“... Quem roubou
nossa coragem?
Tudo é dor e toda
dor vem do desejo,
De não sentimos
dor...”
No primeiro
momento Joseph pensou não ter entendido.
— Você... Disse o
quê?
— Sexo. Você e eu
nessa casa por 30 dias. Trepando horrores todos os dias. Só isso.
Por incrível que
pareça naquele momento a coisa que ele se atentou foi:
“Ela está usando
palavreado vulgar. A secretária certinha de seu pai, xingava!!”
Não conseguia
imaginar a moça usando palavrões, ou aquele tipo de palavreado, a mulher era
sempre tão perfeitinha. Era tão absurdo,
que a sensação de estar vivendo um sonho muito louco voltou com força total.
Depois se dando conta da situação, atentou-se a proposta. Como poderia se
chocar com a boca suja de uma mulher depois de uma proposta daquelas?
De todas as
coisas mais insanas que ele ainda esperava vivenciar, ser sequestrado para fins
sexuais não era uma delas, ao menos não por Demetria. Não. Isso era uma
vingança contra seu pai... Na melhor das hipóteses.
“Mas calma aí,
aquela mesma boca estivera devorando ele deliciosamente momentos antes.”
Ela não ia ter
coragem de fazer todas aquelas coisas que lhe fez por vingança.
— Quer que eu
repita?
Joseph quase
disse que sim, mas então percebeu que ela falava da proposta.
Ótimo. Loucura
era contagioso.
— Demetria. —
falou, mas sem alterar o tom de voz — Eu não vou colaborar com suas sandices.
Não conseguiu
enganar a nenhum dos dois:
— Sei. — a moça
olhou com as sobrancelhas erguidas, numa expressão cômica e maliciosa para uma
parte da anatomia do rapaz que estava estragando sua tentativa de parecer indiferente
e desinteressado, mostrando exatamente o que achava da proposta.
— Ele não decide
nada... — Tratou de informar emburrado.
— Com você
algemado? — ela soltou uma gargalhada.
Uma que o deixou
ainda mais excitado. Ele nem conseguia determinar se aquilo era um pesadelo ou
um sonho molhado.
— “Ele” decide
tudo. — completou — Eu só preciso da colaboração “dele” para levar meus planos
adiante — O sorriso de satisfação da moça estava criando em sua mente as mais diversas
possibilidades. Ela era definitivamente louca, e ele também. Queria muito ceder
à proposta. Sexo. Com uma mulher sensual. Por trinta dias. Simples.
Fisiológico. Como a reação do seu corpo. Era só simplificar as coisas assim.
— Você não pode
me obrigar...
— Não preciso...
Não preciso obrigar você a nada. Eu nem sabia que seria tão fácil... Tinha uns
planos bem doidos na cabeça... Mas agora, você é meu e só meu! Meu, meu, meu...
A mulher começou
a fazer uma dancinha da vitória, meio trôpega. Ainda estava sob efeito do
álcool. Joseph quase esquecera de seu estado de embriaguez.
Ele entendeu que
precisava dar um jeito de escapar, começou a se contorcer e forçar as algemas.
Ignorou as fisgadas de dor em seus pulsos. Lutou por instantes diante da figura
impassível da mulher, que tinha interrompido a dança e o olhava. Não dava para
soltar. Até mesmo a cabeceira da cama era de madeira maciça. Ela havia pensado
em tudo.
Algum tempo
depois ele parou. Com a respiração ofegante.
Os pulsos
esfolados. Inútil. Estava mesmo a mercê de uma doida.
— O que você vai
fazer? — perguntou aborrecido.
— Te deixar preso
até você virar um empolgado colaborador...
— E se eu não
colaborar?
— Você vai. “Joe
Jr.” já é um feliz colaborador.
E numa atitude
infantil, a mulher lhe mostrou a língua. Depois disso ele precisou fechar os
olhos. Você sabe que é um homem condenado quando sua sequestradora coloca apelido
em seu pênis e ele responde com entusiasmo a isso.
