“Só quero
saber
Do que
pode dar certo
Não tenho
tempo a perder”
Medo. Joseph viu um medo profundo no olhar da mulher e
percebeu quando ela se fechou emocionalmente. Uma mulher esperta teria calado a
boca e pensado no que aquilo significava, mas a mulher tinha medo. Medo de se
arriscar. Não ia deixar que aquilo acontecesse. Estavam num caminho sem volta.
Jogando a pele de lado, a mulher levantou-se e parou
diante dele num claro desafio:
— Não faça promessas que não pode cumprir. Não me
iluda. Você não é o tipo que se prende a ninguém.
— Demetria, eu não estou fazendo promessas, eu estou
abrindo possibilidades, acho que nós...
— Acha nada. Você não acha nada Joseph, você está aqui
por apenas um propósito: dar-me prazer por um mês inteiro. Sexo. Droga o que há
entre vocês homens e sexo? Por que vocês precisam do controle? Por que vocês
precisam iludir? Droga. Sem promessas. Supere seu momento “emo” e faça o que
tem que ser feito. Só isso.
Em seu discurso, Demi tinha se levantado e estava
parada diante dele com os braços cruzados. Joseph se aproximou não recuando ao
desafio e subitamente, fazendo-a consciente de seu tamanho intimidante pela
primeira vez. Ele era uma cabeça mais alto que ela. Sua expressão transbordava
raiva.
— Muito bem. Seu desejo é uma ordem, depois não
reclame. Vamos continuar nosso joguinho de senhor e escrava.
Foi arrastada pelo braço para o quarto.
— Deite-se e me aguarde. E eu não quero ouvir sua voz
pelo resto da noite. Já falou muita besteira para um só dia... Mais uma coisa.
Quando estiver deitada quero suas mãos a partir de agora cruzadas atrás da
cabeça. As pernas sempre abertas a minha espera. E da próxima vez que abrir a
boca, só o faça para pedir que eu pare se não aguentar comigo.
E saiu do recinto.
O Bolivatto esperou por quase meia hora e à medida que
o tempo passava, ele pensava. Ela não estaria com medo se seus sentimentos não
estivessem em risco. Possivelmente estava fazendo toda a força do mundo para
mantê-lo fora do seu coração. O que fazer para quebrar as suas defesas? Demetria
era teimosa, autoritária e potencialmente defensiva. Ia penar até que ela compreendesse
uma única verdade: nasceram um para o outro. Ela queria seguir com o plano? Ele
pretendia lhe mostrar o plano. Teria que provocá-la até que ela perdesse por
completo a razão.
Entrou no quarto decidido.
— Joseph...
— Não lhe dei permissão para falar. Também não foi
nessa posição que te deixei. Se você não consegue cumprir uma ordem simples é
só me dizer. E nós jogamos um jogo que seja mais fácil para você.
Demetria não sabia lidar com a ironia. O Bolivatto pai
vivia se aproveitando disso. E agora de certa forma o filho também.
Vencida. Abaixou o olhar e adotou a postura que ele
tinha indicado: mãos sob a cabeça, pernas afastadas. O que foi incomodo, já que
estava nua.
— Boa garota.
Sentou-se na cama e a observou dos pés a cabeça. Suas
mãos foram para a barriga da moça. Acariciou o umbigo, o ventre, desceu para a
virilha, depois seguiu o caminho inverso, o vale entre os seios. O pescoço...
— Nós vamos começar um jogo novo agora. Ele se chama:
“Demi não pode gozar”. Preciso explicar alguma coisa?
Ela negou com um aceno de cabeça.
— Muito bem. A título de informação, se você não
conseguir, ganha mais um dia no castigo.
Ela o encarou sem esconder à revolta.
— É só dizer que não consegue Demetria. — sua voz
suave nem de longe a enganava. Ela desviou o olhar mais uma vez. Que ele
tentasse.
Joseph prosseguiu com as carícias. Acariciou cada
ponto do corpo feminino sem na verdade aprofundar os afagos nos minutos
seguintes. Para ela, aquilo durou horas. Demi então percebeu: a tortura ia ser
longa e lenta. Mas podia aguentar, era só aquilo que ele podia fazer?
