“Sim, ele é deus,
e eu sou louca,
mas ninguém
desconfia.
Pois disfarçamos
muito bem...”
Demetria não
tinha medo de morrer. Porém, a fúria nos olhos de Joseph a amedrontou. A morte
poderia ser lenta e dolorosa. Ridículo para quem não temeu ser enforcada? Sim,
mas anteriormente esteve preparada para tudo, agora não.
Sexo.
Esse era o
diferencial. Agora que sabia o que era bom, tinha medo de partir sem voltar a
ter um pouco mais daquilo. Não era como se ela encontrasse satisfação em cada
esquina. Precisava sentir tudo aquilo de novo, e de novo e de novo.
— Você o quê?! —
ele gritou furioso. Bateu a porta do móvel. Demetria se encolheu.
É isso. Ia ser
morta, naquele momento. O sono, a raiva e o desespero de Joseph seriam concretizados
naquele ato: Seu estrangulamento. Ela não reclamava que não era notada por ninguém?
Pois é, ia aparecer na TV. Em rede nacional. Provavelmente pelos próximos dias
ou semanas. Sexo e morte sempre davam IBOPE.
Quando era criança
a mãe sempre dizia:
— Demetria minha
filha, não brinca com fogo, é perigoso!
Pois é, deveria
ter aconselhado também não sequestrar o filho do seu chefe, mas sabe como é...
Os pais nunca são capazes de dar uma educação plena aos seus filhos. Sempre
fica faltando alguma coisinha. Não é que a santa mãezinha de Demetria se
esqueceu de dizer a ela que não podemos sequestrar as pessoas? Por isso agora
ela estava naquela situação. Culpa da mãe dela.
Desde o início
daquela empreitada, era primeira vez que a moça hesitava, mesmo quando ele
estivera com a corrente em volta do frágil pescoço num arrocho que quase lhe roubou
a respiração, sabia que Joseph não teria coragem de machucá-la. Era intuição.
Do mesmo jeito que intuía sua perda total de controle agora. A raiva do homem
era palpável.
No momento ele
era a personificação da fúria. Lembrava uma escultura que uma vez Demi visitou
numa galeria de artes quando era criança. Seu bicho-papão particular
chamava-se: A Ira Do Zeus.
Os lábios
prensados numa linha fina, os olhos semicerrados, os cabelos revoltos. Nu. Ela
sentiu medo. Como sentira quando era criança. Porém não era aquele medo apavorante.
Era o medo de quem assiste a um filme de terror. A excitação que faz o sangue correr
mais rápido em nossas veias, a ansiedade pelo próximo passo do assassino. A
obra de arte a impressionara a ponto de povoar seus pesadelos por várias
noites. O poder que aquela postura furiosa representava. Entretanto agora,
evocava um desesperado desejo. O mais profundo e carnal desejo. Queria ele
irado. Incontrolável.
Era oficial, dona
Demetria era uma completa maluca pervertida, sem noção alguma do perigo. Seus
mamilos pressionaram a toalha de banho na qual estava enrolada. Medo e desejo. Combinação
poderosa.
Alheio a sua
perturbação, o rapaz veio caminhando com a mesma graça de um animal selvagem.
No último metro as correntes impediram de alcançar Demi, ela se encontrava espremida
contra a parede.
— Demetria. —
chamou com aparente suavidade.
Essa era a voz
que tanto a perturbava. Rouca, persuasiva, quente... Furiosa.
— O...o q...quê?!
— Venha até aqui.
— pediu com o seu sorriso mais sensual, camuflando falsamente a ira, o que
tornava tudo ainda mais excitante. Foi nessa hora que seus neurônios fizeram um
pacto suicida e deram cabo da própria existência. Mas ainda lhe restou o senso
de autopreservação.
— N... não.
— Por que não
Demi?
— P...por q...quê...
— Hum?! — Ergueu
as sobrancelhas numa expressão interrogativa que era muito sexy.
Dava vontade de
lhe explicar direitinho o que ele queria saber. De preferência sentada em seu colo,
com a boca bem próxima da sua. O aluno e a professora. Estremeceu ante ao
pensamento. Um Joseph obediente. As possibilidades eram tantas...
— Demi? Eu
preciso falar com você, venha aqui.
A falsa suavidade
na voz que a fez acordar.
— Não! —
respondeu com firmeza. — eu vou preparar seu almoço.
E se virou, tinha
pressa de sair. Foi quando cometeu o erro e colocou-se ao seu alcance.
Foi puxada
bruscamente e empurrada na cama. A sua toalha voou longe. O colchão impulsionou
seu peso de volta, fazendo seu corpo saltar. Mal conseguiu estabilizá-lo,
quando o rapaz colou o dele ao seu. As correntes entre eles davam um tom
exótico à situação.
