segunda-feira, 8 de abril de 2013

Chapter 28

Joe

Na segunda-feira, tento não ficar muito ansioso com a aula de Química. Com certeza não é pela Peterson que estou morrendo de vontade de assistir a aula... É por Demetria, que chega atrasada.
— Oi — eu digo.
— Oi — ela murmura, de volta. Nada de sorriso, nem de olhares brilhantes. Definitivamente, ela está aborrecida com alguma coisa.
— Muito bem, classe — diz Peterson. — Peguem seus lápis. Vamos ver o quanto vocês têm estudado.
Xingo Peterson, em silêncio. Bem que ela podia nos dar umas experiências para fazer; assim teríamos chance de conversar. Enquanto isso, lanço um olhar à minha parceira, que parece totalmente despreparada para uma prova-surpresa.
Tomado pelo impulso de proteger Demetria, mesmo sabendo que não tenho esse direito, levanto a mão.
— Ultimamente, sempre que você levanta a mão, acaba me causando problemas — diz Peterson, me olhando nos olhos.
— É só uma perguntinha.
— Vá em frente... Pergunte logo.
— Podemos consultar o livro durante a prova, certo?
A Sra. Peterson me olha por cima dos óculos:
— Não, Joe, esta não é uma prova aberta a consulta. E se você não estudou, vai receber um grande e redondo “F”... Entendido?
Como resposta, deixo meus livros caírem, provocando um baque surdo.
Peterson entrega a prova e leio a primeira questão.
A densidade do Alumínio (AI) é de 2,7 gramas por milímetro. Que volume ocupariam 10,5 gramas?
Depois de trabalhar na minha resposta, olho para Demetria. Ela está com os olhos fixos na prova, mas ao mesmo tempo parece distante. Ao perceber que estou olhando para ela, Demetria me encara, com desdém.
— O que foi?
— Nada.
— Então, me esqueça.
Peterson está de olho em nós. Suspiro profundamente, procurando me acalmar, e volto a me concentrar na prova. Por que será que Demetria é assim... Ora quente, ora fria, mudando de um estado para outro sem nenhum aviso? E por que será que está tão estranha?
Pelo canto do olho, vejo minha parceira pegar a chave do banheiro, que pende de um gancho na porta. A questão é que não adianta se esconder. Isso não vai resolver seus problemas. Quando você sai do esconderijo, a vida está lá, olhando para a sua cara. Acredite, eu já tentei isso. E não funciona, porque os problemas continuam existindo.
De volta à classe, Demetria repousa a cabeça sobre a mesa, enquanto escreve as respostas. Basta um olhar, para saber que ela está ausente, que está indo muito mal na prova. Quando Peterson avisa que o tempo acabou, minha parceira de Química tem um olhar inexpressivo no rosto.
— Não sei se isso vai ajudar você a se sentir melhor... — digo, em voz baixa, para que só Demetria possa ouvir — mas uma vez tirei zero, na aula de Saúde, na oitava série, porque estava distraído e coloquei um cigarro aceso na boca de um boneco. Acabei sendo reprovado, na matéria, só por isso.
Sem olhar para mim, ela diz:
— Bom para você.
A música se espalha no ambiente, através dos alto-falantes, indicando o final da aula. Olho para o cabelo dourado de Demetria, que hoje parece menos brilhante, enquanto ela praticamente se arrasta para fora da classe... sozinha. Ao contrário de sempre, seu namorado não a acompanha. Eu me pergunto se Demetria acha que deve ganhar tudo de mão beijada, inclusive boas notas. Preciso dar um duro para conseguir o pouco que tenho. Nada me vem de graça.
— Oi, Joe. — Ashley me espera, ao lado do meu armário. Ok, algumas coisas realmente me veem de graça.
— O que foi?
Minha ex-namorada se insinua para mim; sua blusa, justa e curta, tem um grande decote em “V”.
— A turma vai dar uma volta pela praia, depois da aula. Você quer ir?
