“Já não tenho
dedos pra contar
de quantos
barrancos despenquei...”
Dizem que a
experiência faz com que aprendamos a lidar com as situações futuras e inesperadas
da vida. Nenhuma experiência vivida é vã.
Bem, até aquele
momento Joseph nunca tinha pensado muito sobre o assunto, porém passar por
aquilo outra vez se não o fizesse acreditar em carma, nada mais o faria. Quando
saiu do quarto após o almoço, pretendia apenas arrumar rapidamente as coisas na
cozinha e voltar. Queria dormir um pouco, de preferência ao lado daquela
criatura fogosa, que ele desconfiava que tentaria abusar dele, mesmo algemada a
cama e com apenas um braço livre. A perspectiva era admiravelmente tentadora.
Quem diria que
por trás da atitude de santa da senhorita Demetria havia uma adorável pervertida?
Agora que estava no controle da situação previa que se divertiria muito. Quem
poderia imaginar? Fora mesmo sequestrado para fins sexuais.
Lavou os pratos,
começou a guardar tudo. Pegou uma garrafa de vinho, lembrando que a moça
gostava de tomar um pouco de “coragem” antes de partir para o ataque. Ele
pretendia lhe dar tanta “coragem” quanto possível.
Procurava um
saca-rolha nas gavetas sob a pia, quando encontrou aquelas coisas. Sua primeira
reação foi fechar a gaveta e fingir que não vira nada. Estava diante de uma
situação que era melhor não saber demais. Só aproveitar o que era bom. Era um
hábito de sua família usar a primeira gaveta da pia da cozinha para guardar os medicamentos.
Sua avó acreditava que medicamentos tinham que ficar em um local acessível, porém
seguro. Para ela, a cozinha servia por dois motivos: não era lugar de crianças
e era território exclusivamente seu. Seu pai tinha o mesmo hábito. Só que por
causa da Beth, que fora indomável, a gaveta na casa dele possuía chaves.
Criando coragem,
abriu a gaveta e examinou seu conteúdo. Antigripais, antitérmicos, analgésicos...
E aquelas duas pragas. Não havia dúvida alguma agora. Melhor, havia uma: o que
fazer?
Demi procurava
entender o significado das reações de Joseph. Claro, os remédios só o faziam
comprovar o que ele já sabia: ela era louca. Será que ele já não desconfiava
disso? Então por que a confusão toda? Afinal, não deveria estar feliz por ela
buscar ajuda? Por sua loucura não ser assim tão desenfreada? Qualquer ajuda era
melhor que nenhuma ajuda. Mesmo que fosse ajuda química.
“Não Demetria,
homem não vê as coisas desse jeito. Nessa situação homem vê animais no forno e
furador de gelo sob o colchão. Ele até está sendo educado em perguntar e não simplesmente
fugir.”
Joseph percebeu
que sua reação deixara a mulher na defensiva. Mas droga! Ele já conhecia bem
aquele filme e não queria participar de seu enredo. Não outra vez. Agora entendia
a atitude de seu pai com relação à Demetria.
— Demi. — buscou
controlar-se — Eu só quero entender. Ajude-me. Você há de convir que depois de
tudo, eu mereço uma explicação.
Posto dessa
forma, ela não pôde sustentar a postura, desviou o olhar.
— Eu não gosto de
falar sobre isso.
— Você não gosta
de falar de um monte de coisas. Eu respeito isso, mas antidepressivos e
remédios para dormir... Eu não posso lidar com isso. Esses tipos de remédios são
coisas sérias. Significa um tratamento sério, já que essas duas substâncias são
de uso controlado.
Sustentou o olhar
deixando bem claro que não aceitaria seu silêncio como resposta a suas
inquietações. Demetria sabia que sua festa tinha acabado. Homens não gostam de
mulheres problemáticas. Poderia mentir dizendo que os remédios não eram seus,
mas não poderia sustentar a mentira por muito tempo. Precisava deles,
diariamente.
— Eu faço
tratamento psiquiátrico há um ano. Os remédios são parte do tratamento. — confessou.
Ótimo agora que
ele sabia já poderia sair correndo da louca.
— Como é?!
O cara era surdo?
Teria que contar a merda toda?
