sábado, 19 de outubro de 2013

Capítulo 14 - BLÁ, BLÁ, BLÁ

“Reconheço que ela me deixa inseguro
Sou louco por ela e não sei o que falar
O que eu quero é que ela quebre a minha rotina
Que fique comigo e deseje me amar...”

Quando acordou, Demetria estava parada diante da cama. Ficou excitado diante da possibilidade de sexo matinal. Mas a moça preferiu café da manhã. Talvez fosse cansaço depois da noite de intensas emoções.
Comeram a refeição numa amistosa cumplicidade. Conversaram sobre varias besteiras. Ela ignorou cada uma de suas insinuações sobre sexo e sobre a noite anterior. Lavou os pratos recusando sua ajuda. Depois pegou um bendito livro, no qual leu até ir preparar o almoço. Conversaram mais um pouco. E dessa vez ele não se animou a fazer qualquer brincadeira.
Esperaria ela tomar uma atitude, afinal era Demi, a sua ninfomaníaca pessoal. Com certeza ela não aguentaria ficar mais duas horas sem sexo. Despediu-se dela e foi para o quarto. Deitou-se nu, esperando ela chegar e atacá-lo. Pensava no que ela faria quando entrasse e o visse pronto. Podia imaginá-la engolindo em seco, antes de se jogar na cama. Imaginou-se atacando os seios, brincando com o seu umbigo, mordiscando seu ventre. Sua imaginação voou alto...
Três horas depois ao acordar, encontrou-a no jardim lendo o maldito livro.
— Amor no Ninho? Que livro é esse?
— É de uma autora nova, a Maribell Azevedo. Simplesmente lindo. Estou louca para saber o que vai acontecer.
E voltou a atenção ao livro.
Calma aí, ela estava trocando sexo por um livro? Quem era aquela criatura e o que fizera com a sua Demetria? Joseph continuou andando pela casa sem saber o que fazer. Depois encarou o frio com suas roupas leves, indo explorar os arredores. Preso naquele lugar infernal e sem nada para fazer, passou a maldizer sua sorte.
Bolivatto era um homem essencialmente urbano. Ele só gostava de ver mato pela janela do carro, ou de seu apartamento. Lá da sua cobertura. Estava realmente entediado com a natureza bela e selvagem que os rodeava. Se tivesse um computador com internet estaria trabalhando... Aquele fora o primeiro dia que realmente sentira falta do que fazer. Engraçado como dona Demetria conseguira desligá-lo do mundo. Seu vício pelo trabalho sempre fora um grande problema em suas relações. Nem sabia há quantos dias estavam ali. E até aquela manhã de fato não se importara, nem tinha pensando na sua vida fora daquele lugar.
Tudo o que queria era entender a Srta. Lovato. Estaria ela com medo de algo? Talvez da intensidade da relação dos dois, das coisas que eles sentiam ou faziam quando estavam juntos. Começou a observá-la de longe só para perceber que realmente estava atenta ao livro.
Quando o final do dia chegou, sem saber o que fazer, as dúvidas faziam festa com o seu juízo: será que ele tinha feito algo para ela se zangar? Será que estava machucada e não tinha contado? Por que depois daquela noite não era possível que ela não estivesse afim. Ele mesmo estava aceso.
Tentou assistir um DVD, escutar um velho radio a pilha, ler um livro. Mas como podia se concentrar de tão excitado? E quanto mais era ignorado, mais a queria. O dia estava escurecendo quando a viu seguir para o banheiro. Joseph prometeu a si mesmo que não iria atrás dela. Cumpriu a promessa por exatos 3 minutos. Imagens de Demi na banheira invadiram sua mente. Seus olhos dourados o devorando!
Chegou ao banheiro completamente nu. Demetria estava nua sob o chuveiro. Realmente havia algo diferente, ela não adorava tomar banho de banheira?
— Posso entrar? — perguntou receoso.
Demi, que estava de costas, não se virou completamente.
— Claro. — e voltou para seu banho.
Por essa ele não esperava. Ela não o queria mais? Então ia mostrar o que ela estava perdendo... Já chegou encostando completamente seu corpo no dela. A moça gemeu e ele sorriu contra seu pescoço.
— Hoje você deixou o pobre do Joe Jr. carente o dia todo.
— Que maldade a minha...
— Acho que ele ia ficar muito feliz se você lhe desse um pouco de atenção. — pressionou o corpo feminino contra a parede de azulejo.
— Talvez eu possa fazer algo. — disse virando-se para ficar frente a frente com ele.