Frieza. Precisava
de todo o controle agora. Era um homem adulto que sabia lidar com as situações
mais improváveis...
Qual foi a vez em
que conseguiu algo que queria? Nenhuma que pudesse lembrar. A vida gostava de
brincar com ele.
Contou de 1 até
10... 20... 30.
A despeito de
toda a sua boa vontade, abriu os olhos e logo se viu possuído por uma raiva
insana...
Gritou, xingou,
se contorceu no leito.
Demetria
simplesmente foi embora e o deixou ali. Os pulsos esfolados, nem mesmo teve a
decência de cobrir seu corpo nu. Joseph não sabia de quem tinha mais raiva,
dele mesmo, ou dela. Depois de algum tempo, percebeu que era inútil sua
atitude. Tentou um exercício que aprendera na faculdade para voltar a
serenidade.
Demetria não
tardou a retornar.
— Ah, que ótimo!
Você está mais calmo, perfeito. E então, pensou em minha proposta?
— Eu topo.
Ela riu.
— Eu não sou
idiota, Joseph, vai precisar de mais que isso para ganhar minha confiança, mas
você pode tentar...
— O quê?! Eu
topei. — reclamou impaciente.
— Sei. Agora eu
te solto e você me estrangula. Não pretendo morrer sem gozar desses trinta dias
plenamente.
Paciência. Só um
pouco de paciência.
— Que tipo de
mulher sequestra um homem para ter sexo?
A pergunta mexeu
com ela visivelmente, sua expressão envergonhada o fez sentir compaixão de sua
sequestradora, mas ela logo se recuperou.
— Uma mulher que
aprendeu uma verdade muito simples: os homens só servem para uma coisa. A gente
até tenta pensar que eles têm função multiuso, mas por fim, é só isso.
Amargura. Tanta
amargura em sua voz que Joseph entendeu que estava diante de uma mulher que foi
muito machucada.
— Por que eu?
— Não sei, acho
que era o que estava à mão... Sozinho, abandonado... Todo mundo vai pensar que
você pegou a estrada. Percebe que ninguém vai te procurar? Está vendo o que dá manter
a família completamente fora de sua vida? Bem, vamos brincar um pouco? Estou
cheia de ideias...
A sequestradora
fazia questão de a todo instante demonstrar o seu poder. Joseph foi torturado
por horas a fio. A mais doce e sensual tortura. Ela o provocava até que
perdesse por completo a razão. Deixava-o no limite do prazer, para depois recuar.
Suas queixas, seus gritos, suas ameaças. Nada a comovia.
Como nunca
percebera que estava diante de uma pessoa mentalmente instável?
Estava diante de
uma estranha que conhecia há dezoito anos. A cada intervalo entre as torturas,
Joseph ficava revivendo as histórias que ouvira sobre psicopatas simpáticos que
ajudava idosos a atravessar a rua, carregar o lixo e as compras, enquanto eram
os mais cruéis assassinos que escondia cadáveres no freezer de casa.
— Mais calmo?
Não percebeu que
havia retornado até vê-la ao seu lado. Decidido a dessa vez não cair na
provocação, ele se calou.
— Ótimo. Quero
brincar mais um pouco. Vai ser um bom moço e me deixar te beijar?
A resposta do
refém foi um olhar furioso. Era difícil não perder a calma com aquela criatura.
— É... Melhor eu
passar longe desses dentes. — Sentenciou, fazendo uma careta engraçada.
O comentário
quase o fez rir. Como podia está vendo humor naquilo?
— O que você vai
fazer agora? — perguntou numa tentativa de manter a pose de seriedade.
A mulher subiu na
cama e abaixou-se sobre sua pobre vítima, sentando na virilha do sujeito,
deixando bem óbvias as suas intenções, ainda assim foi a resposta mexeu
intimamente com ele:
— Abusar um pouco
de você...
