Quando
abri os olhos, vi no relógio que eram três da tarde. Peguei uma toalha e o
roupão de banho e me arrastei até o banheiro. Assim que fechei a cortina do
boxe, a porta se abriu e se fechou. Esperei que alguém falasse alguma coisa,
mas o único som que ouvi foi o da tampa da privada batendo na porcelana.
—
Joseph?
—
Não, sou eu — falou Selena.
—
Você tem que vir até aqui para fazer xixi? Você tem o seu próprio banheiro.
—Faz
meia hora que o Nick está lá com diarreia. Não vou lá não.
—
Que legal.
—
Ouvi dizer que você tem um encontro hoje à noite. O Joseph está irritadíssimo —
disse ela animada.
—
Às seis! Ele é tão fofo, Selena. Ele simplesmente... — parei de falar, soltando
um suspiro.
Eu
estava toda empolgada falando do Parker, mas não era a minha cara fazer esse
tipo de coisa. Continuei pensando em como ele tinha sido perfeito desde o
momento em que nos conhecemos. Ele era exatamente aquilo de que eu precisava: o
oposto do Joseph.
—
Deixou você sem palavras? — ela me perguntou, dando uma risadinha.
Enfiei
a cabeça para fora da cortina.
—
Eu não queria voltar pra casa! Poderia ter ficado conversando com ele para
sempre!
—
Isso me soa promissor. Mas não é meio estranho o fato de você estar aqui?
Mergulhei
a cabeça debaixo da água, enxaguando os cabelos.
—
Expliquei a situação para ele.
Ouvi
o barulho da descarga e a torneira se abrindo, o que fez com que a água ficasse
fria por um instante. Soltei um grito e a porta foi escancarada.
—
Flor? — falou Joseph.
Selena
deu risada.
—
Eu só dei descarga, Joe, calma!
—
Ah. Está tudo bem com você, Beija-Flor?
—
Estou ótima. Sai daqui!
A
porta se fechou novamente e suspirei.
—
É pedir demais que se tenha tranca nas portas?
Selena
não respondeu.
—
Sel?
—
É realmente uma pena que vocês dois não tenham conseguido se entender. Você é a
única garota que poderia ter... — ela soltou um suspiro.
—
Não importa. Isso não vem ao caso agora.
Desliguei
o chuveiro e me enrolei na toalha.
—
Você é tão má quanto ele. É uma doença... Ninguém aqui consegue pensar direito.
Você está brava com ele, lembra?
—
Eu sei — ela assentiu.
Liguei
meu secador novo e comecei a me arrumar para o encontro com Parker. Enrolei os
cabelos, pintei as unhas e passei batom da mesma cor do esmalte: um tom forte
de vermelho. Era um pouquinho demais para um primeiro encontro. Franzi a testa
para meu reflexo no espelho. Não era o Parker que eu estava tentando
impressionar. Eu não tinha o direito de me sentir insultada quando o Joseph me
acusou de estar de joguinho com ele no fim das contas.
Dando
uma última olhada no espelho, fui invadida pela culpa. Joseph estava se
esforçando tanto, e eu estava agindo como uma criança teimosa. Saí do banheiro
e fui para a sala de estar. Joseph sorriu — e não era essa, de jeito nenhum, a
reação que eu esperava.
—
Você... está linda.
—
Obrigada — falei, perturbada com a ausência de irritação ou ciúme na voz dele.
Nicholas
assobiou.
—
Bela escolha, Demi. Os homens adoram vermelho!
—
E os cachos estão lindos — completou Selena. A campainha tocou e Selena sorriu,
acenando para mim com animação exagerada.
—
Divirta-se!
Abri
a porta. Parker segurava um pequeno buquê de flores, de calça social e gravata.
Ele me analisou rapidamente de cima a baixo, depois voltou a olhar para o meu
rosto.
—
Você é a criatura mais linda que já vi na vida — disse, enamorado.
Olhei
para trás para acenar para Selena, cujo sorriso era tão largo que eu conseguia
ver cada um de seus dentes. Nicholas tinha uma expressão de pai orgulhoso, e
Joseph continuava com os olhos pregados na televisão.