— Muito bem, Demi,
agora vamos conversar. Você tem sido uma menina muito má.
Era para mulher
estar em pânico, certo? Mas...
“Oh, Deus!
Gostava desse tipo de conversa!”
— Você acha certo
eu ficar por aí com a bunda de fora só por que você me acha... Gostoso?
Além de fúria,
havia um quê de malícia em seu olhar.
— S... sim.
Ele arqueou uma
sobrancelha. Resposta obviamente errada. Ao que parecia ela ia ser castigada.
“Que coisa
deliciosa!”
Uma excitação infantil
percorreu Joseph. O corpo da mulher estremecendo sob o seu. Havia algo
positivamente machista e dominante em seus sentimentos, mas não se importava. Ninguém
tinha autorização de ser tão petulante quanto aquela mulher. Já estava na hora dela
aprender uma lição, ou talvez duas... Hum... Ia ser uma delícia se vingar dela.
— Sim?!
Ela estremeceu
diante de sua ira, mas o brilho em seu olhar não era de medo.
— N... não. Quer
dizer... — começou meio tímida. — Se você não tiver roupa para usar, não pode
fugir. Você sem roupa é uma praticidade por que...
— É só você
sentar e rebolar?
Demetria ficou
surpreendentemente vermelha diante do comentário. Joseph precisou de muita força
para não rir da situação, por isso travou os dentes.
— O que você quer
de mim, Demi? — perguntou enquanto abria-lhe as pernas com as suas — Isso? —
esfregou-se um pouco contra ela, que gemeu alto, indefesa — Que foi Demi, perdeu
a fala? — passou a língua nos lábios da moça, depois mordeu seu lábio inferior.
E continuou — Eu perguntei: o que você quer? — usou seu tom de voz mais áspero
— Isso? Isso é bom Demi? — Começou a se mexer bem devagar.
— É... Muito bom!
Primeiro Joseph
apenas parou de se mexer. Deu o sorriso mais perverso que Demetria já tinha
visto na vida e em seguida, deitou-se a seu lado na cama.
Placar? Joseph 01
X 1000 Demetria.
Ainda assim, a
satisfação do rapaz foi completa.
Confusa, Demetria
olhou para o filho de seu chefe com uma expressão indagadora. Este virou o
rosto para o outro lado e acomodou-se para dormir. Nada aconteceu no primeiro
instante, então ouviu a mulher se levantar da cama com movimentos bruscos. E
bater a porta com força. Ele sorriu. Era só o começo, grande surpresas a
aguardavam.
Demetria fatiava
os legumes com a raiva habilidosa de um cozinheiro chinês.
— Idiota. Que
grande sequestradora é você! Um dia e o sujeito já está tripudiando sobre seu
grande plano. E dando as cartas!
Partiu uma
cenoura ao meio com tanta força, que uma metade voou pela cozinha. Tentando se
acalmar, respirou fundo fechando os olhos. Não adiantou.
— Droga de plano!
Resmungou
atirando tudo numa panela. Se ele esperava comidinha gostosinha, estava sonhando.
Ia se preocupar apenas em lhe manter as forças. Nunca pretendera lhe aplicar maus-tratos
físicos, desde o começo limitou tudo as torturas sensuais. Até onde Demetria
sabia todos os homens só queriam uma coisa: sexo. Ela estava oferecendo sexo
para ele. Uma fuga da realidade por trinta dias. Custava colaborar? Caramba,
tinha sido humilhado pela noiva, estava todo mundo rindo dele. O que o impedia
de curtir uma aventura maluca?
“Talvez se você
não tivesse vergonhosamente torturado sexualmente o sujeito por horas a fio...
Ou não tivesse deixado ele sem água e comida, algemado a uma cama. Indefeso... Ele
colaborasse mais...”.
A consciência a
acusava. Como ela levou a cabo aquela loucura? Em sua cabeça tudo parecera tão
certo, quando foi que ficou tudo tão errado?
“Quando você
perdeu o controle. Quando se deixou levar pelo poder que tinha sobre sua vítima
e aprontou aqueles horrores.”
A sirene era um
último recurso. Usou como o primeiro. Não conseguia entender o que acontecia
quando os dois estavam frente a frente. Um instinto maldito se apossava dela.
Sabia que ele estava pagando por cada infeliz que passou por sua vida nos
últimos 10 anos.
“Talvez ele não
lhe ache atraente.”