A guerra de
vontades recomeçou. A secretária de Carlos não mediu esforços ou palavras para
subjugá-lo. Suas mãos e boca pareciam encontrar exatamente seus pontos mais sensíveis. E como era de se
esperar, ele sucumbiu. Gritou, implorou, gemeu rendido, seu esforço para se
soltar estava destruindo a pele de seu pulso. Nem teve coragem de encará-la
quando ela se deu por satisfeita.
Mais tarde, a
moça limpou as feridas provocadas pelas algemas, mas nem mesmo nessa hora se
mostrou comovida:
— Isso é culpa
sua. Se fosse um menino comportado e obediente nada disso estaria acontecendo.
— Você é uma
bruxa!
Foi um mero
comentário cansado, já que os insultos não surtiam o menor efeito.
— E você não
adora isso?
E o rapaz ainda
recebeu um beijo na bochecha de brinde!
Era quente e
suave. Bom, apesar do desconforto que o impedia de se mexer. Espirais de prazer
atravessavam sua pele, logo, Joseph acompanhava os movimentos que outro corpo impunha
ao seu. Mágico.
Abriu os olhos e
lá estava ela. Encaixada nele. Por completo. Em meio à estranheza da situação,
Joseph não pôde deixar de notar o quanto ela era linda. Selvagemente linda.
Sempre que a encontrava, pensava na suavidade de sua beleza. Agora sabia que
era cego... Não havia suavidade ali. Havia fogo!
Seus olhares se
encontraram. Estava cansado, o cochilo involuntário era prova disso. Seu corpo estava
cansado e submisso, mas necessitava dela.
“Só dessa vez.”
Fechou os olhos e
se entregou. A moça paralisou-se. Joseph abriu os
olhos, confuso.
— Quer que eu
pare? — ela perguntou.
— O quê?
— Quer que eu
pare? Quer que eu saia e vá embora? — Demi insistiu com firmeza.
Louca. Ele estava
ali cedendo aos caprichos dela... E ela agia daquele jeito! Travou o maxilar
entendendo que era hora de tomar uma atitude. Nem que fosse simplesmente a não reação. Sua resolução
durou apenas até a mulher voltar a se mexer levemente.
— Paro?!
Havia muito mais
em jogo que apenas a interrupção do ato sexual. A rendição dele, ambos sabiam.
Demetria queria saborear o momento. Joseph ainda pensou em lutar, mas estaria apenas
adiando o que já estava por acontecer. Era primitivo, denso. Seu corpo
desejava. Era inteligente, pois só com aquela rendição conseguiria, talvez, uma
chance de lhe conquistar a confiança.
Parecendo
entender seu dilema, ela imobilizou-se outra vez, antes de num impulso acelerar
os movimentos.
— Quer. Que. Eu.
Pare?
Dessa vez ela
falou pausadamente.
— Não! — ele
gemeu vencido.
A vitória se
espelhou no rosto feminino.
— Eu não iria
parar mesmo. — informou rindo.
A vitória por
hora era sua. Só por hora.
Foi a experiência
de sua vida. Deixou que os sentimentos de frustração, desejo, raiva, tudo
extrapolassem no ato. Não se beijaram, mas ele sentiu a necessidade de seu
toque. Era uma loucura, mas já que estava cedendo, queria tudo. O problema é
que pedir estava fora do seu alcance. Ela estava fora do seu alcance.
Rápido e intenso.
Quando Demetria caiu exausta sobre seu peito, ele sentiu o impulso de abraçá-la.
Tolice. Pela primeira vez ficou feliz por estar preso. Ofegante. Tentava conter
a euforia do pós-orgasmo. Era perfeito. Há anos não se sentia assim. Ou talvez
nunca tivesse sentido.
Logo a mulher
arrastou-se para fora da cama e virou-se para olhar o rapaz. Este, com a respiração
descompassada, olhava para o teto para não encarar os acontecimentos. Tinha se rendido.
Demetria pegou um
lençol e o cobriu. Joseph não esboçou reação. A mulher
afastou-se da cama indo à porta. Lá hesitou. Fazer isso
significava mesmo o quê? A resposta não tardou: “Seguir com o plano.”
