quinta-feira, 17 de outubro de 2013

CAPÍTULO 12 – FOGO

“É tão certo quanto calor do fogo
Eu já não tenho escolha
E participo do seu jogo, participo

Demetria estava diante de Joseph, mas seu olhar era distante, vago. As incertezas, os medos, enfim, a confusão se refletia nele. Estavam os dois sentados à mesa após o jantar. A proposta feita pelo rapaz pairando entre eles.
A resposta veio horas depois. Joseph estava deitado ao lado da mulher. Nenhum dos dois conseguiu dormir. Em sua recente experiência, Joseph sabia que não era bom deixar a mente daquela criatura trabalhar sossegada, mas a Joseph só restava esperar o veredicto.
— Quer mesmo provar que eu sou importante para você?
A sequestradora rompeu de súbito o silêncio do quarto.
— O quê?
— Você me perguntou o que precisa fazer para que acreditasse em sua proposta. Ainda quer saber?
Uma ponta de receio fez o homem hesitar em responder.
Aquela criatura frágil escondia uma grande mente muito eficaz, inclusive quando trabalhava para o mal. O que poderia passar por aquela cabecinha?
— Joseph?
O problema é que ele adorava quando ela era malvada.
— Sim.
Demetria sorriu enigmaticamente. Deveria se preocupar?
— Sabe o Wilmer?
— O cara de quem você foi noiva.
Falou com certa raiva, nunca gostou do vizinho de seu pai. O sorriso dela se ampliou e ele sentiu ciúmes da lembrança que suscitou aquele sorriso.
— Nós tínhamos um jogo. Quando ele fazia alguma bobagem nós... Jogávamos esse jogo.
Quis argumentar que ele não havia feito besteira alguma, mas estava curioso com o desfecho da conversa.
— E que jogo era esse?
— Chamávamos “Só para o seu prazer”.
A expressão neutra da moça não enganou o refém.
— Vamos direto as regras Demetria. Sei que são com elas que devo me preocupar.
A mulher sorriu.
— Durante um tempo determinado ele tinha que me dar muito prazer, mas ele só poderia ter prazer com minha permissão. Era o jeito de me mostrar que eu era importante pra ele...
Viu no olhar dela o desafio. Imaginava que ele não iria aceitar aquela proposta.
— Eu faço. — respondeu sem hesitar.
— Você não entendeu. É como ser um escravo sexual. Só a minha vontade contará.
— Ser escravo sexual? Não parece um desafio.
Ela o encarou:
— Eu posso ser bem malvada...
— Não espero menos de você, mas por algum motivo tenho a impressão que você quer me fazer desistir. Muita ameaça e pouca ação.
Demetria sorriu.
E por falar em desafios... O dia amanheceu calmo. Atipicamente, Demetria estava animada. Foi a primeira vez que não precisou tomar café para acordar e não ameaçou os passarinhos da região “por sua cantoria infernal”.
Joseph esperava sexo selvagem matinal, mas ela queria ver TV. Desenho animado com pipoca. À tarde, após o almoço Joseph ainda tentou se insinuar, mas ela exaltou a beleza do dia e quis fazer uma caminhada. A perspectiva de sexo ao ar livre quase fez Joe Jr. soltar de alegria. Mas Demetria queria se deleitar com a flora e fauna local, principalmente os animais selvagens fofinhos. Cogitou a possibilidade de um ataque alienígena durante a noite, onde a sua sequestradora fora abduzida e trocada por uma Etzinha simpática. Também cogitou possessão: alguma entidade mal resolvida se apossou daquela mente fraca.
Estava quase a ponto de tentar um exorcismo, quando ela falou que estava cansada de tanto bicho e queria voltar para casa. Lá tomou um banho e foi dormir no sofá da sala. Deixando Joseph sozinho. Na noite anterior fora dormir pensando nas mais insanas aventuras sexuais e ao fim do dia seguinte percebera que o prazer da moça era debochar dele. De pirraça, Joseph não foi dormir no quarto que os dois compartilhavam, mas no seu antigo cativeiro.
Na madrugada era possível ouvir apenas os barulhos dos animais noturnos. Uma completa paz, que foi totalmente quebrada, ao menos dentro da casa, quando a porta do quarto se abriu.
Joseph Bolivatto soube que havia se metido em grandes problemas quando Camila Torres entrou no quarto usando aquela... Coisa!
Era um tipo de camisola preta, curtíssima e transparente. De alças finíssimas, rendas na borda do decote. Não deixava nada para a imaginação. Os mamilos se destacavam sob o tecido, assim como o triângulo minúsculo da calcinha, numa visão frontal da completa perdição.
“Eu posso ser bem malvada...” O que ele tinha a temer?
Demi era uma boa moça...
Às vezes...