Parker
estendeu a mão e me levou até seu Porsche reluzente. Assim que entramos, ele
soltou o ar que vinha prendendo.
—
Que foi? — perguntei.
—
Tenho que confessar que estava um pouco nervoso de vir buscar a mulher por quem
Joseph Jonas está apaixonado... e no apartamento dele. Você não sabe quanta
gente me acusou de insanidade hoje.
— O Joseph não está apaixonado
por mim. Às vezes ele mal aguenta ficar do meu lado.
— Então é uma relação de amor
e ódio? Porque, quando falei para o pessoal da fraternidade que levaria você
para sair hoje à noite, todos eles me disseram a mesma coisa. Ele vem se
comportando de um jeito tão instável... mais que de costume... que todos chegaram
à mesma conclusão.
— Eles estão errados —
insisti.
Parker balançou a cabeça, como
se eu fosse completamente ingênua, e colocou a mão sobre a minha.
— É melhor a gente ir. Temos
uma mesa à nossa espera.
— Onde?
— No Biasetti. Eu me
arrisquei... Espero que você goste de comida italiana.
Ergui uma sobrancelha.
— Não estava muito em cima da
hora para conseguir uma mesa? Aquele lugar vive lotado.
— Bom... o restaurante é da
minha família. Metade dele, pelo menos.
— Adoro comida italiana.
Parker foi dirigindo até o
restaurante na velocidade limite, dando seta quando ia virar e desacelerando a
cada sinal amarelo. Quando ele falava, mal tirava os olhos do caminho. Quando
chegamos ao restaurante, dei uma risadinha.
— Que foi? — ele perguntou.
— É só que... você é um
motorista muito cuidadoso. Isso é bom.
— Diferente de sentar na
garupa da moto do Joseph? — ele perguntou com um sorriso.
Eu deveria ter dado risada,
mas a diferença não parecia algo bom.
— Não vamos falar sobre o
Joseph hoje à noite, tudo bem?
— Bastante justo — disse ele,
saindo do carro para abrir a porta para mim.
Fomos
conduzidos imediatamente a uma mesa, perto da janela da sacada. Embora eu
estivesse de vestido, meu visual parecia pobre em comparação ao das outras
mulheres, cheias de joias e com vestidos de festa. Eu nunca tinha comido num
lugar tão chique.
Fizemos
o pedido e Parker fechou o cardápio, sorrindo para o garçom.
—
E, por favor, nos traga uma garrafa de Allegrini Amarone.
—
Sim, senhor — disse o garçom, recolhendo os cardápios.
—
Este lugar é incrível — sussurrei, apoiando-me na mesa.
Seus
olhos verdes se suavizaram.
—
Obrigado. Vou falar para o meu pai.
Uma
mulher se aproximou da nossa mesa. Os cabelos loiros estavam puxados em um
apertado coque francês, e uma mecha de cabelos grisalhos interrompia a onda
suave da franja. Tentei não ficar encarando as joias cintilantes ao redor do
pescoço ou as que balançavam nas orelhas, mas elas eram feitas para ser
notadas. O alvo de seus olhos azuis, apertados para enxergar melhor, era eu.
Ela
desviou rapidamente o olhar para voltá-lo ao meu acompanhante.
—
Quem é sua amiga, Parker?
—
Mãe, essa é Demi Lovato. Demi, essa é minha mãe, Vivienne Hayes. Estendi a mão
e ela me cumprimentou rapidamente. Em um movimento bem pensado, o interesse
iluminou suas feições distintas, e ela olhou para Parker.
—
Lovato?
Engoli
em seco, preocupada com a possibilidade de ela ter reconhecido o sobrenome.
Parker
assumiu uma expressão impaciente.
—
Ela é de Wichita, mãe. Você não conhece a família dela. A Demi estuda na
Eastern.
—
Ah — Vivienne olhou para mim de novo. — O Parker vai embora no ano que vem.
Para Harvard.
—
Ele me contou. Acho ótimo. A senhora deve estar muito orgulhosa.
