quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CAPÍTULO 8 - TUDO BEM

“Já não tenho dedos pra contar
de quantos barrancos despenquei...”

Dizem que a experiência faz com que aprendamos a lidar com as situações futuras e inesperadas da vida. Nenhuma experiência vivida é vã.
Bem, até aquele momento Joseph nunca tinha pensado muito sobre o assunto, porém passar por aquilo outra vez se não o fizesse acreditar em carma, nada mais o faria. Quando saiu do quarto após o almoço, pretendia apenas arrumar rapidamente as coisas na cozinha e voltar. Queria dormir um pouco, de preferência ao lado daquela criatura fogosa, que ele desconfiava que tentaria abusar dele, mesmo algemada a cama e com apenas um braço livre. A perspectiva era admiravelmente tentadora.
Quem diria que por trás da atitude de santa da senhorita Demetria havia uma adorável pervertida? Agora que estava no controle da situação previa que se divertiria muito. Quem poderia imaginar? Fora mesmo sequestrado para fins sexuais.
Lavou os pratos, começou a guardar tudo. Pegou uma garrafa de vinho, lembrando que a moça gostava de tomar um pouco de “coragem” antes de partir para o ataque. Ele pretendia lhe dar tanta “coragem” quanto possível.
Procurava um saca-rolha nas gavetas sob a pia, quando encontrou aquelas coisas. Sua primeira reação foi fechar a gaveta e fingir que não vira nada. Estava diante de uma situação que era melhor não saber demais. Só aproveitar o que era bom. Era um hábito de sua família usar a primeira gaveta da pia da cozinha para guardar os medicamentos. Sua avó acreditava que medicamentos tinham que ficar em um local acessível, porém seguro. Para ela, a cozinha servia por dois motivos: não era lugar de crianças e era território exclusivamente seu. Seu pai tinha o mesmo hábito. Só que por causa da Beth, que fora indomável, a gaveta na casa dele possuía chaves.
Criando coragem, abriu a gaveta e examinou seu conteúdo. Antigripais, antitérmicos, analgésicos... E aquelas duas pragas. Não havia dúvida alguma agora. Melhor, havia uma: o que fazer?

Demi procurava entender o significado das reações de Joseph. Claro, os remédios só o faziam comprovar o que ele já sabia: ela era louca. Será que ele já não desconfiava disso? Então por que a confusão toda? Afinal, não deveria estar feliz por ela buscar ajuda? Por sua loucura não ser assim tão desenfreada? Qualquer ajuda era melhor que nenhuma ajuda. Mesmo que fosse ajuda química.
“Não Demetria, homem não vê as coisas desse jeito. Nessa situação homem vê animais no forno e furador de gelo sob o colchão. Ele até está sendo educado em perguntar e não simplesmente fugir.”