Fora daquela cabana...
Andando em sua direção, a mulher olhou em seus olhos, havia muita malícia ali. Seu sorriso era a síntese da lascívia.
— Vamos procurar um filme para assistir... Escravo. Conhecendo o gosto do Jackson, ele se preparou para longas horas com documentários sobre o mundo animal.
Quer dizer, “ela” não iria usá-lo agora?
Demi seguiu na frente, o que lhe deu uma visão esplendorosa do resto do traje que ela usava. Aqueles dias seriam os mais longos de sua vida... Como se escutasse os pensamentos do refém, a moça sorriu perversamente parando de frente para ele, pensou tê-lo escutado gemer, mas seus lábios formavam uma linha fina. Não que isso importasse. Estava concentrada nos próximos passos.
Era um teste. Joseph tinha plena consciência. O que a mulher queria provar com isso? Ainda nem desconfiava.
— Bem, acho que nosso filme está aqui... Achei!
A satisfação na voz dela o preocupou. Sabia que marcava o início do jogo. Após ligar o aparelho. Ela se acomodou: deitou no sofá, descansando as pernas em seu colo. Joseph automaticamente passou a massagear seus tornozelos. Ela ronronou satisfeita.
Quando o filme começou, ele congelou. Uma das milhares de versões de Emmanuelle. Ela não tinha como saber. Olhou de soslaio. Estava concentrada no filme. Talvez Beth soubesse de algo, visto Marcelo fazendo gozação do seu fetiche... Ter comentado com a amiga.
— Nunca vi esse filme, mas dizem que ele desperta o animal que habita em qualquer homem. Sente seu animal pronto para se libertar, refém?
Ele pigarreou, mas não disse nada. Enquanto Emmanuelle divertia, Srta Lovato pegou a mão do rapaz. Contorcendo o corpo, anunciou:
— Hora de cuidar de sua senhora.
Começo de jogo com certeza. Joseph entrou de cabeça. Os dias anteriores lhe garantiram o conhecimento do que exatamente agradava a mulher. Ela deu espaço para que ele trabalhasse entre suas pernas.
Cada gemido o abalava profundamente. Seus olhos enevoados a cada carícia. A única coisa ruim era não ser recíproco.
— Mais...
Obediente intensificou as caricias e beijos em lugares estratégicos, os dedos encontrando os seus recantos. Em algum momento ela gemeu mais alto. Sentiu seu êxtase com uma involuntária onda de orgulho. Preparou para tomá-la posicionando-se.
— Eu ainda não mandei fazer isso.
O rapaz a olhou chocado com sua atitude.
— Estou no comando Baby. Já disse, posso ser bem malvada. — Ela anunciou ríspida — você ainda não ganhou o direito de estar dentro de mim... Vamos recomeçar a brincadeira, a menos que não seja capaz de dar conta...
Joseph nada disse. A única coisa que pensou era numa maneira de fazer aquilo ter volta. Ele tinha que inventar um joguinho também.
— Não senhora, me desculpe.
Sentiu o corpo feminino estremecer. Hum, ela se excitava com essa coisa de mandar. Era uma boa informação para guardar para um o futuro próximo...
Ele disfarçou um sorriso. Ah, um dia não muito distante aquilo tudo ia ter troco.
— Você só pode gozar quando, e se eu atingir o segundo. Contando de agora. Entendeu?
Só uma coisa ficou clara a Joseph: Demetria era o capeta.
A privação do gozo, fez com que seu desejo se intensificasse. Já havia participado de muitos joguinhos na vida, mas nada se comparava a jogos com aquela mulher.
Quando finalmente deve autorização para penetrá-la, precisou de toda concentração para não se perder. As estocadas começaram lentas, mas logo, se intensificaram culminando num intenso clímax.
Eles permaneceram encaixados. Ele com a cabeça em seu pescoço. Ofegante e com o coração disparado. Ela com as pernas em volta de seu corpo. As respirações demoraram a se estabilizar.
Quando foi capaz, Demetria ordenou:
— Eu quero tomar um banho agora. Vá preparar.
Definitivamente aquela criatura gostava de mandar. Ele não reclamou. Quando estava se abaixando para pegar a calça, a moça anunciou.
— A partir de agora, sem roupas garotão!
Ele fez uma careta. Precisava dar um jeito de virar aquele jogo.
— Eu quero comer alguma coisa. Depois do banho quero umas torradas, um suco e uma geleia. Espero você no quarto.
— Sim, senhora...
Joseph acordou cedo em seu segundo dia de servidão. E ficou esperando. Revivendo os acontecimentos da noite anterior.