A possibilidade
paralisou a sequestradora. Normalmente apenas essa possibilidade era a mais
massacrante para qualquer mulher. Quando a moça voltou, Joseph fingiu que
estava dormindo. Sua sequestradora parou ao lado da cama, com a bandeja nas mãos.
O cheiro incrível de comida fez seu estômago roncar. Vestindo o personagem
cafajeste, comentou:
— Vai ficar aí me
comendo com os olhos ou vai me deixar comer?
Demetria
assustou-se ao ser pega em flagrante e quase derrubando seu jantar, mas logo se
recuperou. Ainda assim, não se moveu. Ou entornaria a bandeja sobre a cabeça do
sujeito.
“Sua nova
politica é a simpatia. Controle-se.”
Ele virou-se na
cama exibindo sua nudez. Cafajeste era um papel que qualquer homem sabia fazer
bem. O olhar dela mudou de raiva para desejo em segundos. Ele se sentiu revigorado.
Gostava muito de como as coisas caminhavam.
— Demi, você
poderia, por favor, trazer a bandeja?
A mulher colocou
a bandeja sobre a cama. O homem não se moveu.
— O que foi
agora? Eu pensei que você estivesse com fome.
— E estou.
Ela respirou
fundo, como se buscasse paciência no fundo de seu íntimo.
— E por que não
come?
— Eu não vou
comer nada que você não coma junto comigo, não sei o que você colocou aí
dentro. — pegou o garfo — experimente primeiro. — ofereceu a ela.
— Eu jamais iria
te envenenar.
— Não foi isso
que quis dizer. Envenenar não. Dopar talvez.
Ela inspirou
profundamente mais uma vez. Tomou-lhe o garfo encheu com a comida e numa
atitude bem irônica, colocou na boca mastigando e saboreando. Devolveu o garfo
para ele. Ainda assim, o rapaz permaneceu cauteloso. Mastigava lentamente,
concentrado como se quisesse detectar algo no gosto do alimento, porém depois
de algum tempo a fome prevaleceu e ele começou a devorar a refeição. Era o céu.
A comida estava perfeita.
Três dias sem uma
alimentação adequada. Ainda não entendia como estava de pé. Foi em meio ao seu
deleite que percebeu que a mulher o observava com um ar de compaixão. Estava
agindo como um esfomeado. Não ficava bem agir de tal forma, então passou a comer
da forma mais educada possível.
— Você não vai me
dar nenhuma roupa para usar? — Perguntou ao terminar a refeição.
— Não. Você está
exatamente como eu quero e como você mesmo disse antes, eu só preciso sentar e
rebolar.
Não se irritou.
Estava com a situação nas mãos. Era uma questão de tempo até que a criatura
soubesse disso. Decidiu brincar um pouco.
— Não seja tão
pretensiosa. Eu sou mais que um pênis.
— Aqui você é só
isso. Eu só preciso fazer o Joe Jr. se animar. E como todo homem, quem comanda
você é ele. Meu erro foi ter trocado as algemas e não ter lhe amordaçado. Seria
tão mais fácil só-sen-tar-e-re-bo-lar! — ironizou.
De algum modo a
mulher conseguiu acabar com a paciência dele. A bandeja alcançou a parede num
segundo. A única reação da sequestradora foi soltar um grito ao ser lançada
sobre a cama. A camisola foi rasgada de alto a baixo. Seus lábios prensados no
beijo mais punitivo que já recebera. Era o macho dominante tomando posse de seu
território. Mostrando quem mandava. Não se importou com a marca em seu pescoço,
quando chupou com força a pele sensível para logo em seguida passar a língua.
Longe de qualquer raciocínio lógico, tudo o que Demetria queria era aquelas
mãos, nem se incomodava mais quem tinha o poder. Quem mandava ali. Era isso que
ela queria daquele mês. O Joseph selvagem que sabia estar escondido sob o fino
verniz de educação.
A respiração
descompassada tocando-lhe a pele. Ia enlouquecer, sem dúvida. Contorceu o corpo
no instante em que ele mordeu um mamilo com um pouco mais de força. Joseph não
lhe deu um segundo de trégua. Era demais, não ia aguentar. A respiração estava presa
e ela não conseguia fazer o ar chegar aos seus pulmões. Pensou que fosse morrer
quando o prazer veio. Era impossível. Muito cedo! Logo ela que nunca... Não tão
rápido.
E no momento que
achou que ele fosse parar, isso não aconteceu, ele avançou, com ousadia por seu
corpo. Ninguém tinha feito tantas coisas com ela, por ela, nem mesmo Wilmer, o
sujeito com o qual até o momento tinha tido o maior tipo de intimidade. Ela
ainda brigava com a respiração quando ele colocou o corpo sobre o seu.