Olhou para ele,
era para estar rendido, mas não estava. Um quê de
rebeldia ainda se preservava em sua postura. Ele não aceitava que o comando era
seu. Precisava de mais uma lição. Ela teria coragem de seguir com o plano? Sim, decidiu-se
apertando o maldito botão ao lado da porta.
Joseph escutou a
porta fechar e reprimiu a vontade de pedir que ela ficasse. Já tinha se humilhado
bastante. Talvez fosse hora de descansar. Recuperar as forças da melhor maneira
possível. Na situação atual, tudo dependia dela.
Na primeira meia
hora nada aconteceu. Ficou tão silencioso que ele acabou dormindo.
Foi exatamente o
disparar da sirene que o despertou. Por mais ou menos cinco minutos, aquele troço
dos infernos tocou incessantemente ao lado de seu travesseiro. Parou. Voltou a
tocar trinta minutos depois. Foi exatamente
assim ao longo do dia. Nesse período ele tentou sofregamente se soltar.
Queria dormir e
não conseguia. Queria destruir
aquele troço barulhento dos infernos. Queria matar a sequestradora. A fome e a
sede eram cada vez mais intensas. Incômodas.
A mulher havia
sumido. Será que fora embora? Iria deixá-lo ali por quanto tempo?
No começo da
noite ela voltou. Estava com cara de quem repousou por horas.
— Estou te
chamando há horas. — o refém reclamou.
— Para? —
perguntou a mulher sem se abalar.
— Para?! Esse
maldito alarme não parou de tocar o dia inteiro.
— Eu sei. Isso é
apenas para você entender que depende de mim. Seu conforto depende de mim.
— Que porra
afinal você quer fazer comigo? Matar-me?
— Ah, Joseph, só
se for de prazer. Tudo o que eu quero é o seu prazer.
Ele a olhou como
se fosse esganá-la.
— O que nessas
táticas de tortura têm a ver com o meu prazer?
A mulher maldita
ousou sorrir.
— Ok. Eu
confesso. Tem mais a ver com o meu prazer que o seu, mas ainda assim, você terá
o seu... Em algum momento... Eu prometo.
Ele virou o rosto
para a parede.
— Só me diz o que
você quer que faça para me libertar.
— Certo, agora
estamos nos entendendo. — disse, desligando o alarme pouco antes de se acomodar
na cama. — Você quer dormir. Tudo bem, eu posso deixar você dormir. E também
vou soltar suas pernas. E deixarei que você vá ao banheiro.
Nada na vida era
de graça. Principalmente naquela situação.
— O que você quer
em troca?
— Nada demais.
Você vai se alimentar sem reclamar. Também não vai tentar se soltar. — disse
tocando seus pulsos machucados pelas tentativas de fuga. — E principalmente,
não vai dar trabalho para eu por as algemas novas. Com elas vai poder andar
pelo quarto.
— Tudo bem. — ele
foi muito rápido em concordar.
— Calma... Eu
ainda não terminei. Se você tentar alguma coisa, vai ser castigado... Você já
experimentou o quanto eu posso ser maldosa. Não me desafie.
Joseph podia
estar cansado, mas o “Joe Jr.” não tinha tomado consciência disso. Ele parecia
muito interessado no tipo de castigo que receberia. A mulher fingiu não notar o
ocorrido e prosseguiu:
— Estamos longe
da civilização. Não há jeito de sair daqui, a não ser de helicóptero num dia
com o clima bom. A trilha é arriscada para quem não conhece, sem falar nos
animais. Temos provisões para muito mais que um mês, incluindo combustível para
o gerador. Então não seja estúpido! Não há como pedir socorro em caso de
acidente.
— Isso é tudo? —
ele perguntou impaciente, parecia uma criança emburrada.
— Por hora.
Não foi como ele
esperava. Antes mesmo de lhe soltar as antigas algemas Demetria prendeu as
novas, elas tinham correntes.
