quarta-feira, 8 de maio de 2013

Chapter 53 / Chapter 54

Demetria

Faz cinco minutos que estou aqui, no pátio da casa de Selena, sem coragem de sair do carro. Ainda não consigo acreditar que fiz amor com Joe. Não me arrependo de nada, mas tudo parece tão irreal.
Ainda mais porque senti que Joe estava... não sei... desesperado, como se quisesse provar alguma coisa para mim, não com palavras, mas com ações.
Estou zangada comigo, por ter sido tão emotiva, mas não pude evitar. Chorei de alegria, de felicidade. Chorei por amor. E quando vi uma lágrima escorrendo pelo rosto de Joe, eu a colhi, com um beijo... Quis guardar aquela lágrima para sempre, porque essa foi a primeira vez que ele chorou, na minha frente. Pois Joe não chora, não se permite ficar emocionado... Com nada.
Mas nesta noite Joe mudou, querendo ou não. Eu também mudei.
Entro na casa de Selena e a encontro no sofá da sala... Junto com meus pais.
— Hum... Isso está parecendo suspeito, como um episódio daquele programa, Intervention.
— Não se trata de uma intervenção, Demi... E sim de uma conversa — diz Selena.
— Por quê?
— Por quê? — diz meu pai. — A resposta não é óbvia? Você sumiu de casa!
Olho para meus pais e me pergunto como pudemos chegar a esse ponto. Minha mãe parece vestida para um funeral, toda de preto com os cabelos presos num coque. Meu pai está de jeans e moletom. Pelo seus olhos congestionados e vermelhos, posso apostar que ele passou a noite em claro. E talvez minha mãe, também, só que ela jamais confessaria... Em vez disso, pingaria um colírio para mascarar a verdade.
— Não posso mais fazer o papel da filha perfeita — eu digo, calma e simplesmente. — Pois não sou perfeita. Será que vocês podem aceitar isso?
Meu pai franze a testa, a ponto de suas sobrancelhas se juntarem... Sinal de que ele está fazendo um intenso esforço para manter o controle.
— Não queremos que você seja perfeita, filha. Patrícia, diga a ela como você se sente.
Minha mãe meneia a cabeça, como se não pudesse compreender por que estou dizendo tudo isso, fazendo essa tempestade em copo d’água.
— Demi, isso já foi longe demais. Pare com essa manha, essa rebeldia, esse egoísmo. Seu pai e eu não queremos que você seja perfeita. Só queremos que você sempre se esforce ao máximo, para atingir o melhor de si mesma, e isso é tudo.
— E vocês querem isso porque Shelley, a despeito do quanto ela possa tentar, jamais conseguirá corresponder às suas expectativas?
— Deixe Shelley fora disso — diz meu pai. — Não é justo envolvê-la nessa conversa.
— Por que não, se o que estamos falando tem tudo a ver com Shelley? — Estou me sentindo derrotada. É como se todas essas palavras, que me veem à boca, não fossem suficientes para explicar o que estou sentindo... Não adianta, as coisas entre nós nunca se resolverão. Deixo-me cair numa cadeira estofada de veludo, em frente a eles. — Pelo que me consta, eu não fugi de casa. Apenas, estou passando uns dias com minha melhor amiga.
— E nós somos muito gratos a ela — diz minha mãe, tirando um fiozinho de linha que grudou em sua calça, na altura da coxa. — Selena vem nos mantendo informados, diariamente, sobre você.
Olho para minha melhor amiga, encolhida a um canto do sofá. Ela ergue as mãos, como se pedisse desculpas. E então corre a atender a porta, pois é noite de Halloween e alguém acaba de tocar a campainha.
— Quanto tempo você ainda pretende ficar fora de casa? — pergunta minha mãe.
Preciso tanto dos meus pais. Preciso de uma compreensão que, provavelmente, eles nem têm para dar.
— Eu não sei — respondo, por fim.
Meu pai leva a mão à testa, como se estivesse com enxaqueca.
— Será que nossa casa é tão ruim assim?
— Ruim, não... Mas é estressante. Mãe, você me pressiona demais. Pai, detesto quando você chega de viagem e usa nossa casa como se fosse um hotel. Somos estranhos vivendo sob o mesmo teto. Eu amo vocês, mas não quero me sentir obrigada a “me esforçar ao máximo, para atingir o melhor de mim mesma”. Quero apenas me exercer, quero apenas ser o que sou. Quero ser livre para tomar decisões e aprender a partir dos meus erros, sem entrar em pânico, sem me sentir culpada ou aflita, com medo de não corresponder às expectativas de vocês. — Sinto vontade de chorar, mas consigo sufocar as lágrimas. — Não quero decepcionar vocês. Sei que Shelley não pode ser normal, não pode ser como eu. E sinto tanto por isso... Por favor, não mandem Shelley embora de casa, por minha causa.