A
tensão ao redor de seus olhos se suavizou um pouco, e os cantos de sua boca se
viraram para cima, num sorriso afetado.
—
Estamos sim. Obrigada.
Fiquei
impressionada pelas palavras dela serem tão educadas e, ainda assim,
transbordarem desprezo. Não foi um talento que ela desenvolveu da noite para o
dia. A Sra. Hayes devia ter passado anos enfatizando aos outros sua
superioridade.
—
Foi bom ver você, mãe. Boa noite.
Ela
o beijou no rosto, tirou com o polegar a marca de batom que havia deixado ali e
voltou para sua mesa.
—
Sinto muito por isso, não sabia que ela estaria aqui.
—
Tudo bem. Ela parece... legal.
Parker
riu.
—
Sim, para uma predadora.
Contive
uma risadinha, e ele abriu um sorriso como que se desculpando.
—
Ela vai ficar mais amigável. É só uma questão de tempo.
—
Sendo otimista, quando você for para Harvard.
Conversamos
sem parar sobre comida, a Eastern, cálculo e até mesmo sobre o Círculo. Parker
era charmoso, divertido e dizia todas as coisas certas. Várias pessoas se
aproximaram para cumprimentá-lo, e ele sempre me apresentava com um sorriso
orgulhoso. Ele era visto como uma celebridade lá no restaurante, e, quando
fomos embora, senti os olhares avaliadores de todos no salão.
—
E agora, o que vamos fazer? — perguntei.
—
Tenho prova de anatomia comparativa de vertebrados logo na segunda de manhã.
Tenho que estudar um pouco — disse ele, cobrindo mina mão com a dele.
—Antes
você do que eu — falei, tentando não parecer tão decepcionada. Ele me levou até
o apartamento, conduzindo-me na escada pela mão.
—
Obrigada, Parker. — Eu estava ciente do sorriso ridículo em meu rosto. — Foi
ótimo.
—
É cedo demais para convidar você para sair de novo?
—
De jeito nenhum — falei, irradiando alegria.
—
Ligo pra você amanhã?
—
Perfeito.
E
então chegou o momento do silêncio constrangedor. O elemento que eu mais temia
nos encontros. Beijar ou não beijar, eu odiava essa questão.
Antes
que eu tivesse a chance de imaginar se ele ia me beijar ou não, Parker segurou
meu rosto e me puxou para perto, pressionando os lábios nos meus. Lábios
macios, quentes e maravilhosos. Ele se afastou um pouco, depois me beijou de
novo.
—
A gente se fala amanhã, Dems.
Acenei
em despedida, observando enquanto ele descia os degraus direção ao carro.
—
Tchau.
Mais
uma vez, quando girei a maçaneta, a porta se abriu com tudo e caí para frente.
Joseph me segurou, e consegui voltar a ficar em pé.
—
Quer parar com isso? — falei, fechando a porta depois de entrar.
—
Dems? Que tipo de apelido é esse? — disse ele com desdém.
—
E Beija-Flor? — respondi com o mesmo desdém. — Um pássaro que fica voando e
fazendo um barulho esquisito?
—
Você gosta de Beija-Flor — disse ele, na defensiva. — É um pássaro lindo, que
nem você. Você é meu beija-flor.
Eu
me segurei no braço dele para tirar os sapatos de salto e depois entrei no
quarto. Enquanto trocava de roupa e colocava o pijama, fiz o melhor que pude
para continuar brava com ele. Joseph se sentou na cama e cruzou os braços.
— Foi bom?
—
Sim — suspirei —, foi fantástico. Perfeito. Ele é... — não consegui pensar em
uma palavra adequada para descrever Parker, então só balancei a cabeça.
—
Ele beijou você?
Pressionei
os lábios um no outro e fiz que sim com a cabeça.
—
Ele tem lábios muito macios.
Joseph
ficou horrorizado.
—
Não me interessa que tipo de lábios ele tem.
—
Vai por mim, é importante. Fico tão nervosa com o primeiro beijo, mas esse até
que não foi ruim.
—
Você fica nervosa com um beijo? — ele me perguntou, com ar divertido.
