Joseph
sorriu e pegou o celular. Foi levando minha bagagem para a rua e, minutos
depois, o Charger vintage preto do Nicholas estacionou.
A
janela do lado do passageiro foi descendo e Selena enfiou a cabeça para fora.
—
Oi, minha linda!
—
Oi. As caldeiras estão funcionando de novo no Morgan. Mesmo assim você vai
ficar no apartamento do Nick?
Ela
deu uma piscadinha.
—
É, pensei em ficar lá essa noite. Ouvi dizer que você perdeu uma aposta.
Antes
que eu pudesse falar alguma coisa, Joseph fechou o porta-malas e Nick acelerou,
com Selena soltando gritinhos enquanto caía de volta dentro do carro.
Fomos
andando até a Harley do Joseph, que esperou que eu me ajeitasse no banco.
Quando coloquei os braços em volta dele, ele apoiou sua mão na minha.
—
Fiquei feliz porque você estava lá hoje à noite, Flor. Nunca me diverti tanto
numa luta em toda a minha vida!
Apoiei
o queixo no ombro dele e sorri.
—
É porque você estava tentando ganhar a nossa aposta.
Ele
se virou para me olhar de frente.
—
Pode crer, estava mesmo!
Não
havia expressão alguma de diversão em seus olhos. Ele estava sério e queria que
eu visse isso.
De
repente, ergui as sobrancelhas.
—
Era por isso que você estava com aquele tremendo mal humor hoje? Porque sabia
que tinham consertado as caldeiras e que eu iria embora hoje à noite?
Joseph
não respondeu, apenas sorriu enquanto dava partida na moto. A viagem até o
apartamento foi lenta, de um jeito que não lhe era característico. A cada sinal
vermelho, ele cobria minhas mãos com as dele ou colocava a mão no meu joelho.
Os limites estavam ficando tênues de novo, e eu me perguntava como passaríamos
um mês juntos sem arruinar tudo. As pontas soltas da nossa amizade estavam se
enrolando de um jeito que eu nunca tinha imaginado.
Quando
chegamos ao estacionamento do prédio, o Charger do Nicholas estava parado no
local de costume.
Desci
da moto e parei na frente dos degraus.
—
Odeio quando os dois já estão em casa faz um tempinho. Sinto como se a gente
fosse interrompê-los.
—
Pode se acostumar. Este lugar vai ser seu durante as próximas quatro semanas —
Joseph sorriu e se virou de costas para mim. — Sobe aí.
—
O quê? — sorri.
—
Vamos, vou carregar você até lá em cima.
Dei
uma risadinha e pulei nas costas dele, entrelaçando os dedos em seu peito
enquanto ele subia as escadas correndo. Selena abriu a porta antes de chegarmos
lá em cima e sorriu
—
Olhe só pra vocês dois. Se eu não soubesse...
—
Para com isso, Sel — disse Nicholas do sofá.
Selena
sorriu como se tivesse falado demais e abriu mais a porta para que pudéssemos
passar. Joseph tombou na cadeira reclinável. Soltei um gritinho agudo quando
ele se apoiou em cima de mim.
—
Você está tão alegre hoje, Joe. Que foi? — Selena quis saber. Eu me inclinei
para frente para ver o rosto dele. Nunca o tinha visto tão contente antes.
—
Acabei de ganhar uma bolada de dinheiro, Sel. O dobro do que achei que tiraria
nessa luta. Por que eu não estaria feliz?
Selena
abriu um largo sorriso.
—
Não, é alguma outra coisa — falou, olhando para a mão de Joseph enquanto ele
dava uns tapinhas na minha perna.
Ela
estava certa: ele parecia diferente. Havia uma aura de paz em volta dele, quase
como se uma profunda satisfação tivesse tomado conta de sua alma.
—
Sel — Nicholas chamou atenção.
—
Tudo bem, vou falar de outra coisa. O Parker não te convidou para ir à festa da
Sig Tau nesse fim de semana, Demi?
O
sorriso de Joseph desapareceu e ele se virou para mim, esperando a resposta.
—
Hum... convidou. Mas não vamos todos nós?
—
Eu vou — disse Nicholas, distraído com a televisão.
—
O que quer dizer que eu também vou — falou Selena, olhando para Joseph com ar
de expectativa. Ele me encarou por um instante, depois me cutucou de leve na
perna com o cotovelo.
—
Ele vem te buscar ou algo assim?