— Eu tomo os
antidepressivos há oito meses. Quando papai morreu, eu fiquei mal. Quando a
doença da mamãe entrou na fase terminal piorou tudo. O tratamento dela era à pior
parte. Eu não aguentava vê-la sofrer e não poder fazer nada, só assistir e
mentir. Eu dizia que tudo ia ficar bem... Mas sabia o tempo todo que não ia.
As lágrimas
começaram a cair copiosamente, a despeito de sua tentativa de aparentar indiferença.
Droga. Ela odiava chorar na frente dos outros. Tentou enxugar o rosto, mas as
lágrimas continuaram a cair. Joseph ouvia sem reagir, por isso ela continuou.
— No início eu
sentia um sono absurdo. Não queria sair da cama. Meu corpo inteiro doía e eu
não podia nem me mexer. Mas fazia um esforço e saia, tentava seguir com tudo. Quando
ela entrou em coma um mês antes de uma cirurgia, eu sucumbi. Passei quatro dias
sem sair da cama, responder telefonemas. Ficava olhando para as paredes por
horas. Foi quando o Carlos interferiu. — sorriu, lembrando-se do amigo, mas as
lágrimas continuavam a escorrer.
— Como? — ele
perguntou interrompendo sua lembrança, parecia irritado.
Demetria não
entendia porque estava contrariado. O que ele esperava de uma sequestradora?
Serenidade, paz e equilíbrio? A postura dela ficou mais rígida. Endireitou o
corpo num segundo. E seu olhar assumiu certa dureza. Já que começara iria até o
fim.
— Seu pai
apareceu lá em casa. — ela continuou — Quando eu não atendi, ele arrombou a
porta. Você sabe como seu pai é: tomou conta de tudo, fui literalmente jogada
em seus ombros e quando dei por mim, estava de pijama rasgado e roupão na
antessala do primeiro consultório que encontramos. Alguém indicou. Na primeira
sessão eu só chorava e o trabalho do sujeito se resumiu a me entregar um lenço.
Depois de algum tempo de tratamento descobriu-se que eu precisava de um
psiquiatra também e este me receitou os remédios. Então Carlos praticamente
mudou lá para casa. Ele enchia o meu saco para eu tomar os remédios, ir às
sessões. Obrigou-me a voltar ao trabalho. Enfim, cuidou de mim, como sempre
fez.
O rapaz não fez
comentários, digeria as informações. E não gostava delas.
— Depois que
fiquei sozinha eu não conseguia dormir, faz uns meses que tomo soníferos...
Estava muito
incomodada com o seu olhar agora fixo. Virou o rosto para o lado. Pronto.
Cuspira tudo. Estava com um nó na garganta. O silêncio que se seguiu foi apenas
rompido momentos depois com o barulho da porta fechando quando ele saiu. Beleza.
Agora ele não ia querer mais nada com ela. Quem ia querer se envolver com uma
louca? Deitou-se em posição fetal, ou tentou. O braço preso a atrapalhava, mas
era isso mesmo: fim de festa.
Tinha limpado o
rosto e ajeitava o cabelo quando ele retornou ao quarto. Parou em frente à
cama, tirou a camisa e jogou num canto do quarto, desabotoou a calça. Tirou a
cueca e ficou completamente nu na sua frente em segundos, inclinou-se e
retirou-lhe a algema.
Então ela
entendeu: ele estava com pena dela. Era a merda de uma caridade que ele iria fazer.
— Eu não quero
sua piedade. — Demi o informou enquanto esfregava o pulso dolorido pela pressão
da algema. Sem encará-lo.
Sexo por pena era
degradante. Nem mesmo ela poderia aceitar isso.
— Tudo bem, você
não vai ter.
Falou puxando as
suas pernas e encaixando os quadris no seu. Ela gritou de susto.
— Agora tudo o
que eu quero de você é suas mãos em meu corpo. — sussurrou com voz rouca de
desejo. Pôs suas mãos em seus ombros — Sua boca na minha. — a beijou profundamente.
Não é preciso dizer que ela estava confusa — Você me deve 24 horas de tortura
sexual, mas dessa vez eu quero sentir suas mãos em mim, empurrando ou me
puxando, me agarrando pelos cabelos. Não me importo, eu quero você...
Oh, Deus! Aquele
homem era louco! Mais louco que ela.
Dessa vez Joseph
foi desesperadamente suave, o que quer que estivesse fazendo, era carinhoso,
faminto. Tão intenso que parecia que eles estavam fazendo... Ela não queria
denominar. Sentimentos não entravam naquela equação. Sexo calmo. Pronto. Ótima
denominação. Ele estava lhe fazendo sexo calmo... A boca na ponta de sua orelha,
a língua deslizando por seu pescoço, queixo...
