“É tão
certo quanto calor do fogo
Eu já não
tenho escolha
E
participo do seu jogo, participo”
Demetria estava
diante de Joseph, mas seu olhar era distante, vago. As incertezas, os medos,
enfim, a confusão se refletia nele. Estavam os dois sentados à mesa após o
jantar. A proposta feita pelo rapaz pairando entre eles.
A resposta veio
horas depois. Joseph estava deitado ao lado da mulher. Nenhum dos dois
conseguiu dormir. Em sua recente experiência, Joseph sabia que não era bom
deixar a mente daquela criatura trabalhar sossegada, mas a Joseph só restava
esperar o veredicto.
— Quer mesmo
provar que eu sou importante para você?
A sequestradora
rompeu de súbito o silêncio do quarto.
— O quê?
— Você me
perguntou o que precisa fazer para que acreditasse em sua proposta. Ainda quer
saber?
Uma ponta de
receio fez o homem hesitar em responder.
Aquela criatura
frágil escondia uma grande mente muito eficaz, inclusive quando trabalhava para
o mal. O que poderia passar por aquela cabecinha?
— Joseph?
O problema é que
ele adorava quando ela era malvada.
— Sim.
Demetria sorriu
enigmaticamente. Deveria se preocupar?
— Sabe o Wilmer?
— O cara de quem
você foi noiva.
Falou com certa
raiva, nunca gostou do vizinho de seu pai. O sorriso dela se ampliou e ele
sentiu ciúmes da lembrança que suscitou aquele sorriso.
— Nós tínhamos um
jogo. Quando ele fazia alguma bobagem nós... Jogávamos esse jogo.
Quis argumentar
que ele não havia feito besteira alguma, mas estava curioso com o desfecho da
conversa.
— E que jogo era
esse?
— Chamávamos “Só
para o seu prazer”.
A expressão
neutra da moça não enganou o refém.
— Vamos direto as
regras Demetria. Sei que são com elas que devo me preocupar.
A mulher sorriu.
— Durante um
tempo determinado ele tinha que me dar muito prazer, mas ele só poderia ter
prazer com minha permissão. Era o jeito de me mostrar que eu era importante pra
ele...
Viu no olhar dela
o desafio. Imaginava que ele não iria aceitar aquela proposta.
— Eu faço. —
respondeu sem hesitar.
— Você não
entendeu. É como ser um escravo sexual. Só a minha vontade contará.
— Ser escravo
sexual? Não parece um desafio.
Ela o encarou:
— Eu posso ser
bem malvada...
— Não espero
menos de você, mas por algum motivo tenho a impressão que você quer me fazer
desistir. Muita ameaça e pouca ação.
Demetria sorriu.
E por falar em
desafios... O dia amanheceu calmo. Atipicamente, Demetria estava animada. Foi a
primeira vez que não precisou tomar café para acordar e não ameaçou os
passarinhos da região “por sua cantoria infernal”.
Joseph esperava
sexo selvagem matinal, mas ela queria ver TV. Desenho animado com pipoca. À tarde,
após o almoço Joseph ainda tentou se insinuar, mas ela exaltou a beleza do dia e
quis fazer uma caminhada. A perspectiva de sexo ao ar livre quase fez Joe Jr.
soltar de alegria. Mas Demetria queria se deleitar com a flora e fauna local,
principalmente os animais selvagens fofinhos. Cogitou a possibilidade de um
ataque alienígena durante a noite, onde a sua sequestradora fora abduzida e
trocada por uma Etzinha simpática. Também cogitou possessão: alguma entidade
mal resolvida se apossou daquela mente fraca.
Estava quase a
ponto de tentar um exorcismo, quando ela falou que estava cansada de tanto
bicho e queria voltar para casa. Lá tomou um banho e foi dormir no sofá da
sala. Deixando Joseph sozinho. Na noite anterior fora dormir pensando nas mais
insanas aventuras sexuais e ao fim do dia seguinte percebera que o prazer da
moça era debochar dele. De pirraça, Joseph não foi dormir no quarto que os dois
compartilhavam, mas no seu antigo cativeiro.
Na madrugada era
possível ouvir apenas os barulhos dos animais noturnos. Uma completa paz, que
foi totalmente quebrada, ao menos dentro da casa, quando a porta do quarto se
abriu.
Joseph Bolivatto
soube que havia se metido em grandes problemas quando Camila Torres entrou no
quarto usando aquela... Coisa!
Era um tipo de
camisola preta, curtíssima e transparente. De alças finíssimas, rendas na borda
do decote. Não deixava nada para a imaginação. Os mamilos se destacavam sob o
tecido, assim como o triângulo minúsculo da calcinha, numa visão frontal da
completa perdição.
“Eu posso ser bem
malvada...” O que ele tinha a temer?
Demi era uma boa
moça...
Às vezes...
Fora daquela
cabana...