—
Não, ele só me falou da festa.
Selena
abriu um sorriso quase zombeteiro.
—
Mas ele disse que ia te encontrar lá. Ele é uma gracinha.
Joseph
olhou irritado para Selena, depois voltou a olhar para mim.
—
Você vai?
—
Falei pra ele que iria — dei de ombros. — Você vai?
—
Vou — disse ele sem hesitar.
Foi
então que a atenção de Nicholas se voltou para Joseph.
—
Você disse na semana passada que não ia a essa festa.
—
Mudei de ideia, Nick. Qual é o problema?
—
Nada não — ele resmungou, indo para o quarto.
Selena
franziu a testa para Joseph.
—
Você sabe qual é o problema — disse ela. — Por que você não para de deixá-lo
maluco e resolve isso logo?
Ela
foi se juntar a Nicholas no quarto, e as vozes dos dois foram reduzidas a
murmúrios atrás da porta fechada.
—
Bom, fico feliz que todo mundo, menos eu, saiba qual é o problema — falei.
Joseph
se levantou.
—
Vou tomar uma ducha.
—
Tem alguma coisa acontecendo com eles? — eu quis saber
—
Não, ele só é paranoico.
—
É por causa de nós dois — adivinhei.
Os
olhos de Joseph ganharam um brilho e ele assentiu.
—
Que foi? — perguntei, olhando para ele com ar de suspeita.
—
Você está certa. É por causa de nós dois. Não vá dormir, tá? Quero conversar
com você sobre uma coisa.
Ele
deu uns passos para trás e então sumiu atrás da porta do banheiro. Eu torcia o
cabelo em volta do dedo, refletindo sobre a forma como ele tinha enfatizado as
palavras “nós dois”, além da expressão em seu rosto quando disse isso. Eu me
perguntava se já haviam existido limites algum dia, e se eu era a única que
ainda considerava minha relação com Joseph só de amizade.
Nicholas
saiu do quarto como um raio, e Selena foi correndo atrás dele.
—
Nick, não! — ela suplicou.
Ele
olhou para trás, para a porta do banheiro, e depois para mim. A voz dele estava
baixa, mas com raiva.
—
Você me prometeu, Demi. Quando te falei para ter paciência e saber perdoar, não
quis dizer que era para vocês dois se envolverem! Achei que vocês fossem apenas
amigos!
— Mas nós
somos! — falei, abalada com o ataque surpresa.
— Não são, não!
— ele exclamou, furioso.
Selena pôs a
mão no ombro dele.
— Baby, eu
disse que vai ficar tudo bem.
Ele se soltou
dela.
— Por que você
está forçando a situação, Sel? Eu já falei pra você o que vai acontecer!
Ela segurou o
rosto dele nas mãos.
— E eu falei
que não vai ser assim! Você não confia em mim?
Nicholas
suspirou, olhou para ela, para mim, depois entrou no quarto pisando duro.
Selena tombou
na cadeira reclinável ao meu lado e bufou.
— Eu não
consigo enfiar na cabeça dele que não importa se você e o Joseph vão dar certo
juntos ou não, isso não vai afetar a gente. Mas ele já se deu mal muitas vezes
e não acredita em mim.
— Do que você
está falando, Sel? Eu e o Joseph não estamos juntos. Somos apenas amigos. Você
ouviu o que ele disse... que não tem interesse em mim desse jeito.
— Você ouviu
isso?
— Bom, ouvi.
— E acreditou?
Dei de ombros.
— Não importa.
Nunca vai rolar nada entre a gente. Ele me disse que não me vê desse jeito.
Além disso, ele morre de medo de se comprometer, seria impossível arrumar uma
amiga além de você com quem ele não tenha dormido, e também não consigo lidar
com as mudanças de humor dele. Não acredito que o Nick acha que vai acontecer
alguma coisa.
— É que ele não
só conhece o Joseph... como conversou com o Joseph, Demi.
— O que você
quer dizer?
— Sel — Nicholas chamou lá do quarto.
Selena soltou um suspiro.
— Você é minha melhor amiga. Acho que te conheço melhor do
que você mesma às vezes. Quando vejo vocês dois juntos, a única diferença entre
o relacionamento de vocês e o meu com o Nick é que você e o Joseph não estão
transando. Fora isso, não tem diferença nenhuma.
