Quando eu
parei para abastecer na metade do caminho para o campus, enviei um SMS para
Kennedy dizendo-lhe que eu decidi voltar mais cedo. Meu telefone tocou antes
mesmo de eu sair para a interestadual. Kennedy. Eu respirei fundo e desliguei o
rádio antes de atender.
— Você já
saiu? Eu pensei que você fosse embora amanhã. Eu pensei que nós íamos conversar
esta noite.
Eu suspirei,
querendo bater a cabeça no volante, o que não era a melhor ideia dirigindo a
mais de 100 km/h.
— Eu não
entendo do que é que você quer falar, Kennedy. — Eu me perguntei se ele tinha
sido cego para quantas vezes eu estava pronta e disposta a falar, e as inúmeras
de chances que ele descuidadamente ignorou.
— Eu acho que
eu cometi um erro, Demi. — Interpretando errado o meu silêncio atordoado, ele
acrescentou: — Eu quero dizer Demetria. Desculpe, acho que vai levar um
tempo...
— O que você
quer dizer com cometeu um erro?
— Nós.
Terminarmos.
Fiquei em
silêncio de novo, as palavras grudando em mim enquanto eu tentava entendê-las,
engolindo-as em seco. Eu tinha evitado as fofocas do campus, tanto quanto
possível, mas eu ouvi e vi o suficiente para saber que Kennedy não tinha sido
nenhum santo nas semanas que passamos separados. Ele também não tinha falta de candidatas
dispostas. Mas garotas dispostas a partilhar a sua cama não são iguais às
garotas dispostas a suportarem o seu instável humor de merda, ouvirem seus
exaustivos pareceres jurídicos, ou apoiarem os objetivos da sua vida, da
maneira que alguém que ama você faria. Não, esse tinha sido o meu papel. E eu
tinha sido demitida dele.
— Por quê?
Ele suspirou e
eu imaginei o que eu sabia que ele estava fazendo, olhando para o teto,
penteando o cabelo da testa e deixando a mão lá, cotovelo dobrado. Ele não
conseguia esconder seus maneirismos habituais de mim, mesmo ao telefone.
— Por que eu
cometi um erro, ou por que eu acho que foi um erro? — Eu sabia, também, que
responder a uma pergunta com outra pergunta era a sua maneira de ganhar tempo
enquanto ele considerava sua saída de uma situação problemática. — Essa
conversa teria sido mais fácil pessoalmente...
— Nós
estávamos juntos há quase três anos e você terminou comigo, mesmo sem... Não
havia... — Eu estava esbravejando. Eu parei e respirei fundo. — Talvez não
tenha sido um erro.
— Como você
pode dizer isso? — Ele se atreveu a soar magoado.
— Oh, eu não
sei! — Retruquei. — Talvez da mesma forma que você terminou tão facilmente em
primeiro lugar.
— Demi...
Meus dentes
rangeram.
—Não. Me. Chame.
Assim!
Ele ficou em
silêncio, e tudo o que eu ouvia era o ruído da estrada enquanto a minha
caminhonete comia os quilômetros de nada entre a última cidade e a próxima. A
maioria dos campos de ambos os lados da estrada estavam inativos, dada à época
do ano, mas uma enorme colheitadeira verde estava fazendo o seu caminho através
de um campo de algodão, e eu olhava para ela. Não importa o que aconteceu a
qualquer indivíduo, a vida estava acontecendo em outros lugares. Na primeira
vez que Kennedy me beijou, era lógico que ao mesmo tempo, outras pessoas
estavam se separando. E na noite que Kennedy partiu meu coração, em algum
lugar, talvez lá mesmo no meu dormitório, outras pessoas estavam se
apaixonando.
— Demetria. Eu
não sei o que você quer que eu diga.
Em questão de
segundos, eu tinha passado por uma cidade que ostentava um Shopping Center de
tamanho considerável e pouco mais. Cada quilômetro me levava mais longe de Kennedy.
Mais perto de Joseph. Eu estava inquieta com a noção de que Joseph era alguém
para quem voltar, antes de perceber que ele havia sido aquela zona de
segurança para mim desde o momento que nos conhecemos.
— Nada! — Eu
respondi. — Eu não quero que você diga nada!
Meu ex tinha o
bom senso de saber quando ele chegava a um impasse. Ele me agradeceu por ter
vindo na quinta-feira e disse que ele entraria em contato assim que ele
voltasse para o campus, o que eu não correspondi.
***
Demetria,
Parece que ele
quer você de volta, ou pelo menos, ele quer algo mais do que amizade. A questão
é, o que você quer?