Andando em sua
direção, a mulher olhou em seus olhos, havia muita malícia ali. Seu sorriso era
a síntese da lascívia.
— Vamos procurar
um filme para assistir... Escravo. Conhecendo o gosto do Jackson, ele se
preparou para longas horas com documentários sobre o mundo animal.
Quer dizer, “ela”
não iria usá-lo agora?
Demi seguiu na
frente, o que lhe deu uma visão esplendorosa do resto do traje que ela usava.
Aqueles dias seriam os mais longos de sua vida... Como se escutasse os
pensamentos do refém, a moça sorriu perversamente parando de frente para ele,
pensou tê-lo escutado gemer, mas seus lábios formavam uma linha fina. Não que
isso importasse. Estava concentrada nos próximos passos.
Era um teste.
Joseph tinha plena consciência. O que a mulher queria provar com isso? Ainda
nem desconfiava.
— Bem, acho que
nosso filme está aqui... Achei!
A satisfação na
voz dela o preocupou. Sabia que marcava o início do jogo. Após ligar o aparelho.
Ela se acomodou: deitou no sofá, descansando as pernas em seu colo. Joseph automaticamente
passou a massagear seus tornozelos. Ela ronronou satisfeita.
Quando o filme
começou, ele congelou. Uma das milhares de versões de Emmanuelle. Ela não tinha
como saber. Olhou de soslaio. Estava concentrada no filme. Talvez Beth soubesse
de algo, visto Marcelo fazendo gozação do seu fetiche... Ter comentado com a amiga.
— Nunca vi esse
filme, mas dizem que ele desperta o animal que habita em qualquer homem. Sente
seu animal pronto para se libertar, refém?
Ele pigarreou,
mas não disse nada. Enquanto Emmanuelle divertia, Srta Lovato pegou a mão do
rapaz. Contorcendo o corpo, anunciou:
— Hora de cuidar
de sua senhora.
Começo de jogo
com certeza. Joseph entrou de cabeça. Os dias anteriores lhe garantiram o
conhecimento do que exatamente agradava a mulher. Ela deu espaço para que ele trabalhasse
entre suas pernas.
Cada gemido o
abalava profundamente. Seus olhos enevoados a cada carícia. A única coisa ruim
era não ser recíproco.
— Mais...
Obediente
intensificou as caricias e beijos em lugares estratégicos, os dedos encontrando
os seus recantos. Em algum momento ela gemeu mais alto. Sentiu seu êxtase com uma
involuntária onda de orgulho. Preparou para tomá-la posicionando-se.
— Eu ainda não
mandei fazer isso.
O rapaz a olhou
chocado com sua atitude.
— Estou no
comando Baby. Já disse, posso ser bem malvada. — Ela anunciou ríspida — você
ainda não ganhou o direito de estar dentro de mim... Vamos recomeçar a
brincadeira, a menos que não seja capaz de dar conta...
Joseph nada
disse. A única coisa que pensou era numa maneira de fazer aquilo ter volta. Ele
tinha que inventar um joguinho também.
— Não senhora, me
desculpe.
Sentiu o corpo
feminino estremecer. Hum, ela se excitava com essa coisa de mandar. Era uma boa
informação para guardar para um o futuro próximo...
Ele disfarçou um
sorriso. Ah, um dia não muito distante aquilo tudo ia ter troco.
— Você só pode
gozar quando, e se eu atingir o segundo. Contando de agora. Entendeu?
Só uma coisa
ficou clara a Joseph: Demetria era o capeta.
A privação do
gozo, fez com que seu desejo se intensificasse. Já havia participado de muitos
joguinhos na vida, mas nada se comparava a jogos com aquela mulher.
Quando finalmente
deve autorização para penetrá-la, precisou de toda concentração para não se
perder. As estocadas começaram lentas, mas logo, se intensificaram culminando num
intenso clímax.
Eles permaneceram
encaixados. Ele com a cabeça em seu pescoço. Ofegante e com o coração
disparado. Ela com as pernas em volta de seu corpo. As respirações demoraram a
se estabilizar.
Quando foi capaz,
Demetria ordenou:
— Eu quero tomar
um banho agora. Vá preparar.
Definitivamente
aquela criatura gostava de mandar. Ele não reclamou. Quando estava se abaixando
para pegar a calça, a moça anunciou.
— A partir de
agora, sem roupas garotão!
Ele fez uma
careta. Precisava dar um jeito de virar aquele jogo.
— Eu quero comer
alguma coisa. Depois do banho quero umas torradas, um suco e uma geleia. Espero
você no quarto.
— Sim, senhora...
Joseph acordou
cedo em seu segundo dia de servidão. E ficou esperando. Revivendo os acontecimentos
da noite anterior.
O primeiro
orgasmo de sua vida foi assistindo uma das aventuras eróticas de Emmanuelle,
aos 16 anos. Tocou-se sem nem mesmo saber o que era isso. O prazer o pegou de surpresa.
