segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CAPÍTULO 6 - DEUS (POR FAVOR, APAREÇA NA TELEVISÃO)

“Sim, ele é deus,
e eu sou louca,
mas ninguém desconfia.
Pois disfarçamos muito bem...”

Demetria não tinha medo de morrer. Porém, a fúria nos olhos de Joseph a amedrontou. A morte poderia ser lenta e dolorosa. Ridículo para quem não temeu ser enforcada? Sim, mas anteriormente esteve preparada para tudo, agora não.
Sexo.
Esse era o diferencial. Agora que sabia o que era bom, tinha medo de partir sem voltar a ter um pouco mais daquilo. Não era como se ela encontrasse satisfação em cada esquina. Precisava sentir tudo aquilo de novo, e de novo e de novo.
— Você o quê?! — ele gritou furioso. Bateu a porta do móvel. Demetria se encolheu.
É isso. Ia ser morta, naquele momento. O sono, a raiva e o desespero de Joseph seriam concretizados naquele ato: Seu estrangulamento. Ela não reclamava que não era notada por ninguém? Pois é, ia aparecer na TV. Em rede nacional. Provavelmente pelos próximos dias ou semanas. Sexo e morte sempre davam IBOPE.
Quando era criança a mãe sempre dizia:
— Demetria minha filha, não brinca com fogo, é perigoso!
Pois é, deveria ter aconselhado também não sequestrar o filho do seu chefe, mas sabe como é... Os pais nunca são capazes de dar uma educação plena aos seus filhos. Sempre fica faltando alguma coisinha. Não é que a santa mãezinha de Demetria se esqueceu de dizer a ela que não podemos sequestrar as pessoas? Por isso agora ela estava naquela situação. Culpa da mãe dela.
Desde o início daquela empreitada, era primeira vez que a moça hesitava, mesmo quando ele estivera com a corrente em volta do frágil pescoço num arrocho que quase lhe roubou a respiração, sabia que Joseph não teria coragem de machucá-la. Era intuição. Do mesmo jeito que intuía sua perda total de controle agora. A raiva do homem era palpável.
No momento ele era a personificação da fúria. Lembrava uma escultura que uma vez Demi visitou numa galeria de artes quando era criança. Seu bicho-papão particular chamava-se: A Ira Do Zeus.
Os lábios prensados numa linha fina, os olhos semicerrados, os cabelos revoltos. Nu. Ela sentiu medo. Como sentira quando era criança. Porém não era aquele medo apavorante. Era o medo de quem assiste a um filme de terror. A excitação que faz o sangue correr mais rápido em nossas veias, a ansiedade pelo próximo passo do assassino. A obra de arte a impressionara a ponto de povoar seus pesadelos por várias noites. O poder que aquela postura furiosa representava. Entretanto agora, evocava um desesperado desejo. O mais profundo e carnal desejo. Queria ele irado. Incontrolável.
Era oficial, dona Demetria era uma completa maluca pervertida, sem noção alguma do perigo. Seus mamilos pressionaram a toalha de banho na qual estava enrolada. Medo e desejo. Combinação poderosa.
Alheio a sua perturbação, o rapaz veio caminhando com a mesma graça de um animal selvagem. No último metro as correntes impediram de alcançar Demi, ela se encontrava espremida contra a parede.
— Demetria. — chamou com aparente suavidade.
Essa era a voz que tanto a perturbava. Rouca, persuasiva, quente... Furiosa.
— O...o q...quê?!
— Venha até aqui. — pediu com o seu sorriso mais sensual, camuflando falsamente a ira, o que tornava tudo ainda mais excitante. Foi nessa hora que seus neurônios fizeram um pacto suicida e deram cabo da própria existência. Mas ainda lhe restou o senso de autopreservação.
— N... não.
— Por que não Demi?
— P...por q...quê...
— Hum?! — Ergueu as sobrancelhas numa expressão interrogativa que era muito sexy.
Dava vontade de lhe explicar direitinho o que ele queria saber. De preferência sentada em seu colo, com a boca bem próxima da sua. O aluno e a professora. Estremeceu ante ao pensamento. Um Joseph obediente. As possibilidades eram tantas...
— Demi? Eu preciso falar com você, venha aqui.
A falsa suavidade na voz que a fez acordar.
— Não! — respondeu com firmeza. — eu vou preparar seu almoço.
E se virou, tinha pressa de sair. Foi quando cometeu o erro e colocou-se ao seu alcance.
