Rostos
familiares preenchiam os assentos da nossa mesa predileta do almoço. Eu me sentei entre Selena e
Finch. Os outros lugares foram ocupados por Nicholas e seus companheiros da
Sigma Tau. Era difícil ouvir alguma coisa com o barulho que fazia no
refeitório, e o ar-condicionado parecia ter pifado de novo. O ar estava denso
com o cheiro de comida frita e peles suadas, mas, de alguma forma, todo mundo
parecia mais elétrico que de costume.
— Oi, Brazil —
disse Nicholas, cumprimentando o cara sentado à minha frente. A pele bronzeada
e os olhos cor de chocolate contrastavam com o boné branco do time de futebol
americano da Eastern enterrado na testa.
— Senti sua
falta depois do jogo no sábado, Nick. Bebi uma cerveja ou seis por você — disse
ele, com um sorriso amplo e branco.
—Valeu. Levei a
Sel para jantar — ele respondeu, inclinando-se para beijar o topo dos longos cabelos
de Selena.
— Você está
sentado na minha cadeira, Brazil.
Brazil se
virou, viu Joseph parado atrás dele, depois olhou surpreso para mim.
— Ah, ela é uma
das suas minas, Joe?
—
Definitivamente não — eu disse, balançando negativamente a cabeça. Ele olhou
para Joseph, que o encarava, esperando. Brazil deu de ombros e então levou a
bandeja até a ponta da mesa.
Joseph sorriu
para mim enquanto se ajeitava na cadeira.
— E aí, Flor?
— O que é isso?
— perguntei, sem conseguir desviar o olhar da bandeja dele. Aquela comida
misteriosa parecia um pedaço de cera.
Joseph deu
risada e bebeu um pouco de água. — A moça do refeitório me dá medo. Não vou
criticar as habilidades culinárias dela.
Não deixei de
notar o olhar inquisitivo dos que estavam sentados à mesa. O comportamento de
Joseph estimulava a curiosidade deles, e contive um sorriso por ser a única
garota que eles já tinham visto Joseph insistir em ter sentada perto dele.
— Ai... a prova
de biologia é depois do almoço — resmungou Selena.
— Você estudou?
— perguntei.
— Ah, não.
Passei a noite jurando para o meu namorado que você não vai dormir com o Joseph.
Os jogadores de
futebol americano sentados na ponta da nossa mesa interromperam suas risadas
idiotas para nos ouvir com mais atenção, fazendo com que os outros alunos
percebessem. Olhei furiosa para Selena, mas ela estava distraída, cutucando
Nicholas com o ombro.
— Meu Deus,
Nick. Você está mal, hein? — Joseph exclamou, jogando um pacotinho de ketchup
no primo. Nicholas não respondeu, sorri, agradecida por Joseph ter conseguido
desviar a atenção.
Selena esfregou
as costas dele.
— Ele vai ficar
bem. Só vai levar um tempinho para ele acreditar que a Demi consegue resistir
ao seu poder de sedução.
— Eu não tentei
seduzir a Demi — Joseph torceu o nariz, parecendo ofendido. — Ela é minha
amiga.
Olhei para o
Nicholas.
— Eu disse que
você não tinha nada com que se preocupar.
Por fim
Nicholas me encarou e, ao ver minha expressão sincera, os olhos dele ganharam
um pouquinho de brilho.
— E você,
estudou? — Joseph me perguntou.
Franzi a testa.
— Não importa
quanto eu estude. Biologia simplesmente não entra na minha cabeça.
Joseph se
levantou.
— Vem comigo.
— O quê?
— Vamos pegar o seu caderno. Vou te ajudar a estudar.
— Joseph...
— Levante a bunda daí, Flor. Você vai gabaritar essa prova.
Puxei de leve uma das longas tranças de Selena quando passei
por ela.
— Vejo você na aula, Sel.
Ela sorriu.
— Vou guardar um lugar pra você.
Vou precisar de toda aluda possível. Joseph foi comigo até o
meu quarto e peguei o livro de biologia, enquanto ele abria meu caderno. Ele me
fazia perguntas sobre a matéria e depois esclarecia os pontos que eu não tinha
entendido. Do jeito que ele explicava, os conceitos partiam do confuso para o
óbvio.
— ... e as células somáticas usam a mitose para se reproduzir.
Aí é que entram as fases, que formam um nome esquisito: Prometa Anatelo.
Dei risada.
