Finch deu mais uma tragada. A fumaça fluiu de seu
nariz em duas torrentes espessas.
Virei o rosto em direção ao sol enquanto ele me entretinha contando sobre seu
fim de semana de dança, bebidas e um novo amigo muito persistente.
— Se ele está te perseguindo, por que você deixa que
ele pague as bebidas? — perguntei e ri.
— É simples, Demi. Estou sem um tostão furado.
Ri de novo, e Finch me cutucou com o cotovelo quando
viu Joseph vindo em nossa direção.
— Ei, Joseph — Finch falou alegre, piscando para mim.
— Finch — Joseph o cumprimentou com um aceno de cabeça
e balançou as chaves. — Estou indo pra casa, Flor. Precisa de carona?
— Eu ia entrar no dormitório... — falei, erguendo o
olhar com os óculos de sol e abrindo um sorriso para ele.
— Você não vai ficar comigo hoje à noite? — ele quis
saber.
Em seu rosto, a expressão era de surpresa e decepção.
— Não, vou sim. Só tenho que pegar umas coisas que
esqueci.
— Tipo o quê?
— Bem, meu aparelho de depilação, por exemplo. O que
você tem com isso?
— Já estava na hora de você raspar as pernas. Elas
ficam ralando nas minhas, é o maior inferno — ele disse com um sorriso
travesso.
Finch me olhou com os olhos arregalados, e fiz uma
careta para Joseph.
— É assim que os rumores começam! — Olhei para Finch e
balancei a cabeça. — Estou dormindo na cama dele... só dormindo.
— Certo — disse Finch, com um sorriso irônico.
Dei um tapão no braço dele antes de abrir a porta e
subir as escadas. Quando cheguei ao segundo andar, Joseph estava ao meu lado.
— Demi, não fique brava. Eu só estava brincando.
— Todo mundo acha que estamos transando. Você está
piorando as coisas.
— Quem se importa com o que as pessoas pensam?
— Eu me importo, Joseph! Eu me importo!
Abri a porta do quarto, enfiei algumas coisas em uma
pequena sacola e saí tempestivamente, com Joseph me seguindo. Ele deu uma
risadinha enquanto tirava a sacola da minha mão, e olhei furiosa para ele.
— Não é engraçado. Você quer que a faculdade inteira ache
que sou uma de suas vadias?
Joseph franziu a testa.
— Ninguém acha isso. E, se acharem, é melhor torcerem
para que não chegue aos meus ouvidos.
Ele segurou a porta aberta para mim, e, depois de
passar, parei abruptamente na frente dele.
— Eita! — disse ele, dando de cara comigo.
Eu me virei.
— Ah, meu Deus! As pessoas devem achar que estamos
juntos e que você continua, sem vergonha nenhuma, com seu... estilo de vida.
Devo parecer patética . — eu disse, dando-me conta disso enquanto falava. —
Acho que eu não devia ficar mais no seu apartamento. Devíamos nos afastar por
um tempo.
Peguei a sacola das mãos dele e ele a arrancou de
volta das minhas.
— Ninguém acha que estamos juntos, Flor. Você não
precisa parar de falar comigo para provar alguma coisa.
Começamos um cabo de guerra com a sacola, e, quando
ele se recusou a soltá-la, rosnei alto, me sentindo frustrada.
— Alguma garota, uma amiga, já ficou na sua casa com
você antes? Você alguma vez já deu carona de ida e volta da faculdade para
alguma garota? Já almoçou com
ela todos os dias? Ninguém sabe o que pensar sobre a gente, nem mesmo quando
explicamos!
Ele foi andando até o estacionamento, segurando os
meus pertences.
— Vou dar um jeito nisso, tá bom? Não quero
ninguém pensando coisas ruins sobre você por minha causa — ele afirmou com uma
expressão perturbada. Então seus olhos brilharam e ele sorriu. — Deixe eu te
compensar por isso. Por que não vamos ao The Dutch hoje à noite?
— Mas lá é um bar de motoqueiros — falei com
desdém, observando enquanto ele prendia minha sacola à moto.
— Tudo bem, então vamos a uma casa noturna. Levo
você pra jantar e depois podemos ir ao The Red Door. Eu pago.
