segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Capítulo 9 - NADA MUDOU

Divulgação: http://tati-joeedemi.blogspot.com.br/

~*~

“ Se ela quer o sétimo céu
Vai ter de subir degrau por degrau
Os melhores momentos do mundo
Não são manchetes de jornal...”

Antes...

Era muita coisa para enfrentar de uma vez. Uma variação da mesma história que já vivera e pior, sabia muito bem como aquilo acabava.
Joseph fugira para pensar. Agora tudo fazia sentido, cada maldita coisa. A atitude do pai. A forma como eles ficavam juntos. Deixou o quarto buscando reencontrar o próprio equilíbrio.
Atravessou a casa e saiu insensível ao vento congelante lá fora. Inspirou profundamente, sentindo as vias respiratórias reclamarem do ar frio. Deveria acabar com aquilo e dar um jeito de ir embora. Ninguém o culparia. Demetria não poderia culpá-lo, pois não lhe deu escolha entre estar ali ou não.
Por quê? Era tudo o que conseguia se perguntar.
Refez mentalmente cada pequena coisa que lhe aconteceu nos últimos dois dias. A surpresa, o medo, o desejo... Deu-se conta de que não queria nada diferente. Se pudesse mudar, não mudaria nada. Era como ser um adolescente inconsequente que de fato ele nunca fora.
Lembrou que havia uma mulher lá dentro. Poderia abrir mão dela e acabar com aquele jogo de uma vez? A resposta cresceu em seu íntimo: não. Amor nunca fora algo para Joseph, logo, aquilo ia acabar mal, mas ele sabia, havia se apaixonado uma quarta vez, agora por uma mulher completamente diferente: real, não o fruto de uma fantasia juvenil. Cheia de defeitos, humana e que sangrava como ele. Desiludida com a vida e descrente com o amor.
Não queria e nem podia abrir mão do que lhe era ofertado. Entendia as implicações de deixar aquela criatura entrar em sua vida... Mas era tarde demais: ela já entrara. Invadira na verdade.
A decisão se fazia urgente: fugir ou ficar e se jogar de cabeça naquilo tudo. Não era preciso resposta. Refez o caminho de volta para o quarto sabendo que naquele momento sua vida tinha mudado para sempre.

Agora...