Foi puxada bruscamente e empurrada na cama. A sua toalha voou longe. O colchão impulsionou seu peso de volta, fazendo seu corpo saltar. Mal conseguiu estabilizá-lo, quando o rapaz colou o dele ao seu. As correntes entre eles davam um tom exótico à situação.
— Muito bem, Demi, agora vamos conversar. Você tem sido uma menina muito má.
Era para mulher estar em pânico, certo? Mas...
“Oh, Deus! Gostava desse tipo de conversa!”
— Você acha certo eu ficar por aí com a bunda de fora só por que você me acha... Gostoso?
Além de fúria, havia um quê de malícia em seu olhar.
— S... sim.
Ele arqueou uma sobrancelha. Resposta obviamente errada. Ao que parecia ela ia ser castigada.
“Que coisa deliciosa!”
Uma excitação infantil percorreu Joseph. O corpo da mulher estremecendo sob o seu. Havia algo positivamente machista e dominante em seus sentimentos, mas não se importava. Ninguém tinha autorização de ser tão petulante quanto aquela mulher. Já estava na hora dela aprender uma lição, ou talvez duas... Hum... Ia ser uma delícia se vingar dela.
— Sim?!
Ela estremeceu diante de sua ira, mas o brilho em seu olhar não era de medo.
— N... não. Quer dizer... — começou meio tímida. — Se você não tiver roupa para usar, não pode fugir. Você sem roupa é uma praticidade por que...
— É só você sentar e rebolar?
Demetria ficou surpreendentemente vermelha diante do comentário. Joseph precisou de muita força para não rir da situação, por isso travou os dentes.
— O que você quer de mim, Demi? — perguntou enquanto abria-lhe as pernas com as suas — Isso? — esfregou-se um pouco contra ela, que gemeu alto, indefesa — Que foi Demi, perdeu a fala? — passou a língua nos lábios da moça, depois mordeu seu lábio inferior. E continuou — Eu perguntei: o que você quer? — usou seu tom de voz mais áspero — Isso? Isso é bom Demi? — Começou a se mexer bem devagar.
— É... Muito bom!
Primeiro Joseph apenas parou de se mexer. Deu o sorriso mais perverso que Demetria já tinha visto na vida e em seguida, deitou-se a seu lado na cama.
Placar? Joseph 01 X 1000 Demetria.
Ainda assim, a satisfação do rapaz foi completa.
Confusa, Demetria olhou para o filho de seu chefe com uma expressão indagadora. Este virou o rosto para o outro lado e acomodou-se para dormir. Nada aconteceu no primeiro instante, então ouviu a mulher se levantar da cama com movimentos bruscos. E bater a porta com força. Ele sorriu. Era só o começo, grande surpresas a aguardavam.
Demetria fatiava os legumes com a raiva habilidosa de um cozinheiro chinês.
— Idiota. Que grande sequestradora é você! Um dia e o sujeito já está tripudiando sobre seu grande plano. E dando as cartas!
Partiu uma cenoura ao meio com tanta força, que uma metade voou pela cozinha. Tentando se acalmar, respirou fundo fechando os olhos. Não adiantou.
— Droga de plano!
Resmungou atirando tudo numa panela. Se ele esperava comidinha gostosinha, estava sonhando. Ia se preocupar apenas em lhe manter as forças. Nunca pretendera lhe aplicar maus-tratos físicos, desde o começo limitou tudo as torturas sensuais. Até onde Demetria sabia todos os homens só queriam uma coisa: sexo. Ela estava oferecendo sexo para ele. Uma fuga da realidade por trinta dias. Custava colaborar? Caramba, tinha sido humilhado pela noiva, estava todo mundo rindo dele. O que o impedia de curtir uma aventura maluca?
“Talvez se você não tivesse vergonhosamente torturado sexualmente o sujeito por horas a fio... Ou não tivesse deixado ele sem água e comida, algemado a uma cama. Indefeso... Ele colaborasse mais...”.
A consciência a acusava. Como ela levou a cabo aquela loucura? Em sua cabeça tudo parecera tão certo, quando foi que ficou tudo tão errado?
“Quando você perdeu o controle. Quando se deixou levar pelo poder que tinha sobre sua vítima e aprontou aqueles horrores.”
A sirene era um último recurso. Usou como o primeiro. Não conseguia entender o que acontecia quando os dois estavam frente a frente. Um instinto maldito se apossava dela. Sabia que ele estava pagando por cada infeliz que passou por sua vida nos últimos 10 anos.
“Talvez ele não lhe ache atraente.”