— Como sair pra jantar e depois ir a uma casa
noturna vai resolver o problema? Quando as pessoas nos virem juntos, vai ser
pior.
Ele subiu na moto.
— Pensa bem. Eu, bêbado, numa sala cheia de
mulheres com um mínimo de roupa? Não vai demorar muito para as pessoas se darem
conta de que não somos um casal.
— E o que eu devo fazer? Pegar um carinha no bar e
levá-lo pra casa, para deixar as coisas bem claras?
— Eu não disse isso. Não precisa se empolgar —
disse ele, franzindo a testa.
Revirei os olhos e subi no banco da moto,
envolvendo a cintura dele com os braços.
— Uma garota qualquer do bar vai com a gente até
em casa? É assim que você vai me compensar?
— Você não está com ciúme, está, Beija-Flor?
— Ciúme de quem? Da imbecil com DST que você vai
irritar e mandar embora de manhã?
Joseph deu risada e arrancou na Harley, voando até
o apartamento, no dobro do limite de velocidade. Fechei os olhos para bloquear
a visão das árvores e dos carros que deixávamos para trás.
Depois de descer da moto, dei um tapa no ombro
dele.
— Esqueceu que eu estava com você? Está tentando
me matar?
— Fica difícil esquecer que você está atrás de mim
quando suas coxas me apertam tanto que quase me matam. — Com a próxima fala
dele, veio um sorriso malicioso. — Pra falar a verdade, eu não consigo pensar
em uma forma melhor de morrer.
— Tem algo muito errado com você.
Mal tínhamos entrado no apartamento quando Selena
saiu do quarto de Nicholas arrastando os pés.
— Estávamos pensando em sair hoje à noite. Vocês
topam?
Olhei para Joseph e abri um sorriso.
— Vamos dar uma passada naquele lugar de sushi e
depois vamos ao Red.
O sorriso de Selena foi de um lado ao outro.
— Nick! — ela gritou, seguindo em disparada para o
banheiro. — Vamos sair hoje à noite!
Fui à última a entrar no chuveiro. Nicholas,
Selena e Joseph já estavam impacientes, em pé ao lado da porta, quando saí do banheiro
usando um vestido preto e sapatos de salto alto pink.
Selena assobiou.
— Uau, que gata!
Sorri em agradecimento ao elogio, e Joseph
estendeu a mão para mim.
— Belas pernas.
— Eu te contei que meu aparelho de depilação é
mágico?
— Não acho que seja obra do aparelho — ele sorriu
e me puxou porta fora.
Já estávamos falando muito alto no sushi bar e
tínhamos bebido o suficiente para a noite toda antes mesmo de pôr os pés no The
Red Door. Nicholas entrou no estacionamento, demorando um tempo para achar um
lugar para estacionar.
— Até a noite acabar a gente arruma uma vaga, Nick
— murmurou Selena.
— Ei, tenho que achar uma vaga grande! Não quero
que nenhum bêbado imbecil estrague a pintura do meu carro.
Assim que estacionamos, Joseph inclinou o banco
para frente e me ajudou a sair.
— Eu queria perguntar sobre a carteira de
identidade de vocês. Elas são perfeitas. Não se consegue dessas por aqui.
— É, já faz um tempinho que a gente tem. Era
necessário... em Wichita — falei.
— Necessário? — perguntou Joseph.
— Que bom que você conhece as pessoas certas —
Selena me disse.
Ela soluçou e cobriu a boca, dando uma risadinha.
— Santo Deus, mulher! — disse Nicholas, segurando
o braço de Selena, enquanto ela andava desajeitada pelo caminho de cascalho. —
Acho que você já bebeu o suficiente.
Joseph fez uma careta.
— Do que você está falando, Sel? Que pessoas
certas são essas?
— A Demi tem uns antigos amigos que...
— São identidades falsas, Joe — eu a interrompi.
-. É preciso conhecer as pessoas certas se quiser que sejam feitas do jeito
certo... Certo?
Selena desviou o olhar de Joseph, e fiquei
esperando.
— Certo — ele disse, estendendo a mão para pegar
na minha.
