sábado, 4 de maio de 2013

Chapter 49 / Chapter 50

Demetria

Depois de me ver acabar com duas caixas de lenço de papel, Selena desistiu de me consolar e me deixou chorar à vontade, até que adormeci.
Agora, de manhã, peço a ela para manter as cortinas fechadas; assim o quarto fica em penumbra. Afinal, o que há de errado em passar o dia inteiro na cama?
— Obrigada por não ter dito “eu bem que avisei” — agradeço, dando uma olhada no guarda-roupa de Selena. Vou ter que vestir algo, quando ela me obrigar a sair deste quarto.
Selena está se maquiando, em frente à penteadeira.
— Eu não disse... Mas pensei nisso, com toda certeza.
— Obrigada — eu digo, secamente.
Selena inspeciona o guarda-roupa e acaba escolhendo um jeans e uma camisa de mangas compridas.
— Vista-se, Demi. Minhas roupas não ficarão tão bem, em você, quanto as suas. Mas, mesmo assim, você continua sendo a garota mais bonita de Fairfield.
— Não diga isso.
— Por que não, se é verdade?
— Não é, não. Meu lábio superior é muito... grande... e carnudo.
— Os rapazes acham sexy. E as estrelas de cinema pagam milhões para ter lábios carnudos.
— Meu nariz é meio torto...
— Apenas sob um determinado ângulo.
— Meus seios são meio desengonçados.
— Seus seios são grandes e generosos, Demi. Os rapazes são loucos por seios assim. — Selena me puxa pela mão, colocando-me diante do espelho. — Encare a verdade, Demi... Você é um modelo de beleza. Ok, seus olhos estão vermelhos, você está abatida e com olheiras, depois de passar a noite chorando. Mas, afinal, é preciso seguir adiante. Agora olhe para o espelho e diga, em voz alta: Eu sou maravilhosa.
— Não.
— Ora, vamos... Você se sentirá melhor, depois. Encare o espelho com firmeza e grite: Meus peitos são lindos e firmes como uma rocha!
— Nem pensar.
— Você consegue ao menos reconhecer que seus cabelos são muito bonitos?
Olho para Selena:
— Você costuma falar consigo mesma, diante do espelho?
— Sim. Quer ver? — Ela me empurra para o lado, se olha no espelho e diz: — Hum... Nada mal, Selena... Nick é um cara de sorte. — Então se vira para mim. — Viu? É fácil!
Em vez de rir, começo a chorar.
— Puxa, será que sou tão feia assim?
Respondo não, com um gesto de cabeça.
— Você está chorando porque minhas roupas não são tão sofisticadas quanto as suas? Sei que sua mãe expulsou você de casa, mas... Bem, será que ela nos deixaria fazer uma incursão pelo seu closet? Não sei por quanto tempo você suportará usar as minhas roupas, que nem são do seu número!
Minha mãe não ligou para cá, ontem à noite, procurando por mim. Eu até esperei por isso, mas, como sempre, ela raramente corresponde às minhas expectativas. Quanto a meu pai... Talvez nem saiba que passei a noite fora de casa. Bem, eles podem ficar com minhas roupas. Provavelmente irei até lá, durante o dia, sem que eles saibam, para ver Shelley.
— Quer um conselho? — Selena pergunta.
Olho para ela, com certa cautela.
— Não sei. Desde o começo, você foi contra esse namoro.
— Não é verdade, Demi. Sei que eu não disse isso antes, mas... Joe é realmente um cara legal, quando está relaxado. Eu me diverti muito, naquele dia em que fomos a Lake Geneva. Nick também gostou; disse que Joe era um cara tranquilo, bom de se conviver. Não sei o que aconteçeu entre vocês dois, mas acho que você tem duas opções: esquecê-lo, ou dar a ele tudo o que tiver no seu arsenal.
— É isso que você dá a Nick?
Ela sorri:
— Às vezes Nick precisa de um puxão de orelhas. Quando nosso relacionamento começa a ficar muito cômodo, faço alguma coisa para mudar o ritmo, a dinâmica... Não quero que você interprete meu conselho como um pretexto, uma desculpa para ir atrás de Joe. Mas se você realmente gosta dele, quem sou eu para dizer: “não vá”? Detesto ver você assim, infeliz, Demi.
— Eu parecia feliz, quando estava com Joe?
— Exaltada... Acho que é esta a palavra. Mas, sim, eu vi você feliz, sabe? Feliz como não via há muito, mas muito tempo mesmo. Quando a gente ama alguém desse jeito, os altos e baixos são... radicais. Fatais. Ou estamos muito bem, ou estamos muito mal... Você não concorda?
— Sim... Mas, falando desse jeito, até parece que sou bipolar.
— O amor faz isso com a gente.