Ainda estava trêmulo quando uma das empregadas de sua avó o pegou no flagra.
Foi quando também perdeu a virgindade. Desde então a Emmanuelle virou seu
fetiche.
Quanto à
empregada, tornou-se sua amante. Até que a avó descobriu tudo e a coitada foi
demitida, poucos meses depois. Nos anos seguintes virou um fã absoluto da
Emmanuelle, até leu o livro. Assistiu a todos os filmes que tinha a menor
referência. Um dia caiu na besteira de contar a seu amigo, que nunca se
esqueceu disso. Quando queria zoar com ele o lembrava de sua obsessão.
Quando faltavam
quinze minutos para as nove horas, Joseph pegou a bandeja e foi para o quarto
de Demi. Ela estava dormindo, serena. Tinha algo de extremamente delicado
naquela mulher. Algo que despertava seu instinto protetor. De um jeito que só a
Beth despertava e ao mesmo tempo era diferente, porque ele nem de longe tinha
inclinações incestuosas para sua irmã, mesmo ela sendo adotada.
Demetria dormia
profundamente, largada sobre o colchão. Efeito dele?
Joseph, o
sonífero natural, sem contra indicações.
Na noite anterior
numa atitude autoritária a moça exigiu ser acordada com orgasmo. Como bom
escravo, Joseph obedeceu. Aproximou-se da cama e posicionou-se. A mulher acordou
gritando. Talvez por que sua mente ainda estivesse nublada pelo sono, baixou a
guarda. Quase com desespero implorou por ele, que lhe desse prazer, que estivesse
com ela.
— Por favor...
O problema é que
se empolgaram tanto que daquela vez o ato os deixou constrangidos.
Foram tão
descontrolados, desesperados e tão necessitados um do outro, que ao final,
ficaram se olhando estarrecidos.
— Está com fome?
Eu fiz seu café. — Ofereceu por pura falta do que dizer.
Ela não
verbalizou uma resposta. Não sabia se tinha condições. Então apenas concordou
com a cabeça. Comeram em silêncio. Depois foram para a varanda. Permaneceram lá
por toda a manhã. Estava frio, mais que o normal, precisaram de edredons para
ficar confortáveis.
— Perfeito lugar
para ficar ilhado. — comentou o Bolivatto.
Demetria não
respondeu.
Não houve sexo.
Só carícias às vezes mais ousadas, às vezes suaves. Joseph especializou-se em
provocar-lhe arrepios. Mordiscando, lambendo a orelha, o pescoço, a nuca. Mãos
nos seios, nas nádegas, no sexo. Provocou tanto quanto pôde. Sem na verdade, aprofundar
nada.
No fim da manhã,
entraram. Ela sentou a mesa enquanto o “escravo” preparava uns sanduíches.
Comeram mais uma vez em silêncio. O rapaz estava incomodado com isso.
Preferia mil
vezes ela gritando, autoritária, ou debochada. Esse silêncio representava uma conversa
íntima dela com ela mesma. E talvez ele não gostasse das consequências dessa conversa.
Depois de algum
tempo, olhando intensamente para ele, ordenou:
— Joseph, eu
quero que você prepare meu banho agora. O moço obedeceu prontamente.
Ela quis mais.
Quis que a esfregasse que lavasse cada centímetro de sua pele. A seguir que ele
a carregasse para o quarto e a deitasse na cama. Então que tirasse a roupa e
viesse acompanha-la.
No início da
tarde. Demi quis sair da cama. Placar? 5 X 0 para ela. Estava em outra de suas
provocantes camisolas. Arrastava-o pela mão, como uma criança arrasta um adulto
para mostrar um brinquedo “mas no caso, o brinquedo ali era ele”.
— Aqui. — A
mulher avisou toda confiante. Estavam na sala.
— Aqui o quê? —
Perguntou irritado pela frustração sexual. Ela arqueou a sobrancelha e esperou.
— Aqui o que
senhora?
— Melhor. Aqui,
você vai me agradar e se eu gostar vou agradar você. Nesse sofá. Não seja
suave.
A maratona sexual
prosseguiu tarde adentro. Na mesa da cozinha, sobre a pia, no chão do corredor.
No finalzinho da noite, tomaram banho juntos. Não um banho de escravo e mestra,
mas um banho de amantes que compartilhavam o momento. Quando entraram no
quarto, o Joseph assumiu a postura submissa novamente, esperando as próximas
ordens.
— Você vai dormir
aqui hoje.
— Sim, senhora.
Ela se deitou,
levantou o lençol indicando o local onde ele deveria deitar. O rapaz obedeceu e
mesmo sem sua ordem a abraçou. Dormiram assim.
~*~
Obrigada pelos comentários, amores <33 E sejam bem-vindas, novas seguidoras *-*
Espero que estejam gostando de 30dcD !!
To meio sem tempo, mas em breve postarei mais, beijos.
Adorei
ResponderExcluirPerfeiiiiito
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