O auditório do
ginásio estava lotado com os pais, irmãos entediados segurando filmadoras, e um
punhado de avós. Contornando ao redor dos aglomerados de pessoas em pé no
corredor, Joseph e eu sentamos nos nossos assentos do corredor a meio caminho
entre o palco e as portas de saída traseira. Olhei para o programa verde
xerocado de férias. Harrison estava na maior orquestra, o que significava
demorar um pouco até ele estar no palco. Eu dava aulas para dois dos outros
meninos das orquestras mais baixas, embora eu nunca tive a chance de ver algum
deles realmente tocar. Eu estava nervosa em todas as suas contas. Inclinei-me para
perto de Joseph, pra que nenhum dos pais pudesse ouvir:
— Eu
provavelmente deveria avisá-lo que muitas destas crianças só começaram a tocar
há alguns meses, principalmente na primeira orquestra, então eles são um
pouco... Inexperientes.
O canto da sua
boca virou-se e eu queria me inclinar para beija-lo, mas não fiz isso.
— Essa é sua
maneira educada de dizer para eu me preparar para sons como
unhas-em-um-quadro-negro? — Ele perguntou.
Eu ouvi a voz
de Harrison vinda de uma seção com cordas de isolamento, do lado direito do
auditório.
— Srta. Lovato!
— Eu procurei por ele em um mar de meninos de smoking de poliéster preto e
garotas com vestidos roxos até o tornozelo. Encontrei seus cabelos loiros ao
mesmo tempo em que ele percebeu Joseph sentado ao meu lado. Seu sorriso
congelou e seus olhos se arregalaram. Quando eu sorri e depois levantei minha
mão, ele acenou de volta uma vez, tristemente.
— Eu acho que
esse é apenas um dos que estão apaixonados por você. — Joseph olhou para a bota
equilibrada sobre seu joelho, arranhando uma costura gasta e tentando não rir.
— O que? Todos
eles estão apaixonados por mim. Eu sou uma garota quente da faculdade, lembra?
— Eu ri e seus olhos queimavam nos meus.
Ele se
aproximou e sussurrou no meu ouvido.
— Tão quente.
Agora você me pegou pensando em como você parecia esta manhã, quando eu acordei
com você nos meus braços, na minha cama. Seria pedir demais para você ficar
essa noite também?
Meu rosto
ficou corado pelo seu elogio quando eu encontrei seu olhar.
— Eu estava
com medo de que você não fosse perguntar.
Ele pegou
minha mão e segurou-a na minha coxa, quando o diretor da orquestra subiu no
palco. Uma hora e meia depois, Harrison me encontrou na parte de trás do
auditório. Ele estava segurando um ramalhete de rosas vermelhas, cor idêntica à
do seu rosto, marcando o embaraço em sua face.
— Eu queria te
dar isto. — Ele disse, empurrando as flores para os meus braços. Seus pais
ficaram cerca de quinze metros de distância, permitindo-lhe entregar o presente
sozinho.
Eu cheirei as
rosas e ele trocou um olhar superficial com Joseph.
— Obrigada
Harrison, elas são lindas! Fiquei muito orgulhosa esta noite, você foi
incrível!
Ele sorriu,
mas tentou não fazê-lo, o que lhe deu uma aparência de maníaco.
— É tudo por
sua causa, no entanto.
Eu balancei
minha cabeça.
— Você fez o
trabalho e o colocou em prática.
Ele mudou de
um pé para o outro.
— Você parecia
fantástico, cara. Eu gostaria de poder tocar algum instrumento. — Joseph disse.
Harrison olhou
para ele.
— Obrigado! —
Ele murmurou, franzindo a testa. Mesmo que meu aluno era mais alto do que eu,
ele era magro ao lado da estrutura sarada de Joseph. — Isso doeu? Nos seus
lábios?
Lucas deu os
ombros
— Não muito.
Embora eu tenha dito alguns palavrões.
Harrison
sorriu.
— Legal!
***
Conforme
deitamos horas mais tarde parcialmente desprovidos de luz, encaramos um ao
outro, compartilhando seu travesseiro. Eu respirei fundo e rezei, eu não estava
prestes a repelir Joseph de novo. Eu nunca me senti mais ligada a alguém.
— O que você
acha do Harrison?
Ele me estudou
de perto.
— Ele parece
ser um bom garoto.
Eu confirmei
com a cabeça.
— Ele é. — Eu
pousei meus dedos no seu rosto e ele me puxou para mais perto. — Sobre o que é
isso? — Ele sorriu. — Você está me deixando para ficar com Harrison, Demetria?
Olhando em
seus olhos, eu perguntei:
— Se Harrison
estivesse no estacionamento àquela noite, ao invés de você, você acha que ele
me ajudaria? — Seus olhos se encontraram com os meus e ele não respondeu. — Se
alguém tivesse dito para você cuidar de mim, você acha que eles iriam te culpar
por você não ter sido capaz de parar o que teria acontecido naquela noite?
Ele exalou
duramente.
— Eu sei o que
você está tentando dizer...
— Não Joseph.
Você está ouvindo isso, mas você não sabe. O seu pai não podia realmente
esperar isso de você. Não tem jeito de ele se lembrar de ter dito isso para
você. Ele e você se culpam, mas a culpa não é de nenhum de vocês!
Seus olhos se
encheram de lágrimas e ele engoliu fortemente.
— Eu nunca vou
me esquecer de como ele parecia naquela noite. — Sua voz estava tomada pelas
lágrimas. — Como eu não posso me culpar por aquela noite?
Minhas
lágrimas molharam o travesseiro entre nós.
— Joseph,
pense sobre Harrison. Veja o menino que você era, e pare de se culpar por não
poder parar algo que nem um homem poderia. O que você me disse, repetidas
vezes? Não foi sua culpa! Você precisa falar com alguém, e descobrir como se
perdoar por uma responsabilidade que sua mãe nunca queria que você aceitasse.
Você vai tentar? Por favor?
Ele secou uma
lágrima do meu rosto.
— Como foi que
encontrei você?
Eu balancei a
cabeça.
— Talvez eu só
esteja onde deveria estar, afinal.
adorei
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