— Quem te dá
prazer Demetria? — perguntou áspero.
— Quê?!
— Quem te dá seus
orgasmos?
— Você.
— Você quem, Demi?
Quero ouvir meu nome.
— Joseph Adam
Bolivatto.
Ele abriu suas
pernas com violência.
— Eu me
contentava com apenas Joseph. Mas gosto do meu nome completo em sua boca.
O que aquele
homem tinha? Ficara o dia quase todo sem comer e sem beber. Não dormira. E
ainda tinha forças para dar tanto prazer a ela? O segundo orgasmo veio intenso,
descomunal. Quase acabando com o resto de autocontrole que Demi possuía. Olhou
para o parceiro e o viu morder o lábio inferior, para conter o grito de prazer.
A expressão do seu rosto era tudo. O mais supremo deleite.
Joseph caiu
ofegante sobre seu corpo e ela o abraçou com braços e pernas. Não demorou muito
ele deitou-se de lado, para distribuir melhor seu peso. Num gesto quase
carinhoso, retirou os cabelos molhados de suor do rosto da moça. Ela se sentiu
muito vulnerável. Não era para ter carinho. Com sentimentos ela não podia
lidar...
O pós-sexo fez
cair sobre o casal um intenso mal estar. Eles se afastaram. Ele primeiro sentou
na cama de costas para ela.
— Me desculpe. —
ele pediu, estava profundamente envergonhado de si mesmo.
Algo se quebrou
dentro dela. Ele não podia pedir desculpa pelo melhor sexo da vida dela.
— Ah, Joseph,
pelo amor de Deus, foi só sexo. Exatamente como eu imaginei que seria. Não vá
ficar sentimental por isso. Eu esperava que você fosse um animal na cama. É
isso, sonho realizado. Se eu soubesse que seria tão bom, já o teria amarrado em
minha cama há mais tempo.
— Para Demi...
Agora não.
Joseph não
confiava em si naquele momento.
— Mas é
verdade...
— Você é louca.
— Esse é o seu
problema, você não consegue decidir se eu sou louca ou gostosa. Ou se sou as
duas coisas, o que é mais importante! — gritou irada. Em gestos furiosos saiu
do quarto batendo a porta.
Demetria chorou
embaixo do chuveiro. Encolhida num canto do Box. Em teoria até que não estava
tão ruim. Esperava algo pior. Uma rejeição contundente. Deboche de sua pretensão...
Mas seu lado romântico esperava rendição. Aquilo era uma tentativa desesperada
de ter um homem. No que ela estava errando? Não era disso que eles gostavam?
Sexo selvagem?
No final do
primeiro dia, os dois já conseguiam despertar o que havia de pior um no outro.
Não poderia continuar com aquilo... No dia seguinte iria libertá-lo. Esse era
um plano que não tinha como dar certo, precisava de internação. Simples.
Não queria
pensar, causaria uma dor absurda. Enxugou o corpo dolorido. Percebera que as
correntes fizeram estrago em sua pele. Nem queria imaginar como estavam os
pulsos dele.
Muito cansada
para escolher uma roupa, tomou seus remédios, atirou-se na cama do quarto que
escolhera para si e se enrolou na manta, nua. O sono veio rápido e sem sonhos.
O mal-estar pesava o corpo da mulher. Tentou se mexer e não conseguiu. Seus
braços estavam pesados. Odiava esse tipo de sonho. Controlou a sensação de
pânico e forçou-se a abrir os olhos.
— Olá, menina malvada.
Em pé ao lado da
cama, vestido com uma calça preta estava o seu deus pessoal: Joseph Bolivatto.
— Como?...
Tentou se
levantar e percebeu que estava algemada a cama.
— Sabe Demi,
primeiro passo para um sequestro é conhecer bem o sequestrado. Se tivesse feito
sua lição de casa direitinho...
Agora sim, a
coisa estava feia. Ela estremeceu. Como ele tinha se soltado? A chave estava na
cozinha... Um tanto preocupada, revelou:
— Eu ia te soltar
hoje.
— Sei...
O descrédito
estampado na face masculina. O que ela esperava?
— O q... que... O
que você vai fazer comigo?
— Ah, Srta.
Muitas coisas, a senhora foi uma garotinha muito má... E eu pretendo retribuir
o favor.
Posta logoo
ResponderExcluirPosta logoiooota lindooo
ResponderExcluireu me lembrei dessa história tinha ouvido falar do livro kkk é otimo ser uma das caçulas, suas primas podem esconder coisas digamos que interessantes como esse livro talvez, estou amando obvio!
ResponderExcluirbjas
Perfeito
ResponderExcluirPosta logo