—
Só com o primeiro. Odeio primeiro beijo.
—
Eu também odiaria, se tivesse que beijar o Parker Hayes.
Dei
uma risadinha e fui até o banheiro tirar a maquiagem. Joseph foi atrás de mim e
se apoiou no batente da porta.
—
Então vocês vão sair de novo?
—
Vamos. Ele vai me ligar amanhã.
Sequei
o rosto e cruzei o corredor, pulando na cama para me deitar.
Joseph
tirou a roupa e ficou só de cueca, sentando-se na cama de costas para mim. Um
pouco curvado, parecia exausto. Olhou de relance para trás por um instante,
para me ver, e os músculos perfeitos de suas costas se retesaram.
—
Se vocês estavam curtindo tanto, por que você voltou tão cedo pra casa?
—
Ele tem uma prova importante na segunda-feira.
Joseph
torceu o nariz.
—
Quem se importa com isso?
—
Ele está tentando entrar em Harvard. Precisa estudar.
Ele
bufou e deitou de bruços. Vi quando enfiou as mãos debaixo do travesseiro,
parecendo irritado.
—
É, é isso que ele fica dizendo pra todo mundo.
—
Não seja idiota. Ele tem prioridades... Acho responsável da parte dele.
—
A mina dele não deveria estar no topo das prioridades?
—
Não sou a mina dele. Saímos uma vez, Joe — falei em tom de bronca.
—
E o que vocês fizeram? — Olhei para ele com um ar meio hostil e ele riu. — Que
foi? Estou curioso!
Vendo
que ele estava sendo sincero, descrevi tudo, desde o restaurante, passando pela
comida e depois pelas coisas doces e divertidas que o Parker dissera. Eu sabia
que minha boca estava congelada em um ridículo sorriso, mas não conseguia
evitá-lo enquanto descrevia minha noite perfeita.
Joseph
me observava com um sorriso entretido enquanto eu tagarelava, e até me fez
perguntas. Embora parecesse frustrado com a situação, eu tinha a distinta
sensação de que ele gostava de me ver tão feliz.
Ele
se ajeitou na cama e bocejei. Ficamos nos encarando por um instante antes de
ele soltar um suspiro.
—
Fico contente que você tenha se divertido, Flor. Você merece.
—
Obrigada — abri um sorriso.
Meu
celular tocou na mesa de cabeceira, e me levantei, um pouco torta, para olhar o
número de quem ligava.
—Alô?
—
Já é amanhã — disse Parker.
Olhei
para o relógio e ri. Era meia-noite e um.
—
E.
—
Então, que tal na segunda-feira à noite? — ele me perguntou.
Cobri
a boca por um instante e inspirei fundo.
—
Ah, tudo bem. Segunda à noite está ótimo.
—
Que bom! A gente se vê na segunda — disse ele.
Dava
para ouvir o sorriso em sua voz. Desliguei o celular e olhei de relance para
Joseph, que observava a cena com uma leve irritação. Desviei do olhar dele e me
encolhi como uma bolinha, tensa de animação.
—
Você é uma menininha mesmo — disse Joseph, dando as costas para mim.
Revirei
os olhos. Ele se virou e me puxou, para que ficássemos cara a cara.
—
Você gosta mesmo do Parker?
—
Não estrague as coisas para mim, Joseph!
Ele
ficou me encarando por um instante, balançou a cabeça e desviou o olhar de
novo.
—
Parker Hayes — disse.
~*~
Ninguém sabe nenhum filme de terror pra me indicar?? ): Que triste
Ok, então se quiserem me indicar livros legais, sem ser de romance, eu aceito u_u
Comentem, amores!
Answer:
Demetria Devone Lovato: Sim, mais raiva!!!!!! hahah tanto dela, quanto dele. Como assim não vê filme de terror??? É o melhor kkkkkk Postei, bjos.
Perfeito
ResponderExcluirPor enquanto o Parke não ta sendo odiado por mim, mas a Mae dele sim!!!
O Joe com ciúmes é tão lindo!!
POSTA LOGO
Beijos
Eu tenho medo de filme de terror kkkk