— Tenho que trabalhar — eu respondo. — Talvez me encontre com você, mais tarde.
Penso no que aconteceu, há dois fins de semana. Depois de ir até a casa de Demetria e ser dispensado pela mãe dela, algo dentro de mim se quebrou.
Ficar bêbado para afogar meu ego pisado foi uma ideia estúpida. Eu queria estar com Demetria, ficar com ela não só para estudar, mas para descobrir o que se escondia por trás daquelas mechas louras. Minha parceira de Química me deixou na mão.
Ashley, não. As imagens são meio confusas, mas lembro-me de Ashley no lago, me envolvendo com seu corpo... E depois ela se sentou no meu colo, perto da fogueira, e fumamos um cigarro mais forte que o Marlboro. Também, do jeito que estava bêbado, e com o ego aos pedaços, eu aceitaria qualquer garota.
Mas o fato é que Ashley estava lá, inteira, para mim. Devo a ela um pedido de desculpas... Pois, apesar de Ashley ter se oferecido, eu não precisava entrar no jogo. Fui um cretino e tenho que dizer isso a ela.
Saio da escola e vejo uma verdadeira multidão em volta da minha moto. Porra, se alguma coisa aconteceu a Julio, juro que vou bater em alguém. Não preciso empurrar ninguém para ver o que aconteceu, porque as pessoas abrem caminho quando me aproximo.
Com todos os olhares voltados para mim, vejo o que fizeram com minha moto: puro vandalismo.
Todos esperam que eu fique furioso. Afinal, quem ousaria prender uma buzina de triciclo, pink, no guidão, e cobrir as manoplas com delicadas fitinhas de cores brilhantes? Ninguém teria a ideia ou a ousadia de fazer uma coisa dessas na minha moto. Ninguém, a não ser Demetria. Olho em torno... Ela não está por aqui.
— Não fui eu — Lucky se apressa a dizer.
Todo mundo repete a mesma coisa, num murmúrio: não foi ninguém.
Então outros murmúrios correm pela multidão, agora sugerindo nomes dos possíveis culpados: “Colin Adams, Greg Hanson...” Mas não escuto, porque sei muito bem de quem é a culpa: da minha parceira de Química, que hoje resolveu me ignorar. Arranco as fitas e desatarraxo a buzina pink... Pink! Será que alguma vez, quando criança, Demetria usou essa coisa em seu triciclo?
— Saiam do meu caminho — eu rosno.
As pessoas se dispersam, rápido, achando que estou no limite da fúria. Ninguém quer ficar na linha de fogo. Às vezes, essa fama de valentão tem suas vantagens...
Depois que todo mundo vai embora, caminho ao lado do campo de futebol. As garotas da torcida ali estão, ensaiando, como sempre.
— Procurando por alguém?
Eu me viro e vejo Darlene Boehm, uma das amigas de Demetria.
— Demetria está por aí? — pergunto.
— Não.
— Você sabe onde ela está?
Joe Fuentes perguntando sobre o paradeiro de Demetria Ellis? Espero que Darlene me responda que isso não é da minha conta. Ou que me mande deixá-la em paz.
Em vez disso, Darlene responde:
— Demetria foi para casa.
Murmurando um “obrigado”, eu me viro e caminho de volta até Julio, enquanto ligo para o meu primo.
— Oficina do Enrique...
— Aqui é Joe. Vou chegar atrasado, hoje.
— Outra reunião na diretoria, depois das aulas?
— Não, nada disso.
— Bem, quando chegar, trate de aprontar o Lexus do Chuy. Eu disse a ele que poderia pegar o carro às sete. E você sabe como é o Chuy, quando a gente não cumpre o que promete.
— Sem problemas — eu respondo, pensando no que Chuy representa, na Sangue. Ele é o cara com quem ninguém quer trombar. Falta em seu cérebro o chip das emoções, das qualidades humanas mais comuns, começando pela simpatia. Se alguém é desleal com a gangue, Chuy se encarrega de “regenerar” o cara. Ou de garantir que ele nunca mais apronte... Mesmo que o cara implore, aos gritos, pela própria vida.