Minha família
é só meu pai e eu. Tivemos velhos amigos conosco no Dia de Ação de Graças,
então ele estava mais conversador do que teria sido sem isso. Quando somos
apenas nós dois naquela casa, temos a tendência de ficarmos horas sem falar. Se
você não contar o tipo de coisas como “com licença” e “passe o
sal”, o silêncio
pode abranger dias inteiros.
Meu pai é dono
de um barco de pesca de aluguel. Não há muito acontecendo nesta época do ano na
baía, apesar dele organizar viagens de pesca de alto mar ou passeios para a
observação de aves nativas durante o inverno. Ele tinha agendado um para hoje,
então nos despedimos às 05h00min, e aqui estou eu, de volta à minha casa logo
após o meio-dia.
JM
Joseph estava
a dez minutos de mim. Eu lutei contra o desejo de enviar um SMS e dizer a ele
que eu estava de volta, também. Eu sabia que não iria ganhar esta batalha por
muito tempo.
Eu desfiz as
malas e lavei minha roupa. As máquinas em nosso andar eram de fácil acesso,
apesar de haver tão poucos de nós de volta, mas isso não seria o caso amanhã,
quando todos voltariam. Eu estava escolhendo a lavanderia que não exigisse que
fosse para cima ou para baixo. Evitar completamente as escadas tornou-se uma
das minhas manias. Eu não ia por ela absolutamente, mesmo em um grupo. Meu
subterfúgio funcionou com todos menos com Selena, que me olhou de perto na segunda
vez que usei: “eu esqueci alguma coisa no meu quarto, eu te encontro lá embaixo”.
Uma noite, ela
me perguntou abertamente: “Você está com medo de ir pela escada, não é?”.
Eu estava
pintando minhas unhas dos pés de vermelho sangue, e eu olhava para o pequeno
pincel e tentava manter minha mão firme. Comece na cutícula, espalhe para
cima. Comece na cutícula, espalhe para cima. “Você não está?”
“Sim”,
ela respondeu.
Nas outras
vezes, era Selena dizendo: “Oh merda, eu deixei minha bolsa no meu quarto. D,
vem comigo pegar, sim?” Virando-se para os outros, ela disse:
“Hey, vamos encontrar todos vocês lá embaixo em 5 minutos.”
Eu: Eu estou
de volta.
Joseph: Eu
pensei que você não ia voltar até amanhã.
Eu: Eu mudei
de ideia.
Joseph: Então,
percebi. Livre esta noite?
Eu: Sim.
Joseph:
Jantar?
Eu: Sim.
Joseph: Eu vou
te buscar às 7.
— Eu nunca
tive um cara cozinhando para mim antes.
Ele sorriu do
outro lado do balcão, cortando vegetais crus e chuviscando algo sobre eles que
ele havia misturado.
— Ótimo! Isso
deve efetivamente reduzir suas expectativas. — Ele colocou os ingredientes num
pedaço de papel alumínio, enrolou-os, e colocou-os no forno com o resto do
jantar.
Eu inalei pelo
nariz.
— Mmm, não,
isso cheira bem. E parece que você sabe o que está fazendo aí atrás. Eu tenho
medo que minhas expectativas estejam de forma estranhamente alta.
Ele regulou um
timer, lavou e secou as mãos, e deu a volta no balcão, tomando minha mão e me
levando para o sofá.
— Temos 15
minutos. — Sentamos lado a lado, e ele examinou minha mão, as pontas de seus
dedos frios enquanto ele traçou as unhas curtas que não interferiam com a
prática do baixo, seu polegar acariciando a palma da minha mão. Girando-a
suavemente, o dedo indicador traçou para cima e para baixo, dentro dos vales
sensíveis entre meus dedos. Ele desenhou uma espiral na palma da minha mão,
movendo-se lentamente para o centro, e eu estava hipnotizada, observando e
sentindo-o me tocar tão suavemente.
Seus dedos
deslizaram entre os meus, palma com palma, e ele estendeu a mão para me puxar
para o seu colo, seus lábios na base da minha garganta. Quando o cronômetro
soou minutos mais tarde, eu estava além de ser capaz de ouvi-lo.
A refeição que
ele preparou estava fechada em pacotes de alumínio individuais, legumes,
batatas assadas e pargo que ele pescou dois dias atrás.
Francis miou
como um alarme de incêndio até ter sua própria porção do último.
— Então, eu
acho que você está acostumado a cozinhar para um? — Eu perguntei quando nos
movemos para a pequena mesa encostada contra a única parede vazia.
Ele acenou com
a cabeça.
— Durante os
últimos três anos. Antes disso, cozinhava para dois.
— Você
cozinhava? Não a sua mãe ou seu pai?
Ele limpou a
garganta, brincando com sua batata com o garfo.