Esse homem era
bipolar, só podia. Ele não deveria estar fugindo porta afora? Enfrentando a
floresta para ficar o mais longe possível dela?
— Por que você
está fazendo isso?
Perguntou quando
conseguiu encontrar fôlego diante daquele ataque. Aquele delicioso ataque. Ele
não respondeu, estava concentrado em seus seios. Olhava embevecido. Tocava com
reverência. Procurou seus olhos, querendo perceber suas reações às carícias.
Ainda sem desviar os olhos dos seus, tocou um mamilo com a ponta da língua,
contornando-o, para logo abocanhá-lo com voracidade. Ela arfou. Enfiando as
mãos em seus cabelos, puxou-o mais para si. Ela trançou as pernas, em sua cintura.
Dois podiam jogar aquele jogo. Sentiu a mudança, quando Joseph quase mordeu seu
seio. Controle não era seu ponto forte. Riu por dentro, quando ele segurou seus
quadris.
— Vai ser lento,
tá? — adorava aquele rosnado dele.
— Talvez eu não
goste de lento. — Demi provocou mais.
Sabia que deveria
estar de rosto inchado e marcado pelas lágrimas, mas ele conseguira afastar a
tristeza. Por hora. “Agarre o que puder da vida.” Como diria sua mãe.
Puxou o refém
pelos cabelos e deu-lhe um beijo carregado de malícia, de autoconfiança
feminina... Sim aparentemente ela tinha isso. Pronto, foi o suficiente para que
a empurrasse na cama, segurando as duas mãos acima de sua cabeça.
— E eu acho que
você gosta de ser imobilizada. — Ele falou pouco antes de atacar-lhe o outro
seio. Trabalhou no mesmo com lentidão. Ela se contorcia embaixo de seu corpo,
mas ele prosseguiu até ela começar a sentir dor e prazer.
— Joseph! — ela
gritou. Recebeu uma risada contra o seio. Ela em agonia e ele se divertindo a
suas custas? Na mesma hora ela começou a lutar para se libertar e começou a estapeá-lo.
O desgraçado riu
ainda mais.
— Calma, ainda há
muito que fazer Demetria. Prometo que você vai se divertir muito essa noite
minha doce tirana...
Joseph caiu sobre
o corpo da mulher, descansando a cabeça entre seus seios. Assim que foi capaz,
inverteu a posição dos dois, mas sem se desencaixar dela.
“Joe Jr.” ficou
logo animado com os movimentos.
— Eu não acredito
que você ainda tem fôlego! Na boa, eu preciso descansar só uns minutinhos...
— E fala a mulher
que me sequestrou para fins sexuais...
Levantou o tronco
para encará-lo surpresa: ele queria mais de verdade?!
— Você não disse
que gosta de sentar e rebolar? Fique a vontade. — falou ele com ironia.
Aparentemente ele ainda não levava numa boa o fato do seu corpo reagir a ela de
forma tão intensa. Ele empurrou levemente o quadril para cima.
— Você só pode
está brincando! — a mulher meio que gemeu.
— Por quê? Você
não aguenta mais?
Demi fechou a
boca e ergueu a sobrancelha. Ia mostrar para ele quem não aguentava.
— Sentar e
rebolar? — perguntou usando uma voz bem manhosa — E como você quer que eu
rebole? Devagar? — mexeu-se muito lentamente — Parece que “Joe Jr.” gosta
assim. Talvez mais rápido. — Joe gemeu alto — Você não gostou? Ah, então vou
embora. — quando fez menção de se levantar Joseph segurou seus quadris com
força.
— Você não vai a
lugar algum. — O rosnado que ela tanto amava... Gostava.
Logo inverteu as
posições. O orgasmo desvairado não tardou. Quando as respirações começaram a
normalizar, Demi simplesmente comentou:
— Eu sabia!
Ela arrastou-se
para fora da cama e levantou para ir ao banheiro. Inibiu a careta de dor. Ia
precisar de muita água quente para relaxar o corpo. Um banho de espuma ia ser
perfeito. Sentou-se na beira da banheira enquanto esta enchia. Derramou sais perfumados.
Quando finalmente entrou no banho o corpo todo protestou. Isso era o que
acontecia quando você fica três anos sem sexo e quer resolver esse problema em
apenas dois dias.