— Tem uma diferença enorme, colossal, Sel. O Nick traz uma
garota diferente pra casa toda noite? Você vai a uma festa amanhã para se
encontrar com um cara que tem grande potencial para ser seu namorado? Você sabe
que não posso me envolver com o Joseph, Sel. Não sei nem por que estamos
discutindo esse assunto.
A expressão no rosto dela era de decepção.
— Não estou imaginando coisas, Demi. Você passou quase todos
os segundos com ele no último mês. Admita, você sente algo por ele.
— Deixa quieto, Sel — disse Joseph, apertando com força a
toalha enrolada em volta da cintura.
Tanto Selena quanto eu demos um pulo ao ouvir a voz de Joseph.
Quando nossos olhares se encontraram, pude ver que toda aquela sua felicidade
tinha ido embora. Ele atravessou o corredor sem falar mais nem uma palavra, e
Selena olhou para mim com tristeza.
— Acho que você está cometendo um erro — ela sussurrou. —
Você não precisa ir àquela festa para conhecer um cara. Tem um que é louco por
você bem aqui — ela disse e me deixou sozinha.
Fiquei balançando na cadeira reclinável e repassei na minha
cabeça tudo que tinha acontecido na última semana. Nicholas estava com raiva de
mim, Selena estava decepcionada comigo, e Joseph... passou de estar mais feliz
do que nunca a tão ofendido que ficou sem palavras. Nervosa demais para ir me
deitar na cama ao lado dele, fiquei olhando para o relógio enquanto os minutos
se arrastavam.
Tinha se passado uma hora quando Joseph saiu do quarto e
cruzou o corredor. Quando entrou na sala, eu esperava que ele fosse me chamar
para ir me deitar, mas ele estava vestido e com a chave da moto na mão. Os
óculos de sol escondiam seus olhos, e ele colocou um cigarro na boca antes de
segurar a maçaneta da porta.
— Vai sair? — perguntei, erguendo meio corpo na cadeira. —
Aonde você vai?
— Sair — disse ele, puxando a porta com força para abri-la e
depois batendo-a atrás de si.
Tombei de volta na cadeira reclinável e soltei o ar preso. De
alguma forma eu tinha me tornado a vilã, e não fazia a mínima ideia de como
havia conseguido essa façanha.
Quando o relógio acima da televisão marcou duas da manhã, me
conformei em ir para a cama. O colchão era um lugar solitário sem Joseph, e a
ideia de ligar para o celular dele se insinuava em minha mente. Eu tinha quase
caído no sono quando ele parou a moto no estacionamento. Duas portas de carro
se fecharam logo depois, e então ouvi vários pés subindo as escadas. Joseph
ficou mexendo na fechadura por uns instantes e logo a porta se abriu. Ele deu
risada e falou algo que não entendi. Então ouvi não uma voz feminina, mas duas.
As risadinhas delas foram interrompidas pelo distinto som de beijos e gemidos.
Meu coração afundou no peito e, na hora, fiquei com raiva por me sentir daquele
jeito. O gritinho agudo de uma das garotas fez com que meus olhos se fechassem
com tudo, e depois tenho certeza de que o som era dos três caindo no sofá.
Cheguei a pensar em pedir que Selena me emprestasse a chave
do carro, mas a porta do quarto de Nicholas ficava em uma linha de visão direta
para o sofá, e eu não aguentaria ver as imagens que acompanhavam os ruídos
naquela sala de estar. Enterrei a cabeça debaixo do travesseiro e fechei os
olhos quando a porta se abriu de repente. Joseph atravessou o quarto, abriu a
gaveta de cima da mesa de cabeceira, pegou algo no pote de camisinhas e voltou
pelo corredor meio rápido. As garotas ficaram dando risadinhas pelo que pareceu
uma meia hora, depois veio o silêncio.
Segundos mais tarde, gemidos, gritos e sussurros encheram o
apartamento. Parecia que um filme pornô estava sendo gravado na sala de estar.
Cobri o rosto com as mãos e balancei a cabeça. Quaisquer limites que tivessem
ficado obscuros ou sumido na semana passada agora eram substituídos por uma
parede impenetrável de pedra. Deixei de lado minhas ridículas emoções,
forçando-me a relaxar. O Joseph era o Joseph, e nós dois éramos, sem sombra de
dúvida, apenas amigos.