— Prometa Anatelo?
— Prófase, metáfase, anáfase e telófase.
— Prometa Anatelo — repeti, assentindo.
Ele bateu no alto da minha cabeça com os papéis.
— Você entendeu. Você conhece esse livro de biologia
de trás pra frente e de frente pra trás.
Soltei um suspiro.
— Bom... vamos ver.
— Vou andando com você até a classe e vou ficar lhe
fazendo perguntas pelo caminho.
Tranquei a porta do quarto depois que saímos.
— Você não vai ficar bravo se eu for um fracasso total
nessa prova, vai?
— Você não vai fracassar, Flor. Mas precisamos começar mais
cedo da próxima vez — ele disse, mantendo o mesmo ritmo de caminhada que eu até
o prédio de ciências.
— Como você vai ser meu tutor, fazer os trabalhos de
faculdade, estudar e treinar para as lutas?
Joseph deu uma risadinha abafada.
— Eu não treino para as lutas. O Adam me liga, me diz onde
vai ser e eu vou.
Balancei a cabeça, incrédula, enquanto ele segurava o papel à
sua frente para me fazer a primeira pergunta. Quase terminamos um segundo
módulo do livro quando chegamos à sala de aula.
— Manda ver! — ele sorriu e me entregou as anotações, apoiado
no batente da porta.
— Ei, Joe.
Eu me virei e vi um cara alto, meio magricela, sorrir para
Joseph a caminho da classe.
— Parker — Joseph cumprimentou-o com um aceno de cabeça.
Os olhos de Parker se iluminaram um pouquinho quando ele
olhou para mim, sorrindo.
— Oi, Demi.
— Oi — falei, surpresa por ele saber meu nome. Eu já o tinha
visto na sala de aula, mas não tínhamos sido apresentados em momento algum.
Parker foi se sentar, fazendo piadas com quem estava ao lado.
— Quem é esse? — eu quis saber.
Joseph deu de ombros, mas a pele em volta de seus olhos
parecia mais tensa do que antes.
— Parker Hayes. É um dos meus companheiros da Sig Tau.
— Você faz parte de uma fraternidade? — perguntei, em tom de dúvida.
— Sigma Tau, a mesma que o Nick. Achei que você
soubesse — disse ele, olhando para Parker atrás de mim.
— Bom... você não parece o tipo de cara que... participa de
fraternidades — comentei, olhando para as tatuagens nos antebraços dele.
Joseph voltou à atenção para mim e abriu um sorriso.
— Meu pai se formou aqui, e meus irmãos todos foram da Sig
Tau. É um lance de família.
— E eles esperavam que você entrasse para a fraternidade? —
perguntei, cética.
— Na verdade, não. Eles só são bem-intencionados — Joseph
respondeu, dando um peteleco nos meus papéis. — É melhor você entrar na sala.
— Obrigada pela ajuda — eu disse, cutucando-o com o cotovelo.
Selena passou pela gente e fui atrás dela até o nosso lugar.
— Como foi? — ela perguntou.
Dei de ombros.
— Ele é um bom tutor.
— Só um tutor?
— Ele é um bom amigo também.
Ela parecia decepcionada, e dei uma risadinha com a expressão
de derrota em seu rosto. O sonho de Selena sempre fora que namorássemos amigos,
e primos que dividem o apartamento, para ela, era como achar o pote de ouro no
fim do arco-íris. Ela queria que dividíssemos um quarto quando decidimos vir
para a Eastern, mas fui contra a ideia, na esperança de ter um pouco de
liberdade, de poder abrir um pouco as asas. Assim que ela parou de fazer bico,
se concentrou em achar um amigo de Nicholas para me apresentar O interesse
saudável de Joseph em mim tinha ido além das expectativas dela.
Fiz a prova com a maior facilidade e me sentei nos degraus do
prédio da faculdade, esperando por Selena. Quando ela desabou ao meu lado,
derrotada, esperei que ela falasse.
— Que prova foi aquela! — ela gritou.
— Você devia estudar com a gente. O Joseph sabe explicar a
matéria muito bem.
Selena soltou um resmungo e deitou a cabeça no meu ombro.
— Você não me ajudou em nada! Não podia ter feito um sinal
com a cabeça ou algo do gênero?
Eu a abracei e fui caminhando com ela até o nosso dormitório.