Joseph percebeu que sua reação deixara a mulher na defensiva. Mas droga! Ele já conhecia bem aquele filme e não queria participar de seu enredo. Não outra vez. Agora entendia a atitude de seu pai com relação à Demetria.
— Demi. — buscou controlar-se — Eu só quero entender. Ajude-me. Você há de convir que depois de tudo, eu mereço uma explicação.
Posto dessa forma, ela não pôde sustentar a postura, desviou o olhar.
— Eu não gosto de falar sobre isso.
— Você não gosta de falar de um monte de coisas. Eu respeito isso, mas antidepressivos e remédios para dormir... Eu não posso lidar com isso. Esses tipos de remédios são coisas sérias. Significa um tratamento sério, já que essas duas substâncias são de uso controlado.
Sustentou o olhar deixando bem claro que não aceitaria seu silêncio como resposta a suas inquietações. Demetria sabia que sua festa tinha acabado. Homens não gostam de mulheres problemáticas. Poderia mentir dizendo que os remédios não eram seus, mas não poderia sustentar a mentira por muito tempo. Precisava deles, diariamente.
— Eu faço tratamento psiquiátrico há um ano. Os remédios são parte do tratamento. — confessou.
Ótimo agora que ele sabia já poderia sair correndo da louca.
— Como é?!
O cara era surdo? Teria que contar a merda toda?
— Eu tomo os antidepressivos há oito meses. Quando papai morreu, eu fiquei mal. Quando a doença da mamãe entrou na fase terminal piorou tudo. O tratamento dela era à pior parte. Eu não aguentava vê-la sofrer e não poder fazer nada, só assistir e mentir. Eu dizia que tudo ia ficar bem... Mas sabia o tempo todo que não ia.
As lágrimas começaram a cair copiosamente, a despeito de sua tentativa de aparentar indiferença. Droga. Ela odiava chorar na frente dos outros. Tentou enxugar o rosto, mas as lágrimas continuaram a cair. Joseph ouvia sem reagir, por isso ela continuou.
— No início eu sentia um sono absurdo. Não queria sair da cama. Meu corpo inteiro doía e eu não podia nem me mexer. Mas fazia um esforço e saia, tentava seguir com tudo. Quando ela entrou em coma um mês antes de uma cirurgia, eu sucumbi. Passei quatro dias sem sair da cama, responder telefonemas. Ficava olhando para as paredes por horas. Foi quando o Carlos interferiu. — sorriu, lembrando-se do amigo, mas as lágrimas continuavam a escorrer.
— Como? — ele perguntou interrompendo sua lembrança, parecia irritado.
Demetria não entendia porque estava contrariado. O que ele esperava de uma sequestradora? Serenidade, paz e equilíbrio? A postura dela ficou mais rígida. Endireitou o corpo num segundo. E seu olhar assumiu certa dureza. Já que começara iria até o fim.
— Seu pai apareceu lá em casa. — ela continuou — Quando eu não atendi, ele arrombou a porta. Você sabe como seu pai é: tomou conta de tudo, fui literalmente jogada em seus ombros e quando dei por mim, estava de pijama rasgado e roupão na antessala do primeiro consultório que encontramos. Alguém indicou. Na primeira sessão eu só chorava e o trabalho do sujeito se resumiu a me entregar um lenço. Depois de algum tempo de tratamento descobriu-se que eu precisava de um psiquiatra também e este me receitou os remédios. Então Carlos praticamente mudou lá para casa. Ele enchia o meu saco para eu tomar os remédios, ir às sessões. Obrigou-me a voltar ao trabalho. Enfim, cuidou de mim, como sempre fez.
O rapaz não fez comentários, digeria as informações. E não gostava delas.
— Depois que fiquei sozinha eu não conseguia dormir, faz uns meses que tomo soníferos...
Estava muito incomodada com o seu olhar agora fixo. Virou o rosto para o lado. Pronto. Cuspira tudo. Estava com um nó na garganta. O silêncio que se seguiu foi apenas rompido momentos depois com o barulho da porta fechando quando ele saiu. Beleza. Agora ele não ia querer mais nada com ela. Quem ia querer se envolver com uma louca? Deitou-se em posição fetal, ou tentou. O braço preso a atrapalhava, mas era isso mesmo: fim de festa.
Tinha limpado o rosto e ajeitava o cabelo quando ele retornou ao quarto. Parou em frente à cama, tirou a camisa e jogou num canto do quarto, desabotoou a calça. Tirou a cueca e ficou completamente nu na sua frente em segundos, inclinou-se e retirou-lhe a algema.
Então ela entendeu: ele estava com pena dela. Era a merda de uma caridade que ele iria fazer.