Joseph tomou-lhe a boca com voracidade. Com gestos desesperados, ajudou que enlaçasse as pernas femininas em seus quadris. Depois ainda prendendo-a contra a parede pôs a mão entre os dois corpos para acariciá-la intimamente. Ficou extremamente satisfeito com a reação de puro deleite da moça. A mulher estava úmida e quente, pronta. Estocou rápido e furiosamente, como se houvesse se passado dias sem tê-la e não apenas horas. Nem mesmo quando o clímax chegou ele parou. Queria mais, muito mais daquela mulher. Demetria por fim fez menção de desprender as pernas, mas ele as segurou firmemente.
— Ainda não.
Ela riu do seu rosnado.
— Mas eu quero cumprimentar o Joe Jr.
Ele se pôs ainda mais excitado em menos de um segundo.
— Daqui a pouco eu deixo vocês dois baterem um papo. Agora Joe Jr. está conversando com a Demizinha, deixa as crianças se entenderem.
Deu um impulso forte para “iniciar a conversar entre as crianças”, fazendo a cabeça de Demi bater contra parede. Envolvidos no prazer, ele não percebeu, ela não se importou.
A água continuou a cair sobre eles. Os corações descompassados foram se acalmando aos poucos após o segundo clímax. Joseph a abraçava como se não fosse soltá-la mais. Algum tempo depois ele permitiu que as pernas dela o desprendessem. Pegando sua cabeça com uma rudeza estranhamente suave, mas potencialmente masculina, colocou a mulher sob a água. Começou a massagear seu couro cabeludo, o que a deixou ainda mais mole.
Não demorou muito a moça sentiu o cheiro de xampu de morango. Joseph estava lavando os cabelos dela! E fazia isso com muita concentração. Terminaram o banho com o rapaz já pensando na noite que teriam pela frente. Dona Demetria, entretanto, tinha outros planos. Planos estes que incluíam o livro e não ele. Deitou-se diante da lareira com uma taça de vinho, usando uma camisa masculina de botão na frente “e possivelmente nada por baixo”, pegou o livro e esqueceu-se dele, do banheiro e da promessa de “conversar” com o Joe Jr.
— Demi?
— Hum?
— Acabou o jogo?
— Que jogo? — ela perguntou mais concentrada no livro que nele.
— “Só para o seu prazer”.
— Hum... Vamos deixar para outro dia. Que tal? Assim você descansa um pouco.
— MAS EU NÃO ESTOU CANSADO!
Em seus próprios ouvidos aquilo soou como birra, mas a mulher aparentemente não o ouviu. Como era possível? Outro dia? Outro dia?! Ele não estava cansado. Saiu da sala pisando duro, e para seu desespero e raiva, a moça nem percebeu.
Foi à cozinha. Preparou uma carne que era a sua especialidade. Esperou que o cheiro a chamasse, mas ela continuou com a droga do livro enfiado no nariz.
— Demi, vamos comer?
— Já vou.
Dez minutos depois.
— Demi. Está esfriando.
— Já estou indo.
Mais dez minutos.
— Demi, você pode largar a porra desse livro e vir comer? — ele gritou, mas parou diante do olhar assustado da moça — Eu estou com fome. — informou suavizando a voz.
— Faz assim, vai comendo que eu estou chegando.
A paciência do homem foi para o quinto dos infernos. Agarrou o livro da mão da moça e o jogou longe.
— Porra eu estou aqui! — reclamou preparando-se para a briga.
Demetria apenas o olhou com altiva fúria, depois se afastou e foi apanhar o livro, fechou, colocou sobre o sofá e seguiu em direção a cozinha, sem falar uma única palavra. Nessa hora Joseph se sentiu como uma criança extremamente mimada cuja mãe acabou de dar uma lição.
Jantaram em silêncio por algum tempo.
— Desculpe. — ele pediu fazendo sua melhor cara de cachorro abandonado.
— Tudo bem.
— Não, eu fui um grosso...
— Joseph, lido com seu pai há anos, sei como é um Bolivatto quando não tem o que quer. Fazem birra que nem criança.
— Eu não sou o meu pai. — falou como sempre muito sério.
— Eu jamais confundiria você com seu pai. Porém, vamos falar sério, um Bolivatto é sempre um Bolivatto. E isso não é um elogio. — levantou-se da mesa e saiu.
Naquela noite ela trancou a porta do quarto para ele.
Apenas no meio da manhã seguinte ele encontrou oportunidade para se desculpar. Não foi algo fácil. Demetria simplesmente o ignorava. Se antes era por que estava concentrada no livro, agora o fazia propositalmente e nem disfarçava. Ela tinha voltado para a lareira. Visivelmente ainda furiosa com a grosseria. Querendo se desculpar, Joseph deitou-se ao seu lado, beijou-lhe o ombro.
— Desculpe. Não faço mais...