Só então removeu
as antigas.
— Antes que você
pense bobagens, se tentar me matar vai morrer de fome. Não teremos companhia
por um mês.
Mal terminou de falar,
Demetria sentiu as correntes apertarem suavemente o seu pescoço. Joseph se
moveu mais rápido do que pensara ser capaz. O corpo reclamou, mas nem se
importou, estava em vantagem pela primeira vez.
— Me solta.
Agora. — Joseph ordenou num tom ameaçador.
A moça não se
moveu. Olhava para ele sem demonstrar o mínimo medo.
— Isto é uma
estupidez, por que eu não vou te soltar. Você me estrangula e vai acabar morrendo
de fome aqui e tendo que aturar meu cadáver fétido nesse período. Claro, que
pode tentar me comer para sobreviver, mas eu acho que há maneiras mais
agradáveis de fazer isso...
Joseph não se
intimidou:
— Eu acho que
você não está entendendo, eu vou te machucar se você não me soltar.
— Quem não está
entendo é você. Eu não tenho medo de ser machucada. Na verdade estou pronta
para aceitar isso como uma das consequências.
— Demi...
O refém estreitou
ainda mais o aperto das correntes.
— Faça o que tem
de fazer...
Ficaram se
encarando em desafio. Ele não afrouxava o aperto, ao contrário. Com a pressão
na garganta, o rosto de Demi ficava num terrível tom vermelho, mas ela não
cedeu um milímetro. Estava em seus olhos, não ia ceder. A guerra de vontades
durou mais alguns instantes. Por fim ele retirou as correntes.
A mulher caiu
sobre a cama buscando o ar.
— Você é louca.
— Nunca...
Esqueça... Eu estou disposta a morrer.
Levou algum tempo
para reagir às novas informações. E descobrir como agir. Por fim, tentou
movimentar o corpo, fez uma careta de dor.
— Ficar na
posição que você ficou por quase 24 horas e ainda fazendo os movimentos que
fez, principalmente com os quadris, tinha que causar algum dano. — sentenciou
irônica.
A mulher
escorregou da cama com os pés ainda pouco firmes, abriu a gaveta do criado mudo,
tirou de lá uma cartela de analgésicos e lhe ofereceu água que estava também
numa jarra sobre o móvel. O olhar do seu colega de trabalho foi fulminante, mas
ele tomou o remédio sem reclamar. Bebeu a água com fervor.
De todas as
privações que havia sofrido, a água fora a mais penosa.
— Mais.
Pediu sem orgulho
algum. Só queria se saciar.
Vislumbrou algo
de pena no olhar da sequestradora, mas não teceu comentário. Quando desceu da
cama, foi com cautela. As pernas
reclamaram, assim como as costas. Quando não conseguiu se firmar sobre as
pernas, Demi correu e o amparou, não resistiu, mas também não a ajudou. Tinha
parado de brigar, aceitando a derrota. Por hora.
— Eu te ajudo no
banho. — ela se ofereceu.
— Eu posso tomar
banho sozinho. — falou pouco antes de tentar dar o primeiro passo e as pernas
falharem.
— Vamos fazer uma
trégua, tá bom? Meia horinha. Você usa o banheiro, depois entro e preparo a
banheira. As últimas horas foram difíceis para você.
“Culpa de quem?!”
Joseph parou.
Olhou nos olhos da sequestradora por um instante. Ela estava vestida em outra
camisola curta. Ele nu.
Diante de olhos
alheios, eles seriam um casal em um momento de intimidade, se não fossem pelas
correntes. Sua própria nudez já não o incomodava, uma vez que o desconforto físico
era pior, mas de algum modo percebeu que ela evitou olhar para baixo quando o amparou.
Como ela podia agir assim depois de tudo que fez?
“Não tente
entender uma louca, ou vai sair daqui direto para um hospício.”
Sua privacidade
foi garantida. Com um prazer quase sensual, esvaziou a bexiga. Depois se sentou
e começou a analisar as possibilidades.