Como se adivinhasse os pensamentos da moça, Joseph
escolheu aquele momento para intensificar as carícias. Atacou-lhes os seios com
firmeza. Utilizando do vigor que ela tanto gostava; primeiro, com as mãos,
depois com a boca e quando ela achou que ia acabar gozando se ele continuasse
assim, seus movimentos tornaram-se mais lentos. Trabalhando com a língua.
Quando se afastou, ela tinha os mamilos sensíveis e molhados.
O olhar de Joseph era o de quem estava planejando algo
maquiavélico. Tremeu internamente.
— Eu agora vou entrar em você. Não serei suave e não
quero ouvir gemidos, lembre-se que não pode gozar, a menos que eu permita.
Joseph encaixou-se entre as pernas de Demi. E entrou
de uma só vez. Não se mexeu. Esperava algo. Demi se perguntava o que, mas não
podia verbalizar a pergunta. Percebia que ele estava procurando um motivo para
ser mais rígido com ela. E não podia permitir isso, não ia deixá-lo ganhar em
seu próprio jogo. Esperou pelo momento seguinte. Foi de repente. Ele recuou o
corpo até quase estar fora dela para então entrar forte. E de novo, e de novo.
Ela o sentia no seu âmago. Chegando mais fundo do que qualquer outro. E
continuou com impulsos fortes. Ela sentia-se dilatar tornando sua entrada mais
fácil a cada investida. Estava gotejando. O êxtase vinha em uma espiral e ela
finalmente se deu conta que havia provocado uma fera.
Diante do inevitável, usou a imaginação para estar
fora dali. Invocou as imagens mais dolorosas que tinha dentro de si. As duras
tristezas vividas nos últimos meses. Ainda assim, não conseguiu sentir a
nostalgia que sempre sentia. Seu corpo estava no domínio, e nada de ruim iria
tirá-la dali. O truque sujo não funcionou. Aquele homem lhe provocava alegria instantânea.
Respirou fundo uma, duas, três vezes. Estava à beira do ápice. As mãos atrás da
cabeça e os braços já estavam dormentes. As pernas pareciam ter vontades
próprias e queriam enlaça-lo pela cintura. Mas ela buscava a concentração numa
teimosia típica dos Lovato. Não alterou a posição. Mais uma, duas, três batidas
dentro de si. E ele gozou. Isso quase a fez perder a cabeça. Estava trêmula e
ofegante. Seu maxilar doía pelo esforço que fizera trancando os dentes. Quando
Joseph saiu dela, os líquidos de ambos escorreram pelo lençol.
— Pode ficar a vontade. Eu já volto.
Demi rapidamente sentou-se. Seu corpo estava dolorido
pela frustração. E eles mal haviam começado. Ainda tinha pouco mais de 24 horas
de servidão. Sentia-se estúpida. Uma mulher inteligente não abria a boca o
tempo todo. Uma mulher inteligente nem teria aceitado aquela proposta maluca de
sequestrar o filho do chefe.
“Ele está carente. Sozinho. Não há oportunidade
melhor...”
Burra. Isso que ela era.
O Bolivatto voltou ao quarto com a manta de pele de
urso sintética. E atirou-a no chão ao lado da cama.
— Você vai dormir aí hoje, Demetria. Se tiver vontade,
no meio da noite, te acordo para continuar nosso jogo. Alguma dúvida quanto a
isso?
A mulher tentou disfarçar o choque. Ignorando a
consciência, o homem se manteve impassível.
— Não senhor, mas posso tomar um banho?
— Não, Demetria, eu quero você úmida e escorregadia
para deslizar fácil.
Com um suspiro frustrado, a moça desceu da cama com
gestos malcriados. O homem escondeu seu divertimento assistindo a mulher
arrumar a manta no chão duro.
— Isso não ajuda Demetria. — a repreensão dura era
apenas o começo. — Para você merecer o privilégio de dormir em minha cama vai
ter que ser mais cordata. Não demonstre suas emoções. Isso é deselegante.
Joseph não conseguiu entender o que a mulher
resmungou, mas sentiu a consciência pesada por sua santa mãezinha ao imaginar. Ela
se deitou sobre a manta. A maciez do tecido deixou seu corpo ainda mais
sensível. Sua vontade era aliviar-se, mas teria que esperá-lo dormir para isso.