Chapter 50

Joe

Estou em casa, tomando o café da manhã, no dia seguinte ao que Demetria apareceu, de surpresa, no velho armazém. A porta se abre, devagar, e uma cabeça raspada se insinua no vão...
— Paco, se for você, é bom ficar longe de mim! — eu aviso.
Minha mãe me dá um tapa na cabeça:
— Isso é jeito de tratar seus amigos, Joseph?
Volto a comer, enquanto minha mãe abre totalmente a porta para aquele... traidor.
— Você não está zangado comigo, Joe... — diz Paco. — Está?
— Claro que não — minha mãe responde por mim. — Agora, sente-se e coma. Fiz chouriço com ovos.
Paco tem a ousadia de me dar um tapinha no ombro e dizer:
— Eu perdoo você, cara.
Olho primeiro para minha mãe, para me certificar de que ela não está prestando atenção. Então me viro para Paco:
Você me perdoa?
— Onde você arranjou esse lábio inchado, Paco? — diz minha mãe, observando o ferimento que eu mesmo causei.
Paco toca o lábio, levemente.
— Isso? Ah, eu caí bem em cima do punho de um cara. A senhora sabe como é...
— Não sei, não. Você tem caído em tantos punhos, ultimamente, que num dia desses acabará indo parar no hospital — ela o repreende. — Bem, estou saindo para o trabalho. Paco, veja se consegue ficar longe de encrencas, ? E, Joseph, não se esqueça de trancar a porta, quando sair.
Olho para Paco.
— O que foi? — ele pergunta.
— Você sabe muito bem o que foi! Como pôde levar Demetria ao velho armazém?
— Desculpe — diz Paco, atacando a comida. — Estou arrependido.
— Não está, não.
— Ok, é isso mesmo. Não estou.
Paco usa os dedos para pegar os alimentos e jogá-los na boca. Isso me aborrece ainda mais.
— Não sei por que continuo aguentando você, cara.
— Deixe isso pra lá e me conte o que aconteceu entre você e Demetria, ontem à noite — diz Paco, enquanto saímos de minha casa.
Sinto náuseas; meu café da manhã está ameaçando voltar à boca... E não exatamente por conta dos hábitos alimentares de Paco, mas porque estou com raiva. Muita raiva.
Agarro Paco pela gola da camiseta:
— Está tudo acabado. Não existe mais nada entre Demetria e eu. E nunca mais quero ouvir o nome dela.
— Falando no diabo... — diz Paco, virando a cabeça. Eu o solto e olho na mesma direção, esperando ver Demetria. Só que ela não está ali... E a próxima coisa que percebo é o pulso de Paco me acertando em cheio no rosto.
— Agora estamos quites, Joe. E, cara, se a Srta. Ellis souber que você me ameaçou, só porque falei o nome dela... As coisas vão ficar bem ruins para o seu lado. Sei que você poderia me matar, se quisesse, usando apenas as mãos. Mas tenho de confessar uma coisa: acho que você não faria isso.
— Eu não teria tanta certeza... — Levo a mão ao queixo e sinto gosto de sangue. Tomo fôlego, me armo de paciência e digo: — Paco, é o seguinte: vou parar de pegar pesado com você... E você vai parar de se meter na minha vida, principalmente nos meus problemas com Hector e com a Srta. Ellis... Entendeu?
— Acho que eu já disse, mas vou repetir: essa história de me meter nas suas estórias é o que me mantém vivo... E me dá força para seguir em frente. Puxa, nada me entretém tanto quanto a sua vida... Nem mesmo a surra que meu velho me deu, ontem à noite, quando chegou completamente bêbado.
Eu olho para o chão.
— Desculpe, Paco. Eu não deveria ter batido em você. Afinal, você já apanha tanto do seu velho.
Paco murmura um “não se preocupe com isso”.
Ontem, pela primeira vez, me arrependi do que fiz... Paco tem levado tantas surras do seu velho, que provavelmente vive machucado. Sou um completo imbecil por ter batido nele.
De certo modo, estou aliviado com o fim do meu namoro com Demetria. Não sou capaz de controlar meus sentimentos, nem minhas emoções, quando ela está por perto.
Preciso evitar essa menina. E vou conseguir... Menos na aula de Química, é claro. Que azar, essa nossa parceria. Mas, tudo bem... vou sair dessa.
