novamente, com 40 minutos até a sua aula e meu remarcado tempo de prática de baixo.
— Eu poderia esboçar você agora. — Ele disse.
Sem uma boa razão, meu rosto corou.
Por sorte, ele estava chegando em sua mochila, retirando seu caderno de desenho, e virando uma página em branco. Ele tirou o lápis de trás da orelha antes de olhar por cima da mesa para mim. Se ele percebeu a minha cor intensa, ele não mencionou isso. Sem dizer uma palavra, ele se inclinou para trás na cadeira, o bloco em seu joelho, e começou a desenhar, seu lápis criando, sem esforço, arcos extensos de alguém que sabe o que está fazendo. Seus olhos se moveram do caderno de desenho para mim e de volta, mais e mais, e eu me sentei silenciosamente bebericando, observando seu rosto. Observando suas mãos.
Havia algo de íntimo sobre esboçar alguém. Eu me ofereci como modelo uma vez na minha turma júnior de arte, para o crédito extra.
Uma grave falta de habilidade de desenho, eu pulei nos dois pontos extras, sem parar para pensar que eu estaria sentada em cima de uma mesa por todo um período de aula. Dar a uma sala de aula de garotos adolescentes rédea livre para olhar para mim por uma hora foi uma espécie totalmente nova de embaraço. Especialmente quando o namorado de Jillian, Zeke, começou o seu retrato de meu seio. Ele olhou descaradamente, mostrando seus esforços artísticos para seus companheiros de mesa enquanto eu corava e fingia que não podia ouvir suas piadas sobre beliscões e decote e como ele queria que eu somente tivesse perdido a camisa por completo, ou pelo menos desabotoá-la.
— A maioria dos artistas começam com a cabeça. — Sr. Wachowski disse enquanto olhava por cima de seu ombro. Zeke e os outros garotos na mesa bufaram com risadas enquanto eu queimava com humilhação e toda a turma olhava.
— O que você está pensando?
Eu não estava transmitindo essa história.
— Ensino Médio.
O cabelo que estava caindo sobre sua testa obscureceu a ruga que eu sabia que estava lá, mas os lábios apertaram.
— O que? — Eu perguntei, pensando na mudança que trouxe essas duas palavras.
Cercado por conversas, música e sons mecânicos, o rabisco do grafite sobre o papel era inaudível na cafeteria. Eu observava o lápis dançar em suas mãos, perguntando qual parte de mim que ele estava esboçando, e quais partes ele poderia querer esboçar.
Como ele era como um garoto de 16 anos? Será que ele desenhava, então? Saía com outros garotos de sua idade? Se ele tivesse se apaixonado? Teve seu coração partido por uma garota insensível? Ele teria já colocado essas cicatrizes em seus pulsos, ou será que ainda estava para acontecer?
— Você disse que tinha estado com ele por três anos. — Ele falou apenas alto o suficiente para eu o ouvir, olhando para o caderno e enquanto o lápis trabalhava para trás e para frente. Não havia dúvida em sua voz. Ele achava que eu estava pensando sobre Kennedy.
— Eu não estava pensando nele.
Sua mandíbula apertada, lábios comprimidos novamente. Ciúmes? Culpa rastejou para dentro de mim quando percebi que queria que ele sentisse ciúmes.
— Como foi a escola para você? — Eu perguntei e queria levá-lo de volta. Seus olhos brilharam aos meus e sua mão parou.
— Muito diferente do que era para você, eu imagino. — Seus olhos ainda percorreram o meu rosto, mas ele não estava mais desenhando, e sua expressão era tensa.
— Oh? Como? — Eu sorri, esperando por trazer-nos de volta a partir desta posição de agarrados a borda, ou empurrar-nos sobre a borda.
Ele levantou o olhar para mim e então olhou fixamente.
— Por um lado, eu nunca tive uma namorada.
Pensei na rosa sobre o seu coração, e o poema inscrito em seu lado esquerdo. Eu não queria que este amor fosse recente.