Não conseguiria prosseguir sem entregar o jogo se não trapaceasse.
— Demetria, está acordada?
O Bolivatto perguntou quase uma hora depois. Como se
ela fosse conseguir dormir.
— Sim senhor.
— Eu estou sem sono.
Ela não entendia bem o que isso tinha a ver como ela. Afinal,
ele teve o orgasmo dele. Do que estava reclamando?
— Posso fazer algo pelo senhor? — não conseguiu
disfarçar a ironia. Ele ignorou.
— Conte-me um dos seus sonhos comigo.
Ela ficou em silêncio por um tempo. Sentia a
musculatura pélvica contrair e ele queria que ela relatasse seus sonhos
eróticos? Sádico!
— Eu estou esperando Demetria.
— Estou pensando... Escolhendo. — ela fez uma pausa e
então prosseguiu — Eu sonhava muito com o seu escritório. Nesses sonhos você
sempre me chamava para reclamar de algo. E como castigo me mandava ficar de
quatro no sofá ou apoiada contra a mesa. Às vezes entrava de uma só vez, às
vezes ficava me provocando. Sussurrando coisas em meu ouvido. Uma vez me deu
umas palmadas... Ai...
Sua narrativa foi interrompida pela presença do Bolivatto
no chão a seu lado. Sem pedir permissão ele a tocou intimamente.
— Continue, quero saber mais sobre essas palmadas.
Ele só podia estar brincando. Quem poderia ser
articulada com aqueles dedos mágicos?
— Eu...
— Sim, você...
— Você me deitava em suas coxas de bumbum para cima...
Ai, Deus...
— Continue Demetria...
Ele era louco? Aqueles dedos...
— Você me tocava com uma mão, enquanto... Batia-me com
a outra... Quanto mais você me batia... Mais seus... Dedos brincavam comigo...
Estava ofegante no fim da narrativa.
— Você quer seu orgasmo Demetria?
— Sim senhor...
— E o que você faria por ele?
— Qualquer coisa senhor...
Não dava para manter a pose em sua situação.
— Até receber cinco palmadas minhas pela garota muito
má que você vem sendo? — sussurrou contra seu ouvido.
“AVC. Adeus mundo cruel. Demetria Lovato estava de
partida.”
— Estou esperando Demetria. Vai receber seu castigo ou
não em troca do seu êxtase.
— Sim senhor. — respondeu num fio de voz.
Os dedos de Joseph se afastaram no mesmo momento. O
rapaz se sentou na cama e lhe estendeu a mão.
— Venha.
Ela obedeceu de imediato. E logo estava como corpo
estendido sobre as coxas do rapaz. Ele primeiro afagou suas costas e só então
lhe apalpou as nádegas. Um leve beliscão. Ela ofegou de novo. Quando menos
esperava, sentiu os dedos úmidos dentro de si outra vez. Inquietos, entrado e
saindo, enlouquecendo-a no processo. Uma primeira palmada chegou sem aviso.
Esquentando lhe a pele. A segunda atingiu outro ponto. A terceira coincidiu com
um afago mais intenso da outra mão. A quarta veio junto com o seu orgasmo. Quem
diria que iria gostar tanto daquela coisa? Teria caído se não fosse sustentada
de imediato. Bolivatto a segurou pela cintura junto a seu corpo.
— Você ainda me deve uma palmada.
— Sim senhor...
Que mais ela poderia dizer? Estava trêmula e não
confiava em si mesma para comandar o próprio corpo. Foi colocada outra vez no
chão sobre a manta. Não demorou muito para sentir o corpo másculo junto ao seu.
Dormiram naquela mesma posição. Uma das pernas de Joseph estava entre as suas. Sentia
sua respiração tranquila e compassada junto a sua nuca. Na mesma hora sua pele
se arrepiou e os mamilos tornaram-se túrgidos. Não se mexeu. Não queria
acordá-lo.
Ficou ali meditando sobre quais surpresas o dia lhe
reservava. Era um momento tão silencioso e tranquilo que voltou a dormir.
Acordou estava sozinha, dessa vez na cama. Procurou Joseph pelo quarto e não o
encontrou. Não sabia quais eram as instruções. Resolveu tomar logo um banho
antes que o seu “mestre” voltasse. Foi rápida, mas ele não apareceu. Secou-se e
ia vestir umas roupas quando lembrou que ainda tinha um dia inteiro de
servidão. Isso significava nada de roupas.