As correntes eram
finas e leves, mas incrivelmente resistentes. Apenas os punhos estavam presos.
Estavam presas a uma espécie de gancho enterrado no piso num local estratégico
do quarto. Longas o suficiente para chegar até o banheiro, mas não para
caminhar livremente por todo o quarto amplo.
O banheiro também
era simples. No armário apenas material de higiene pessoal. Uma banheira antiga
num canto. A pia e a privada. Toalhas limpas penduradas. Pegou uma e
enrolou-se. Depois de
examinar o ambiente, ele se sentou e se deteve examinado o fecho das novas algemas
com atenção. Um sorriso presunçoso cobriu-lhe a face. A vida era cheia de
surpresas, logo a sequestradora saberia disso.
Muito calmamente,
colocou a banheira para encher.
— Demi. — chamou
tratando de manter a expressão severa no rosto. Percebeu alguma malícia nos
olhos da mulher ao avistá-lo enrolado na toalha. Era como se o chamasse de hipócrita
silenciosamente. — Não achei xampu ou sabonete.
Desconfiada, ela
se ofereceu.
— Pode deixar. Eu
preparo seu banho.
Joseph esperou
pacientemente e entrou na banheira sem problemas. Apenas gemeu de contentamento
com a água quente. Seu corpo estava absurdamente dolorido. Encostou-se e fechou
os olhos. Precisaria recuperar-se o quanto antes. Repousar quando
tivesse oportunidade. Infelizmente sua
carcereira tinha outros planos. Entrou na banheira e sentou levemente sobre os
joelhos dele. O rapaz se mostrou contrariado.
— Demetria, eu
realmente acho melhor...
Mas ela o
interrompeu.
— Vai precisar de
uma massagem para facilitar a circulação. Ficou muito tempo preso.
— E colocou-se de
costas para ele, ainda agachada sobre suas pernas.
A massagem
começou em seus pés. Avançou pelas pernas, flexionando bem os músculos.
Ocasionalmente um gemido escapava. Ela tinha mãos incríveis, uma boca
incrível... E todo o resto. A tensão aumentava à medida que o corpo feminino se
aproximava de sua virilha. Seus movimentos ao fazer a massagem, ora afastava,
ora aproximava o contato, sem na verdade deixá-lo acontecer. A tortura
prosseguiu por mais alguns segundos, antes que ele de repente passasse um braço
em volta da sua cintura, pressionando os corpos um contra o outro. A água
derramou da banheira quando ele se ajoelhou atrás dela, ainda sem soltá-la.
Escorregando, ela
teria batido o queixo na borda se ele não estivesse segurando-a firmemente. Para evitar
acidentes ela apoiou as duas mãos automaticamente na borda da banheira.
“Que resistência
a desse homem!” Seu último
pensamento antes de ser possuída num único impulso. A agressividade
dele não a assustou. Ao contrário, ela foi bem receptiva a seu ataque.
Gemeu longamente.
— Se eu não sair
daqui... Vou ficar tão louco... Quanto... Você!
Aquela voz
entrecortada não era sua, Joseph não falava assim.
— Enlouquecer
pode... Não ser... Tão ruim!
Não falaram mais.
As correntes batiam nas peles, tanto das pernas quanto dos braços, barriga. Ela também o
buscava, suas mãos tateavam o que podia do corpo atrás de si. A confusão os
impulsionavam, entre as espumas, as correntes e o mármore da banheira, numa massa
de gemidos e suspiros enlouquecidos.
O orgasmo dela
veio primeiro. Quente, poderoso. A moça quase desfaleceu, perdendo a força que
sustentava o corpo contra a borda.
— Não! — ele
falou com urgência ao vê-la escorregar e a sustentou. Intensificando seus
impulsos até que também alcançou o clímax, descansando o corpo contra o dela
por uns instantes.
Quando se
recuperou minimamente, tratou de elucidar os fatos:
— Não pense que
isso significa que eu aceitei sua proposta louca. Tudo o que quero é minha
liberdade. — falou buscando se afastar do corpo inerte sob o seu.