A possibilidade paralisou a sequestradora. Normalmente apenas essa possibilidade era a mais massacrante para qualquer mulher. Quando a moça voltou, Joseph fingiu que estava dormindo. Sua sequestradora parou ao lado da cama, com a bandeja nas mãos. O cheiro incrível de comida fez seu estômago roncar. Vestindo o personagem cafajeste, comentou:
— Vai ficar aí me comendo com os olhos ou vai me deixar comer?
Demetria assustou-se ao ser pega em flagrante e quase derrubando seu jantar, mas logo se recuperou. Ainda assim, não se moveu. Ou entornaria a bandeja sobre a cabeça do sujeito.
“Sua nova politica é a simpatia. Controle-se.”
Ele virou-se na cama exibindo sua nudez. Cafajeste era um papel que qualquer homem sabia fazer bem. O olhar dela mudou de raiva para desejo em segundos. Ele se sentiu revigorado. Gostava muito de como as coisas caminhavam.
— Demi, você poderia, por favor, trazer a bandeja?
A mulher colocou a bandeja sobre a cama. O homem não se moveu.
— O que foi agora? Eu pensei que você estivesse com fome.
— E estou.
Ela respirou fundo, como se buscasse paciência no fundo de seu íntimo.
— E por que não come?
— Eu não vou comer nada que você não coma junto comigo, não sei o que você colocou aí dentro. — pegou o garfo — experimente primeiro. — ofereceu a ela.
— Eu jamais iria te envenenar.
— Não foi isso que quis dizer. Envenenar não. Dopar talvez.
Ela inspirou profundamente mais uma vez. Tomou-lhe o garfo encheu com a comida e numa atitude bem irônica, colocou na boca mastigando e saboreando. Devolveu o garfo para ele. Ainda assim, o rapaz permaneceu cauteloso. Mastigava lentamente, concentrado como se quisesse detectar algo no gosto do alimento, porém depois de algum tempo a fome prevaleceu e ele começou a devorar a refeição. Era o céu. A comida estava perfeita.
Três dias sem uma alimentação adequada. Ainda não entendia como estava de pé. Foi em meio ao seu deleite que percebeu que a mulher o observava com um ar de compaixão. Estava agindo como um esfomeado. Não ficava bem agir de tal forma, então passou a comer da forma mais educada possível.
— Você não vai me dar nenhuma roupa para usar? — Perguntou ao terminar a refeição.
— Não. Você está exatamente como eu quero e como você mesmo disse antes, eu só preciso sentar e rebolar.
Não se irritou. Estava com a situação nas mãos. Era uma questão de tempo até que a criatura soubesse disso. Decidiu brincar um pouco.
— Não seja tão pretensiosa. Eu sou mais que um pênis.
— Aqui você é só isso. Eu só preciso fazer o Joe Jr. se animar. E como todo homem, quem comanda você é ele. Meu erro foi ter trocado as algemas e não ter lhe amordaçado. Seria tão mais fácil só-sen-tar-e-re-bo-lar! — ironizou.
De algum modo a mulher conseguiu acabar com a paciência dele. A bandeja alcançou a parede num segundo. A única reação da sequestradora foi soltar um grito ao ser lançada sobre a cama. A camisola foi rasgada de alto a baixo. Seus lábios prensados no beijo mais punitivo que já recebera. Era o macho dominante tomando posse de seu território. Mostrando quem mandava. Não se importou com a marca em seu pescoço, quando chupou com força a pele sensível para logo em seguida passar a língua. Longe de qualquer raciocínio lógico, tudo o que Demetria queria era aquelas mãos, nem se incomodava mais quem tinha o poder. Quem mandava ali. Era isso que ela queria daquele mês. O Joseph selvagem que sabia estar escondido sob o fino verniz de educação.
A respiração descompassada tocando-lhe a pele. Ia enlouquecer, sem dúvida. Contorceu o corpo no instante em que ele mordeu um mamilo com um pouco mais de força. Joseph não lhe deu um segundo de trégua. Era demais, não ia aguentar. A respiração estava presa e ela não conseguia fazer o ar chegar aos seus pulmões. Pensou que fosse morrer quando o prazer veio. Era impossível. Muito cedo! Logo ela que nunca... Não tão rápido.
E no momento que achou que ele fosse parar, isso não aconteceu, ele avançou, com ousadia por seu corpo. Ninguém tinha feito tantas coisas com ela, por ela, nem mesmo Wilmer, o sujeito com o qual até o momento tinha tido o maior tipo de intimidade. Ela ainda brigava com a respiração quando ele colocou o corpo sobre o seu.