Meu pai se ajoelha ao meu lado.
— Não fique triste, Demi. Não é por sua causa que queremos internar Shelley numa clínica. Quanto à deficiência... Não é culpa sua. Não é culpa de ninguém.
Minha mãe, com os olhos fixos na parede, como se estivesse em transe, diz:
— A culpa é minha.
Todos nos voltamos para ela, porque essas eram as últimas palavras que esperávamos ouvir, de sua boca.
— Patrícia? — diz meu pai, tentando tirá-la desse estado.
— Mãe, do que você está falando?
Ela continua fitando o vazio, enquanto fala:
— Sei que fui a responsável. Durante esses anos todos, venho me acusando...
— Patricia, não foi por sua culpa...
— Quando Shelley era muito pequena, eu a levava para passear... — minha mãe o interrompe, num tom suave, como se estivesse pensando em voz alta. — Ah, como eu invejava as outras mães, que tinham filhos normais, que conseguiam ficar em pé sozinhos... Que conseguiam pegar seus brinquedos, correr... Muitas vezes, percebi os olhares de compaixão que elas me lançavam. Olhares que eu detestava. Uma ideia se formou em minha mente... A ponto de me deixar obcecada: achei que tivesse ingerido mais verduras e legumes, durante a gravidez, e feito exercícios físicos, talvez pudesse ter evitado que Shelley nascesse desse jeito... Sim, eu me considerava responsável pela deficiência dela, embora seu pai insistisse em dizer que a culpa não era minha. — Ela olha para mim e sorri, melancolicamente. — E então você nasceu, minha princesa loira, de olhos azuis.
— Mamãe, eu não sou uma princesa e Shelley não é digna de piedade. Nem sempre vou sair com o rapaz que você gostaria que eu namorasse, nem sempre vou me vestir de acordo com o seu gosto e, definitivamente, não vou agir do jeito que você quer. Shelley, tampouco, viverá de acordo com suas expectativas.
— Eu sei.
— Será que algum dia você vai entender tudo isso, de um jeito tranquilo?
— Provavelmente, não.
— Você é tão crítica e intransigente! Oh, Deus, eu faria qualquer coisa, se você parasse de me culpar por cada erro, por cada pequeno deslize... Mãe, por favor, me ame por mim, me ame como sou. Ame Shelley como Shelley é. Pare de se concentrar só nas coisas ruins, porque a vida é muito curta, passa rápido demais.
— Você resolveu namorar um rapaz de gangue! — ela argumenta. — E ainda acha que não devo me preocupar?
— Não. Sim. Não sei. Se eu não me sentisse num tribunal, julgada por você, o tempo inteiro, talvez pudéssemos conversar sobre isso. Se você o conhecesse, quem sabe...? Ele é muito melhor do que as pessoas imaginam, mãe. Mas se você quiser que eu faça tudo escondido, que invente mentiras e fuja de casa, para me encontrar com ele... Eu farei.
— Ele é membro de uma gangue — minha mãe diz, secamente.
— Ele se chama Joe.
Meu pai se senta.
— Demetria, saber o nome desse rapaz não muda em nada a situação. Ele pertence a uma gangue e isso é um fato.
— Realmente... Mas saber que ele se chama Joe já é um passo na direção certa. Você prefere que eu seja sincera, que diga a verdade, ou que faça tudo às escondidas?
Levamos uma hora para chegar a um acordo... Por fim, minha mãe concorda em tentar ser mais cordata, flexível, e não reclamar tanto, de tudo. Meu pai promete que sairá do trabalho mais cedo, duas vezes por semana, para chegar em casa antes das seis e jantar conosco.
Quanto a mim, concordo em levar Joe até nossa casa, para que possam conhecê-lo. Prometo também que, quando sair, contarei aonde pretendo ir... E com quem. Os dois não gostam da situação, nem aprovam meu namoro com Joe. Mas vão tentar... e isso já é um começo. Quero fazer as coisas bem... Pois é melhor recolher as peças quebradas, para tentar rejuntá-las, do que deixá-las assim, fragmentadas, como estão. Quem sabe, com um pouco de boa vontade, possamos enfim nos entender.