A mulher apenas retrucou:
— Eu sei. Não foi
agora que você aceitou minha proposta. Foi mais cedo, quando disse para eu não
parar. — beijou suavemente o braço que ainda a envolvia. Joseph estremeceu e
ela prosseguiu — Naquele momento começou a contagem regressiva de trinta dias.
Você também sabe disso, mas não quer dar o braço a torcer. Em sua teimosia vai
tentar resistir até o último momento. E ainda depois. Mas tanto eu quanto você
sabemos a verdade. Quer esses trinta dias tanto quanto eu... Mal pode esperar
por eles... Não finja. Não fuja disso. Se existe uma coisa que você não pode
fazer aqui é fugir. Ou se esconder.
— Isso é o que
você diz. — replicou ele afastando-se, mas não foi longe — por que você está
fazendo isso?
Ela virou-se para
ele antes de responder. Fugindo do seu olhar.
— Porque eu
cansei. Cansei de ser uma boa moça. Cansei de não lutar pelo o que eu quero. E
eu quero você. Sem mais um minuto de espera. Eu cheguei a um ponto de minha
vida, que nada mais vale a pena. Eu só queria por um fim em tudo. Isso deveria
ser algo simples, mas não é. O dia insiste em amanhecer e invadir meu quarto. E
eu tenho que levantar... Seguir com uma vida que eu odeio.
A voz embargada.
O desespero mostrado enquanto ela tentava arrumar os cabelos em busca de alguma
dignidade com gestos precisos e nervosos. A dor em seus comentários. Sentimentos
tão intensos estampados ali que Joseph não conseguiu conter o sentimento de que
precisava protegê-la. Queria colocá-la em seu colo. Cuidar dela, de suas
dores... No fim, estava diante de uma mulher perdida. Não uma bruxa, não uma
delinquente. Apenas uma mulher perdida.
— Talvez eu
devesse trocar as cortinas... Umas mais grossas não deixaria o sol entrar. — a
mulher tentou ironizar, mas era tarde demais, ele tinha vislumbrado a
verdadeira Demetria e ficado assustado com isso. Contra ela não poderia fazer
mal.
O pós-banho foi
estranho. Joseph saiu primeiro da banheira, maldizendo as correntes que
limitavam seus movimentos. Deixando a amante para trás, ainda anestesiada pela
dor e pelo prazer. Pegou uma toalha enxugando-se com movimentos vigorosos.
No quarto abriu o
guarda-roupa. Estava vazio.
— Que inferno!
A mulher saia do
banheiro naquele instante e diante de sua raiva correu para um canto. Exatamente
o canto onde ele não poderia alcançá-la. Quem foi que disse mesmo que não tinha
medo dele? Gostando dessa
nova situação, Joseph se vestiu da postura mais intimidante que conseguiu
arranjar.
— Onde tem
roupas?
— Bem... O que
você veio fazer aqui, não tem a necessidade do uso de roupas, então eu não
trouxe. — falou baixo, mas ele compreendeu cada palavra. Aquela sim era a
Demetria que conhecia.
— Você o quê?! —
ele gritou furioso. Bateu a porta do móvel. Ela se encolheu.
Uma onda de
prazer o inundou. Talvez houvesse chegado o momento de ensinar uma coisa ou duas
àquela doidinha. Podia até ser
noite, mas para Joseph o dia apenas nascia com o sol dourado brilhando em sua
janela pela primeira vez. O sol dourado da vingança.
Post logo
ResponderExcluirai socorro estou apaixonada, estou viciada fjsydtj posta logo, e eu comprei a culpa é das estrelas apos ler a adaptação qie você fez fiquei completamente apaixonada, na verdade estou apaixonada por Jonh Green..
ResponderExcluirbjas
To adorando essa nova fic.
ResponderExcluirPoste logo!! Bjs
Ja tou entendo a fic
ResponderExcluirtou a amar
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