***
Na semana seguinte, Joseph me ajudou com o trabalho de
história e foi meu tutor em biologia. Fomos juntos olhar o quadro de notas ao
lado da sala do professor Campbell. Meu nome aparecia em terceiro lugar.
— A terceira nota mais alta da classe! Que legal, Flor! — ele
disse, me abraçando.
Os olhos de Joseph estavam brilhando de animação e orgulho, e
uma sensação embaraçosa me fez recuar um passo.
— Valeu, Joe. Eu não teria conseguido sem você — falei, dando
um puxão na camiseta dele.
Ele me jogou por cima do ombro, abrindo caminho em meio à
multidão atrás de nós.
— Abram caminho, pessoal! Abram caminho para o cérebro
gigantesco desta pobre mulher! Ela é um gênio!
Dei risada ao ver as expressões divertidas e curiosas dos
meus colegas de classe.
***
Conforme os dias foram se passando, tivemos que lidar com os
persistentes rumores sobre um relacionamento. A reputação de Joseph ajudou a
calar as fofocas. Ele nunca fora conhecido por ficar com uma garota mais do que
uma noite, então, quanto mais éramos vistos juntos, mais as pessoas entendiam
que nosso relacionamento era platônico. Mesmo com as constantes perguntas sobre
nosso envolvimento, Joseph continuou recebendo a usual atenção das outras
alunas.
Ele continuou a se sentar ao meu lado nas aulas de história e
a comer comigo na hora do almoço. Não demorei muito para perceber que estivera
errada em relação a ele, me sentindo até propensa a defendê-lo daqueles que não
o conheciam como eu.
No refeitório, Joseph colocou uma lata de suco de laranja na
minha frente. — Você não precisava fazer isso. Eu ia pegar uma — falei,
tirando a jaqueta.
— Bom, agora
você não precisa mais — disse ele, fazendo aparecer à covinha da bochecha
esquerda.
Brazil soltou
uma risada de deboche.
— Ela
transformou você em um empregadinho pessoal, Joseph? Qual vai ser a próxima,
abanar a menina com uma folha de palmeira, vestindo uma sunga?
Joseph olhou
para ele com ódio assassino, e me apressei a defendê-lo.
— Você não tem
o suficiente nem para preencher uma sunga, Brazil. Cala a droga da sua boca!
— Pega leve,
Demi! Eu estava brincando — Brazil respondeu, erguendo as mãos em sinal de paz.
— Só... não
fale assim dele — retruquei, franzindo a testa.
A expressão do
Joseph era um misto de surpresa e gratidão.
— Agora eu vi
de tudo na vida. Uma garota acabou de me defender — disse ele, se levantando.
Antes de sair
carregando a bandeja, ele lançou mais um olhar furioso para Brazil, depois se
juntou a um pequeno grupo de fumantes do lado de fora do prédio.
Tentei não
ficar olhando para Joseph enquanto ele ria e conversava. Todas as garotas do
grupo competiam de forma sutil pelo espaço ao lado dele, e Selena me cutucou
quando percebeu que minha atenção estava em outro lugar.
— O que você
está olhando, Demi?
— Nada. Não
estou olhando nada.
Selena pôs o queixo
na mão e balançou a cabeça.
— Elas são tão
óbvias. Olhe aquela ruiva. Ela já passou as mãos no cabelo tantas vezes quantas
já piscou. Fico me perguntando se o Joseph não se cansa disso.
Nicholas assentiu.
— Mas ele se cansa sim. Todo mundo acha que ele é um babaca,
mas se soubessem a paciência que ele tem para lidar com cada uma dessas garotas
que pensam que podem domá-lo... Ele não consegue ir pra nenhum lugar sem ter
várias no pé. Acreditem em mim, ele é muito mais educado do que eu seria no lugar
dele.
— Ah, como se você não fosse adorar essa bajulação! — Selena
exclamou, beijando o rosto de Nick.
Joseph estava terminando de fumar do lado de fora do
refeitório quando passei por ele.
— Espere aí, Flor vou com você até a sala.
— Não precisa, Joseph. Eu sei chegar lá sozinha.
Ele se distraiu com uma garota de longos cabelos negros e
saia curta que passava e sorriu para ele. Ele a seguiu com os olhos e fez um
aceno de cabeça na direção dela, jogando o cigarro no chão.
— Depois a gente se fala, Flor.
— Tá — falei, revirando os olhos enquanto ele corria para
alcançar a garota.