O problema é que, mesmo não estando mais com Demetria, continuo pensando nela quase que o tempo inteiro. Tenho que esquecer essa menina.
Outra coisa boa que resultou do nosso rompimento: nessas duas últimas semanas, tive tempo de pensar sobre o assassinato do meu pai.
Aquela noite está começando a me voltar à memória, em flashes. Mas tem uma coisa que não se encaixa, uma coisa que ainda não consegui entender: pouco antes de morrer, meu pai conversou com alguém; estava muito tranquilo, sorrindo, totalmente à vontade... E de repente ficou espantado, nervoso, ao ver uma arma apontada para o seu peito. Mas, então, ele conhecia o assassino. E claro que ele não esperava por isso, de modo algum... Caso contrário, teria sido mais cauteloso, atento, teria se defendido, não? Portanto, a conclusão é simples: meu pai foi morto à traição.
Esta é a noite de Halloween, a noite que Hector escolheu para a entrega do carregamento...
Passei o dia inteiro inquieto. Trabalhei em sete carros, hoje. Fiz de tudo, desde trocar óleo até substituir peças desgastadas, consertar vazamentos... Tudo.
Deixei a arma, que Hector meu deu, na gaveta da cômoda. Não quero andar armado, a menos que seja absolutamente necessário... É uma estupidez pensar assim, porque esta será a primeira vez, de muitas, que vou traficar. Portanto, de hoje em diante, as coisas mudarão um bocado. Provavelmente terei de carregar uma arma comigo, o tempo inteiro.
Você é igual ao seu velho.
Tento sufocar essa voz que fica falando dentro da minha cabeça, que me atormentou o dia inteiro... Mas não consigo.
Igualzinho ao seu velho.
Lembro-me das muitas vezes que meu pai disse:
Somos cuates, Joseph. E isso significa: “Você e eu somos muito próximos.”
Ele sempre falava em Espanhol, como se ainda estivesse no México.
Algum dia você será forte como seu pai?
Sempre vi meu pai como se ele fosse um deus.
Claro, papá. Quero ser como você.
Meu pai nunca disse que eu poderia ser, ou agir, melhor que ele. E não posso, mesmo. O que estou prestes a fazer provará, de uma vez por todas, que sou uma cópia, uma xerox do meu velho. Tentei ser diferente, para mostrar a Josh e Frankie que eles poderiam seguir por outro caminho, para ter uma vida mais decente. Sou mesmo um idiota por achar que poderia servir de modelo aos meus irmãos. Justo eu!
Meus pensamentos agora se concentram em Demetria, que certamente irá à festa de Halloween com outro cara. Ouvi dizer que ia com o ex-namorado. Posso até vê-la, nos braços do outro... E tento sufocar essa imagem. Tento esquecer que o cara vai beijar Demetria a noite inteira. Mas, claro... Qualquer um iria querer beijar aqueles lábios macios, suaves, doces.
Vou trabalhar até a hora de sair para receber o tal carregamento. Pois se ficar sozinho, em casa, acabarei enlouquecendo de tanto pensar. Aqui mesmo, trabalhando com o martelo e uns rebites, acabei afrouxando a mão e um rebite me acertou bem no meio da testa. Tudo por culpa de Demetria...
Por volta de oito horas, estou tão furioso com minha parceira de Química, que não quero nem saber se essa raiva tem fundamento... Ou não.

~*~

Onde vocês moram, amores? kkkkk alguém é de brasília que nem eu?? não? ok ):
Comentem <333

Answer:

Demetria Devone Lovato: A próxima estória vai dar um pouco de trabalho pra adaptar, porque os capítulos são enormes pelo o que eu me lembro. Talvez eu vá demorar um pouco mais pra postar os capítulos de Beautiful Disaster, sabe?! Mas farei o possível pra postar rápido. Também estou ansiosa!! Quero saber as reações que tiver durante a leitura... kkkkk Bjos

Um comentário:

  1. to triste por eles terem terminado... Joe eu ainda estou te implorando para não fazer esse trafico e ir atrás da Demetria!!!

    PERFEITO
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    tudo bem eu espero vc adaptar, mas não demora pq eu to louca para ler kkkkkkk

    Eu moro no Rio de Janeiro...

    Beijos

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