Foi apenas quando a moça caminhou até o guarda-roupa que Joseph recordou-se de sua travessura. Era como ser criança outra vez e estar com o Nicholas pregando uma peça em alguém. Com infantil satisfação, posicionou-se para assistir em primeira mão a expressão da mulher quando descobrisse o que ele havia feito. Não controlou a gargalhada ao vê-la chocada por não encontrar roupa alguma. Como era doce o sabor da vingança. Demetria procurou as roupas por todos os cantos possíveis da casa. Desconfiava que ele as houvesse escondido na floresta, mas com o frio que estava fazendo lá sem chance de colocar sua bunda despida para fora. Até mesmo as roupas dele haviam desaparecido, a exceção da que estava usando no momento.
“Porco!”
Depois de muitas e infrutíferas buscas pela cabana, Demetria se conformou: teria as roupas quando ele quisesse.
Agora estava na cozinha, fazendo pão, completamente nua. Inspirou fundo. E de novo... De novo... De novo. Estava tentando afastar os pensamentos que associavam a cabeça de Joseph a uma frigideira. Ou uma tábua de carne. Um pedaço da lenha do fogo. E outras coisinhas da  cozinha. A lista era extensa.
Seu querido parceiro sexual estava lá fora olhando o penhasco. O rapaz estava muito quieto e pensativo. Apesar de brincalhão, havia um brilho estranho no olhar. Demetria, furiosa demais para pensar nisso, voltou a socar massa. Com força.
Horas depois estava inclinada para retirar a forma do pão do forno, quando sentiu uma mão acariciar o seu bumbum. Quase derrubou tudo.
— Joseph! — gritou. Segurou com firmeza a fôrma, antes de jogá-la sobre a pia — você quase causa um acidente.
— Ora, quem manda você ficar exibindo essa bunda deliciosa por aí?
Obviamente ele não tinha noção alguma do perigo. Ela pegou uma faca.
— Escuta aqui. — falou empunhando a “arma” — se você sabe o que é bom para a saúde, pare com suas brincadeiras infames. Sente na porra da sua cadeira, cale sua boca e coma.
Ele fez exatamente o que ela falou, na ordem em que ela falou.
Após ter cortado o pão, a moça sentou a mesa. Tentou soar calma quando perguntou:
— Quando você vai devolver minhas roupas?
— Eu fiquei vinte e quatro horas pelado, então... Setenta e duas horas para você.
— O quê?!
— Lei do retorno Demi, três vezes mais, eu preciso cumprir...
— Se você falar mais uma vez em lei do retorno eu te mato! — gritou descontrolada.
Comeram em silêncio. Joseph retirou a mesa enquanto ela permanecia sentada. Lavou os pratos sem ser necessário pedir.
A raiva dela foi diminuindo. Estava saindo da mesa quando ele falou.
— Eu aceito.
Ela a princípio, não entendeu o que ele queria dizer. Mas logo o rapaz esclareceu.
— Seus 30 dias, eu aceito.
Reprimindo a alegria, para não deixá-lo perceber que não estava tão segura assim de seu plano, ela retrucou:
— Isso eu já sabia. Você não tem para onde ir, não consegue resistir a meu corpo...
— Vou ignorar esse seu ataque de... Modéstia. O que eu quero dizer é: dou minha palavra que vou ficar esse mês com você independente do que aconteça e não vou voltar atrás.
Ela ficou emocionada, mas tratou de se controlar. Estendeu-lhe a mão direita para fechar o acordo.
— Trinta dias de sexo. Depois cada um segue o seu caminho.
— Não vamos fazer planos.
— Vamos sim. Para que isso dê certo, precisamos colocar regras em nosso acordo. 30 dias e nada mais.
O homem hesitou, mas então para sua decepção, ele lhe estendeu a mão:
— 30 dias.
Joseph apertou a mão da mulher, mas a puxou dando-lhe um beijo apaixonado.
Suspendeu seu corpo. A moça foi depositada sobre a mesa.
— Ainda devo torturar você ou eu já fiz tudo três vezes mais?
— Não sei...
Ele riu diante da óbvia mentira.
— Se você se perdeu na contagem, melhor a gente voltar ao início. O que você acha?
— Eu acho isso muito bom!
— Desconfiei mesmo que não fosse se zangar por eu ter perdido a contagem.
— Eu sou uma pessoa muito compreensiva.
— Agora a pouco estávamos comprovando sua compreensão, por via das dúvidas vou esconder as facas da casa. — ele riu e quando ela ia retrucar a beijou sofregamente. Ela se derreteu em seus braços.
Quando terminou, ele descansou a testa na dela.
— Demi... — ela não respondeu, ainda não tinha condições. — nesse mês não vai haver regras.
— Como? — perguntou confusa.
Joseph a puxou para os seus braços, fazendo com que escorregasse sobre a mesa. Demi terminou sentada em seu colo.
— Eu tenho um pedido a fazer a você.
Carinhoso daquele jeito, ele podia pedir que ela passasse tudo o que possuía para o seu nome que naquele momento lhe daria de bom grado.
— Pede...
— Eu quero que seja um mês sem regras. Sinceridade total. Nenhum assunto é proibido. Posso lhe perguntar qualquer coisa e você a mim. Sem limites. O que acontecer entre a gente, fica aqui.
Ele era louco? Isso era tudo o que ela queria desde o começo. Explorar todas as possibilidades do sexo. Com ele.
— Topo.
— Presta atenção. Só sexo e verdades. Sem envolvimentos, sem sentimentos.
— Fechado.
A reação dele não foi à esperada com a rápida concordância dela. Ele lhe premiou com uma careta de desagrado.
— Que foi?
— Nada.
— Joseph... Você já começou a quebrar a regra da sinceridade.
— Certo. Às vezes me incomodo com a sua frieza perante essa nossa situação.
— Não é melhor assim?
— É. Não ligue para mim não. Eu sou bobo às vezes. — ele a pegou no colo — Outra coisa. A gente dorme junto. Sempre...
E seguiram em direção ao quarto para a primeira noite como parceiros.

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