— Minha mãe
morreu quando eu tinha 13. Antes disso, sim, ela cozinhava. Depois... Bem, era
aprender a cozinhar ou viver de torradas e peixe, o que eu suspeito que meu pai
faça quando eu não estou em casa, apesar de eu tentar levá-lo para comprar
frutas ou algo verde ocasionalmente.
Oh. Sua história
se alinhava com a de Jace, viver com seu pai, sem irmãos, e ele deve estar
consciente disso. Ele também era um menino que tinha perdido sua mãe, e eu
estava muito consciente de que não era hora de criticá-lo pela duplicidade.
— Eu sinto
muito.
Ele acenou com
a cabeça uma vez, mas não ofereceu mais nada.
Depois que
comemos, ele deixou o gato sair, voltou para a mesa e pegou a minha mão e me
levou para seu quarto. Nós nos deitamos de lado no centro de sua cama, de
frente um para o outro, sem dizer nada. Seu toque era quase insuportavelmente
leve, sussurrando sobre meu queixo, arrastando para o lado do meu pescoço antes
de liberar os botões da camisa branca que eu tinha escolhido, um por um.
Deslizando-a do meu ombro, ele tocou os lábios na pele nua, e eu fechei os
olhos e suspirei. Minhas mãos se empurraram sob sua camisa até que ele se sentou,
puxou-a sobre a cabeça, e com um movimento a arremessou, deitando em cima de
mim e me beijando.
Sua boca era
exigente, seus lábios separando os meus, sua língua dirigindo-se para minha
boca. Eu pensei ter sentido um tremor se movimentar por ele quando minha mão
agarrou o lugar no seu lado onde as palavras estavam inscritas. Ele me rolou
por cima dele e empurrou a camisa do meu ombro oposto, deixou lá, meio
removido, enquanto ele mudava a sua atenção para a pele nua acima do sutiã cor
da pele, meu corpo todo tenso em direção ao seu como uma carga estática que me
atraía para ele.
Sem causa ou
explicação, ele parou na linha que eu tinha desenhado na semana passada. As
palavras estavam limitadas a “nossa” e “Deus” e “oh”. E então nada além de sussurros
e gemidos e sons ininteligíveis que só poderiam ser interpretados como sim,
sim, sim.
— Eu deveria
levar você de volta.— Sua voz era rouca. Nós não tínhamos falado em pelo menos
uma hora. O relógio em sua mesa mostrava que o tempo tinha se arrastado até perto
de meia-noite.
Ele me
entregou o sutiã descartado e puxou sua camisa sobre a cabeça. Quando eu fiquei
de pé, ele segurou minha camisa enquanto eu deslizei meus braços nas mangas, e
então ele me virou, abotoando os botões e inclinando-se para me beijar quando
terminou, as mãos emoldurando meu rosto.
Em pé perto de
sua moto, eu estava puxando minhas luvas quando a porta de trás da casa do
outro lado do quintal se abriu e um homem surgiu, segurando um saco de lixo
cheio da cozinha. Ele abriu o tambor de lixo com rodas e o jogou dentro, quando
ele se virou para ir para dentro, notei que Joseph estava imóvel, congelado,
olhando para ele. Como se sentisse os olhos sobre ele, o homem se virou sob a
lâmpada da porta de trás. Ele era o Dr. Heller.
— Jace? — Ele
disse, e nenhum de nós se moveu ou respondeu. — Demetria? — Acrescentou ele,
confuso. De uma só vez, ele pareceu registrar que horas eram, e o fato de que
nós dois tínhamos saído do apartamento de seu inquilino. Não poderia haver a
desculpa da tutoria, visto que não era apropriado nos encontrarmos no
apartamento para a tutoria, não importa a hora do dia. Ninguém falou por um
longo momento, e depois os ombros do Dr. Heller cederam. Ele suspirou antes de
alfinetar Joseph com uma expressão resoluta. — Eu preciso que você me encontre
na cozinha quando você voltar. Não mais do que 30 minutos, por favor.
As mãos de
Joseph estavam apertadas em torno do capacete. Ele deu um aceno firme ao Dr.
Heller antes de colocá-lo. Quando ele se virou para certificar de que eu tinha
amarrado o meu corretamente, nossos olhos se encontraram uma vez, mas ele não
falou nada e eu também não. Durante o passeio de dez minutos de volta, nenhuma
explicação aconteceu. Sem palavras mágicas, nenhuma isenção para suas mentiras.
Eu não conseguia pensar em nada para dizer ou fazer além de esperar que ele me
dissesse o porquê.
Nós chegamos e
eu desci de trás dele, removendo atrapalhadamente o capacete e o laço do cabelo
com os dedos enluvados. Ainda montado na moto, ele tirou o capacete também, e
os colocou longe como se ele não tivesse planos de colocar o seu de volta.