Joseph estava na sala de TV. Não lhe deu atenção. Ela
chegou a pensar que não percebera sua presença.
— Seu café está sobre a mesa da cozinha. Se alimente e
volte aqui. Não demore.
Instruiu sem tirar os olhos da tela.
Demetria tentou não pensar enquanto comia.
Aparentemente o humor do Bolivatto ainda não havia mudado. Ela estava surpresa
com o quanto ele podia ser rancoroso. Afinal, o que ela falou demais? Só que
sexo era tudo o que queria dele. Que homem não gostaria de escutar isso?
— Demetria, eu estou esperando.
Apresentou-se a ele momentos depois, o café inacabado.
Ele a olhou de alto abaixou e então falou:
— Eu quero uma lap dance.
— Como?!
— Você ouviu.
— Mas eu sou péssima dançando e...
— Eu não lhe perguntei se você era boa, então ainda
não entendi porque você não está rebolando em meu colo.
Demi inspirou profundamente antes de se aproximar.
Isso ia ser constrangedor. Precisava dar um jeito de devolver o favor num
futuro próximo... Desconexamente começou a movimentar o corpo. No fundo da
expressão facial indiferente do mestre de Demetria, havia um “quê” de
divertimento. Pai do céu. Parou de repente. Não dava.
— Eu não mandei você parar...
— Mas eu...
— Você desiste?
Mais uma vez, uma fúria silenciosa a impulsionou. Era
esse o plano dele. Provar que era melhor que ela naqueles jogos. Fechando os
olhos começou a mexer os quadris lentamente. Quando os abriu estava determinada.
Tocando seus ombros aproximou os quadris de sua face. Colocando a perna direita
ao lado do corpo masculino, começou a esfregar lentamente a sua região pélvica
no abdômen do rapaz e foi descendo... De repente estava deitada sobre o sofá.
— Você ainda não pode gozar.
Durante todo o dia foi daquela forma. Quando Demetria
mal esperava, Josepg-Egoísta-Sexual-Bolivatto aparecia, exigia seu orgasmo e a
deixava a ver navios. Demi já tinha planejado os dias futuros com os mais
refinados tipos de tortura. Afinal, ainda tinha 18 dias ali e em 18 dias dava
para fazer milhares de coisas perversas.
Estava na varanda esperando a próxima ordem, quando o
infeliz apareceu.
— Eu quero que você vá para a sala de jantar e deite
sobre a mesa.
Tortura. Ia ser torturada. Já sabia que entregaria os
pontos. Seu sexo pulsava tanto que a mínima manipulação geraria um orgasmo
fulminante. De fato ele foi perverso, não precisou de muito para que Demetria
entregasse os pontos. Pouco tempo sobre a mesa e a mulher implorava:
— Joseph, por favor...
— Por favor, o que Demi?
— Eu preciso de você...
Na mesma hora a expressão do Bolivatto se modificou,
ficou mais suave.
— Agora você tem permissão para gozar...
E ela assim o fez. Ainda estava se recuperando quando
ele pegou seu queixo e a obrigou a encará-lo.
— Você sabe por que fiz isso? Esses castigos?
— Você quer mostrar quem manda.
— Como sempre você só pensa besteira. Não, Demetria,
eu não quero provar quem manda. Eu quero que você entenda que posso me sair
muito bem no seu jogo. Que sou um especialista nele. Se não faço nada é porque
sei que posso arrancar o prazer de você, mas você nunca de verdade se
contentaria em ser uma submissa. E mais que isso, você não quer apenas trinta
dias. Assim como eu também não quero. Pare de se defender, não estamos em
guerra.
Ela ficou parada, olhando naqueles olhos verdes, os
cabelos bagunçados, com ele sobre o seu corpo ainda firmemente encaixado nela.
Tinha perdido completamente a capacidade vocal. Quem poderia ter capacidade de
falar naquela situação?
— E o mais importante: eu não vou deixar você estragar
tudo entre nós. Eu estava em meu canto, você veio atrás de mim. Então agora
aguente...
~*~
Desculpem a demora :s acabei ficando sem tempo.
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