— Vou chegar a tempo — eu garanto.
Bato na porta de Demetria Ellis, dez minutos depois, com a buzina pink e as fitas coloridas nas mãos. Visto a pose de um simpático e calmo filho da puta. Quando Demetria abre a porta, usando shorts e uma camiseta larga, eu perco a pose e me confundo todo.
— Joe, o que você está fazendo aqui? — ela pergunta, arregalando os olhos azuis.
Mostro a buzina e as fitas, que ela arranca das minhas mãos, enquanto diz:
— Não acredito que você veio até minha casa, por causa de uma brincadeira inocente!
— Tenho outras coisas a discutir com você, além das suas gracinhas.
Ela engole em seco e parece muito nervosa.
— Escute, eu não estou me sentindo muito bem, ok? Vamos deixar para conversar lá no colégio. — E tenta fechar a porta.
Porra, não consigo acreditar que vou fazer como aqueles assaltantes, nos filmes... Empurro a porta, dizendo:
— ¡Qué mierda!
— Joe, não faça isso.
— Escute, me deixe entrar. Só por um minuto. Por favor.
Ela balança a cabeça e seus cachos angelicais acompanham o movimento.
— Meus pais não gostam que eu receba visitas.
— Eles estão em casa?
— Não. — Ela suspira e, relutante, acaba abrindo a porta.
Entro. A casa é ainda maior do que parece, pelo lado de fora. As paredes, pintadas de branco brilhante, me fazem lembrar um hospital. Juro que nem sequer um grão de poeira teria coragem de pousar nesse piso ou nesses móveis.
Ligando os dois andares, há uma escada que chega a competir com a que vi em “A Noviça Rebelde” aquele filme que nos obrigam a assistir, no primeiro grau. E o chão é tão polido e reluzente, que parece um espelho.
Demetria estava certa. Não tenho nada a ver com este lugar. Mas isso não importa, porque ela está aqui. E quero estar onde ela estiver.
— Bem, sobre o que você queria falar? — Demetria pergunta.
Gostaria que suas pernas longas e bonitas não estivessem tão à mostra... Elas me deixam transtornado. Desvio o rosto, desesperado para esconder o que estou sentindo.
Mas e daí se ela tem essas pernas? E daí se seus olhos azuis são claros e luminosos como bolinhas de gude? E daí se ela sabe encarar uma brincadeira, como um homem, e dar o troco à altura?
A quem estou tentando enganar? Não tenho outra razão para estar aqui, além da minha vontade de ficar perto de Demetria... E dane-se aquela aposta idiota.
Quero descobrir um jeito de fazer essa garota rir. Quero saber o que faz essa garota chorar.
Quero entender o que faz Demetria olhar para mim como se eu fosse seu cavaleiro, numa armadura brilhante.
— Deeee! — uma voz distante ecoa na casa, quebrando o silêncio.
— Espere aqui — Demetria ordena. — Volto já. — E se afasta por um corredor, à direita.
Não vou ficar aqui, parado, no hall, como um idiota. Resolvo seguir Demetria. Sinto que estou a um passo de vislumbrar um pouco do seu mundo.

~*~

Comentem, amores, que eu posto amanhã (terça) ;D

Answers:

Demi D++++++: Sim hahahaha Postei ^^
Demetria Devone Lovato: Também não gosto do Colin, e sim, ele é um idiota!! u_u Também acho, e estou cada vez mais decidida a fazer design *-* haha Segui nos dois, linda ^^ e mandei uma ask no seu tumblr de fotos porque achei ele super daora! 2bjos

2 comentários:

  1. PERFEITO
    agora o Joe vai conhecer a Shelly...
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    Beijos

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  2. AI MY GOD a DEMI vai surtar e a Shelly vai gostar do Joe , ele tinha que desistir dessa aposta idiota ..POSTA LOGO

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