Ela não respondeu. Nem mesmo olhou para ele.
— Escuta. — falou próximo ao seu ouvido e a sentiu estremecer. Nem tudo estava perdido — Eu sou um imbecil mimado. Ontem acordei sonhando em ter você... E quando você ficou o dia todo com a cara enfiada nesse livro eu fiquei frustrado.
— E por que você não me falou isso antes?
— Porque sou um imbecil mimado que pensa que todo mundo tem que adivinhar minhas vontades. — beijou-lhe o pescoço.
A moça estremeceu outra vez e fechou os olhos. É claro que ele aproveitou. Pegando o livro de suas mãos, com delicadeza nesta oportunidade, marcou a página dobrando a ponta antes de colocá-lo de lado. Inclinando-se, tomou-lhe os lábios. Num beijo suave. Quando se afastou percebeu em seu olhar que ela esperava que ele tomasse conta da situação. Bem, não se fez de rogado. Virou o corpo feminino para que deitasse de costas. A seguir foi abrindo lentamente os botões da camisa que ela ainda usava. Como desconfiava: nua.
O Bolivatto enterrou o rosto nos cabelos da Srta. Lovato. Apertou sua cintura puxando-a para si. Depois daquela manhã, tinha certeza, dona Demetria não voltaria a olhar para aquele livro maldito...
Demi acordou na madrugada seguinte. Estava moída. Desceu da cama sentido os excessos do dia anterior. E o pior querendo mais. Ignorar Joseph não era uma tarefa fácil, mas precisara colocar seus sentimentos em ordem. Estava de fato amedrontada com o efeito daquele homem na sua vida. Como seriam as coisas quando tudo acabasse?
Encheu a banheira e entrou na água quente.
— Maldade sua não me acordar para o banho...
Ai, senhor, ela ia precisar de forças...
Joseph nunca quis tanto queimar um livro. Afinal o que havia de tão especial naquela coisa para Demetria não largar dele? Ela estava há dois dias concentrada naquela porcaria. Seu único consolo era que já estava acabando. Ele fora sequestrado para ser escravo sexual e não para ficar sem fazer nada.
— Lindo! — exclamou ao terminar a leitura.
— O que tem de tão especial neste livro?
— Uma dessas histórias de amor que deixa a gente boba e sonhadora. Pena que não exista na vida real.
Com isso deixou o livro sobre a mesa e foi olhar pela janela. Pensamento longe. Joseph se aproximou sem saber o que dizer.
— Acho que amanhã vou começar a ler Entre a Nobreza e o Crime, estou precisando de uma coisa mais dark. Dizem que o mafioso, que é o protagonista desse livro é o sonho de consumo erótico de qualquer mulher. A Beth me emprestou e o livro está todo marcado nas partes mais... Intensas.
Conhecendo a mente distorcida de sua irmã, ele não gostou nem um pouco do rumo daquela conversa. O único homem que deveria povoar os sonhos de Demetria era um bem real: ele.
Por curiosidade foi até a estante buscar o livro que tinha várias etiquetas coloridas de marcação de paginas. Grande e grosso.
— De jeito algum, isso vai voar sobre o penhasco ainda hoje!
Só por curiosidade, abriu uma das páginas marcadas... E seu desejo de jogar o livro fora acabou ali. De fato, o mafioso era bem criativo. Quem poderia imaginar usar um revolver daquele jeito? Ia guardá-lo para algum momento futuro. Bem guardado.
À noite quando terminou o jantar ele foi para o quarto dormir. Era a vez dele de se fazer de difícil. Demetria entrou no quarto e parou diante do closet. Pegou uma camisolinha azul-mamãe-nunca-fui-santa e foi para o banheiro. De lá de dentro perguntou:
— Joseph, você viu o meu xampu de morangos?
Em pouco tempo estava no chão do banheiro sendo estocada furiosamente. Acordou no dia seguinte, sentindo-se cansada. Nem conseguia mexer os braços. Abriu os olhos e percebeu que estava algemada a cama. De novo.
— Joseph...
— Demetria, me trocar por um livro foi uma coisa muito feia. Você tem certas responsabilidades, afinal me sequestrou para fins sexuais. Por isso, acho que o lance do “Só para o seu prazer” agora é para mim, não?

~*~

Comentem <3 (:

2 comentários:

  1. Eiiiita, kkkkk Joe na vontade, posta logo to adorando kkkk

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  2. sempre perfeito, a abstinencia do Joe melhor parte fjnfjd
    desculpa não estar comentando tava de castigo, entrava super rapido nao dava para comentar :)

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