segunda-feira, 1 de abril de 2013

Chapter 23


Demetria

Manobro meu carro no estacionamento da biblioteca e escolho uma vaga perto do bosque, nos fundos do terreno. Estou furiosa... A última coisa em que consigo pensar é no projeto de Química.
Joe está me esperando, encostado em sua moto. Tiro as chaves da ignição e grito para ele:
— Como você se atreve a me dar ordens? Minha vida está cheia de gente querendo me controlar: minha mãe... Colin... E agora você! Estou farta disso. — Se você pensa que pode me intimidar...
Sem uma palavra, Joe se aproxima, pega as minhas chaves e se senta ao volante do meu BMW.
— Joe, o que você pensa que está fazendo?
Ele aciona o motor. Oh, não, Joe vai levar meu carro e me deixar aqui, no estacionamento da biblioteca!
— Entre aí... — ele diz.
Fecho os punhos com raiva e me deixo cair no banco do passageiro. Então, ele acelera.
— Onde está a foto de Colin? — pergunto, olhando para o painel. A foto estava aqui, um minuto atrás.
— Não se preocupe, vou devolver. Só não tenho estômago para ficar olhando para aquela coisa, enquanto estou dirigindo...
— Você alguma vez já dirigiu um carro com transmissão manual? Sem piscar, sem nem mesmo olhar para mim, ele engrena a primeira, fazendo cantar os pneus. Saímos do estacionamento. Meu BMW obedece ao comando de Joe, como se os dois estivessem em total sintonia.
— Isto é roubo, você sabe — eu digo.
Silêncio.
— Roubo de veículo — eu acrescento. — E sequestro.
Paramos num semáforo. Olho para os carros ao redor, aliviada porque a capota está baixada, de modo que ninguém pode nos ver.
Mira, você entrou no carro por vontade própria — diz Joe.
— Acontece que este é o meu carro. E se alguém nos vir?
Acho que minhas palavras o irritam. Quando o semáforo fica verde, ele sai, fazendo cantar os pneus novamente. Está forçando meu carro, de propósito.
— Pare com isso! — eu ordeno. — Leve-me de volta à biblioteca.
Mas Joe não obedece. Fica em silêncio, enquanto dirige meu carro por zonas desconhecidas e estradas desertas, como as pessoas fazem, nos filmes, quando vão se encontrar com traficantes perigosos.
Ah, que ótimo! Estou prestes a ter minha primeira experiência com o tráfico de drogas. Se eu for presa, será que meus pais pagarão a fiança? E minha mãe? Como explicará isso aos amigos e conhecidos? Talvez meus pais me mandem para um campo de treinamento militar para delinquentes. Aposto que eles gostariam de fazer isso: mandar Shelley para uma clínica e eu para um campo de treinamento militar. Aí, sim, minha vida ficaria maravilhosa!
Não quero participar de nada ilegal. Quem governa meu destino sou eu, e não Joe. Agarro a maçaneta da porta.
— Deixe-me sair... Ou então vou pular do carro. Juro!
— Você está com o cinto de segurança... Relaxe. Chegaremos em dois minutos. — Joe engrena a outra marcha e reduz a velocidade, enquanto entramos num velho aeroporto, deserto. — Ok, aqui estamos — ele diz, puxando o freio de mão.
— Certo. Mas o que significa, exatamente, “aqui”? Odeio dizer, mas o último lugar habitado por que passamos ficou a cinco quilômetros de distância. Eu não vou descer do carro, Joe. Cuide de suas drogas sozinho.
— Se eu tinha alguma dúvida de que você é uma loura típica, já não tenho mais — ele diz. — Você acha que eu seria louco de trazer você até aqui, para uma transação de drogas? Saia do carro.
— Por que eu deveria? Escute, me dê uma boa razão para isso.
— A razão é que se você não sair por conta própria, eu mesmo vou cuidar disso... Acredite em mim, mujer.
Joe guarda as chaves no bolso de trás do jeans e desce do carro. Sem outra alternativa, eu o sigo.
— Olhe, se você quer discutir nosso projeto sobre os Aquecedores de Mãos, podemos fazer isso por telefone.
Contorno o BMW, pelo outro lado. Paramos frente a frente, atrás do carro. Aqui estamos, no meio do nada.
Uma coisa ficou me perturbando, o dia inteiro... E, já que estou aqui, com Joe, posso muito bem perguntar:
— Nós nos beijamos, ontem à noite?
— Sim.
— Então não deve ter sido um grande beijo, porque não me lembro de nada.
Joe ri:
— Eu estava brincando. Nós não nos beijamos. — Ele se inclina para mim. — Quando isso acontecer, você vai se lembrar. Para sempre.
Oh, Deus. Gostaria que as palavras de Joe não me fizessem fraquejar... Sei que eu deveria sentir medo por estar aqui, sozinha, com um cara que é membro de uma gangue, no meio de um lugar totalmente deserto, conversando sobre beijos... Mas não estou assustada. No fundo da minha alma, sei que ele nunca me machucaria, nem me obrigaria a fazer coisas...