— Eu não quero sua piedade. — Demi o informou enquanto esfregava o pulso dolorido pela pressão da algema. Sem encará-lo.
Sexo por pena era degradante. Nem mesmo ela poderia aceitar isso.
— Tudo bem, você não vai ter.
Falou puxando as suas pernas e encaixando os quadris no seu. Ela gritou de susto.
— Agora tudo o que eu quero de você é suas mãos em meu corpo. — sussurrou com voz rouca de desejo. Pôs suas mãos em seus ombros — Sua boca na minha. — a beijou profundamente. Não é preciso dizer que ela estava confusa — Você me deve 24 horas de tortura sexual, mas dessa vez eu quero sentir suas mãos em mim, empurrando ou me puxando, me agarrando pelos cabelos. Não me importo, eu quero você...
Oh, Deus! Aquele homem era louco! Mais louco que ela.
Dessa vez Joseph foi desesperadamente suave, o que quer que estivesse fazendo, era carinhoso, faminto. Tão intenso que parecia que eles estavam fazendo... Ela não queria denominar. Sentimentos não entravam naquela equação. Sexo calmo. Pronto. Ótima denominação. Ele estava lhe fazendo sexo calmo... A boca na ponta de sua orelha, a língua deslizando por seu pescoço, queixo...
Esse homem era bipolar, só podia. Ele não deveria estar fugindo porta afora? Enfrentando a floresta para ficar o mais longe possível dela?
— Por que você está fazendo isso?
Perguntou quando conseguiu encontrar fôlego diante daquele ataque. Aquele delicioso ataque. Ele não respondeu, estava concentrado em seus seios. Olhava embevecido. Tocava com reverência. Procurou seus olhos, querendo perceber suas reações às carícias. Ainda sem desviar os olhos dos seus, tocou um mamilo com a ponta da língua, contornando-o, para logo abocanhá-lo com voracidade. Ela arfou. Enfiando as mãos em seus cabelos, puxou-o mais para si. Ela trançou as pernas, em sua cintura. Dois podiam jogar aquele jogo. Sentiu a mudança, quando Joseph quase mordeu seu seio. Controle não era seu ponto forte. Riu por dentro, quando ele segurou seus quadris.
— Vai ser lento, tá? — adorava aquele rosnado dele.
— Talvez eu não goste de lento. — Demi provocou mais.
Sabia que deveria estar de rosto inchado e marcado pelas lágrimas, mas ele conseguira afastar a tristeza. Por hora. “Agarre o que puder da vida.” Como diria sua mãe.
Puxou o refém pelos cabelos e deu-lhe um beijo carregado de malícia, de autoconfiança feminina... Sim aparentemente ela tinha isso. Pronto, foi o suficiente para que a empurrasse na cama, segurando as duas mãos acima de sua cabeça.
— E eu acho que você gosta de ser imobilizada. — Ele falou pouco antes de atacar-lhe o outro seio. Trabalhou no mesmo com lentidão. Ela se contorcia embaixo de seu corpo, mas ele prosseguiu até ela começar a sentir dor e prazer.
— Joseph! — ela gritou. Recebeu uma risada contra o seio. Ela em agonia e ele se divertindo a suas custas? Na mesma hora ela começou a lutar para se libertar e começou a estapeá-lo.
O desgraçado riu ainda mais.
— Calma, ainda há muito que fazer Demetria. Prometo que você vai se divertir muito essa noite minha doce tirana...
Joseph caiu sobre o corpo da mulher, descansando a cabeça entre seus seios. Assim que foi capaz, inverteu a posição dos dois, mas sem se desencaixar dela.
“Joe Jr.” ficou logo animado com os movimentos.
— Eu não acredito que você ainda tem fôlego! Na boa, eu preciso descansar só uns minutinhos...
— E fala a mulher que me sequestrou para fins sexuais...
Levantou o tronco para encará-lo surpresa: ele queria mais de verdade?!
— Você não disse que gosta de sentar e rebolar? Fique a vontade. — falou ele com ironia. Aparentemente ele ainda não levava numa boa o fato do seu corpo reagir a ela de forma tão intensa. Ele empurrou levemente o quadril para cima.
— Você só pode está brincando! — a mulher meio que gemeu.
— Por quê? Você não aguenta mais?
Demi fechou a boca e ergueu a sobrancelha. Ia mostrar para ele quem não aguentava.
— Sentar e rebolar? — perguntou usando uma voz bem manhosa — E como você quer que eu rebole? Devagar? — mexeu-se muito lentamente — Parece que “Joe Jr.” gosta assim. Talvez mais rápido. — Joe gemeu alto — Você não gostou? Ah, então vou embora. — quando fez menção de se levantar Joseph segurou seus quadris com força.
— Você não vai a lugar algum. — O rosnado que ela tanto amava... Gostava.