Peguei três dedos dele e sorri, sabendo por sua
expressão que ele não estava satisfeito com a minha resposta.
— Preciso de outro drinque! — eu disse, numa
segunda tentativa de mudar de assunto.
— Mais uma dose! — gritou Selena.
Nicholas revirou os olhos.
— Ah, é. É disso que você precisa, mais uma dose.
Assim que entramos, Selena me puxou para a pista
de dança. Seus cabelos castanhos não paravam de balançar enquanto ela dançava,
e dei risada da cara de pato que ela fazia. Quando a música acabou, fomos nos
juntar aos meninos no balcão. Uma loira platinada excessivamente voluptuosa já
estava ao lado de Joseph, e Selena contorceu o rosto em repulsa.
— Vai ser assim a noite toda, Sel. É só ignorar —
disse Nicholas, indicando com a cabeça um grupinho de garotas paradas ali
perto. Elas olhavam para a loira, esperando pela vez delas.
— Parece que Vegas vomitou em um bando de abutres
— disse Selena em tom de deboche.
Joseph acendeu um cigarro e pediu mais duas
cervejas. A loira mordeu o lábio carnudo cheio de gloss e sorriu. O barman
abriu as garrafas e as entregou para Joseph. A loira pegou uma delas, mas ele a
puxou da mão dela.
— Hum... não é pra você — ele disse, entregando-me
a cerveja.
Meu impulso inicial foi jogar a garrafa no lixo,
mas a mulher parecia tão ofendida que sorri e tomei um gole. Ela saiu pisando
duro, bufando de raiva, e ri baixinho porque o Joseph pareceu não notar nada.
— Como se eu fosse comprar cerveja pra uma mina
qualquer num bar — disse ele, balançando a cabeça. Ergui minha cerveja e ele
levantou um dos lados da boca em um meio sorriso. — Você é diferente.
Bati de leve a minha garrafa na dele.
— Um brinde a ser a única garota com quem um cara
sem nenhum critério não quer transar — exclamei, tomando um grande gole de
cerveja.
— Você está falando sério? — ele me perguntou,
puxando a garrafa da minha boca. Como não falei nada, ele se inclinou na minha
direção.
— Em primeiro lugar... eu tenho critério, sim.
Nunca transei com uma mulher feia. Nunca. Em segundo lugar, eu queria transar
com você. Pensei em te jogar no meu sofá de cinquenta maneiras diferentes, mas
não fiz isso porque não te vejo mais assim. Não é que eu não me sinta atraído
por você, só acho que você é melhor do que isso.
Não consegui esconder o sorriso presunçoso que se
espalhou por meu rosto.
— Você acha que eu sou boa demais para você.
Ele desdenhou do meu segundo insulto.
— Não consigo pensar em um único cara que seja bom o
bastante pra você.
Minha presunção se dissipou, dando lugar a um sorriso
comovido e grato.
— Obrigada, Joe — falei, colocando a garrafa vazia no
balcão.
Ele me puxou pela mão.
— Vamos — disse, me levando pelo meio da multidão até
a pista de dança.
— Eu bebi demais! Vou cair!
Joseph sorriu e me puxou para junto dele, me agarrando
pelo quadril.
— Cale a boca e dance.
Selena e Nicholas apareceram ao nosso lado. Nicholas
dançava como se andasse vendo videoclipes demais do Usher. Joseph quase me
deixou em pânico com o jeito como pressionava o corpo contra o meu. Se ele
usava aqueles movimentos no sofá, eu conseguia entender por que tantas garotas
se arriscavam a ser humilhadas pela manhã.
Ele segurou forte meu quadril, e notei que a expressão
dele estava diferente, quase séria. Passei as mãos em seu peito perfeito e em
sua barriga de tanquinho, os músculos tensionados ao ritmo da música, debaixo
da camiseta apertada. Virei de costas para ele e sorri quando ele envolveu
minha cintura. Com o nível de álcool em minhas veias, quando Joseph puxou meu
corpo contra o dele, os pensamentos que me vieram à mente eram tudo, menos de
amizade.