— Sério? Nenhuma?
Ele balançou a cabeça.
— Eu era... Instável, você poderia dizer. Só ficava com as garotas. Nenhum relacionamento. Ignorava as aulas tanto quanto eu me preocupava em me mostrar. Festejava com os habitantes locais e os turistas na praia. Me envolvia em brigas, muitas vezes, na escola e fora. Fui suspenso ou expulso com tanta frequência que eu nunca tinha muita certeza, quando eu acordava de manhã, se eu deveria ir ou não.
— O que aconteceu?
Seu rosto ficou em branco.
— O que?
— Quero dizer, como você entrou na faculdade e se tornou este... — Fiz um gesto para ele e dei de ombros. — Estudante sério?
Ele olhou para o lápis em sua mão, o polegar raspando o grafite, aguçando-o.
— Eu tinha dezessete anos, prestes a reprovar pela última vez, preparado para trabalhar no barco com o pai pelo resto da minha vida. Uma noite, eu estava festejando com alguns amigos. Fizemos uma fogueira na praia, que sempre atraiu atenção das crianças turistas — e eles sempre desejaram ser viciados. Um dos meus amigos era um traficante. Não de coisas grande, apenas drogas de festas. Ele vendia caro, assim poderíamos pegar alguns sem ter que pagar o seu distribuidor por eles. Sua irmã me marcou ao longo da noite. Ela tinha uma queda por mim, mas ela tinha 14. Totalmente inocente. Não era o meu tipo. Ela não aceitou bem a rejeição, e começou a flertar com os caras que financiaram a nossa noite, por assim dizer. Seu irmão idiota estava tão alto que ele não estava olhando para ela. Minha cabeça não estava muito clara, mas quando o cara que ela estava dançando a puxou para a praia, ela parecia que estava tentando se empurrar para longe dele. Lembro-me de ir atrás deles, mas tudo depois disso é obscuro. Foi-me dito que eu quebrei o maxilar do cara. Fui preso, acusações arquivadas. Eu provavelmente teria acabado na prisão, mas os Heller estavam visitando essa semana, e Charles fez alguma coisa para fazer com que tudo se desaparecesse. Ele e meu pai conversaram. A próxima coisa que eu sei é que estava me inscrevendo para aulas de artes marciais. Eu fui estúpido o suficiente para ver de forma idiota este benefício, ser capaz de bater a merda fora de outras pessoas ainda melhor do que eu já poderia, por isso não me opus. O que eu não esperava era como isso iria me centrar pela primeira vez em um longo tempo. Antes de ir embora, Charles me ensinou como meu pai nunca fez. Eu não gostaria de decepcioná-lo. — Ele me olhou de perto. — Ainda não. — Bebemos nossos cafés e eu esperava, segurando minha língua, sabendo que havia mais. — Ele me disse que eu estava jogando o meu futuro fora, que eu era melhor do que drogas e brigas. Ele disse que minha mãe estava assistindo, e perguntou se eu queria que ela tivesse orgulho ou vergonha. Então, ele prometeu que ia me ajudar a entrar na faculdade, puxar cada corda que ele pudesse puxar, se eu acabasse tentando. Ele sabia que eu estava procurando uma fuga, e ele me deu uma segunda chance.
Um calafrio desceu pelas minhas costas com suas palavras.
— Ele é bom em oferecer segunda chance.
Ele sorriu, apenas um pouco.
— Sim. Ele é. Eu peguei. Meu último ano parecia bom, mas eu praticamente matei meu GPA completamente antes disso. Eu não sei como ele me aceitou, mesmo condicionalmente. Papai não pode pagar por isso, é claro, é por isso todos os bicos. Eu pago o aluguel do apartamento, mas eu não poderia obter nem uma cama dobrável na garagem de alguém pelo que ele me cobra.
— Ele é como um anjo da guarda para você.
Erguendo seus claros, enervantes olhos para mim, ele disse:
— Você nem sabe.

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