Logo inverteu as posições. O orgasmo desvairado não tardou. Quando as respirações começaram a normalizar, Demi simplesmente comentou:
— Eu sabia!
Ela arrastou-se para fora da cama e levantou para ir ao banheiro. Inibiu a careta de dor. Ia precisar de muita água quente para relaxar o corpo. Um banho de espuma ia ser perfeito. Sentou-se na beira da banheira enquanto esta enchia. Derramou sais perfumados. Quando finalmente entrou no banho o corpo todo protestou. Isso era o que acontecia quando você fica três anos sem sexo e quer resolver esse problema em apenas dois dias.
Deitou-se fechando os olhos e ficou curtindo a doce sensação da água contra sua pele. Nunca tivera tanta consciência do próprio corpo. Fora isso, estava bem consigo mesma. De alguma forma sabia que não precisaria de remédios para dormir naquela noite.
O dia estava terminando. Infiltrando seus últimos raios de sol pela janela, parecia anunciar uma nova era na vida de Demetria.
Tudo bem de verdade pela primeira vez em meses.
“Agarre o que puder da vida.”
Podia ouvir a mãe sussurrando. E como para endossar a expressão, sentiu uma mão em seu ombro. Abriu os olhos e deparou-se com outros, muito verdes, próximos.
— Posso te fazer companhia?
— Sempre.
Uma ruga surgiu na testa de Joseph.
— Eu não quis... Dizer que você me deve algo...
— Eu sei.
Ele entrou na banheira e a abraçou por trás, para que ela aconchegasse o corpo no seu.
— Você sabe que eu não posso consertar tudo em sua vida, certo?
— Você não está aqui para consertar coisa alguma.
— Então porque eu estou aqui?
— Porque fazer de você meu escravo sexual era um desejo secreto. E eu quero realizar todos os meus desejos secretos. Quero ser estúpida e inconsequente uma vez na vida ao menos. Acabei de completar trinta anos e descobri que nunca fiz uma loucura. Aliás, eu quero realizar todos os desejos que me tenho negado. Comecei por você.
Nenhuma resposta. Ao invés disso, lentamente Joseph começou a massagear os seus ombros. Demetria fechou os olhos para aproveitar melhor a sensação. Depois de muito tempo ele voltou a falar:
— Não acha que bastava falar comigo? Vê como eu sou um refém que colabora? — disse suavemente.
Ela sorriu. Era surreal como seu sorriso era fácil com ele.
— Pode me ver indo falar com você algo, tipo: Oi Joe, que tal a gente fazer muito sexo sem compromisso por um mês?
— Foi mais fácil me sequestrar.
Ela não podia deixar de rir. Desde o início sabia que não havia lógica alguma no que estava acontecendo.
— Menos divertido com certeza. Você poderia me dizer não. Não estou lidando bem com rejeição no momento.
— Eu não te diria não.
— Isso a gente não tem como saber.
— Eu sei.
Por essa Demetria não esperava. Ele interrompeu a massagem para abraçá-la. Ficaram assim por muito tempo, ele com a cabeça enterrada em seu pescoço. Cada um lidando sozinho com os sentimentos confusos que uma relação envolvendo sexo sempre implicava. Mas estavam juntos. De um jeito intenso.
“Ele também não tem aonde ir Demi, acabou de ser roubado e humilhado publicamente pela noiva. Fugir da realidade é lucro, não se iluda.”
Em algum momento, começaram a se mover, um deu banho no outro. Da mesma forma, depois um enxugou o outro. Foram para o quarto. A sequestradora, enrolada numa toalha, parou diante do guarda-roupa. Joseph estava ao seu lado de braços cruzados, como se esperasse por algo. Demi não entendeu o que, até que abriu o guarda-roupa.
— Cadê minhas roupas?

~*~

Respondendo ao anônimo: Eu já li Belo Desastre, a já postei ele aqui, é só procurar na guia "Fanfics" ao lado do "início" embaixo do banner do blog. A trilogia crossfire, eu ainda não li... nunca tive vontade de ler, na verdade. Talvez eu leia depois e se eu gostar eu posto aqui ;) Obrigada pelas dicas de livro hahaha Beijos

6 comentários:

  1. Tadinha da demi.
    Adorando Fic. Poste logo!! Bjs

    ResponderExcluir
  2. sim vou procurar e ler eu amo esse livro, a trilogia crossfire é como 50 tons de cinza, falei pois vi que as leitoras gostam de coisas apimentadas :)

    ResponderExcluir
  3. oiii nova seguidora.....poderia divulgar meu blog e se puder me seguir lá .....http://tati-joeedemi.blogspot.com.br/
    logo já agradeço bjss e posta logo

    ResponderExcluir
  4. lei do retorno amo isso fbfhcd amei o capitulo, posta logo..

    ResponderExcluir