O primeiro orgasmo de sua vida foi assistindo uma das aventuras eróticas de Emmanuelle, aos 16 anos. Tocou-se sem nem mesmo saber o que era isso. O prazer o pegou de surpresa. Ainda estava trêmulo quando uma das empregadas de sua avó o pegou no flagra. Foi quando também perdeu a virgindade. Desde então a Emmanuelle virou seu fetiche.
Quanto à empregada, tornou-se sua amante. Até que a avó descobriu tudo e a coitada foi demitida, poucos meses depois. Nos anos seguintes virou um fã absoluto da Emmanuelle, até leu o livro. Assistiu a todos os filmes que tinha a menor referência. Um dia caiu na besteira de contar a seu amigo, que nunca se esqueceu disso. Quando queria zoar com ele o lembrava de sua obsessão.
Quando faltavam quinze minutos para as nove horas, Joseph pegou a bandeja e foi para o quarto de Demi. Ela estava dormindo, serena. Tinha algo de extremamente delicado naquela mulher. Algo que despertava seu instinto protetor. De um jeito que só a Beth despertava e ao mesmo tempo era diferente, porque ele nem de longe tinha inclinações incestuosas para sua irmã, mesmo ela sendo adotada.
Demetria dormia profundamente, largada sobre o colchão. Efeito dele?
Joseph, o sonífero natural, sem contra indicações.
Na noite anterior numa atitude autoritária a moça exigiu ser acordada com orgasmo. Como bom escravo, Joseph obedeceu. Aproximou-se da cama e posicionou-se. A mulher acordou gritando. Talvez por que sua mente ainda estivesse nublada pelo sono, baixou a guarda. Quase com desespero implorou por ele, que lhe desse prazer, que estivesse com ela.
— Por favor...
O problema é que se empolgaram tanto que daquela vez o ato os deixou constrangidos.
Foram tão descontrolados, desesperados e tão necessitados um do outro, que ao final, ficaram se olhando estarrecidos.
— Está com fome? Eu fiz seu café. — Ofereceu por pura falta do que dizer.
Ela não verbalizou uma resposta. Não sabia se tinha condições. Então apenas concordou com a cabeça. Comeram em silêncio. Depois foram para a varanda. Permaneceram lá por toda a manhã. Estava frio, mais que o normal, precisaram de edredons para ficar confortáveis.
— Perfeito lugar para ficar ilhado. — comentou o Bolivatto.
Demetria não respondeu.
Não houve sexo. Só carícias às vezes mais ousadas, às vezes suaves. Joseph especializou-se em provocar-lhe arrepios. Mordiscando, lambendo a orelha, o pescoço, a nuca. Mãos nos seios, nas nádegas, no sexo. Provocou tanto quanto pôde. Sem na verdade, aprofundar nada.
No fim da manhã, entraram. Ela sentou a mesa enquanto o “escravo” preparava uns sanduíches. Comeram mais uma vez em silêncio. O rapaz estava incomodado com isso.
Preferia mil vezes ela gritando, autoritária, ou debochada. Esse silêncio representava uma conversa íntima dela com ela mesma. E talvez ele não gostasse das consequências dessa conversa.
Depois de algum tempo, olhando intensamente para ele, ordenou:
— Joseph, eu quero que você prepare meu banho agora. O moço obedeceu prontamente.
Ela quis mais. Quis que a esfregasse que lavasse cada centímetro de sua pele. A seguir que ele a carregasse para o quarto e a deitasse na cama. Então que tirasse a roupa e viesse acompanha-la.
No início da tarde. Demi quis sair da cama. Placar? 5 X 0 para ela. Estava em outra de suas provocantes camisolas. Arrastava-o pela mão, como uma criança arrasta um adulto para mostrar um brinquedo “mas no caso, o brinquedo ali era ele”.
— Aqui. — A mulher avisou toda confiante. Estavam na sala.
— Aqui o quê? — Perguntou irritado pela frustração sexual. Ela arqueou a sobrancelha e esperou.
— Aqui o que senhora?
— Melhor. Aqui, você vai me agradar e se eu gostar vou agradar você. Nesse sofá. Não seja suave.
A maratona sexual prosseguiu tarde adentro. Na mesa da cozinha, sobre a pia, no chão do corredor. No finalzinho da noite, tomaram banho juntos. Não um banho de escravo e mestra, mas um banho de amantes que compartilhavam o momento. Quando entraram no quarto, o Joseph assumiu a postura submissa novamente, esperando as próximas ordens.
— Você vai dormir aqui hoje.
— Sim, senhora.
Ela se deitou, levantou o lençol indicando o local onde ele deveria deitar. O rapaz obedeceu e mesmo sem sua ordem a abraçou. Dormiram assim.

~*~

Obrigada pelos comentários, amores <33 E sejam bem-vindas, novas seguidoras *-*
Espero que estejam gostando de 30dcD !!
To meio sem tempo, mas em breve postarei mais, beijos.

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