Deitou-se
fechando os olhos e ficou curtindo a doce sensação da água contra sua pele.
Nunca tivera tanta consciência do próprio corpo. Fora isso, estava bem consigo
mesma. De alguma forma sabia que não precisaria de remédios para dormir naquela
noite.
O dia estava
terminando. Infiltrando seus últimos raios de sol pela janela, parecia anunciar
uma nova era na vida de Demetria.
Tudo bem de
verdade pela primeira vez em meses.
“Agarre o que
puder da vida.”
Podia ouvir a mãe
sussurrando. E como para endossar a expressão, sentiu uma mão em seu ombro.
Abriu os olhos e deparou-se com outros, muito verdes, próximos.
— Posso te fazer
companhia?
— Sempre.
Uma ruga surgiu
na testa de Joseph.
— Eu não quis...
Dizer que você me deve algo...
— Eu sei.
Ele entrou na
banheira e a abraçou por trás, para que ela aconchegasse o corpo no seu.
— Você sabe que
eu não posso consertar tudo em sua vida, certo?
— Você não está
aqui para consertar coisa alguma.
— Então porque eu
estou aqui?
— Porque fazer de
você meu escravo sexual era um desejo secreto. E eu quero realizar todos os
meus desejos secretos. Quero ser estúpida e inconsequente uma vez na vida ao
menos. Acabei de completar trinta anos e descobri que nunca fiz uma loucura.
Aliás, eu quero realizar todos os desejos que me tenho negado. Comecei por
você.
Nenhuma resposta.
Ao invés disso, lentamente Joseph começou a massagear os seus ombros. Demetria
fechou os olhos para aproveitar melhor a sensação. Depois de muito tempo ele
voltou a falar:
— Não acha que
bastava falar comigo? Vê como eu sou um refém que colabora? — disse suavemente.
Ela sorriu. Era
surreal como seu sorriso era fácil com ele.
— Pode me ver
indo falar com você algo, tipo: Oi Joe, que tal a gente fazer muito sexo sem
compromisso por um mês?
— Foi mais fácil
me sequestrar.
Ela não podia
deixar de rir. Desde o início sabia que não havia lógica alguma no que estava
acontecendo.
— Menos divertido
com certeza. Você poderia me dizer não. Não estou lidando bem com rejeição no
momento.
— Eu não te diria
não.
— Isso a gente
não tem como saber.
— Eu sei.
Por essa Demetria
não esperava. Ele interrompeu a massagem para abraçá-la. Ficaram assim por
muito tempo, ele com a cabeça enterrada em seu pescoço. Cada um lidando sozinho
com os sentimentos confusos que uma relação envolvendo sexo sempre implicava.
Mas estavam juntos. De um jeito intenso.
“Ele também não
tem aonde ir Demi, acabou de ser roubado e humilhado publicamente pela noiva.
Fugir da realidade é lucro, não se iluda.”
Em algum momento,
começaram a se mover, um deu banho no outro. Da mesma forma, depois um enxugou
o outro. Foram para o quarto. A sequestradora, enrolada numa toalha, parou
diante do guarda-roupa. Joseph estava ao seu lado de braços cruzados, como se
esperasse por algo. Demi não entendeu o que, até que abriu o guarda-roupa.
— Cadê minhas
roupas?
~*~
Respondendo ao anônimo: Eu já li Belo Desastre, a já postei ele aqui, é só procurar na guia "Fanfics" ao lado do "início" embaixo do banner do blog. A trilogia crossfire, eu ainda não li... nunca tive vontade de ler, na verdade. Talvez eu leia depois e se eu gostar eu posto aqui ;) Obrigada pelas dicas de livro hahaha Beijos
Adorei
ResponderExcluirTadinha da demi.
ResponderExcluirAdorando Fic. Poste logo!! Bjs
Adorei
ResponderExcluirPosta logo
sim vou procurar e ler eu amo esse livro, a trilogia crossfire é como 50 tons de cinza, falei pois vi que as leitoras gostam de coisas apimentadas :)
ResponderExcluiroiii nova seguidora.....poderia divulgar meu blog e se puder me seguir lá .....http://tati-joeedemi.blogspot.com.br/
ResponderExcluirlogo já agradeço bjss e posta logo
lei do retorno amo isso fbfhcd amei o capitulo, posta logo..
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