Chapter 54

Joe

O carregamento deveria ser entregue aqui, na reserva florestal de Busse Woods. O estacionamento e a área em torno estão às escuras. Apenas a luz do luar me guia. O lugar está deserto, exceto por um sedan azul, com os faróis acesos. Entro no bosque e percebo, mais adiante, um corpo caído, de bruços.
Corro naquela direção, tomado pelo pavor. Quando chego mais perto do vulto, reconheço minha jaqueta. E é como se eu assistisse a minha própria morte. Ajoelho-me no chão e começo a virar, lentamente, o corpo.
Paco.
— Merda! — eu grito, sentindo nas mãos o sangue ainda quente.
Os olhos de Paco estão vidrados, mas ele ergue a mão, devagar, e segura meu braço.
— Estou acabado.
Com muito cuidado, faço com que Paco apoie a cabeça no meu colo.
— Eu disse para você não se meter na minha vida. Não morra por mim, Paco... É melhor você não cometer essa besteira, ouviu? Porra, você está sangrando por todos os lados.
O sangue sai de sua boca, em profusão.
— Estou com medo — ele murmura, estremecendo.
— Não me deixe. Aguente firme... E tudo ficará bem — digo, abraçando Paco, sabendo que estou mentindo.
Meu melhor amigo está morrendo. Isso é definitivo. Não há nada que eu possa fazer, para evitar. Sinto seu sofrimento como se fosse meu.
— Veja só quem está aqui... O cara que fingiu ser Joe... junto com seu amiguinho, o verdadeiro Joe. Só podia ser mesmo numa noite de Halloween!
Viro-me na direção dessa voz, cujo dono conheço muito bem: Hector.
— Não vi que estava atirando em Paco... — ele me diz. — Cara, vocês são tão diferentes, à luz do dia. Acho que preciso fazer um exame de vista.
Hector me aponta uma arma. Mas não estou com medo. Estou com raiva. E quero respostas.
— Por que você fez isso, Hector?
— Se você quer mesmo saber, a culpa é toda do seu pai. Ele queria sair da Sangue... Mas não há saída, Joe. Seu pai era o melhor de todos, sabe? Pouco antes de morrer, ele bem que tentou desistir. E então tivemos que lhe dar um desafio, um castigo... Mas, em vez de surra, ou tôrtura, nós o mandamos receber um carregamento. Era esse o desafio: tráfico, Joe. Tráfico de drogas, agora de pai para filho... — Hector começa a rir... E sua risada horrível fica reverberando em meus ouvidos, enquanto ele aponta para Paco e volta a falar: — Se vocês dois conseguirem sobreviver... O seu pai vence. O estúpido filho da puta nunca teve uma chance. Pensei que pudesse treinar você, para assumir uma posição invejável, como um grande traficante e um grande vendedor de armas. Que nada! Você, realmente, é igual ao seu pai. Um cara que não tem palavra, um perdedor, um desistente... Um covarde!
Olho para Paco, que mal consegue respirar. O ar já não penetra seus pulmões. Vejo seu peito manchado de sangue, o alvo vermelho aumentando de tamanho, e me lembro do meu pai. Só que agora já não tenho seis anos. Agora tudo está claro como cristal.
Paco tenta erguer a cabeça... Meus olhos encontram os dele, por um breve e intenso momento.
— A Sangue Latino nos traiu, cara. — Essas são as últimas palavras de Paco, que revira os olhos e cai, sem vida, em meus braços.
— Solte esse cara, já! — Hector grita, brandindo sua arma no ar, como um lunático. — Ele está morto, Joe... Tal como o seu velho. Agora levante-se e olhe para mim, vamos!
Com muito cuidado, deixo o corpo inerte de Paco no chão e me ergo, pronto para lutar.
— Ponha as mãos na cabeça, de um jeito que possa vê-las. Sabe, quando matei seu pai, você chorou como um escuincle, como um bebê, Joe. Chorou nos meus braços, sabe? Nos braços de quem matou seu pai... Não é irônico?
Eu tinha seis anos de idade. Se soubesse que Hector era o assassino, jamais teria entrado na Sangue.
— Por que você fez isso, Hector?
— Moleque, você não vai aprender nunca, não é? Veja só... Tu papá se achava melhor do que eu. Mas mostrei a ele, não foi? O imbecil andou se gabando por aí, dizendo que a zona sul era um lugar muito bom de se viver... E que não havia gangues em Fairfield. Mas eu mudei esse quadro, Joe. Coloquei meus rapazes para trabalhar, para recrutar gente em todas as famílias, todos os lares. A escolha era simples: quem não estava comigo, estava contra mim... O que significava correr o risco de perder tudo, até a vida. Isso, meu caro, é o que faz de mim um homem poderoso, el jefe.
— Isso faz de você um louco.
— Louco. Gênio. Dá no mesmo. — Hector me empurra, com a arma.
— Agora, ajoelhe-se. Acho que este é um bom lugar para morrer... Bem aqui, no meio da floresta, como um animal. Você quer morrer como um animal, Joe?
— Você é o animal, imbecil. Você poderia ao menos me olhar nos olhos, quando for me matar, assim como fez com meu pai.
Hector começa a andar ao meu redor... E finalmente surge minha chance: agindo com rapidez, agarro-o pelo pulso e consigo derrubá-lo.
Hector pragueja e, meio atordoado, consegue se levantar rapidamente, ainda segurando a arma. Tiro vantagem do momento e dou-lhe um pontapé nas costelas.
Hector cambaleia e consegue me acertar de raspão, na cabeça, com a coronha. Caio sobre os joelhos, me amaldiçoando por não ser invencível... Por ser apenas humano.
Lembro-me de meu pai e de Paco... Assim, ganho forças para continuar lutando, aqui, em plena escuridão. Tenho certeza de que Hector está só esperando uma chance para atirar.
Chuto as costas dele e perco o equilíbrio... Quando me aprumo, vejo Hector apontando sua Glock diretamente para o meu peito.
— Aqui é a polícia de Arlington Heights! Soltem suas armas e ergam as mãos, de um modo que possamos vê-las!
Mal consigo enxergar as luzes azuis e vermelhas, através da neblina e das árvores.
Levanto as mãos.
— Solte a arma, Hector. O jogo acabou.
Mas ele continua segurando a Glock, mirando meu peito.
— Largue a arma! — a polícia ordena. — Agora!
Hector está furioso. Posso sentir sua raiva, vibrando na curta distância que nos separa. Sei o que esse covarde pretende fazer... Não tenho a menor dúvida: ele vai puxar o gatilho.
— Você está enganado, Joe — diz Hector. — O jogo mal começou.
Tudo acontece muito rápido.
Salto para a direita, enquanto os tiros espocam.
Pop. Pop. Pop.
Cambaleante, recuo alguns passos. Sei que estou ferido. A bala me atravessa a pele, penetrando profundamente. Uma sensação de fogo se espalha por todo meu corpo, como se alguém me despejasse Tabasco. Então, meu mundo se apaga.