Os gritos e outros ruídos nojentos foram ficando mais baixos
até cessar por completo depois de uma hora, seguidos de lamúrias e murmúrios
descontentes das mulheres quando foram dispensadas. Joseph tomou banho e caiu
na cama, de costas para mim. Mesmo depois do banho, o cheiro que vinha dele
indicava que tinha bebido uísque o suficiente para sedar um cavalo, e fiquei
furiosa por ele ter dirigido naquele estado até o apartamento.
Eu ainda não conseguia dormir, nem depois que a estranheza da
situação e a raiva foram diminuindo. Quando a respiração de Joseph ficou
profunda e uniforme, me sentei e olhei para o relógio. O sol nasceria em menos
de uma hora. Sai de debaixo das cobertas, atravessei o corredor e peguei uma
manta no armário. A única prova do ménage à trois de Joseph eram duas
embalagens vazias de camisinha que estavam no chão. Pisei nelas e me joguei na
cadeira reclinável.
Fechei os olhos. Quando os abri de novo, Selena e Nicholas
estavam sentados no sofá, em silêncio, vendo televisão sem som. O sol iluminava
o apartamento, e me contorci quando senti as costas reclamarem de qualquer
tentativa de movimento.
Selena voltou rapidamente a atenção para mim.
— Demi? — ela veio correndo para o meu lado.
Ela me olhava preocupada. Estava esperando raiva, lágrimas ou
alguma outra explosão emocional da minha parte.
Nicholas parecia desolado.
— Sinto muito pela noite passada, Demi. A culpa é minha.
Eu sorri.
— Está tudo bem, Nick. Não precisa se desculpar.
Selena e Nicholas trocaram olhares de relance, e então ela me
segurou pela mão.
— O Joseph foi até o mercado. Ele... argh, não vem ao caso
como ele está. Arrumei suas malas e vou te levar até o dormitório antes que ele
chegue, para você nem ter que lidar com a presença dele.
Foi só naquele instante que tive vontade de chorar — eu tinha
sido expulsa dali. Fiz um grande esforço para que minha voz saísse tranquila
antes de falar:
— Dá tempo de tomar um banho?
Selena
balançou a cabeça em negativa.
— Vamos embora,
Demi. Não quero que você tenha que ver o Joseph de novo. Ele não merece...
A porta se
abriu com tudo e Joseph entrou, cheio de sacolas. Foi direto para a cozinha e
começou a colocar latas e caixas nos armários.
— Quando a Flor
acordar, vocês me avisam, tá? — ele disse, baixinho.
— Eu trouxe
espaguete, panquecas e morangos, além daquele treco de aveia com chocolate. E
ela gosta do cereal Fruity Pebbles, não é, Sel? — ele perguntou e se virou.
Quando me viu,
ficou paralisado. Depois de uma pausa sem graça, sua expressão se derreteu. Sua
voz estava doce e suave.
— Oi,
Beija-Flor.
Eu não teria
ficado mais confusa se tivesse acordado num país estrangeiro. Nada fazia
sentido. Primeiro achei que estava sendo expulsa, agora Joseph chegava em casa
com sacolas cheias das minhas comidas prediletas.
Ele deu alguns
passos e entrou na sala de estar, nervoso, enfiando as mãos nos bolsos.
— Está com
fome, Flor? Vou preparar umas panquecas. Ou tem... hum... aveia. Também trouxe
pra você aquela espuma cor-de-rosa que você usa pra se depilar, além de um
secador de cabelos, e um... um... só um segundo — disse ele, correndo até o
quarto.
Quando voltou,
ele estava pálido. Inspirou fundo e as sobrancelhas se encolheram.
— Suas malas
estão feitas.
— Eu sei —
falei.
— Você está
indo embora — ele disse, derrotado.
Olhei para
Selena, que o encarava com raiva, como se pudesse matá-lo com o olhar.
— Você esperava
mesmo que ela fosse ficar aqui?
— Baby —
Nicholas sussurrou.
— Não começa,
Nick. Nem se atreva a defender esse cara na minha frente — disse Selena,
furiosa. Joseph parecia desesperado.
— Desculpa, Flor. Não sei nem o que dizer
— Vamos, Demi — disse Selena.
Ela se levantou e me puxou pelo braço. Joseph deu um passo na
minha direção, mas Selena apontou o dedo para ele e disse:
— Que Deus me ajude, Joseph. Se você tentar impedir a Demi de
ir embora, vou encher você de gasolina e botar fogo enquanto você estiver
dormindo!
— Selena — disse Nicholas, soando um pouco desesperado.