Quando eu o enfrentei, ele estava olhando para as mãos, apertado no guidão
largo.
— Você já
sabia, não é? — Sua voz era baixa, mas eu não poderia dizer seu estado de
espírito.
— Sim.
Ele olhou para
mim, franzindo a testa e buscando meus olhos.
— Por que você
não disse nada?
— Por que você
não disse? — Eu devolvi. Eu não queria responder perguntas. Eu queria que
minhas perguntas fossem respondidas, e eu estava irritada porque ele ia me
fazer perguntá-las. — Então, o seu nome é Jace? Mas Ralph chama você de Joseph.
E aquela garota, as outras pessoas te chamam de Joseph. Então qual é?
Seu olhar
voltou-se para suas mãos por um momento, e minha raiva se expandiu como um
balão inflável sob minhas costelas. Ele parecia estar decidindo o que me dizer
e o que me esconder. A Harley roncou baixinho, pronta para decolar com um
foguete para longe em um segundo.
— Os dois.
Jace é meu primeiro nome, Joseph o do meio. Eu uso Joseph... agora. Mas
Charles, Dr. Heller, me conhece há muito tempo. Ele ainda me chama de Jace. —
Seus olhos se balançaram até os meus. — Você sabe, eu acho, como é difícil
conseguir que algumas pessoas parem de lhe chamar do que elas sempre chamaram.
Muito lógico.
Tudo isso. Exceto a parte em que ele fingiu ser dois caras diferentes comigo.
— Você poderia
ter me dito. Você não fez. Você mentiu para mim!
Ele desligou a
moto e passou a perna por cima dela, ficando de frente para mim e segurando
meus ombros.
— Eu nunca
menti para você. Você fez suposições, baseadas no que Ch..., o Dr. Heller me
chamou. Procure em nossos e-mails. Eu nunca chamei a mim mesmo de Jace.
Eu soltei meus
ombros de suas mãos.
— Mas você me
deixou chamá-lo de Jace.
Suas mãos
caíram, mas ele olhou para mim, me impedindo de me mover.
— Você está
certa, isso foi culpa minha. E eu sinto muito! Eu queria você, e isso não
poderia acontecer como Jace. Qualquer coisa entre nós é contra as regras, e eu
as quebrei.
Eu engoli em
seco, combatendo a sensação de sufocamento. Eu ouvi o que ele não tinha dito,
ainda. Ele estava me dizendo que tinha acabado, simples assim. A terrível
realidade de abandono que Kennedy tinha começado semanas atrás voltou correndo
como se uma represa houvesse rompido, e sem aviso prévio eu estava me afogando
nela. Meus pais tinham me abandonado, Kennedy tinha me abandonado, meus amigos,
com exceção de Selena e Maggie, tinham me abandonado. E agora Joseph, e Jace.
Duas relações
diferentes, as quais tinham se tornado significativas.
— Então, está
tudo acabado!
Ele me
encarou, e eu não poderia ter sentido mais se seus dedos percorressem meu
rosto.
— Sua nota
pode estar em jogo de outra forma. Eu assumo a responsabilidade por isso, esta
noite, quando eu voltar, o Dr. Heller não vai responsabilizá-la.
— Então, está
tudo acabado! — Repeti.
— Sim! — Ele
disse.
Virei-me e
entrei no prédio, e não ouvi o motor da Harley ganhando vida até que meu pé
estava no começo da escada.
~*~
Ainda estou sem tempo, que saco.
Mas essa semana, farei mais do que o possível pra fazer uma maratona.
Muito, muito obrigada pelos comentários, amores!! <33
E me desculpem pela demora ^^
Não esperero a hora da maratona. Não acredito que já acabaram D:
ResponderExcluirespero que não demore muito para eles voltarem. Kennedy sem vergonha. Puf.
Posta logo ok? beeijos
Não esperero a hora da maratona. Não acredito que já acabaram D:
ResponderExcluirespero que não demore muito para eles voltarem. Kennedy sem vergonha. Puf.
Posta logo ok? beeijos
Naoooooooo, pq eles acabaram ???????? Nao nao naooooo , posta logo to super anciosaaaaaa
ResponderExcluirOMG! Poste logo!!
ResponderExcluirPassei esses dias todos atualizando toda hora pra vc tinha postado.. mas poxa esperei tanto pra ver jemi acabar :/ .. Tomara q ele der um pe na bunda definitivo no Kennedy, tem que mostrar que não é mais aquela besta q fazia tudo por ele.
ResponderExcluirPerfeito
ResponderExcluirEles acabaram :(
Tou ansiosa
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