— Por que você me sequestrou? — pergunto.
Tomando as minhas mãos, Joe me leva até a porta, do lado do motorista.
— Entre.
— Por quê?
— Vou ensinar você a dirigir este carro direito... Antes que você acabe fundindo o motor, por uso incorreto.
— Pensei que você estivesse furioso comigo. Por que resolveu me ajudar?
— Porque eu quero.
Oh. Eu não esperava por isso. Meu coração começa a derreter, porque já faz muito tempo que ninguém se preocupa comigo, não o suficiente para querer me ajudar. Mas será que...
— Você não está fazendo isso esperando alguma coisa em troca... Está?
Ele nega, com a cabeça.
— Verdade?
— Verdade.
— E você não está furioso comigo... por alguma coisa que eu tenha dito ou feito?
— Estou frustrado, Demetria. Frustrado com você. Com meu irmão. Com um monte de coisas.
— E por que me trouxe aqui?
— Não faça perguntas, a não ser que você esteja pronta para ouvir as respostas... Tudo bem?
— Tudo bem. — Eu me sento ao volante e espero que Joe se acomode a meu lado.
— Está pronta? — ele pergunta, sentando-se no banco do passageiro e afivelando o cinto de segurança.
— Sim.
Joe se inclina e põe a chave na ignição. Quando eu solto o freio de mão e dou a partida, o motor morre.
— Você não pôs no ponto morto. Se acionar o motor, sem pressionar a embreagem, o carro vai morrer.
— Eu sei — digo, me sentindo totalmente estúpida. — É que você está me deixando nervosa.
Joe põe a alavanca do câmbio no ponto morto e me diz:
— Pressione a embreagem com o pé esquerdo, o freio com o pé direito... E engate a primeira.
Pressionando o acelerador, solto a embreagem... E o carro dá um arranque para frente.
Joe se apóia no painel:
— Pare.
Obedeço e ponho o carro em ponto morto.
— Você precisa encontrar o ponto ideal.
Olho para ele:
— Ponto ideal?
— Sim... E quando a embreagem “pega” entende? — Joe usa as mãos como se fossem pedais, para ilustrar o que está me dizendo. — Você tirou o pé muito rápido... Tente conseguir um ponto ideal, de equilíbrio, e fique ali... Até sentir que chegou o momento de soltar o pedal. Tente de novo.
Engreno a primeira e vou soltando a embreagem, enquanto man. tenho o pé no acelerador.
— Isso, mantenha assim — diz Joe. — Ache o ponto ideal e segure...
Começo a soltar a embreagem enquanto pressiono o pedal do acelerador, mas não até o fim.
— Acho que encontrei o ponto.
— Então, solte a embreagem, mas não acelere muito.
Eu tento, mas o carro arranca de novo... E morre.
— Você soltou a embreagem muito rápido. Tente de novo — diz Joe, muito calmo. Não parece aborrecido, nem frustrado, nem a fim de desistir. — Você precisa acelerar um pouco mais... Não até o fim, só um pouco, para dar ao carro o impulso suficiente para se mover.
Repito os mesmos procedimentos e, dessa vez, o carro se move sem problemas. Agora estamos na pista, a menos de vinte quilômetros por hora.
— Pise na embreagem — diz Joe. Então cobre minha mão, que está no câmbio, com a sua, e me ajuda a engatar a segunda. Tento ignorar o contato suave, o calor que emana de sua mão — coisas tão contraditórias à sua personalidade agressiva —, e me concentro no que estou fazendo.
Com toda paciência, Joe me ensina, em detalhes, como reduzir as marchas, até que resolvemos parar no final da pista. Seus dedos ainda estão entrelaçados aos meus.
— Acabou a aula? — pergunto.
Joe limpa a garganta:
— Hum... sim. — Ele retira a mão e mergulha os dedos em sua vasta juba negra; algumas mechas se espalham por sua testa.
— Obrigada, Joe.
— Sim... Bem, eu não fiz isso para parecer um bom menino. Meus ouvidos sofriam a cada vez que eu ouvia você forçar o motor, no estacionamento do colégio.
Inclino a cabeça e tento conseguir que Joe me olhe nos olhos. Ele se recusa.
— Por que você faz tanta questão de parecer um menino mau, hein? Conte para mim, Joe.

~*~

Se tiver 3 comentários, eu posto 2 chapters amanhã a noite ;)

Answer:

Demetria Devone Lovato: Sim, é muito mais interessante!!! Eu fico louca só de imaginar eu decorando toda uma casa, pensando em cada detalhe... hahaha postei ;)

3 comentários:

  1. PERFEITO
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    eu quero saber o que o Joe vai falar
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    Beijos

    deve ser muito legal decorar uma casa hahahaha

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  2. Ameiiiii eu quero beijos jemi loigo hein posta hj

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  3. A Demi quer saber do joe mas nao conta sobre ela . Posta logo

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