Eu podia ver que ele estava dividido entre o primo e a mulher
que amava, e me senti muito mal por ele. Aquela situação era exatamente o que
ele tinha tentado evitar o tempo todo.
— Estou bem — falei, exasperada pela tensão na sala.
— O que você quer dizer com “estou bem”? — Nicholas me
perguntou, num tom de quase esperança.
Revirei os olhos.
— O Joseph trouxe umas mulheres pra casa ontem à noite, e
daí?
Selena parecia preocupada.
— Tudo bem, Demi. Você está me dizendo que está de boa com o
que aconteceu?
Olhei para eles.
— O Joseph pode trazer pra casa quem ele quiser. O
apartamento é dele.
Selena me encarava como se eu tivesse enlouquecido, Nicholas
estava quase abrindo um sorriso, e Joseph parecia pior do que antes.
— Você não fez suas malas? — ele quis saber.
Fiz que não com a cabeça e olhei para o relógio: já passava
das duas horas da tarde.
— Não, e agora vou ter que tirar tudo delas. Ainda tenho que
comer, tomar banho, me vestir... — falei, enquanto entrava no banheiro.
Assim que fechei a porta, me apoiei nela e fui deslizando até
o chão. Eu tinha certeza de que havia irritado a Selena de um jeito
irreparável, mas tinha feito uma promessa ao Nicholas e pretendia manter minha
palavra.
Ouvi um som baixinho de alguém batendo na porta.
— Flor? — disse Joseph.
— O quê? — falei, tentando soar normal.
— Você vai ficar?
— Eu posso ir embora se você quiser, mas aposta é aposta.
A porta vibrou com o som baixo e oco da testa dele batendo do
outro lado.
— Não quero que você vá embora, mas não te culparia se você
fosse.
— Você está me dizendo que estou liberada da aposta?
Seguiu-se uma longa pausa.
— Se eu disser que sim, você vai embora?
— Bem, vou. Eu não moro aqui, seu bobo — falei, forçando um
sorrisinho.
— Então não, a aposta ainda está valendo.
Olhei para cima e balancei a cabeça, sentindo as lágrimas
arderem nos olhos. Eu não fazia ideia do motivo pelo qual estava chorando, mas
não conseguia parar.
— Posso tomar um banho agora?
— Pode — ele suspirou.
Ouvi o som dos sapatos de Selena pisando duro no corredor e
parando perto de Joseph.
— Você é um canalha egoísta! — ela grunhiu, batendo a porta
do quarto de Nicholas com força depois de entrar.
Eu me forcei a me levantar do chão, abri o chuveiro e tirei a
roupa, puxando a cortina do boxe.
Depois de bater mais uma vez na porta, Joseph pigarreou e
disse:
— Flor? Trouxe algumas coisas suas.
— É só colocar aí na pia que eu pego.
Ele entrou no banheiro e fechou a porta.
— Eu fiquei louco de raiva. Ouvi você falando pra Selena tudo
que havia de errado comigo e isso me deixou furioso. Eu só queria sair, tomar
umas e pensar, mas, antes que me desse conta, eu estava pra lá de bêbado, e
aquelas garotas... — ele fez uma pausa. — Acordei hoje de manhã e você não
estava na cama, e quando te vi na cadeira reclinável e as embalagens de
camisinha no chão, eu fiquei com nojo.
— Você podia ter me perguntado, em vez de gastar todo aquele
dinheiro no mercado só para tentar me fazer ficar.
— Não ligo para o dinheiro, Flor. Fiquei com medo de você ir
embora e nunca mais falar comigo.
Eu me encolhi ao ouvir a explicação dele. Não tinha parado
para pensar em como ele se sentiria me ouvindo falar de como ele era errado
para mim, e agora a situação tinha chegado a um ponto complicado demais para
consertar.
— Eu não queria magoar você — falei, debaixo do chuveiro.
— Sei que você não queria. E não importa o que eu diga agora,
porque ferrei com tudo... como sempre faço.
—Joe?
— O quê?
— Não dirija mais bêbado daquele jeito, tá?
Esperei um minuto até que, por fim, ele respirou fundo e
respondeu:
—
Tá bom — e fechou a porta ao sair.
~*~
Acabou a maratona ^^ haha
E aí, gostaram?
Comentem, amores <33
AMEI
ResponderExcluiras emoções de raiva já começaram, que odio que eu fiquei do Joseph, como ele pode fazer isso??
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Beijos