O lugar de Joseph continuou vazio durante a aula, e fiquei
irritada com ele por faltar à aula por causa de uma garota que ele nem
conhecia. O professor Chaney nos dispensou mais cedo, e atravessei o gramado
correndo, pois tinha que me encontrar com Finch as três para lhe entregar as
anotações de avaliação musical de Sherri Cassidy. Olhei para o relógio e
acelerei o passo.
—Demi!
Parker se apressou pelo gramado para caminhar ao meu lado.
— Acho que não fomos oficialmente apresentados — ele me
disse, estendendo a mão. — Parker Hayes.
Cumprimentei-o e sorri.
— Demi Lovato.
— Eu estava atrás de você quando você viu sua nota na prova
de biologia. Parabéns — ele sorriu, enfiando as mãos nos bolsos.
— Obrigada. O Joseph me ajudou. Se ele não tivesse feito
isso, com certeza meu nome estaria no fim da lista.
— Ah, vocês dois são...
— Amigos.
Parker assentiu e sorriu.
— Ele te falou sobre uma festa que vai ter na casa nesse fim
de semana?
— Geralmente conversamos sobre biologia e comida.
Ele riu.
— Isso é a cara do Joseph.
Na porta do Morgan Hall, Parker ficou analisando o meu rosto
com seus grandes olhos verdes.
— Você devia ir à festa. Vai ser divertido.
— Vou falar com a Selena. Acho que não temos nenhum plano
para o fim de semana.
— Vocês só saem em dupla?
— Fizemos um pacto nesse verão. Nada de ir a festas sozinhas.
— Decisão inteligente — ele assentiu em aprovação.
— Ela conheceu o Nick durante a orientação, então acabamos
não saindo muito juntas. Essa vai ser a primeira vez que vou precisar chamar a
Selena pra sair, e tenho certeza que ela vai ficar feliz em ir.
Eu me contorci por dentro. Não só estava tagarelando como
deixei claro que não costumava ser convidada para festas.
— Ótimo. Vejo você lá então — ele disse, abrindo um sorriso
perfeito de modelo da Banana Republic, com o maxilar quadrado e a pele
naturalmente bronzeada. Depois se virou para cruzar o campus.
Fiquei olhando enquanto ele ia embora; Parker era alto, de
barba feita, vestia uma camisa risca de giz bem passada e calça jeans. Os
cabelos loiro-escuros e ondulados balançavam enquanto ele caminhava.
Mordi o lábio, lisonjeada com o convite.
— Ah, ele sim é mais a sua cara — disse Finch no meu ouvido.
— Ele é uma gracinha, né? — perguntei, sem conseguir parar de
sorrir.
— Ô, se é! Uma gracinha bem naquela posição básica de papai e
mamãe, isso sim!
— Finch! — gritei, dando um tapa no ombro dele.
— Você pegou as anotações da Sherri?
— Peguei — respondi, tirando-as da mochila.
Ele acendeu um cigarro, segurou-o entre os lábios e franziu
os olhos para ver os papéis.
— Impressionante! — exclamou, dando uma olhada nas páginas.
Depois as dobrou, enfiou no bolso e deu mais uma tragada no cigarro. — Que bom
que as caldeiras do Morgan não estão funcionando. Você vai precisar mesmo de um
banho frio depois do olhar provocante daquele pedaço de mau caminho.
— O dormitório está sem água quente? — reclamei.
É o que estão dizendo — falou Finch, deslizando a mochila por
sobre o ombro. — Estou indo pra aula de álgebra. Diz pra Sel que falei pra ela
não esquecer de mim nesse fim de semana.
— Tá bom — resmunguei, olhando desanimada para as paredes de
tijolo antigas do nosso dormitório.
Subi até o quarto pisando duro, empurrei a porta e entrei,
deixando a mochila cair no chão.
~*~
Sábado eu posto a segunda parte (:
Comentem, amores!!!
Answers:
Anônimo: Não lembro se vai ter muitos Hots, mas os que tiver vai contar tudinho, ok?! haha
Demetria Devone Lovato: Sim, ele é. Muito hahaha Ok, tudo bem kkkk odeio quando isso acontece, porque eu fico desesperada hahaha sou viciada demais na internet :s hahaha Postei. Bjos
AMEI
ResponderExcluira amizade deles é uma graça, mas eu quero namoro kkkkk
eu não me entendi muito bem: quem é o Finch?
POSTA LOGO
somos duas viciadas em internet!!
Beijos