A próxima música começou, e Joseph não fez nenhum
sinal de que quisesse voltar para o bar. O suor escorria em gotas pelo meu
pescoço, e as luzes multicoloridas me faziam sentir um pouco zonza. Fechei os
olhos e apoiei a cabeça em seu ombro. Ele pegou minhas mãos e as colocou em
volta de seu pescoço. Suas mãos desceram pelos meus braços, pelas minhas
costas, e por fim voltaram ao meu quadril. Quando senti seus lábios e depois
sua língua no meu pescoço, me afastei com um pulo.
Joseph deu uma risadinha, parecendo um pouco surpreso.
— Que foi, Flor?
Fui tomada por uma fúria súbita, e as palavras
penetrantes que eu queria dizer ficaram presas na garganta. Fugi até o bar e
pedi mais uma Corona. Joseph se sentou na banqueta ao meu lado, erguendo o dedo
para pedir uma para ele também. Assim que o barman colocou a garrafa na minha
frente, virei-a e bebi metade antes de batê-la com tudo no balcão.
— Você acha que isso vai fazer alguém mudar de
ideia a respeito da gente? — perguntei, puxando o cabelo para o lado e cobrindo
o lugar que ele tinha beijado.
Ele riu.
— Estou pouco me lixando pro que pensam da gente.
Lancei lhe um olhar hostil e virei o rosto para
frente.
— Beija-Flor — ele disse, encostando no meu braço.
Eu me afastei.
— Nem vem. Eu nunca ficaria bêbada o bastante a
ponto de deixar que você me levasse para aquele sofá.
Joseph contorceu o rosto de raiva, mas, antes que
pudesse dizer alguma coisa, uma mulher estonteante, de cabelos escuros e
fazendo biquinho, com imensos olhos azuis e peitos demais à mostra, se
aproximou dele.
— Veja só, se não é o Joseph Jonas — disse ela, se
mexendo nos lugares certos.
Ele deu um gole, depois seus olhos ficaram
travados nos meus.
— Oi, Megan.
— Me apresenta pra sua namorada — ela sorriu.
Revirei os olhos pela maneira como ela era óbvia.
Joseph inclinou a cabeça para trás para terminar a
cerveja e deslizou a garrafa vazia pelo balcão. Todo mundo que estava esperando
para pedir alguma coisa seguiu a garrafa com os olhos, até que ela caiu na lata
de lixo.
— Ela não é minha namorada.
Ele segurou Megan pela mão, e ela foi andando toda
feliz atrás dele até a pista de dança. Eles ficaram se agarrando durante uma
música, depois outra, e mais uma. Todo mundo olhava para o jeito como ela o
deixava apalpá-la. Quando ele se curvou sobre ela, virei às costas para eles.
— Você parece irritada — me disse um homem,
enquanto se sentava ao meu lado. — Aquele cara ali é seu namorado?
— Não, é só um amigo — resmunguei.
—Ah, que bom. Seria muito embaraçoso para você se
fosse seu namorado.
Ele olhava para a pista de dança, balançando a
cabeça com o espetáculo.
— Nem me fale — eu disse, bebendo o resto da
cerveja.
Eu mal tinha saboreado as duas últimas cervejas
que havia matado, e meus dentes estavam dormentes.
— Quer outra? — ele perguntou.
Olhei para ele, que sorriu e disse:
— Meu nome é Ethan.
— Demi — falei, apertando sua mão estendida.
~*~
Então, vocês querem maratona???
Tipo, os capítulos são muito grandes, como vocês reparam, e por isso eu estou dividindo-os em 2
Então, se eu fizer maratona, vai ser a segunda parte desse, mas as 2 completas do próximo capítulo.
Sacaram? 3 "capítulos" ao todo.
Se comentaram hoje, hoje mesmo eu posto.
Se não, eu posto os 3 amanhã.
Answers:
Demetria Devone Lovato: Sim, elas sempre convencem kkkkkkk Postei, bjos. <3
Anônimo: Sério??? *-* fico feliz que esteja apaixonada pela fic!!! Comente que eu posto u_u hahaha <3
Ameiii MARATONA PLIS
ResponderExcluirolha o ciumes em Demi? kkkkk
ResponderExcluirPERFEITO
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Faz maratona sim
Beijos