— Quem te dá prazer Demetria? — perguntou áspero.
— Quê?!
— Quem te dá seus orgasmos?
— Você.
— Você quem, Demi? Quero ouvir meu nome.
— Joseph Adam Bolivatto.
Ele abriu suas pernas com violência.
— Eu me contentava com apenas Joseph. Mas gosto do meu nome completo em sua boca.
O que aquele homem tinha? Ficara o dia quase todo sem comer e sem beber. Não dormira. E ainda tinha forças para dar tanto prazer a ela? O segundo orgasmo veio intenso, descomunal. Quase acabando com o resto de autocontrole que Demi possuía. Olhou para o parceiro e o viu morder o lábio inferior, para conter o grito de prazer. A expressão do seu rosto era tudo. O mais supremo deleite.
Joseph caiu ofegante sobre seu corpo e ela o abraçou com braços e pernas. Não demorou muito ele deitou-se de lado, para distribuir melhor seu peso. Num gesto quase carinhoso, retirou os cabelos molhados de suor do rosto da moça. Ela se sentiu muito vulnerável. Não era para ter carinho. Com sentimentos ela não podia lidar...
O pós-sexo fez cair sobre o casal um intenso mal estar. Eles se afastaram. Ele primeiro sentou na cama de costas para ela.
— Me desculpe. — ele pediu, estava profundamente envergonhado de si mesmo.
Algo se quebrou dentro dela. Ele não podia pedir desculpa pelo melhor sexo da vida dela.
— Ah, Joseph, pelo amor de Deus, foi só sexo. Exatamente como eu imaginei que seria. Não vá ficar sentimental por isso. Eu esperava que você fosse um animal na cama. É isso, sonho realizado. Se eu soubesse que seria tão bom, já o teria amarrado em minha cama há mais tempo.
— Para Demi... Agora não.
Joseph não confiava em si naquele momento.
— Mas é verdade...
— Você é louca.
— Esse é o seu problema, você não consegue decidir se eu sou louca ou gostosa. Ou se sou as duas coisas, o que é mais importante! — gritou irada. Em gestos furiosos saiu do quarto batendo a porta.
Demetria chorou embaixo do chuveiro. Encolhida num canto do Box. Em teoria até que não estava tão ruim. Esperava algo pior. Uma rejeição contundente. Deboche de sua pretensão... Mas seu lado romântico esperava rendição. Aquilo era uma tentativa desesperada de ter um homem. No que ela estava errando? Não era disso que eles gostavam? Sexo selvagem?
No final do primeiro dia, os dois já conseguiam despertar o que havia de pior um no outro. Não poderia continuar com aquilo... No dia seguinte iria libertá-lo. Esse era um plano que não tinha como dar certo, precisava de internação. Simples.
Não queria pensar, causaria uma dor absurda. Enxugou o corpo dolorido. Percebera que as correntes fizeram estrago em sua pele. Nem queria imaginar como estavam os pulsos dele.
Muito cansada para escolher uma roupa, tomou seus remédios, atirou-se na cama do quarto que escolhera para si e se enrolou na manta, nua. O sono veio rápido e sem sonhos. O mal-estar pesava o corpo da mulher. Tentou se mexer e não conseguiu. Seus braços estavam pesados. Odiava esse tipo de sonho. Controlou a sensação de pânico e forçou-se a abrir os olhos.
— Olá, menina malvada.
Em pé ao lado da cama, vestido com uma calça preta estava o seu deus pessoal: Joseph Bolivatto.
— Como?...
Tentou se levantar e percebeu que estava algemada a cama.
— Sabe Demi, primeiro passo para um sequestro é conhecer bem o sequestrado. Se tivesse feito sua lição de casa direitinho...
Agora sim, a coisa estava feia. Ela estremeceu. Como ele tinha se soltado? A chave estava na cozinha... Um tanto preocupada, revelou:
— Eu ia te soltar hoje.
— Sei...
O descrédito estampado na face masculina. O que ela esperava?
— O q... que... O que você vai fazer comigo?
— Ah, Srta. Muitas coisas, a senhora foi uma garotinha muito má... E eu pretendo retribuir o favor.

4 comentários:

  1. eu me lembrei dessa história tinha ouvido falar do livro kkk é otimo ser uma das caçulas, suas primas podem esconder coisas digamos que interessantes como esse livro talvez, estou amando obvio!
    bjas

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