~*~

4 chapters e acaba Perfect Chemistry...
Estou ansiosa para postar a próxima fic e vocês? hahaha
Gente, esse mês vai estar bem ruim pra mim, porque já vou começar o bimestre com provas, e vou ter um simulado a mais - porque minha diretora é louca -, sendo que eu era 2 por bimestre... (estou ferrada) A escola quer acabar com a minha vida, pois é.
Mas como não vivo sem o blog, vou tentar postar aqui com a mesma frequência, ok?!
Porém, se eu demorar um pouco, foi culpa da minha escola e eu deixo vocês jogarem uma bomba lá u_u kkkkkkkk

Comentem *-*

Answer:

Demetria Devone Lovato: Esse final do capítulo não foi muito animador, o que acha? kkkk Eu também estou super ansiosa \O/ Cara, eu shippo Demi e Logan Henderson, Demi e Joe, e Demi e Nick... eu amo a Miley com o Liam e somente os dois juntos, Selena e Nick é lindo, porém Selena e Justin também são lindos. *-* hahaha

Um comentário:

  1. PERFEITO
    que bom que a Demi se resolveu as coisas com os pais!
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    eu to quase chorando não acredito que o Paco morreu, mas o Joe vai ficar bem né???
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    a escola só atrapalha nossa vida no blog né? kkkk

    to ansiosa para a proxima história!!

    Eu amo o Logan, porque eu sou apaixonada por Big Time Rush e ele é meu favorito, eu adorei saber que ele e a Demi são amigos, shippo muito a amizade deles, e preferia que a Demi namorasse ele do que o Wilmer(não suporto esse cara)

    Beijos

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